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Na ' Oferenda '
" No meio de uma nação decadente, mas rica de tradições, o mister de recordar o passado é uma espécie de magistratura moral, é uma espécie de sacerdócio. "
Um contributo que nos ajuda a entender como chegámos àquilo que hoje somos: " um zero à esquerda ". Muitos de nós lembramo-nos de como estávamos a crescer. Era a bonança que chegava depois da tempestade que herdáramos da Primeira República. Estes que juraram desgovernar Portugal fizeram com que o tempo bonançoso se tornasse em miserável miragem.
Este regime político, através dos pigmeus, sem excepção, que o protagonizaram e protagonizam, foi, tem sido, pródigo em malfeitorias; difícil dizer qual a mais negra, mas hoje, talvez porque muito se discute o seu futuro, uma me martela a cabeça, que, a par de outras, não a consegue esquecer - a TAP: cresci a ouvir dizer do orgulho que ela era para o nosso país. Além de uma companhia tecnicamente superior, era uma empresa forte, muito lucrativa. Hoje, mais uma nódoa daquelas que, e como dizia Eça, nem com benzina se limpam. Mais uma página que a História irá registar, porque não a deixaremos cair no esquecimento.
Um momento de televisão que diz muito do estado de espírito dos norte-americanos: desilusão com a situação actual e a consciência de que estão num momento decisivo em que ou recuperam ou se afundam na decadência. E recuperar significará retornar às referências e aos valores que trouxeram os sucessos passados de que hoje se sente a falta. Uma reflexão que também podemos fazer em Portugal. Como foi possível deixar um belíssimo país como nosso, com potencialidades e condições excepcionais e invejadas por outros, que bastaria ser gerido de acordo com os seus interesses para ser um dos melhores da Europa, chegar a este ponto? Quando foi que nos deixámos de preocupar? A quem é que demos ouvidos e não devíamos ter dado?
Foram décadas de "modernização" do país. Muitas estradas e auto-estradas, pontes, viadutos e rotundas aos milhares, combóios de alta velocidade e aeroportos, a "modernização" do ensino ano-sim ano-não, as gerações de doutores, a "modernização" da economia pela eliminação da Agricultura e das indústrias do mar, a "modernização" demográfica pela ruína do interior e pela urbanização soviética, os bons alunos de Bruxelas, os bons clientes de Madrid e de Berlim, a "modernização" do comércio pelas grandes superfícies e grandes importações, a "modernização" dos hábitos pelo fecho pela ASAE e pela multa da EMEL, das mentalidades pela "cultura" do regime, a "modernização" dos carros eléctricos e dos postos de carregamento, as energias alternativas e a falta de alternativas à energia que pagamos, a "modernização" do investimento público pelo endividamento desmesurado e pelas parcerias público-privadas, a modernidade da Expo, dos estádios do Euro e das capitais da cultura, a "modernização" da ortografia e até do conceito de família. Nunca um país foi tão modernizado em tão pouco tempo! E o resultado? É que as facturas de tanta "modernização" obrigam-nos a ser mais empreendedores:
«Agricultores regressam à tracção animal para poupar no combustível
João Miranda, no Blasfémias:
«O Pavilhão Atlântico foi mais um dos muitos investimentos ruinosos feitos pelo Estado. Os 50 milhões investidos nunca renderam mais do que 2% ao ano, tendo rendido na maior parte dos anos cerca de 0,5%. Em 2011 renderam 0,4%. Renderam menos que a inflação e bastante menos que um depósito a prazo. Se os 50 milhões tivessem sido colocados no banco a render a uma taxa de 5% hoje o Estado teria 100 milhões de euros na conta. Em vez disso tem um pavilhão que foi avaliado pelo mercado em 22 milhões de euros (note-se que no concurso público realizado ninguém deu mais). Feitas as contas, entrando ainda com os lucros miseráveis obtidos ao longo dos anos, o Estado deve ter perdido cerca de 70 milhões de euros a preços actuais. Mas note-se que o que foi ruinoso não foi a venda do Pavilhão Atlântico. Ruinosa foi a decisão de o construir.»
