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Muralismo político da JCP

por John Wolf, em 23.06.13

Sobre a pintura do mural numa escola do Porto e a detenção dos artistas há muitas questões que devem ser inscritas na parede. Em primeiro lugar, a arte produzida era assim tão má? O muro em questão é propriedade pública ou pertence a uma galeria de arte? Os pintores foram contratados, trabalhavam a recibos verdes ou realizavam um biscate? Os contornos ideológicos têm importância, mas não necessariamente por opôr a juventude comunista ao governo. Os murais produzidos pelo partido comunista português ao longo das últimas décadas, foram quase sempre dos mais criativos (ok, repetiam muitas vezes imagens do foice e do martelo), mas não é isso que está em causa. Se de facto o referido muro pertence a todos os portugueses, e se aceitarmos a violação desse espaço em nome da liberdade de expressão, então teríamos de aceitar graffiti em todos os domínios públicos. Mas há zonas cinzentas que não podem ser ignoradas. Uma mensagem de protesto inscrita na areia da praia com um pauzinho de um gelado Supermaxi constitui transgressão do domínio público?Uma avioneta que rasga os céus atrelando uma mensagem de propaganda não estará a fazer uso do espaço aéreo para fins específicos que não interessam ao menino Jesus? Ou seja, em princípio, a expressão geográfica do país é passível de ser entendida como uma gigante ardósia para mandar recados. Se o tal muro pertence à escola então deve obedecer ao princípio consagrado na constituição, à separação da escola da política, do dogma ou da religião. Se a escola autorizou a inscrição de arte comunista, deveria atribuir a outras minorias uma parte desse direito, um talhão dessa parede. Aos ciganos, aos deficientes, aos muçulmanos, aos hindus, aos lojistas chineses e aos clubes de futebol. É esse o princípio que está em causa e nunca o facto de ser uma mensagem de contestação política que por acaso opõe os comunistas ao governo. O espaço público, embora geneticamente seja uma amálgama de posições politicamente contrastantes, na minha opinião, não pode ser apropriado por uma qualquer hierarquia. Se a escola autorizou o uso do muro para fins ideológicos ou políticos, serão os membros do conselho directivo que devem ser interrogados pelas autoridades. Se alguém trespassasse a sua propriedade privada e escrevesse insultos no muro que divide o seu quintal do jardim do vizinho, aposto que ficaria chateado e que chamaria a polícia? E se apanhasse em flagrante os autores ainda mais contente ficava. Embora não tenha escutado o Mário Nogueira a esse propósito ou outro dirigente sindical,  cuja matéria-prima com que lidam são escolas, parece que houve conluio da parte do estabelecimento de ensino. A escola alegadamente terá autorizado a primeira demão. Ou será que foi um trabalho nocturno, feito às escuras? O facto de terem sido muralistas da juventude comunista a serem apanhados é uma questão secundária. Sem dúvida que o filme é perfeito para fazer má figura do governo. Mas sejamos sinceros, o governo já estalou o verniz há muito tempo. Não precisava de algemar estes alunos de belas artes para estragar ainda mais a sua maquilhagem.

publicado às 08:13

Baderna sindicalista

por João Pinto Bastos, em 05.06.13

O que é uma greve selvagem? Muitos dos leitores já terão, certamente, feito essa pergunta. A definição é muito simples: greve selvagem é toda aquela greve que é levada a cabo espontaneamente pelos trabalhadores, sem o concurso e o apoio do(s) sindicato(s) a que os mesmos estão adscritos. Pois bem, perante isto cabe perguntar o seguinte: como qualificar uma greve, planeada de antemão pelo próprio sindicato ou sindicatos, que prejudica a prestação de serviços fundamentais à população? Dito de outro modo, como qualificar uma greve que prejudica, deliberada e premeditadamente, a feitura dos exames nacionais - não, isto não são peanuts - por banda dos alunos? Talvez seja chegada a hora de adaptar o conceito supra mencionado. É que, bem vistas as coisas, há greves selvagens promovidas pelos próprios sindicatos. Mais: há greves selvagens que, no fundo, são financiadas por todos nós, cidadãos contribuintes. O "welfare" sindicalista resulta sempre nisto: abuso, compadrio e selvajaria social.

publicado às 23:47

O bobo regimental

por João Pinto Bastos, em 22.11.12


Na escola, o centro por excelência da instilação das múltiplas (in)verdades históricas oficiais, ensinaram-me desde mui precoce idade a desgostar de D. Miguel I. Nunca entendi o porquê. Mas, hoje, ao ouvir Almeida Santos compreendi, finalmente, a razão do ódio secular que muitas luminárias votaram ao arauto maior do miguelismo. Já nem falo da defesa arrebatada desse génio da lâmpada mais conhecido por Armando Vara. Isso são peanuts. O que me interessa aqui é o papel de bobo regimental amiúde desempenhado por Almeida Santos. Se há algo que podemos agradecer a este emérito socialista é o facto, pouco usual, de reunir em si todos os vícios do regime. Absolutamente todos. Almeida Santos foi e é um dos rostos mais salientes do desastre colectivo actualmente em curso. Beneficiou como poucos das prebendas do regime, sem ter dado rigorosamente nada em troca. E, mesmo sabendo disso, ainda nos tortura com os seus ditirambos a respeito da camarilha de que faz parte. O que tem isto a ver com D. Miguel? Tudo. D. Miguel foi provavelmente um dos poucos portugueses a prescindir da pensão vitalícia a que tinha direito no rescaldo da guerra civil. Perdeu-a voluntariamente, ficando desprovido de quaisquer rendimentos. Um exemplo raro não é? A ética republicana, que alguns socialistas de pacotilha tanto veneram, só serve para as pregações inconsequentes ao povoléu desarmado. Sempre foi assim e sempre será assim. Não há nada de novo debaixo do sol. Por mais que se esforcem, por mais que tentem, estes bobos da corte jamais chegarão aos calcanhares de um D. Miguel. Ética, patriotismo e espírito de serviço não é definitivamente para todos.

