Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



Menos estadão, mais liberdade

por Samuel de Paiva Pires, em 01.01.22

O Expresso perguntou a 12 jovens os seus desejos para 2022. Aqui fica o meu;

Menos estadão, mais liberdade

Quando os políticos nos tentam fazer crer que a mera delegação de competências administrativas nos municípios equivale a um processo de descentralização, concluímos que o Estado-aparelho de poder hierarquista, centralizador e habituado a mandar de cima para baixo continua a subjugar-nos.
Falta cumprir-se, como escreveu Alexandre Herculano, “a administração do país pelo país (...) realização material, palpável, efetiva da liberdade na sua plenitude”.

Sob pena de continuarmos enredados num debate em que se confunde deliberadamente descentralização com deslocalização e delegação de competências administrativas, torna-se desejável e necessário um sobressalto cívico que contribua para uma discussão esclarecida e conduza a um verdadeiro processo descentralizador, feito de baixo para cima. É preciso que se criem níveis intermédios de governação que tornem o sistema político mais representativo e participativo, concretizando o princípio da subsidiariedade e aproximando a decisão política das comunidades locais.

A plena liberdade poderá ser realizada pela descentralização política por via da regionalização, implicando necessariamente a reforma do actual sistema eleitoral de uma democracia sem povo, onde este é apenas chamado a ratificar as listas feitas à porta fechada pela partidocracia. Para romper com o excessivo domínio da vida pública pelos partidos, que, como também assinalava Herculano, carecem da centralização para preservar o poder, urge que a sociedade civil seja capaz de se mobilizar e de os pressionar.

O estadão a que chegámos não é nem tem de ser o fim da história.

publicado às 19:23

Ricardo Costa apresenta a Gala do Panamá

por John Wolf, em 09.04.16

costa1.jpg

 

Quem ontem assistiu à Gala do Panamá, apresentada por Ricardo Costa, no programa o Expresso da meia-noite, teve a oportunidade de ver os jornalistas mais frouxos e comprometidos à face da Terra. A única convidada digna foi a Elisa Ferreira (Socialista - como podem ver, não estou a enviesar-me ideologicamente) que rebateu a tendência de relativização dos males dos offshores operada pelos jornalistas e os seus convidados.  Se repararam com atenção, havia um nervoso miudinho por aquelas bandas. Parece que esta história pode comprometer certas pessoas. O que vale é que o jornal Expresso, assim como a TVI, não valem grande coisa no universo de jornalismo sério e idóneo. O que vai safar os portugueses, ávidos por saber quais os ex-ministros e afins metidos ao barulho, é que os jornalistas de meia-tigela desta praça não têm o exclusivo do franchising do escândalo. Se não for o Expresso ou a TVI a "botar a boca no trombone", poderemos contar com a irresistível força do disclosure que já está em marcha a nível internacional. Correio da Manhã? Mexe-te. O Expresso está tão orgulhoso por colocar três tristes tigres (um foi águia) na capa do seu semanário - Luís Portela, Manuel Vilarinho e Ilídio Pinho. Que vergonha. E desde quando o Expresso tem a autoridade para servir o público às pinguinhas? Portugal precisa de uma bomba. E sem demoras. O Expresso, em particular, deveria ser alvo de investigação do tal consórcio internacional de jornalistas. Há sempre toupeiras e traidores dentro das organizações.

publicado às 08:46

António Costa e o Expresso do SMS

por John Wolf, em 01.05.15

original_CM_Capture_2.jpg

 

 

