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Leitura recomendada

por Fernando Melro dos Santos, em 04.02.13

Para começar bem a semana.

 

Dedicado a quem está fartinho até aos folículos de levar com a falácia do "estamos muito melhor do que antes, já não morre gente com tuberculose, não andamos descalços, há sempre comida em casa e os meus filhos vão à escola de borla."

 

publicado às 10:10

Finalmente o estado mete-se naquilo que lhe diz respeito

por Samuel de Paiva Pires, em 14.06.12

E começa a fazer reformas a sério. Os milhares de organismos dependentes do orçamento geral do estado vão finalmente ser drasticamente reduzidos, a começar pelas fundações, institutos e observatórios que pouco mais fazem que gastar dinheiro dos contribuintes. Finalmente o estado de excepção que vamos vivendo começa a ter alguma justiça, e os portugueses começam a acreditar na boa vontade dos seus governantes. Tudo isto numa realidade paralela, claro. É que entretanto há coisas muito mais importantes para tratar.

publicado às 11:26

Será defeito meu....

por Carlos Santos, em 06.06.12

Mas julgava que tinhamos passado da fase documentada no cartaz! Espanta-me esta fé trans-partidária de que um Governo consegue despejando dinheiro na Economia, criar empregos. Não foi exactamente isto que nos conduziu ao ponto em que estamos? Eu julgava que se tinha percebido finalmente que quem cria empregos é a economia real, quando percebe oportunidades de investimento. E o que o Estado pode fazer é potenciar essas oportunidades, retirando entraves regulamentares e fiscais. Querem ver que ainda teremos Passos Coelho a anunciar 150000 novos empregos?

publicado às 22:49

Por que será

por Eduardo F., em 07.02.12
que a família de um fugitivo traficante de droga est(á)ava a financiar a campanha para a reeleição de Obama? A história está no New York Times da edição de hoje. Convido os leitores a especular sobre o facto.

publicado às 20:20

...e, infalivelmente, em prejuízo de contribuintes e consumidores. O senhor T. Boone Pickens, a quem o Ecotretas já dedicou vários posts, que já foi um defensor estrénuo das eólicas, de há algum tempo que defende que o governo lidere a iniciativa no sentido de promover a substituição da gasolina e do diesel, usados nos transportes por gás natural, para desta forma a América conseguir diminuir a sua dependência do petróleo da OPEP e, em simultâneo, usando energia mais "limpa". Veja-se o artigo que escreveu hoje ontem, no The Chicago Tribune.

 

O senhor T. Boone Pickens, um empreendedor e capitalista de longa data (tem 83 anos de idade), tem naturalmente o direito de defender uma maior utilização do (aliás, abundante) gás natural americano, tal como qualquer cidadão. Coisa diferente é a forma como se posiciona para explorar o filão que se avizinharia caso o governo federal liderasse esta ideia, ou seja, adivinha-se: financiasse uma rede de abastecimento de gás, introduzisse regulações no sentido de a conversão se tornar obrigatória, etc.

 

A defesa do subsídio em nome de um superior interesse "público" e do seu carácter "estratégico" para, na realidade, e em primeiro lugar, encher os bolsos de indivíduos que se aprestam para se apossar de "rendas" garantidas pelos estados é uma das características do crony capitalism ou do corporatismo mussoliano. Nada disto tem a ver com o capitalismo. É, antes, o seu contrário.