publicado às 20:36

A propósito do post de João Quaresma

por Nuno Castelo-Branco, em 26.08.08

 

O post de João Quaresma no "Regabophe", coloca-nos perante a questão fundamental quanto ao (in)sucesso das sucessivas delegações portuguesas aos Jogos Olímpicos. Se procedermos a um sucinto trabalho de pesquisa, não tardaremos em concluir que os países mais medalhados  em termos mais abrangentes de todas as modalidades - ou das mais importantes -, são exactamente aqueles que têm uma longa tradição no campo da educação física. Assim, não é estranho que a Alemanha, a Inglaterra e a generalidade dos países do norte da Europa consigam grandes feitos nas mais prestigiadas provas, desde a natação á ginástica, esgrima e atletismo. É um trabalho de formação cultural de gerações e neste domínio, o nosso país ainda está ainda na infância. Todos os recursos disponíveis são aparentemente dedicados ao futebol, actividade que se tornou numa indústria onde os interesses políticos e económicos são dificilmente destrinçáveis do desporto. A alienação é por demais conhecida para procedermos a mais comentários, mas nesta matéria, apenas desejo deixar algumas questões para os especialistas.

 

1. Porque razão, sendo Portugal um país com escassos recursos financeiros, foi permitida a construção de uma enorme quantidade de novos estádios de futebol, onde não existe qualquer possibilidade da sua utilização e aproveitamento para outros desportos? Assim, não seria possível reconverter alguns dos menos utilizados - o Estádio do Algarve, por exemplo - para a prática ou estágio de outro tipo de competições? Seria então possível propiciar melhores condições de treino, isolamento e concentração dos atletas, racionalizando-se recursos, entre os quais o tempo não é factor menosprezável.

 

2. As provas olímpicas deixaram há muito, de ser fruto da "carolice" deste ou daquele fulano, ou do amadorismo de uns quantos obcecados por medalhas. Tornaram-se num vital assunto de prestígio para as nações, de promoção de países e da sua clara visibilidade em termos globais. Desta forma e adequando os recursos financeiros às especificidades/capacidades físicas das gentes, não nos surpreende observar como a Etiópia - país com mutíssimas mais dificuldades financeiras que Portugal -, arrecadar uma honrosa colecção de medalhas de ouro olimpíada após olimpíada.  O mesmo se poderá dizer do Quénia, Zimbabué (!), Jamaica, Trinidad e Tobago, Eritreia, Cuba,, etc.  Esta lista torna-se demasiadamente embaraçosa e quanto a isto, o C.O.P. deverá ser chamado às suas responsabilidades. Na verdade, estas modalidades obedecem a critérios muito rígidos de profissionalismo e total concentração, não sendo estranha a presença constante de instrutores/psicólogos que acompanham os atletas caso a caso. Tem sido investido muito dinheiro público na preparação de atletas, mas tal não é suficiente para o êxito nas grandes competições, porque salta à vista a falta de preparação psicológica da nossa gente, alastrando este problema ao próprio "menino de ouro" do desporto nacional, o futebol: nos momentos cruciais, verifica-se o curto-circuito e um súbito e incompreensível desmoronar da vontade. A propósito desta última palavra, lembremos o título que Riefenstahl deu ao seu filme dos Jogos de Berlim, ou seja, "O Triunfo da Vontade".  É disto mesmo que se trata.

 

3. A educação física. É certo que os portugueses de 2008 são bastante mais altos e robustos que os seus antepassados do início do século XX, mas muito há para fazer. Sem querer iniciar qualquer polémica acerca das características ou aptidões físicas dos indivíduos, temos de reconhecer que a constante e habitual prática de desporto inevitavelmente trará sensíveis transformações  - e aptidões físicas - ás gerações vindouras. As aulas de Educação Física nas escolas sempre foram o "parente pobre" de todas as outras disciplinas e pecam sobretudo, por falta de tempo. Uma ou duas horas semanais são totalmente insuficientes para a formação do espírito de equipa e de vontades para a competição com outrem. Assim, percebemos o porquê da atenção dos regimes totalitários às organizações de juventude. No entanto, creio que em democracia poderíamos colher ainda mais benefícios de um melhor enquadramento das camadas mais jovens, pois a obrigatoriedade  inseparável daquele tipo de regimes, seria na escola democrática, substituída pela negregada disciplina. A disciplina não pode ser encarada como repressão, fonte de abuso de poder e outras falácias dos agentes do politicamente correcto. Sem disciplina, não existe aproveitamento em qualquer matéria a leccionar e infelizmente, os senhores da Situação ainda não ousaram passar o Rubicão. A escola deve ser revista de forma global, desde a primária ou até mais cedo, instaurando-se de vez com a normalidade. Não existe no mundo país mais democrático que a Inglaterra, onde os alunos são identificáveis pelo uniforme, onde existem actividades extra-curriculares amplamente participadas e sobretudo, onde é possível incutir aquilo que foi e é o grande falhanço da república: o civismo. Reveja-se o que foi feito na África Portuguesa dos anos 50, 60 e 70 e poderão ter uma ideia do enorme progresso aí alcançado.

publicado às 02:17






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