Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Já ouvi falar de um caviareiro que assim é tratado pelos colegas de trabalho. Irascível, cheio de manias e adepto de teorias da conspiração contra si próprio, conseguiu ver aumentado o seu curto nome com um diminuitivo.
Mas agora, este outro Ruizinho também parece ser salgadinho da mesma lata de ovas do Cáspio. "Não quer" monárquicos no seu Partido 0,1%, mas assim à primeira vista, inclui entre os associados, Nuno Cardoso da Silva e Frederico Duarte Carvalho. Por experiência de décadas, parece impossível que alguém que tenha feito parte de uma agremiação monárquica, alguma vez consiga renegar o seu apego à Causa. E é mesmo impossível. Quanto a ex-republicanos, esses conheço-os às carradas. Bem faz o Dr. Rebelo de Sousa em afirmar aquilo que há muito todos sabemos. Vivemos numa República (de e) das Bananas.
Querem a prova que nem ao Dr. Ruizinho poderá escapar? Aqui está, nos #22 e #56:
"A questão da monarquia versus república é, ainda hoje, para mim, do ponto de vista meramente pessoal, uma questão essencial. É minha convicção que, se hoje não há monarquia em Portugal, tal não se deve aos méritos do sistema republicano, o tal que permitiu uma ditadura de Estado Novo durante quase 50 anos, mas sim ao falhanço dos monárquicos. E isto, meus senhores, remonta, se quisermos a questões ainda mal resolvidas na sociedade portuguesas desde a guerra civil de 1832-34. Para muitos monárquicos, a data 24 de Julho, por exemplo, não significa uma avenida onde se vai apenas beber copos à noite."
* Como se lê, o Dr. Ruizinho terá monárquicos nas listas. Obrigado pela informação, Pedro Quartin Graça.
Tal como o fiz por volta dos meus vinte anos, Daniel Oliveira também terá (?) lido A Tentação Totalitária. Uma obra dos tempos do já então anunciado crepúsculo da Guerra Fria, criou um não menos previsível mal estar entre as elites bem pensantes do momento, os detentores das chaves de um politicamente correcto que ainda não era assim chamado.
Discorrendo sobre os acontecimentos portugueses, Revel entrelaça-os com o projecto da Union de Gauche em França, demonstrando as insanáveis dificuldades entre partidos com concepções de sociedade radicalmente diferentes e apenas unidos pelo desejo de susbtituição daquilo que genericamente se designa de direita.
A vontade eleitoral, ditada num preciso momento em que nas urnas se discute a eleição de deputados ou de autarcas, é por alguns encarada como mais um dos sofismas que a democracia representativa engendra para a manutenção de privilégios de classe, a exploração dos trabalhadores e quiçá, num estádio apenas reservado a algumas nações, do imperialismo. Em resumo, a vontade popular expressa pelo voto, não se traduz na etérea vontade colectiva que só a legitimidade revolucionária poderá encarnar.
O caso de Loures - apenas um, entre outros -, oferece-nos a oportunidade de uma vez mais depararmos com o há muito negado papão da tentação totalitária que uma boa parte da esquerda portuguesa assume como coisa natural e factível. Conhece-se o método, desde sempre na linha da frente da parafernália da agit-prop, de alardear insistentemente as palavras liberdade e democracia, a todos ou à maioria fazendo crer estarmos perante lídimos defensores dos nossos direitos de plena cidadania, equiparando-nos a qualquer sueco, britânico ou dinamarquês. No entanto, bebendo na caudalosa fonte da nossa experiência histórica, apenas pretendem adequar a atracção que os portugueses adquiriram por regimes musculados, aos condicionalismos impostos por uma sociedade hoje à disposição da informação e pior ainda, integrada num espaço político e económico pouco benevolente para com intentos messiânicos. Assim se explica o disparatado e embevecido elogio que outrora os republicanos fizeram a Pombal - copiando-lhe métodos e assumidamente empunhando o chicote como símbolo de bom governo - e a mais discreta mas nem por isso menos sintomática admiração cultivada em torno do Príncipe Perfeito.