Tenho algumas questões a colocar ao operador. Um. Como é que António Costa obtém o número de telemóvel privado do jornalista do Expresso João Vieira Pereira?  Dois. Já o tinha? Três.Telefonou à redacção do jornal para pedir o número ou cravou-o ao irmão? Quatro. Será que já tinha marcado o número privado do jornalista no seu smartphone? Cinco. Quantos números privados de jornalistas terá António Costa na sua carteira? Seis. Será que julga que pode exercer pressão beneficiando de um estatuto de imunidade/impunidade política? Sete. O envio do SMS a um "desconhecido" não configura um modo de assédio punível por lei? Oito. Qual o quadro de valores éticos que orienta a acção do candidato a primeiro-ministro deste país? Nove. Será que o envio de mensagens pela "porta do cavalo" faz parte do caderno de encargos do Partido Socialista? Dez. E desde quando é que argumentação racional e objectiva constitui um atentado ao carácter de António Costa? Onze. O que mais devemos esperar do candidato socialista? Doze. Será que não aguenta a natural pressão decorrente das suas pretensões políticas? Treze. Esperemos pelo próximo SMS.

publicado às 18:33

Portugal Salgado

por John Wolf, em 24.07.14

Porque é que o caso BES vai dar em nada? Porque Ricardo Salgado soube montar a sua defesa de um modo inexpugnável. Ao longo de décadas a família Espírito Santo foi envolvendo tudo e todos, resgatando para o seu círculo de dependência, políticos, empresários, partidos, instituições, fundações, clubes de futebol e homens de cultura. Quem são então os responsáveis pela promiscuidade e os ilícitos que decorrem de proximidades e conveniências? São todos. São todos os governos de Portugal havidos antes e depois do 25 de Abril. Foram todos os políticos próximos ou extintos pela perda de mandatos. E porque razão apenas agora rebenta a bomba do Grupo Espírito Santo? Em parte, ou integralmente, porque este seria o momento certo para arrasar com a candidatura de António Costa que assentou grande parte da gestão camarária na obra e na empreitada, na conversão imobiliária, e, umas instituições financeiras, mais do que outras, beneficiam com decisões políticas que implicam investimentos que apenas são possíveis com empréstimos da banca. Parece que o país inteiro sabe mas não quer saber quais as implicações desta teia de interesses. Ou é espectador ou participa no esquema. Manuel Salgado é primo de Ricardo Salgado? É apenas um detalhe, mas serve para ilustrar a promiscuidade, o antro de relações perigosas/proibídas em que se transformou Portugal. A pegada do BES é enorme e envolve tantas empresas e grupos económicos que assistiremos a um jogo de soma-zero, o exercício de lavagem colectiva de mãos - uma extensão da lavagem de dinheiros. Depois temos o falso jornalismo do grupo Impresa, pela voz da SIC ou através dos textos assinados no Expresso que ostenta a ilusão de um sistema de justiça implacável para gaudio do povo sedento de sangue. Três milhões para o bailout de Ricardo Salgado pode parecer muito à luz do Euromilhões, mas não passa de uma ninharia quando comparado com os juros que o país irá pagar nos próximos tempos pela quebra de confiança e o descalabro material, efectivo. Que se faça a lista de compras de supermercado para saber quem virou a cara a tanta prevaricação, e nesse longo rascunho estarão todos os convivas em que possam pensar - Sócrates, Cavaco Silva, Guterres, Manuela Ferreira Leite, Mário Soares, Passos Coelho, Duarte Lima (para mencionar apenas alguns), assim como célebres escritórios de advogados e empresas de constituição de offshores. Acreditam mesmo que veremos a luz do dia em relação a este caso? Se o BES cair, cai o país inteiro. Cai a PT. Cai a Caixa. Cai tudo. Caem todos. Seria bom que assim fosse, mas não me parece que Portugal abandonará as práticas que fazem parte da sua matriz, dos poderes que estão instalados e que foram contaminando o resto da paisagem económica e financeira. O Grupo Espírito Santo até pode evaporar, desaparecer da face da terra, mas o dia da ressurreição dará vida a um outro corpo, com outro nome, mas com os mesmos rituais de obediência e recompensa. Extravio, prevaricação, pecado por pouco.