Muito bem: então vamos seguir essa lógica de tratar equipamentos culturais como investimentos financeiros e vender também outros investimentos ruinosos como o Teatro Nacional D. Maria II, o São Carlos, o Museu de Arte Antiga, o Panteão Nacional, a Biblioteca Nacional, a Torre do Tombo e tudo o mais que não der lucros acima dos juros que a banca daria pelo montante equivalente ao valor de mercado. Ninguém duvidará que, por muito pouco que alguém esteja disposto a pagar por eles, o negócio nunca será ruinoso. Isso sim é gerir racionalmente o património do Estado. Não há dúvida que ao longo de séculos andámos sempre governados por gente completamente estúpida, sem capacidade de julgamento. Felizmente que agora saímos das trevas e vimos a luz: nós não somos cidadãos de um país nem existe Estado, somos meros clientes de uma empresa pública que liquida a nossa massa falida.
Relembro o que Mouzinho de Albuquerque pensava o que devia ser um Chefe de Estado, e, hoje, face ao desatino do actual habitante do Palácio de Belém, só me ocorre uma expressão: " Porca Miséria "!!!!!!!
Quanto ao caso, já referido pelo Nuno, do ministro que usufrui de um subsídio apesar de possuir habitação própria na zona de Lisboa, diz-se que é coisa legal; mas por o ser não deixa de ser imoral. E depois admiram-se por se apontar Salazar como modelo a seguir, nesse aspecto - era legal que o Estado lhe pagasse a electricidade da casa onde vivia, mas sempre fez questão de separar os custos a serviço público dos da esfera privada.
Não sendo militante do CDS, mas tendo nele votado, na esperança da diferença, vi-me perante " mais do mesmo ", por isso, completamente d'acordo, Carlos, até porque era uma porta que se abria para a discussão da República das bananas.
Vero, Professor Vasco Moura, mas esta não será a mais justa ( Deus escreve certo por linhas bem tortas ) forma de comemorar uma coisa que começou com um crime? ( pena pagarmos uns pelos outros; sermos apanhados pela tempestade de quem semeou ventos...)
E a isenção? "Mas todos os dias, desde há meses e meses a esta parte, este Governo, tal como o anterior, encontra maneira de garantir cá para fora que tudo corre bem, ou que tudo vai melhorando significativamente. O barco vai ao fundo, enquanto o primeiro-ministro macaqueia uma viragem à esquerda e a tripulação bate palmas ou assobia para o lado."; é que não é coisa de " há meses ", mas de há anos: a nossa desgraça é estrutural, e já vem de há muito tempo - quem antes destes governou tem culpas no cartório, e é agora de todos conhecido que as tem, pelo que de nada vale branquear as coisas: o barco começou a naufragar há muito mais tempo...
Muitos de nós sabemos que a Constituição, mesmo após as sucessivas revisões, é um aborto, nomeadamente quando diz que Portugal tem de caminhar para o socialismo ( ora essa!!! ) ou quando, por ex., tem na república uma vaca sagrada protegida pelos tais limites materiais; mas, apesar dela, poderíamos estar numa situação bem melhor do que a que estamos: não é impeditiva de que o país seja um lugar decente. A luta prioritária é a moralização dos políticos que enxameiam estes partidos; depois, com gente credível partir-se para uma Revisão a sério.-- pelos sinais que me vão chegando, será como dizia o príncipe Fabrizio " mudar alguma coisa, para que tudo fique na mesma " - com estes protagonistas, não se pode esperar mais.
" Serve de canal de transmissão das nossas ideias políticas...que são as de muitos militantes e simpatizantes da Democracia-Cristã,assumimo-nos como direita nacionalista lusitana . Convidamos a quem partilhe destes ideais,sejam monárquicos,republicanos,integralistas,nacionalistas.Juntem-se a nós,tornem este movimento ainda maior,integrem-se na Democracia-Cristã,a fim de criar uma mudança. Dever-Honra-Serviço A democracia-cristã, connosco, é a mudança Viva Portugal ", lê-se na introdução do blogue Sensibilidade Nacionalista de Militantes e Simpatizantes da D. Cristã- Barreiro.