Aproveitando uma machete que há poucos dias deu brado, podemos dizer que Salazar é o chefe que a esquerda portuguesa gostaria de ter tido durante meio século. E sem que disso se tenha dado conta, foi-o. O não-alinhamento com os americanos e a sempiterna e bem fudamentada desconfiança relativa a todas as novidades que chegavam do Novo Mundo, foram acompanhadas pela burocracia do já então sacrossanto serviço público, pelos Planos de Fomento, apropriação estatal de bens privados, fixação de rendas, tabelamento de preços e outras originalidades muito próprias de regimes a universalmente impor a uma humanidade sempre refractária a demasiadas regras que o reclamada bem colectivo aconselharia.
Para aqueles que Jean-François Revel escalpelizou numas tantas páginas, a mensagem a salientar, consiste no facto de os socialistas também fazerem parte dessa direita que no seu artigo Daniel Oliveira exautora, alijando-a do espectro partidário como coisa execrável a eliminar. Não ousa dizê-lo por escrito, mas não tenhamos qualquer hesitação em encarar essa verdade, pois é o que concretamente estará em causa. É isso mesmo o que desabafa, por muitos circunlóquios que possa fazer no sentido de ocultar o seu pequeno e húmido sonho totalitário. Embora não o refira expressamente, insinua um certo recuar no tempo, quando Estaline proibia a colaboração dos partidos comunistas com a social-democracia, abrindo então o caminho a outras formas daquilo que não só se armava de ferramentas governativas próprias do regime de leste, como num caso, até o nome socialista incluiu na designação do Estado. Tratando-se não de uma relação estratégica mas de uma clara subordinação que mais tarde se verificaria em toda a Europa de leste conquistada pelo Exército Vermelho, a ocidente criou as resistências que todos conhecemos e por isso mesmo não valerá a pena insistirmos em comentários supérfluos. A verdade que o articulista do jornal do Sr. Balsemão pretende esquecer, consiste na existência da comunhão entre os socialistas da social democracia do PS e aquilo a que rancorosamente chama de direita, no caso português o PSD e o CDS. Uma direita bem estranha, herdada de um ainda recente processo histórico que a atirou para o canto dos acessórios disponíveis pelo Estado Socialista em que vivemos. Essa comunhão ultrapassa largamente as sempre resolúveis clivagens existentes a propósito da maior ou menor dimensão do Estado, ou aquelas que decorrem do interesse de grupo quanto ao exercício do poder. Este socialismo que rapidamente é traduzido em clientelismo eleitoral, consiste no mais estrénuo defensor do status quo que explica as nossas catastróficas dificuldades do presente. A Constituição, coisa redigida por deuses já caídos, é intocável. A divisão administrativa é coisa tão sagrada como a água do Ganges, enquanto a propriedade privada, por muito ínfima que seja, nada mais significa senão um enchido social a triturar em prol da dimensão do Estado que nela esfomeadamente participa sob a estulta fórmula de contribuições, impostos e taxas. Não existe democracia se não existir a negregada direita. Não estando a falar de negócios e empreendedorismo, esta verdade até por Daniel Oliveira poderá ser apercebida. E é mesmo.
O articulista quer guerra e essa declaração é endereçada a uma "direita" que afinal inevitavelmente incluirá o PS. Ninguém no seu perfeito juízo imagina a gente do PS unir-se numa frente comum com um PC que o articulista do Expresso gostaria de obrigar a existir - o BE nem sequer seriamente conta, jamais passou de um fait-divers -, derrubando a chamada democracia burguesa para implantar um sistema vertical de legitimidade revolucionária à mercê de uma ínfima minoria activista e pretensamente esclarecida pela força da polícia, difusão da espionite e total apropriação da coisa pública - e privada - por uma caterva de alucinados securitários. Com uma direita como esta existente em Portugal, porque razão se apoiaria o PS nos enervados radicais, aliás hoje numa fase de rápida deglutição pela sede do Rato? Não perderemos por esperar por esta previsão.