publicado às 22:30

Via Coyote e Cato, fiquei a saber que a filial francesa da Google foi condenada em tribunal (em primeira instância) por, supostamente, ter "abusado da sua posição dominante" ao oferecer, de borla, o serviço de mapas conhecido por Google Maps. A entidade queixosa é uma empresa francesa, uma tal Bottin Cartographes que, pretendendo obter uma contrapartida monetária da disponibilização de um outro serviço de web mapping, se acha vítima de concorrência "desleal"! Esta particular história ainda não acabou (a Google recorreu da sentença) mas a argumentação da autora da acção é já muito velha. Tão velha que já Frédéric Bastiat lhe dedicou expressamente um capítulo no seu elenco de sofismas económicos: uma sátira intitulada A petição dos fabricantes de velas, candelabros, lanternas, etc. Vale a pena lê-la na íntegra mas não resisto a transcrever a seguinte passagem que bem ilustra o ridículo do costumeiro arrazoado argumentadeiro e como tudo sempre acaba por se resumir à tentativa de influenciar o poder do Estado em favor dos "peticionários", dos lobbys, dos grupos de pressão, dos corruptores do poder:
«Sofremos a intolerável concorrência de um rival estrangeiro que beneficia, ao que parece, de condições tão superiores às nossas, para a produção de luz, que dela inunda o nosso mercado nacional a um preço fabulosamente baixo; pois, assim que ele surge, a nossa venda cessa, todos os consumidores se lhe dirigem, e um ramo da indústria francesa, cujas ramificações são inumeráveis, é subitamente atingido pela mais completa estagnação. Este rival, que não é senão o sol, faz-nos uma guerra tão encarniçada, que suspeitamos ser incitado pela pérfida Albion (boa diplomacia nos tempos que correm!), tanto mais que tem por essa ilha orgulhosa uma deferência que se dispensa de ter para connosco.

 

Pedimo-vos pois a gentileza de criardes uma lei que ordene o encerramento de todas as janelas, lucernas, frestas, gelosias, portadas, cortinas, postigos, olhos-de-boi, estores, numa palavra, de todas as aberturas, buracos, fendas e fissuras pelas quais a luz do sol tem o costume de penetrar nas casas, para prejuízo das boas indústrias de que nos orgulhamos de ter dotado o país, que não poderia sem ingratidão abandonar-nos hoje a uma luta tão desigual.»
Já poucos se recordarão, mas foi o que ficou conhecido como "a guerra dos browsers" que quase levou à destruição da Microsoft - e de Bill Gates - durante o segundo mandato da administração Clinton. O "crime" da Microsoft? Atrever-se a oferecer, de borla, o seu browser integrado no sistema operativo Windows quando outros, como a Netscape, pretendiam ganhar dinheiro vendendo o seu próprio browser.

 

_______________________

 

Leitura complementar: France Fines Google: Is Atlas Shrugging?

publicado às 19:29

Não é preciso ser uma águia

por Eduardo F., em 25.01.12
para antecipar o triplo desastre que resultará da extensão da escolaridade obrigatória até aos 18 anos de idade. Primeiro: "enjaular" criaturas em salas contra a sua vontade para nada aprenderem e tentarem que os outros nada aprendam é, no mínimo, idiota e talvez mesmo criminoso. Segundo: protelar ainda mais as já de si parcas possibilidades de quem queira entrar no mercado de trabalho, mesmo que mal remunerado, ganhando autonomia para daí desenvolver a sua cidadania, é criminoso. Terceiro: transformar em delinquentes todos aqueles que venham a escolher, livremente, não ir à escola é uma enormidade própria de pietistas e puritanos, uma grave  violação da liberdade.

publicado às 00:39

Crony capitalism

por Eduardo F., em 24.01.12
Em entrevista conduzida por Bill Moyers, David Stockman, ex-director do Orçamento no primeiro mandato de Ronald Reagan (*), discorre sobre a estreita ligação existente entre Wall Street e a Casa Branca. O tema é o crony capitalism, expressão directamente intraduzível mas que veicula a existência de um estreito conúbio entre Big Government e Big Business (a banca em particular) e os (in)evitáveis bailouts através dos quais são socializados, com o beneplácito dos governos, os prejuízos dos desmandos cometidos. Curioso Mussolini ter afirmado: "Fascism should more appropriately be called Corporatism because it is a merger of state and corporate power".