publicado às 20:14

Excitações balsemónicas

por Nuno Castelo-Branco, em 03.06.14

Os meias brancas da nossa informação especializada em mexericos, dramas, terrores, adenovírus urbi et orbi, pés chatos, naperons sobre a geleira e cachecol do clube emoldurando a TV, andam numa fona com o que nas últimas vinte e quatro horas se passou em Espanha. A gente de Balsemão - João Carlos I deveria ser mais selectivo quanto às amizades que por cá mantém - fala de uma "maré republicana", para logo depois depararmos com a visão de uma modestíssima praça que dá pelo nome del Sol, apinhada com 20.000 pessoas oriundas das sedes habituais. Em Barcelona, foi ainda menos evidente a reclamação da república, reunindo apenas 5.000 furibundos. Tão modestas reuniões, fazem-nos logo recordar a ainda muito recente festança da vitória do Real Madrid que em pouco mais de meia hora, arrebanhou um milhão de entusiastas de "bandeira monárquica" em riste. Perdão, há que chamar-lhe bandeira de Espanha. Por outras palavras, no nosso CRonaldo vale mais que todo o pagode visto nas Puertas del Sol, Ramblas e similares. 

 

Por cá os artifícios são sempre os mesmos vulcões de ranho espirrado por patetas pivotados apontando o dedo a quem para lá da fronteira, vive num país muito mais moderno, justo e progressivo que esta grotesca republica de falsários, incompetentes institucionais, reservistas mentais e reputados gatunos de comenda ao peito. Dir-se-ia que a gente da RTP, SIC e TVI jamais deu conta dos Limites Materiais da revisão constitucional, pecisamente no que estes apontam naquele infamante artigo que proibe os portugueses de reporem no devido lugar, a legalidade histórica e institucional roubada em 1910. Em Portugal, nada de referendos!, pois vigora o princípio do facto consumado, seja este quanto à república, "descolonização", adesão à CEE, Maastricht, adopção do Euro, Tratado de Lisboa, etc. Como a propósito de Maastricht disse um dia o Sr. Cavaco Silva, ..."os portugueses não estão preparados para este tipo de decisões". 

 

Quanto a Espanha, nada de preocupante. As entrevistas feitas in loco já demonstram a falta de convicção e de fibra daquela gente: já não se trata de João Carlos I o tal O Breve de quase quarenta anos de reinado. Já nenhum deles se ilude quanto à entronização de Filipe VI. Agora, a conversa é outra: ..."su hija jamás sera Reina!".


Já cá não estarei para comprovar ou não o dia da proclamação de Leonor I, mas tenho a certeza de que há coisas que dificilmente mudam. 

 

Adenda: no meio de tanta cretinice televisionada, aqui está alguém que merece a nossa atenção.

 

 

publicado às 19:14

Eu não sei quem é o Embaixador da Polónia em Lisboa

por Samuel de Paiva Pires, em 28.03.14

Mas um representante diplomático que pede explicações ao Expresso por um artigo de opinião do Henrique Raposo em moldes que roçam o patético e revelam uma mente toldada pelo politicamente correcto só pode estar a pedir que se riam dele. E é isso que o Expresso deve fazer.