Não existe a coragem e ainda menos, a força necessária para o extermínio físico dessa direita que se for ampliada a todos os defensores do regime da "democracia burguesa", significa mais de quatro quintos da população portuguesa. Os artifícios, sejam eles vertidos pela oratória ou pela irritada escrita, vão-se sucedendo num amontoar de manientos ódios sem nexo e completamente desfasados daquilo que é a realidade do mundo em que vivemos. Até o PC, entidade calculista e com a certa prudência que a experiência aconselha, disso há muito se apercebeu, por ali restando alguns resquícios decorativos do mausoléu estalinista, a tal simbologia que apenas reconforta fanadas vontades e a nostalgia de um passado tão distante e perdido como o voto censitário, a escravatura ou a condenação às galés. Isto não significa que se por desastre se verificasse uma profunda alteração da correlação de forças no globo que tal coisa propiciasse, de novo não viessem à tona ímpetos de outros tempos. Com ou sem chineses, tal cenário é pouco provável.
O jornalista do plutocrático grupo empresarial do Sr. Balsemão, representa um confortado e típico produto daquilo que o PC costuma designar de esquerdismo. Com tudo o que isso implica, inconsequente aventureirismo incluído. Um filme de sessões contínuas.
"A morte de António Borges
Não me espanta mesmo nada a displicência enfadada com que foi pela Esquerda acolhida a notícia da morte de António Borges, por contraste com a comoção homérica que provocou odesaparecimento de Miguel Portas. A Esquerda sempre teve dois pesos e duas medidas. Um dos postulados capitais, basilares do comunismo sempre foi, e continua a ser, o de que a moral deles é diferente e superior à dos outros. Defendem os pobrezinhos, pugnam pela igualdade dos homens, prometem construir sociedades em que cada um receba o que precisa independentemente do que merece, almejam a felicidade e o bem-estar universais. O Bem está do lado deles. Por isso mesmo — e atente-se na perversão contida neste (aparente) paradoxo — podem perpetrar o Mal à vontade, sem limites nem escrúpulos de qualquer ordem. Trotski, como aliás Lenine e sobretudo Estaline, foram explícitos a este respeito: os comunistas podem sequestrar crianças, matar pais e filhos e avós, dizimar populações inteiras à custa de fomes deliberadamente provocadas, prender, torturar, executar e deportar milhões de pessoas, perseguir ciganos, judeus e homossexuais, sem que por isso percam uns minutos a vasculhar qualquer culpa albergada nalguma prega recôndita da sua massa encefálica, ou sem que ao menos lhes ocorra proceder a um exame, ainda que perfunctório, das suas consciências. Sempre estiveram e continuam perfeitamente tranquilas, apesar dos crimes inqualificáveis que cometeram.
Sempre me repugnou a condescendência generalizada — sim, generalizada à esquerda e à direita — de que os comunistas beneficiam e sempre beneficiaram. A razão disso não é difícil de descortinar. Praticaram atrocidades, mas foi pelas razões mais justas, belas e humanitárias do mundo, ao passo que Hitler assassinou milhões de judeus inocentes por um motivo que lhes não podia ser imputado, o facto de terem nascido judeus. É verdade que assim foi, desgraçadamente. Mas quem ler alguma coisinha de história do regime soviético aperceber-se-á rapidamente de que os kulaks, de classe social que eram, foram transformados pelo estalinismo numa raça ou etnia: os filhos de alegados kulaks, tão inocentes como os judeus massacrados pelos nazis, eram perseguidos, presos e mortos precisamente por isso — por serem filhos de kulaks: a peste transmitia-se de pais para filhos e netos; aliás, “kulak” tornou-se um insulto como foi o de “fascista” a seguir ao 25 de Abril: um epíteto depreciativo ou até odioso, completamente desligado da sua significação político-sociológica original. E, na Pátria dos Trabalhadores, ser kulak, real ou inventado, serviu de desculpa política para toda a casta de perseguições e assassinatos. Depois, a Rússia teve um papel decisivo na derrota da Alemanha na II Guerra Mundial, e isso, aos olhos de um Ocidente capitalista eternamente culpabilizado — por motivos longos de explicar — tornou ainda mais luminosa a auréola que emoldurava o Comunismo.