 

 

(*) - Stockman viria a distanciar-se de Reagan, tendo publicado The Triumph of Politics: Why the Reagan Revolution Failed onde explica o porquê desse distanciamento. Quase trinta anos depois, Stockman prepara o lançamento de um novo livro cujo pré-anunciado título é precisamente "OTriunfo do Crony Capitalism".

publicado às 19:09

Políticas de emprego muito frequentes

por Eduardo F., em 20.01.12

 

Via Carpe Diem

publicado às 20:42

Mas quererá fazer-nos passar por parvos?

por Eduardo F., em 18.01.12
Segundo o Expresso, Gabriela Canavilhas, autora da projecto de lei da Cópia Privada (a que o Samuel aqui alude), terá afirmado que "[n]ão são os cidadãos portugueses que devem pagar esta taxa [de discos rígidos, telemóveis, pens, CD, impressoras, etc.]. Esta não se devia notar no preço final do produto". A deputada Canavilhas acha que como os comerciantes têm uma margem "excessiva" nesses produtos devem ser eles a suportar a "taxa", diminuindo as suas margens. E qual é a autoridade da ex-ministra para achar que a margem é excessiva? Não será antes a remuneração que aufere enquanto deputada que é, ela sim, manifestamente excessiva? Com quantos mais empregos e empresas quer a deputada acabar?

publicado às 18:51

Bruxelas a nu

por Eduardo F., em 04.01.12

Depois de ter lido "The Great Deception: Can the European Union Survive?", livro a que já me referi aqui, fiquei com uma apetência especial por melhor tentar conhecer a história da União Europeia e, em particular, do euro1. Mão amiga, entretanto, fez-me chegar às mãos um pequeno livro da autoria de Marta Andreason - "Brussels Laid Bare" (PDF) -, onde ela relata a sua experiência - que só se pode caracterizar de kafkiana - como Chief Accountant na União Europeia, cargo que exerceu, após um processo de recrutamento que durou cerca de seis meses, entre o dia 3 de Janeiro de 2002 e finais de Maio... do mesmo ano! À data em que publicou o livro, Julho de 2009, o Tribunal de Contas Europeu (European Court of Auditors) tinha recusado, pelo 14ª ano consecutivo, o seu "visto" nas contas da União Europeia! Sabia disto, o leitor? Eu não.

Conta Andreason que se deparou com uma situação em que nem sequer recebeu do seu antecessor as contas do ano transacto (2001) devidamente assinadas mas que, não obstante, se viu pressionada pelo seu chefe directo para que ela própria as assinasse assim se responsabilizando por algo que não conhecia nem podia conhecer; que os saldos finais de um ano não eram iguais aos saldos iniciais do ano seguinte; que não existia sistema informático único nem interesse pela sua introdução, apesar de já ter sido anteriormente comprado; que lhe pediam para dar autorização à efectivação de pagamentos sem que lhe fossem presentes os documentos que os justificassem, etc, etc. Depois de um relato impressionante que revela o total desprezo dos burocratas de Bruxelas pelo dinheiro dos contribuintes, vem a via sacra do processo disciplinar e da sua tramitação, prova duríssima a que foi sujeita. Talvez por isso Marta Andreason, hoje membro do parlamento europeu, eleita nas listas do UKIP, depois de Bernard Connolly, autor de "The Rotten Heart of Europe" (a quem José Manuel Fernandes aqui recentemente aludiu) e Paul van Buitenen, que viria a desencadear o escândalo que daria origem ao despedimento da Comissão Santer, tenha sido a última dos whistleblowers vinda do interior da impenetrável burocracia da União Europeia, responsável perante ninguém.