publicado às 13:59

O público não quer pagar para ler

por John Wolf, em 26.11.13

Não é apenas o governo que lança novos impostos a cada cinco minutos. Não é apenas o governo que exerce o magistério do controlo. Num momento crítico da história de Portugal, para além de todas as multas e coimas que os portugueses têm de suportar, o jornal Público e o semanário Expresso decidem, ao abrigo da alegada sustentabilidade do seu modelo de negócio, aplicar uma tabela de pagamentos para conteúdos online outrora fornecidos a título gratuíto. Pela parte que me toca - um blogger pro bono -, julgo que deveria haver um regime de excepção para aqueles que realizam a extensão das reflexões produzidas por esses jornais de grande tiragem. Grande parte dos posts produzidos neste e noutros blogs, assentam nessa premissa de acesso à matéria-prima que permite formar uma opinião em forma escrita, um prolongamento dos artigos publicados nesses meios de comunicação social. Acresce a este facto uma outra visão utilitária e recíproca. Por um lado, os links inseridos nos nossos posts remetem para a "fonte", para os jornais em causa, contribuindo desse modo para uma maior afluência de leitores. Dito de outra forma, somos contribuintes líquidos para as operações de outrém. Felizmente para nós (que não somos melhores que os demais leitores online), existem alternativas, fornecedores de conteúdos de imprensa, aquém e além-mar. A austeridade pode servir de desculpa ou pretexto para a tomada de certas decisões de gestão, mas em termos substantivos, trata-se de uma forma de restrição à informação. O cidadão que não tem orçamento para estas extravagâncias acaba de ficar um pouco mais às escuras, dependente de outros juízos e à mercê do conhecimento de alguns. Nessa medida, e quase paradoxalmente, os blogs acabam por reforçar o seu papel, a sua missão, sem estarem presos a noções de mercado ou lucro. Embora existam blogs patrocinados com a cara chapada da publicidade e marcas a decorar a homepage, neste sítio podemos orgulhar-nos de não depender das condições económico-sociais do momento. Aqueles que merecem o nosso maior respeito são os milhares de leitores que nos acompanham numa base diária, porventura ligeiramente baralhados pela amálgama de posições políticas distintas que povoam o blog Estado Sentido. Aqui não há peditórios nem a convicção que temos a última palavra em relação ao que quer que seja. Ao Público e ao Expresso, os meus votos de continuação de bons trabalhos. Bom Natal e boa Popota.

publicado às 19:52

A Tentação Totalitária

por Nuno Castelo-Branco, em 30.10.13

 

Tal como o fiz por volta dos meus vinte anos, Daniel Oliveira também terá (?) lido A Tentação Totalitária. Uma obra dos tempos do já então anunciado crepúsculo da Guerra Fria, criou um não menos previsível mal estar entre as elites bem pensantes do momento, os detentores das chaves de um politicamente correcto que ainda não era assim chamado.

 

Discorrendo sobre os acontecimentos portugueses, Revel entrelaça-os com o projecto da Union de Gauche em França, demonstrando as insanáveis dificuldades entre partidos com concepções de sociedade radicalmente diferentes e apenas unidos pelo desejo de susbtituição daquilo que genericamente se designa de direita

 

A vontade eleitoral, ditada num preciso momento em que nas urnas se discute a eleição de deputados ou de autarcas, é por alguns encarada como mais um dos sofismas que a democracia representativa engendra para a manutenção de privilégios de classe, a exploração dos trabalhadores e quiçá, num estádio apenas reservado a algumas nações, do imperialismo. Em resumo, a vontade popular expressa pelo voto, não se traduz na etérea vontade colectiva que só a legitimidade revolucionária poderá encarnar. 

 

O caso de Loures - apenas um, entre outros -, oferece-nos a oportunidade de uma vez mais depararmos com o há muito negado papão da tentação totalitária que uma boa parte da esquerda portuguesa assume como coisa natural e factível. Conhece-se o método, desde sempre na linha da frente da parafernália da agit-prop, de alardear insistentemente as palavras liberdade e democracia, a todos ou à maioria fazendo crer estarmos perante lídimos defensores dos nossos direitos de plena cidadania, equiparando-nos a qualquer sueco, britânico ou dinamarquês. No entanto, bebendo na caudalosa fonte da nossa experiência histórica, apenas pretendem adequar a atracção que os portugueses adquiriram por regimes musculados, aos condicionalismos impostos por uma sociedade hoje à disposição da informação e pior ainda, integrada num espaço político e económico pouco benevolente para com intentos messiânicos. Assim se explica o disparatado e embevecido elogio que outrora os republicanos fizeram a Pombal - copiando-lhe métodos e assumidamente empunhando o chicote como símbolo de bom governo - e a mais discreta mas nem por isso menos sintomática admiração cultivada em torno do Príncipe Perfeito.