Mas não foi preciso esperar pelo desfecho da II Guerra Mundial para que um regime bárbaro e sanguinário acabasse bafejado pelas boas graças do Ocidente e em especial pelos respectivos intelectuais, salvo honrosas excepções como Aron ou Camus. Em meados dos anos trinta do séc. XX, Boris Souvarine tentou esforçadamente publicar em França uma biografia de Estaline, tendo submetido a obra (que ainda hoje se recomenda (1)) à Gallimard. Dada a ausência de resposta, Georges Bataille intercedeu junto de André Malraux, membro do comité de leitura da editora. Eis a resposta dada por este ilustre e celebrado intelectual de esquerda, um medalhado da Democracia: “Je pense que vous avez raison, vous, Souvarine et vos amis, mais je serai avec vous quand vous serez les plus forts.” (2) O curioso está em que mesmo hoje, quando já são eles os mais fracos, continuam, em países como Portugal, a beneficiar de um respeito e consideração que o seu passado, nunca renegado, em absoluto não autoriza.
Nunca os comunistas portugueses admitiram qualquer erro ou crime e ainda menos qualquer culpa. Nunca se demarcaram do estalinismo — nunca fizeram a mais leve autocrítica — e, para meu espanto e de muitas pessoas, acham-se os verdadeiros democratas e lutadores pela liberdade. Esta arrogância moral brada aos céus. Mas o Jerónimo e a sua capelinha lá estão sentados no Parlamento, falando em nome da Democracia e — pasme-se — de Portugal e dos Portugueses, enquanto o já não tão jovem Bernardino defende nos Passos Perdidos, em frente às câmaras de televisão, que a Coreia do Norte é um regime democrático. Que dizer de Cuba, esse paradisíaco santuário dos pobres e desvalidos do mundo, onde a Liberdade nos entra pelas narinas! Quando em 1991 os comunistas russos ensaiaram um golpe de Estado para liquidar Gorbatchov e asfixiar novamente a União Soviética, os comunistas portugueses rezaram para que o golpe triunfasse, e não conseguiram disfarçar o seu desgosto e frustração pelo desfecho vitorioso da liberdade.
Isto — esta recusa em olhar de frente o passado e reconhecer o crime — cava em Portugal um fosso intransponível entre a Democracia e o Comunismo: está aqui a raiz da impossibilidade de diálogo, a origem de um insanável desaguisado que nos transforma em inimigos e nos impede de discutir ideias racionais como adversários polidos e civilizados. Mas então, e a Esquerda não comunista? A Esquerda socialista ou não alinhada? (Não me detenho no Bloco para não gastar espaço com minudências.) A Esquerda socialista e não alinhada não renega as suas remotas origens, como um filho não renega um pai alcoólico ou ladrão; e, mais decisivo, partilha com os comunistas, embora mais discretamente, a aversão pela Liberdade tal como os liberais a entendem, e abominam o regime capitalista em que ela nasceu, germinou e se expandiu (3). Para António Borges está naturalmente guardada uma olímpica indiferença ou um aberto desprezo."
1) Última edição: Paris, Éditions Gérard Lebovici, 1985.
2) Idem, p. 12.
3) Isaiah Berlin, Four Essays on Liberty, Oxford
University Press, 1969 (várias reimpressões).
Continuam as aberturas de caminhos, as decisões para uma vida e o inesperado reaproveitar de um patriotismo que até há pouco fora pasto do internacionalismo. Uma plateia reformada e pouco ou nada interessada em reformismos, ameaça "começar qualquer coisa". Um presidenticídio? Um "verão árabe" - ou turco, já agora - na Rua da Betesga? Talvez. Para tudo existe um começo e aquele que apontam já estabeleceu os seus caboucos há quase duas gerações, organizando um sistema de instalados num poltronismo que não se sujeita a ridicularias como as tais eleições que conduzem a estes governos escolhidos "por engano".
Demasiados consumidores de pílulas Rogoff, para tanta ambição de estrénua luta pela manutenção de privilégios de classe pícnica. Melhor fariam se optassem pelo Viagra. Aí sim, teriam festa bem brava.