 

1Já em Setembro de 1957 Monnet sintetizava assim o significado de uma união monetária: "Via money, Europe could become political in five years".

publicado às 01:05

O legado

por Eduardo F., em 20.11.11

5 700 000 desempregados

publicado às 16:35

9 em cada 10 estrelas (2)

por Eduardo F., em 20.11.11

Espraiando a sua incomensurável vaidade e não menor domínio em matérias económicas, Carrilho recorre à técnica das 9 em cada 10 estrelas (realces meus):

J. M. Keynes
É incompreensível(...) que Pedro Passos Coelho tenha proferido as confusas, inexactas e sobretudo contraproducentes declarações que fez sobre a "missão" do Banco Central Europeu, porque a Europa precisa de facto que o BCE passe a actuar como um banco central normal, que tenha em conta o interesse de todos os europeus e não apenas os traumas históricos da Alemanha. Só este passo - defendido por consagrados economistas como, por exemplo, P. Krugman1, J. P. Fitoussi2, P. de G[r]auwe3, B. Eichengreen4, O. Blanchard5, C. Wyplosz6, K. Rogoff7, J. Attali8 ou J. Sachs9- tornará viáveis e eficazes as outras medidas já decididas, nomeadamente o "pacote legislativo" e o "semestre europeu", e permitirá abrir espaço para a definição de uma nova estratégia global, económica e política, da Europa no mundo. De uma estratégia que esteja à altura de uma União Europeia que ainda tem o PIB mais elevado do mundo (quase triplo do chinês) e continua a ser a primeira potência comercial do planeta. Se não for agora, será quando?

 

Manuel Maria Carrilho, "Sem plano, não vamos lá", 17-11-2011
___________________

Notas:

1 - Falando de Paul Krugman, mais palavras para quê?
2 - Jean Paul Fitoussi - Um título de um trabalho só por si suficiente para situar o autor - "Sustainability, income distribution, and natural resources: The two social crises".
3 - Paul de Grauwe - O seu axioma central é que o "Capitalism is characterized by booms and busts."
4 - Barry Eichengreen : segundo Ben Bernanke (ver Wikipedia), a tese de B. Eichgreen é que "[A] causa próxima da Grande Depressão se ficou a dever ao estruturalmente mal desenhado e pior gerido [sistema monetário conhecido por] padrão-ouro..."
5 - Oliver Blanchard - Actual economista-chefe do FMI. Mais um neo-keynesiano.
6 - Charles Wyplosz - Como em Maio de 2010 o próprio BCE violou os tratados [ao adquirir títulos da dívida soberana grega] [escreve Wyplosz na sua carta aberta ao presidente do Bundesbank] mais vale prosseguir na violação da lei do que "esperar" pela implosão da união. 7 - Keneth Rogoff - Um assumido neo-keynesiano que não nutre grandes simpatias pelas tiradas do Sumo Sacerdote, Krugman.

8 - Jacques Attali - Por exemplo: "[e]uropean leaders must act quickly. They should convene a new eurozone summit, which will finally take the necessary steps toward a federal Europe. And, until this comes into force after a vote by national parliaments the leaders should grant the ECB all powers including less orthodox ones, to defend the value of the euro and the liquidity of the banking system with whatever is at its disposal."

9 - Jeffrey Sachs - Recorrendo à Wikipedia, notamos que Sachs se notabilizou, nos últimos anos nas áreas de "climate change, disease control, and globalization, and is one of the world's leading experts on sustainable development."

publicado às 00:15

Tralha constitucional socialista

por Eduardo F., em 27.10.11

"Todo o calendário parlamentar do Orçamento do Estado para 2012 pode ser adiado para evitar uma inconstitucionalidade", relata o Público, acrescentando que "está em causa está a falta de entrega por parte do Governo das Grandes Opções do Plano (GOP), em simultâneo com a proposta de Orçamento do Estado, o que é obrigatório à luz da Constituição".

 

As gongóricas "Grandes Opções do Plano", de traça eminentemente estalinista, têm de ser "apreciadas" por  uma coisa designada por Conselho Económico e Social (ex-Conselho Nacional do Plano). Tudo isto tem - sempre teve - uma utilidade ZERO, constituindo um absoluto desperdício de tempo e recursos. 

publicado às 22:45

Há muitas razões para protestar

por Eduardo F., em 15.10.11

e é até um direito inalienável fazê-lo. Pena, porém, que a esmagadora maioria dos "indignados" que vieram para a rua não entenda as razões, próximas e longínquas, das dificuldades que todos atravessamos e que nos irão acompanhar por tempo longo e indeterminado. Ouvir o juíz Andrew Napolitano poderia constituir um contributo importante para que comecem por compreender o que os rodeia e como aqui chegámos, assim contribuindo para que mais rapidamente possamos retomar uma trajectória fundada de esperança. Na Rua de São Bento, como em Wall Street ou na Puerta del Sol.