 

Aproveitando  uma machete que há poucos dias deu brado,  podemos dizer que Salazar é o chefe que a esquerda portuguesa gostaria de ter tido durante meio século. E sem que disso se tenha dado conta, foi-o. O não-alinhamento com os americanos e a sempiterna e bem fudamentada desconfiança relativa a todas as novidades que chegavam do Novo Mundo, foram acompanhadas pela burocracia do já então sacrossanto serviço público, pelos Planos de Fomento, apropriação estatal de bens privados, fixação de rendas, tabelamento de preços e outras originalidades muito próprias de regimes a universalmente impor a uma humanidade sempre refractária a demasiadas regras que o reclamada bem colectivo aconselharia. 

 

Para aqueles que Jean-François Revel escalpelizou numas tantas páginas, a mensagem a salientar, consiste no facto de os socialistas também fazerem parte dessa direita que no seu artigo Daniel Oliveira exautora, alijando-a do espectro partidário como coisa execrável a eliminar. Não ousa dizê-lo por escrito, mas não tenhamos qualquer hesitação em encarar essa verdade, pois é o que concretamente estará em causa. É isso mesmo o que desabafa, por muitos circunlóquios que possa fazer no sentido de ocultar o seu pequeno e húmido sonho totalitário. Embora não o refira expressamente, insinua um certo recuar no tempo, quando Estaline proibia a colaboração dos partidos comunistas com a social-democracia, abrindo então o caminho a outras formas daquilo que não só se armava de ferramentas governativas próprias do regime de leste, como num caso, até o nome socialista incluiu na designação do Estado. Tratando-se não de uma relação estratégica mas de uma clara subordinação que mais tarde se verificaria em toda a Europa de leste conquistada pelo Exército Vermelho, a ocidente criou as resistências que todos conhecemos e por isso mesmo não valerá a pena insistirmos em comentários supérfluos. A verdade que o articulista do jornal do Sr. Balsemão pretende esquecer, consiste na existência da comunhão entre os socialistas da social democracia do PS e aquilo a que rancorosamente chama de direita, no caso português o PSD e o CDS. Uma direita bem estranha, herdada de um ainda recente processo histórico que a atirou para o canto dos acessórios disponíveis pelo Estado Socialista em que vivemos. Essa comunhão ultrapassa largamente as sempre resolúveis clivagens existentes a propósito da maior ou menor dimensão do Estado, ou aquelas que decorrem do interesse de grupo quanto ao exercício do poder. Este socialismo que rapidamente é traduzido em clientelismo eleitoral, consiste no mais estrénuo defensor do status quo que explica as nossas catastróficas dificuldades do presente. A Constituição, coisa redigida por deuses já caídos, é intocável. A divisão administrativa é coisa tão sagrada como a água do Ganges, enquanto a propriedade privada, por muito ínfima que seja, nada mais significa senão um enchido social a triturar em prol da dimensão do Estado que nela esfomeadamente participa sob a estulta fórmula de contribuições, impostos e taxas. Não existe democracia se não existir a negregada direita. Não estando a falar de negócios e empreendedorismo,  esta verdade até por Daniel Oliveira poderá ser apercebida. E é mesmo. 

 

O articulista quer guerra e essa declaração é endereçada a uma "direita" que afinal inevitavelmente incluirá o PS. Ninguém no seu perfeito juízo imagina a gente do PS unir-se numa frente comum com um PC que o articulista do Expresso gostaria de obrigar a existir - o BE nem sequer seriamente conta, jamais passou de um fait-divers -, derrubando a chamada democracia burguesa para implantar um sistema vertical de legitimidade revolucionária à mercê de uma ínfima minoria activista e pretensamente esclarecida pela força da polícia, difusão da espionite e total apropriação da coisa pública - e privada - por uma caterva de alucinados securitários. Com uma direita como esta existente em Portugal, porque razão se apoiaria o PS nos enervados radicais, aliás hoje numa fase de rápida deglutição pela sede do Rato? Não perderemos por esperar por esta previsão.