Mas, para grande decepção dos que assim pensamos, o Partido decidiu ir por outra via - foi a pensar que, finalmente, enveredaria por "outro rumo " que por ele me empenhei, e disse que uma associação com o PS seria suicidária.
Mas a que é que assistimos ontem? Inteira disponibilidade para se associar aos socialistas ( sejam eles do PS ou do PSD ), continuando no seio do sistema partidário que nos trouxe até aqui.
ao do actual estado do ensino da língua portuguesa, nesta " Pátria tua amada"
Que contigo de fora a prova de Português foi "mais fácil"
Ó Tempore! Ó Mores!
que, diga-se de passagem, o PSD apadrinhou? ( e agora -há algum tempo já-, ao qual, para minha grande decepção, o CDS, vai fazendo uns " jeitinhos " ).
Deve ser um dos tabus de que aqui fala Francisco Assis; o outro, claro, é a sagrada manutenção do regime republicano. Tiremos o cavalinho da chuva: com estes, Portugal ficará ad aeternum refém de 1975. Mais um dos grandes sinais da nossa já adulta democracia.
Susana Barbosa tem razão " sinto é que este partido [ PL ] não interessa aos partidos que estão no poder. ": a simples possibilidade de os tirar do trono de pau ( , mas que se tem revelado muito pesado para os portugueses )? Dificullte-se-lhes o atrevimento. " Isto " é uma coutada nossa, e só nossa.
Dói dizer isto, mas do país já nada espero:
- enquanto os portugueses, vítimas de uma lavagem ao cérebro, que dura já há 36 anos, continuarem a votar nas eternas ramificações de um sistema partidário que, com êxito, se tem empenhado em submergir a nação que tanto custou a levantar aos nossos antepassados - é que o emaranhado entre os vários ramos desse sistema é tal, que, no fim tudo se confunde -, e pensar que não aparece alternativa sem os defeitos enraízados: ou porque uns são a tal ponto extremistas que tememos neles confiar, ou porque o TC não dá hipótese a que julguemos outros projectos.
- enquanto tivermos um Chefe de Estado cujas viagens não visem apenas o benefício da nação
Este o título de um artigo de opinião escrito por Castro Guedes no Público do dia 21 deste mês.
" No dia da morte de José Samarago, BE e PCP recusaram o sim a um voto de pesar pela morte do poeta Couto Viana ", acrescenta.
Não leio todos os dias a edição impressa do jornal, mas tive acesso a um pequeno excerto, que me faz perguntar: quantos pesos, quantas medidas?
" Coincidência é no mesmo dia em que José Saramago fechava definitivamente os olhos em Lanzarote – em grande parte porque magoado com a imbecilidade de um subsecretário de Estado da Cultura, cujo nome só ficará ocasionalmente na História por tristes razões como as de Torquemada ou de Béria - no nosso parlamento (por mais diferentes que sejam as estaturas artísticas, mas que a maioria dos em causa menos sabe do que eu), o BE e o PCP recusavam o sim a um voto de pesar pela morte do poeta e escritor Couto Viana em nome de ele ter combatido ao lado dos falangistas (certamente esquecidos do enquadramento histórico em que do lado das brigadas internacionais não se disparou só sobre os fascistas espanhóis, mas também sobre os trokskistas da República, fazendo com o PS também recuasse e a proposta nem fosse apresentada! ".
... sabendo-se que por essa altura o poeta tinha...13 anos, porque nascido em 1923
A intervenção de Paulo Rangel que arrancou uma ovação de pé. Excelente orador, incisivo, sem insultos, sem insinuações, sem mascarar da verdade do estado da nação, analisando e expondo tanto os pontos negativos como positivos da governação socialista. É um outro tipo de oposição a que nem Sócrates nem o PS, apologistas das estatísticas, da propaganda e do insulto pessoal, estão habituados.