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Os tipos que por lá andam em Bruxelas não percebem nada de nada. Como ousam afirmar que Portugal não tem uma estratégia contra a corrupção? É óbvio que tem, mas não é aquela em que estão a pensar. Acho bastante insultuoso que ponham em causa os números de um modo tão descarado: (...)"apenas 8,5% dos casos relacionados com este crime e investigados durante 2004 e 2008 (um total de 838) foram concluídos nos tribunais até 2010." Não me digam que isto não é um resultado olímpico? Realmente. A estratégia que Portugal usa funciona na perfeição, e não vejo razão para que se mexa na mesma. O fenómeno absolutamente incrível não deve ser tocado por aqueles movidos por um reles sentido de Estado. A corrupção não deve ser posta em causa por princípios éticos ou pelo sistema de justiça. Não senhor. Afinal, a corrupção distribui riqueza por aqueles que não a merecem. Tira dinheiro a uns para dar a outros - é como se distribuisse prémios por mau comportamento, desempenho. Querem algo mais democrático do que o reconhecimento do flagelo da parte de 90% da população? Ora aqui está uma questão que não necessita de ser referendada. Faz parte da tradição cultural, da história recente ou mais distante, do espólio de fazeres e afazeres. A corrupção faz parte da espinha dorsal da nação, é um dos pilares da soberania e não deve ser alienada. É o que eu digo, os fiscais de Bruxelas não têm nada melhor para fazer. É uma pouca vergonha que começem a meter a colher na mercearia do bairro e a verificar as contas. Daqui a nada começam a implicar porque não sabem o paradeiro dos 78 mil milhões de euros que vieram de expresso e directamente do banco da Troika. Não falta muito e ainda aparece o cobrador do fraque munido de uma multa simpática a aplicar ao país. Uma coima ou coisa parecida. Será que ainda não perceberam os benefícios da corrupção? Ela é especialmente capaz no tratamento de certas maleitas. Como o reconhecimento do mérito, a recompensa do talento ou a concessão de igualidade de oportunidades. Por este andar, ainda invertem a pirâmide, e os bons e íntegros ainda chegam a algum lado na vida - têm o que merecem.