 

Não existe a coragem e ainda menos, a força necessária para o extermínio físico dessa direita que se for ampliada a todos os defensores do regime da "democracia burguesa", significa mais de quatro quintos da população portuguesa. Os artifícios, sejam eles vertidos pela oratória ou pela irritada escrita, vão-se sucedendo num amontoar de manientos ódios sem nexo e completamente desfasados daquilo que é a realidade do mundo em que vivemos. Até o PC, entidade calculista e com a certa prudência que a experiência aconselha, disso há muito se apercebeu, por ali restando alguns resquícios decorativos do mausoléu estalinista, a tal simbologia que apenas reconforta fanadas vontades e a nostalgia de um passado tão distante e perdido como o voto censitário, a escravatura ou a condenação às galés. Isto não significa que se por desastre se verificasse uma profunda alteração da correlação de forças no globo que tal coisa propiciasse, de novo não viessem à tona ímpetos de outros tempos. Com ou sem chineses, tal cenário é pouco provável. 

 

O jornalista do plutocrático grupo empresarial do Sr. Balsemão, representa um confortado e típico produto daquilo que o PC costuma designar de esquerdismo. Com tudo o que isso implica, inconsequente aventureirismo incluído. Um filme de sessões contínuas.

publicado às 11:53

Finalmente...

por Nuno Castelo-Branco, em 17.08.13

 

...o Público acordou ou rendeu-se à evidência do dever da informação. Mesmo de forma hesitante e vaga, anuncia com muito atraso aquilo que se está a passar em todo o Egipto. Quanto às balsemónicas cigarras, nada, nem uma linha, a não ser para darem voz a um indignado espanhol que para não variar, aponta os morsistas como pobres vítimas indefesas.

 

Entretanto, mesmo relegando a informação para uma demasiadamente discreta coluna, El País indica a bonita soma de quarenta templos cristãos queimados, sabendo-se que a destruição se estende a escolas, estabelecimentos comerciais, hospitais, viaturas e residências de coptas. A explicação é linear, atribuindo-se esta violência à reacção pelo apoio cristão às autoridades militares. E porque tal apoio acontece? Todos o sabemos.

 

Como habitualmente, em alguns países as notícias são dadas de uma forma bem diversa daquela que temos em Portugal - sempre muito "à francesa" -, elucidando os leitores acerca daquilo que se tem passado desde a já longínqua primavera da Praça Tahrir. 

publicado às 10:31

Fala, fala e pouco diz

por Nuno Castelo-Branco, em 15.08.13

Enquanto o megafone Obama propala os costumeiros e patéticos estereótipos, eis que no seu próprio país surgem denúncias ainda silenciadas em Portugal: leiam o que se está a passar aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, etc. Procurem e encontrarão mais notícias. Não tentem fazê-lo junto dos empregados de Balsemão ou de Belmiro. É inútil, pois para esta sofisticada gente, a Irmandade Muçulmana talvez seja de gauche

publicado às 21:48

Balsemão...

por Nuno Castelo-Branco, em 04.07.13

... para já ainda não foi desta. Tem lá a santa pacienciazinha. 

publicado às 01:24

"Who cares"?

por Nuno Castelo-Branco, em 07.06.13

Por mais que o sr. Balsemão afinfe a coisa segundo os seus interesses, de pouco lhe serve

publicado às 21:20

Abaixo de zero

por Pedro Quartin Graça, em 11.05.13

publicado às 15:06

Troika culpa Governo

por Pedro Quartin Graça, em 16.03.13

Mais palavras para quê...?

publicado às 10:10

Nicolau Santos, lapidar

por Nuno Castelo-Branco, em 30.12.12

"Será pedir muito a Passos Coelho, Vitor Gaspar e Carlos Moedas que leiam a entrevista que Artur Baptista da Silva deu ao caderno de economia?"


