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Bem sei, se aqui postasse aqui o retrato de um qualquer magnicida popularucho que pelos polliticamente auto-proclamados correctos é entendido como um benfazejo líder que apenas "falhou nos detalhes porque não sabia e não controlava tudo", quase todos ou a maioria acharia coisa normal. Pois não é.
Ontem fui vendo em directo a transmissão da TVE e fiquei elucidado acerca da manif barcelonesa, fazendo ocasionalmenmte o zapping para as homólogas nacionais, todas elas muito excitadas e sublinhando o inegável facto de terem vindo muitos espanhóis "de toda a Espanha" e ainda por cima dando-lhes a total preferência nas entrevistas. Vamos então ao dedilhar no ábaco electrónico que o materialismo dialético impõe, como a contabilidade de sacas de trigo, pepinos, batatas ou arroz.
Por aqui os mais exaltados partisans do "quanto pior, melhor" - praticamente os mesmos que até há pouco diziam Espanha, Espanha, Espanha como ultra prioridade do nosso regime - , diziam nas tv que foram 100 autocarros de toda a Espanha para engrossar-se assim o número de "manifestantes falangistas". Vá lá que cada autocarro seja um mega-machimbombo que leve umas 100 pessoas apinhadas e em vias de sufoco. Ora, agora multipliquemos 100 por 100. Quantos "penetras falangistas" foram à manif? Sim, isso mesmo, seriam uma ridiculíssima minoria, mesmo contando e dando de barato que mais uns dez mil "cótchês" - como eles chamam aos carros - terão vindo de Madrid e arredores com 4 pessoas cada um ou, outra vez o sempiterno vá lá, cometendo a illegalidade a que a "falangista Guardia Civil" faria vista grossa, claro, de transportarem 5 "falangistas". 50 mil + 10 mil são 60.000. Ora a manif foi "muito pífia", oscilando estranhamente entre os 350.000 alegadamente contados pelos dedinhos dos "mossos d'esquadra" e o milhão dos organizadores. Fiquemos então por muito baixo, pelos 500.000, pois as avenidas de Barcelona são deveras mais compridas e largas do que aquelas que (ainda) temos em Lisboa.
Ontem perderam moralmente a hipótese da golpada, não é verdade? Arranjem lá outro focozinho que mereça uma libertação, talvez no Curdistão - sempre desestabilizam 4 países de uma assentada -, num qualquer Estado do sul dos EUA ou até no oprimido Cachemira. Nas vizinhanças do nosso país, no irmão siamês a que estamos irremediavelmente ligados, é coisa que não nos convém mesmo nada.
*Uma boa ideia seria aliviarem as pulsões aqui mesmo, internamente, focando os seus interesses sobre a imperiosa necessidade democrática de libertar a Constituição de 1976 dos Limites Materiais que foram impostos por homens comuns e não por entes que por muito discretos que fossem, não eram divinais.
Vivemos num país onde qualquer cerimónia militar representa um esmifrante frete para os sucessivos e dispensáveis comensais que em Belém se vão sucedendo. A bandalheira na organização de eventos julgados nacionais, a escandalosa falta de respeito por quem lhes deu o poder, um certo neo-realismo como doutrina de regime e a pelintrice abençoada por juras de toda a ordem, impedem qualquer resquício de decência que uma história quase milenar deveria implicar como um dado adquirido.
A par de uma impressionante manifestação unionista em Barcelona, a capital espanhola assistiu sem quaisquer constrangimentos ao primeiro acto da desejável continuidade.
Recorrendo de forma um tanto ou quanto truncada ao dito assinado por Lampedusa, uma Monarquia sempre é uma Monarquia.
Por cá o Sr. Silva refugia-se num canto, assustado. Em Espanha o futuro Rei percorre 1 Km, sem segurança, a pé, dirigindo-se para uma cerimónia. Está tudo dito.
D. Felipe e D. Letízia estiveram de visita a Portugal e nada a dizer em relação às honras prdigalizadas pelo Palácio de Belém. Os Príncipes das Astúrias tiveram um comportamento absolutamente impecável e prestaram a homenagem á nossa língua, falando-a sempre que puderam, coisa quase impossível até para os espanhóis que aqui habitam. Que contraste com os jornais daquele país, onde este derradeiro dia da visita dos futuros soberanos foi ostensivamente ignorado. E Portugal não é "um qualquer", tratando-se do terceiro cliente de Espanha, merecendo por isso mesmo algum interesseiro respeito ou pelo menos, o cumprimento das necessárias formalidades da cortesia devida.
Uma rápida de olhos pelo El País, ABC - e estes atrevem-se a dizer-se monárquicos! - ou Público, mostram o mesmo: nada a não ser o implícito desprezo que sempre demonstraram para connosco!
Por várias vezes já aqui afirmámos que os únicos espanhóis de confiança estão na Família Real. O resto, a imensa maioria, é o que se sabe e que sobejamente já comprovámos no passado: uns toscos grosseirões de palito nos dentes e arrotando carrascão de La Rioja.