 

publicado às 19:41

No passado dia 16 publiquei um post sobre o caso da empresa americana Solyndra. Na altura, referi que não tinha sido capaz de encontrar, pesquisando no Google, em páginas portuguesas, quaisquer referências à empresa. Hoje voltei a tentar e o resultado é quase o mesmo. Encontra-se agora, à hora que escrevo estas linhas, a par do meu post, uma outra entrada, curiosamente datada do dia anterior, dia 15 (o indexador foi lento...), também referente a um blogue - o Era Uma Vez Na América . Nem mais um pio.

 

E todavia, o assunto não sai dos escaparates electrónicos americanos. Ontem mesmo, em editorial, o New York Times entrava em modo de contenção de danos, sob o título "The Solyndra 'Panic'". Mas, pessoalmente, acho ainda muito mais interessante que Paul Krugman, himself, tenha hoje dedicado um post ao assunto. Krugman, como é habitual, socorre-se do sarcasmo para tentar diminuir os "opositores", ao escrever: "Haven’t written about this. But it is indeed a terrible scandal, because the private sector never ever puts money into ventures that end up failing." Ou seja, para Krugman não há nada de novo porque todos os dias há empresas privadas que encerram. Mas se não há nada de novo, por que razão então escrever sobre o tema? Não, senhor Prémio Nobel, o caso é diferente e a razão por que é diferente reside na presença de dinheiros públicos dinheiro dos contribuintes, atribuído a uma entidade privada, quando havia já fortes suspeitas da saúde económico-financeira da fabricante de painéis solares. Ou muito me engano ou este episódio, que para mais ocorre num dos temas fetiche de Obama - os empregos "verdes" -, ainda irá causar muitos embaraços ao candidato Obama.

 

 

ACTUALIZAÇÃO: o leitor Octávio dos Santos, em gentil comentário a este post, chama-me a atenção para o facto de, já este ano, no blogue que mantém - Obamatório - se ter referido, por duas vezes a este tema. Aqui fica a devida correcção, Google notwithstanding.

publicado às 21:38

A ciência e o seu financiamento

por Eduardo F., em 25.09.11
Um dos últimos livros que li - e que recomendo vivamente -, foi Rollback, de Thomas E. Woods Jr., historiador e economista da escola austríaca. O livro, publicado no passado mês de Fevereiro, é um  repositório de veemente argumentação anti-estatista nos mais variados domínios, desfazendo todo o "novelo" de mitos, um após outro, em que assenta o Big Government nos países ocidentais e, particularmente, nos EUA de Bush e Obama. Na contracapa, encontramos estas palavras de Ron Paul: "If Congress and the Administration really wanted to learn how to eliminate the deficit, limit government, and protect liberty they would stop wasting taxpayers’ money on ‘debt commissions’ and instead read Rollback."

 

Numa das secções do capítulo "The Myth of 'Good Government'", Woods desmonta um dos argumentos usualmente  utilizados (e raramente examinado...) da necessidade de intervenção estatal para a promoção da ciência. O seu título é: "Without Government Science Funding, Everyone Would Be An Idiot". Woods socorre-se de Terence Kealey e o seu "The Economic Laws of Scientific Research" para rebater esse ponto de vista começando por fazer notar que o progresso científico na Grã-Bretanha em todo o século XIX se faz essencialmente com financiamento privado. Se esse mito fosse verdade, então a França e a Alemanha, onde os governos, à época, tiveram de facto uma intervenção significativa no financiamento de actividades científicas, não deveriam ter "provocado" um comparativamente maior progresso científico? E não, não foi isso que sucedeu, antes o inverso.