 Expresso no seu melhor.

publicado às 11:04

 

Devo confessar que simpatizei com o actor que representou o papel de especialista do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O artista Artur Baptista da Silva convenceu a crítica com o seu desempenho. As várias nuances gravosas com que expressou os seus diálogos, o refinamento dos gestos que acompanháram os momentos de maior tensão dramática. Sim senhor. Isto é bom. Há anos que a SIC produz ficção em televisão, mas nunca havia atingido este grau de credibilidade. E isto é bom teatro, é quase sétima arte. O papel desempenhado foi maior que o homem - serviu o interesse nacional, por demonstrar que até os burlões estão seriamente preocupados com o estado da nação. E a SIC e o Expresso sentem-se ofendidos e querem vingar o desfalque. Porquê? Não concedem (todos os dias ou semanalmente) tempo de antena e páginas inteiras a mentirosos compulsivos, a farsantes profissionais? Nem vou responder. Só sei o seguinte; o Sr. Artur Baptista da Silva mostrou como se faz. Não apresentou uma amostra de diploma da Universidade Lusófona, não fez algumas cadeiras e não lhe ofereceram outras. Não senhor. O homem fez a coisa com estilo, com o grau de exigência de quem consome apenas o melhor. Um alto cargo na ONU, um mandato no Banco Mundial, um duplo doutoramento em Harvard, conferências internacionais. Enfim, a crème de la crème que não chega a ser crime, na minha humilde opinião. Pergunto, o que preferem: um dignatário credenciado que mente todos os dias ou um condenado a chamar as coisas pelos nomes? Qual dos dois oferece mais garantias neste mundo de poses e cartões de visita. O homem-embuste não disse nenhuma mentira, o seu nariz não cresceu nem decresceu. É patético que a SIC ou o jornal Expresso queiram processar o homem que lhes passou a perna. Fica demonstrado como funcionam as coisas nos meios de comunicação social. Em condições normais, a haver cabeças a rolar, nunca seria a do Baptista. Se desejam apurar responsabilidades e aplicar processos disciplinares, será na estação de televisão SIC ou no Expresso que isso tem de acontecer. Seria o expectável. Despedimento com justa causa por incompetência flagrante. O método investigativo desses meios de comunicação social revela o seu modus operandi. De nada serve o Nicolau Santos retirar o laço e aparecer de camisa de ganga, num registo de hippie enganado, e apregoar que em décadas de carreira nada disto lhe havia acontecido. Não senhor. Assim não vão lá. Agora vão ser obrigados a confirmar a identidade de todos que se apresentam ao serviço ou aqueles que se fazem de convidados. Será que sou quem sou? Ou será que isto não passa de uma invenção da minha cabeça equivocada pela quadra natalícia? São muitas perguntas deixadas no ar pelo pai Natal.

publicado às 09:38

É uma farsa portuguesa, com certeza

por Samuel de Paiva Pires, em 23.12.12

A história conta-se em poucas linhas. Artur Baptista da Silva, brandindo o título de economista coordenador de uma equipa da ONU que teria como responsabilidade apresentar um relatório sobre o impacto da crise e das medidas de austeridade nos países da Europa do Sul, apareceu esta semana em grande destaque nos media portugueses, em particular na SIC Notícias (no Expresso da Meia-Noite) e no Expresso. As várias afirmações que produziu, em especial as relacionadas com a necessidade de renegociação da dívida, marcaram parte da agenda mediática dos últimos dias. Entretanto, a SIC terá decidido fazer já depois destas entrevistas o que deveria ter feito previamente, investigar a credibilidade do ilustre desconhecido. E é assim que nas últimas horas a net se animou com a descoberta de que estaremos na presença de um impostor, um ilustre desconhecido para a ONU, que nos anos 80 terá sido condenado por uma burla milionária. Pelo meio, aprecie-se o início do artigo de Nicolau Santos e os comentários de João Pinto e Castro sobre a personagem.