Já que não temos Lula e nem sequer se perfila um Claudinho da Geladeira, contentamo-nos com a sombra do Carvalho. Berrando* esta manhã no encontro dos gourmands do sistema, o ventríloquo do sr. Arménio, garante que a sua segunda prioridade é o derrube do governo há pouco tempo eleito. Vai acrescentando ser necessário defender a soberania popular. Percebemos o que quer dizer. A "soberania popular" é representada por aquelas duas ou três centenas de manjericos bem instalados a expensas do sistema. Os outros milhões que não votam segundo o santificado parecer daqueles semi-divinos do Hades, não passam de ralé.
O governo quer seguir em frente? Se sim - embora duvidemos muito -, comece decididamente a espiolhar todas, mas todas as fundações, institutos, museus, observatórios, bibliotecas onde existem nomes e nomes bem pagos que raramente lá põem os pés, gabinetes disto e daquilo, comissões daquel'outro. Passe a pente fino os subsídios, publique em letras gordas os nomes envolvidos e os montantes desbaratados nas PPP. Perca o receio, afronte o próprio Partido, se tal for necessário. Nada tem a perder.
* Também rosnou o tracanaz de Estrasburgo, mas não valerá a pena retermos a conversa do costume. Andam todos mortos por voltarem à cozinha do poder e poderem assim ocultar alguns perigosos tachos partidários e rendosos negócios de mercearia.
O "normal" herói da esquerda indígena só possui 3 casas na Riviera, avaliadas em cerca de 1 milhão de libras, fora o restante património. Isto vindo de quem afirma odiar os ricos. Esquerda caviar no seu melhor.
Leitura complementar: O normalíssimo François Hollande
Ficamos todos ansiosos por decifrar a mensagem anti-capitalista das CGTP, PC, BE, balsemeiros Miguéis Sousa Tavares, Daniéis Oliveira e piriquitas oxigenadas deste mundo e arredores. Exploração capitalista? Como? Com um bodo destes? Talvez o Pingo Doce seja uma entidade paternalista, estragando o proletariado com "descontos despropositados" e pior ainda, subornando os seus empregados com "salários imerecidos". Pelo menos, numa coisa se pareceu com a defunta URSS: os supermercados ficaram com as prateleiras vazias. Neste caso, "Por Bem".
Expliquem-nos, por favor.
O rancoroso taxi-driver de Teerão, acabou de proferir mais uma das suas originalidades. Desta vez, refere-se a "prioridades de cama". Um regalo para os seus lusos apoiantes, como os senhores do Bloco de Esquerda, o Jugular - encapotado mas muito complacente -, este "tipo de gente" e claro está, os sonâmbulos seguidores do Chefe Jerónimo.
Andam mesmo com azar. No momento em que o Papa anuncia a aceitação do preservativo - a "esquerda" souliers de satin já o contesta! -, o Sr. Ahmadinedjad propõe vias de facto antes do tempo.
Não haja dúvida que Francisco Louçã gosta muito de disfarçar o que é ou o que não é. Quando no debate com Sócrates disse que toda a sua vida tinha sido "socialista, laico e republicano", senti que havia qualquer coisa que não estava bem (além da tentativa despudorada de se colar a Mário Soares, camuflando uma vez mais a sua natureza ideológica). Tinha ideia que Louçã tinha participado na Vigíla da Capela do Rato. Este oportuníssimo post do Herdeiro de Aécio tirou-me todas as dúvidas.
São curiosas as parecenças entre os antigos líderes comunistas estrangeiros mais carismáticos e alguns dos nossos mais conhecidos. Acredito bem que tal não seja mais do que fruto do acaso, mas não me posso esquecer do que dizia quando eu era muito novo a mãe de um amigo meu:“aquela gente comunista é tão fanática que a pouco e pouco fica toda a parecer-se com o seus ídolos políticos”. Não negando ser algo duvidoso que a metamorfose física realmente ocorra, lá que são parecidos são! E nesse caso a Sra. Odete Santos será parecida com quem ? Talvez com a Rosa Luxemburgo.