 

Entretanto, enquanto me dedico à leitura do livro de Kealey, que agora vai para a vitrina, aqui fica, via TomWoods, uma palestra de Kealey, de 2009, intitulada "O mito da ciência como bem público [no sentido económico]":

 

publicado às 21:05

Os governos nada sabem de Economia

por Eduardo F., em 21.09.11

Estamos em Setembro de 2001. A Enron Corporation, empresa que actuava predominantemente no mercado da energia, apresenta o seu pedido de protecção de credores (i.e. falência) perante a incredibilidade geral. No ano anterior, a empresa tinha apresentado um volume de negócios superior a cem mil milhões de euros. A Fortune tinha-a escolhido, por seis anos consecutivos (terminados em 2001), como a “Empresa Americana Mais Inovadora “. Afinal tudo não passava de uma monstruosa fraude que contou com conivência da empresa de auditoria – a Arthur Andersen. O escândalo foi de tal ordem que a Arthur Andersen foi obrigada a dissolver-se. Tudo isto pode ser consultado na Wikipedia. O que já é mais difícil de encontrar é que a Enron foi a primeira grande empresa a abraçar a adopção da energia solar (em 1994) e eólica (1997). O seu CEO anunciava que a Enron se aprestava a ser a empresa do futuro como “empresa verde” líder. As empresas que representavam o Big Oil eram o passado.

 

Em 1999, a Enron exerceu um forte lobby sobre o então governador do Texas, George W. Bush, no sentido de que fosse publicada legislação que tornasse o Texas o estado de eleição para a promoção activa das novas renováveis através da imposição, pela lei, de quotas “verdes”. Aliás, muito provavelmente, nenhuma entidade americana “fez mais” pelas novas renováveis que a fraudulenta e corrupta Enron que, de resto, nunca apresentou um cêntimo de lucro nas suas áreas “verdes”.

 

Esta história, real, deveria ter sido recordada e servido de aviso à actual administração americana quando esta decidiu atribuir à Solyndra (empresa americana, encerrada este ano, que fabricava painéis solares) um empréstimo de 535 milhões de dólares, em 2009, apesar da mesma apresentar na altura um resultado negativo acumulado de 558 milhões de dólares nos cinco anos precedentes.

 

Lições a tirar, pelo Institute of Energy Research (realces meus):

There is little excuse for the present situation of the Obama Administration with its solar loan guarantees souring. Did not DOE (Department of Energy) Secretary Stephen Chu tell the New York Times that solar technology would have to improve fivefold to be competitive? Aren’t politically dependant companies, á la Enron, bad risks given that consumers bat last?

 

Government trying to pick energy winners instead has picked energy losers—and picked the taxpayer’s pocket.

Nota: na última frase da caixa, onde está "energy" poderia estar qualquer sector de actividade. Os governos nada sabem de empresas ou de tecnologias e desconhecem tanto o futuro como qualquer um de nós. Mesmo os que disponham de um (exótico) Secretário de Estado do Empreendorismo!

publicado às 23:18

Primeiro, googlei "Solyndra" em páginas portuguesas no último mês. Não encontrei nada. Depois, tive a paciência de percorrer os vários sites dos jornais portugueses acabando por encontrar referências à Solyndra (empresa americana fabricante de painéis solares) mas datadas de 2009 (por exemplo, aqui ou aqui). Não fiquei surpreendido apesar de não se ter falado de outra coisa nos Estados Unidos nas últimas semanas. Em breves palavras: uma empresa produtora de tecnologia "verde", acarinhada pelo governo federal através de um vultuoso empréstimo, fecha ao fim de dois anos queixando-se de "concorrência desleal" chinesa. O próprio Obama visitou pessoalmente a fábrica (em Maio de 2010, onde fez um longo discurso a anunciar um sorridente futuro) sendo que o promotor do investimento visitou por quatro vezes a Casa Branca antes de obter o empréstimo. Enfim, não vale a pena prosseguir. Jon Stewart conta a história com o corrosivo humor habitual.

 

publicado às 23:10






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