Falta o bigode e a pera. O ar é mais paternal e o contexto é mais pacífico
Aqui falta novamente o bigode e pera
A crise económica endémica nacional agravada pela conjuntura internacional tem precipitado uma catadupa de despedimentos colectivos, falências das empresas e dificuldades generalizadas em obter empréstimos dos bancos. Tudo isto confere força à extrema esquerda e ao Bloco de Esquerda em particular que começa a deixar vislumbrar os seus projectos políticos para Portugal e que não são muito diferentes dos já propostos pela UDP, o PSR, ou o próprio PCP; nacionalizações, combate aos negócios privados, expropriações, distribuição de propriedades particulares a preços simbólicos.
A proposta mais recente do Bloco de Esquerda foi a do candidato Luís Fazenda e que ilustra o respeito que tem pela propriedade privada. Tendo por objectivo combater as casas devolutas, defende que o Estado “requisite” temporariamente os imóveis (salvo erro já ouvi esta cantilena antes em meados dos anos 70), os recupere e os alugue posteriormente a valores simbólicos (reduzidos). Tudo isto contra a vontade dos proprietários e para tornar impossível que as ditas habitações permaneçam vazias à espera de um momento mais favorável para serem vendidas.
Os “bloquistas” consideram a valorização do mercado imoral, tal como os rendimentos do aluguer de uma habitação ou a simples liberdade de uma pessoa decidir ou não arrendar, vender ou manter a sua casa vazia. O Bloco de Esquerda considera que a propriedade privada é coisa de ricos, capitalista e exploradores. Curioso, o meu merceeiro trabalha afanosamente seis dias por semana com a mulher e já comprou vários imóveis para além do próprio estabelecimento. Normalmente todos os dias nos últimos 30 anos, entre as 8h da manhã e as 9h da noite sempre o encontrei lá a labutar. Afinal de contas não sabia e aquele individuo à primeira vista respeitável não passa de um capitalista explorador e imoral. Resta-me uma dúvida explorador de quem? Dele próprio? Dos clientes? Salvo erro só lá compra quem quer.
Os dirigentes da esquerda portuguesa pensam que o povo deve viver em imóveis colectivos, a preços fixos estabelecidos pelo Estado. A incúria escandalosa dos governos do rotativismo (PS e PSD) é responsável pelas ambições renovadas da extrema esquerda portuguesa. Um dia quem sabe se com mais uns tantos votos ainda nos põem a todos a marchar alegremente para os campos em troca de senhas de ração. Digo isto e no entanto é necessário diferenciar o Bloco de Esquerda do PCP, os primeiros são movidos por ideais em muitos casos separados da realidade, enquanto os segundos sabem bem o que querem. O Sr. Louçã e respectivos colaboradores não procuram alcançar nada menos que a utopia (palavras deles) o que é natural se considerarmos que são comunistas caviar, com pouca relação com o mundo real, movem-se entre ideais sem ter em conta as complexidades do mundo real.
Parece que agora estar de braços cruzados em outdoors de campanha eleitoral passou a ser uma forma de fascismo. Doravante, quem estiver em momento de pausa e de braços cruzados será imediatamente denunciado pela virtuosa União de Resistentes Anti-Fascistas. Acho muito bem: afinal de contas é uma posição ligada ao ócio, e, por consequência, à burguesia exploradora e inimiga do trabalho. Espera-se que no seu próximo artigo Boaventura Sousa Santos desenvolva os tópicos sobre o novo Fascismo-Braçocruzadismo. Revolução sempre! Braços cruzados nunca mais
...ou a incoerência ou a hipocrisia, escolham uma. Porque o desplante desta gente é tão grande que realmente qualquer coisa lhes serve.
Então não é que através do caríssimo Abel Cavaco fui descobrir que este senhor que estava no Prós e Contras, Miguel Vale de Almeida, ainda há uma semana escrevia isto no Jugular:
Assenta-lhe que nem uma luva o comentário de Helena Velho ao seu post:
Ironias, mas nada melhor do que deixar aqui parte do post de Abel Cavaco:
Só agora pude dedicar algum tempo à cobertura da Convenção do BE. E nada melhor do que a emissão especial do 31 da Armada e da cobertura pelo ABC do PPM.