 

Para a História ficam várias lições sobre o jornalismo que temos - suspeito que este episódio irá virar caso de estudo em muitos cursos de jornalismo e comunicação social -, a sociedade mediática em que vivemos e como manipular a opinião pública. Para memória futura, aqui fica o momento alto desta genial manobra de subversão:


publicado às 23:30

"Balsinha"? Mas há anos que conhecíamos esta caricatura!

por Nuno Castelo-Branco, em 30.05.12

 

 

A caricatura de Cid era mais ou menos isto. "Pescada" aqui

 

Dele apenas conservo a lembrança da fabulosa caricatura de Cid - hoje difícil de encontrar, não se sabe bem porquê, a não ser num ou noutro alfarrabista -, em que aparecia um tipo de cabelo oleoso e com entradas, sem olhos ou nariz, mas de dentuça arreganhada. Nos cartoons surgia sempre como Balsinha, o que também nos dá uma ideia acerca da falta de imaginação da nossa "secreta" que se atreveu a reutilizar o nome de uma paródia que muitos ainda recordam com gozo. Que desleixo!

 

Há uns dias, no suburbano pastiche Globos d'Ouro, surgiu um estrondoso auto-elogio que agora pode ser facilmente entendido como um ataque preventivo, bem à maneira das antigas preparações de artilharia na frente leste.  Quem durante anos a fio leu o seu semanário, viu os noticiários e ouviu o rol de comentadeiros no seu canal de televisão, terá deparado com um ininterrupto manchar de reputações - nalguns casos com toda a razão, há que dizê-lo -, estorietas que tresandavam a invencionice para vender papelada, insinuações e outros saltos mortais sempre em prejuízo de outrem.

 

Pouco nos importa saber algo acerca da vida privada do fulano, mas será um saboroso aperitivo a degustar pelo seu público habitual, qualquer informação acerca das actividades do grupo em que pontifica. Em suma, os nossos Murdoch ao estilo berlusconiano, deverão explicar o porquê da sanha contra toda e qualquer concorrência mediática que garanta a democracia na informação, venha ela de grupos empresariais ou da própria futura televisão a sair de um dos canais da estatal RTP. 

 

Bem a propósito, aqui está um exemplo tirado deste site:

 

 

publicado às 08:16

O slide nº 17

por Nuno Castelo-Branco, em 25.04.12

O Expresso mostra hoje alguns murais pintados nas paredes de Lisboa. Um deles, é bastante familiar. Estive envolvido nessa acção de propaganda e na série hoje publicada, surge na foto nº 17.

publicado às 11:45

"Portugal não desilude"

por Samuel de Paiva Pires, em 15.03.12

O título deste post é uma expressão que tomo emprestada do Pedro Lomba, embora tivesse sido empregue pelo mesmo em relação a outro assunto. Mas é também a mais apropriada a este que vou tratar. Por que é que digo que Portugal não desilude? Porque no que diz respeito ao comentarismo político, à opinião publicada, Portugal, ou melhor, os media portugueses, não desiludem na promoção endogâmica do mais do mesmo e de acéfalos, desde que devidamente referenciados pela Dona Maria da Cunha. Refiro-me em concreto ao Expresso, que alberga, entre outros, dois génios do comentário político: João Lemos Esteves e Luís Rebelo de Sousa.

 

O primeiro é ou era aluno do tudólogo-mor do reino dos nadólogos, Marcelo Rebelo de Sousa, que há pouco tempo até esteve presente na rubrica que aquele tem no Curto Circuito da SIC Radical. Mais do que ler (se conseguir) a prosa inenarrável deste jovem, que, no seu mais recente post, informa-nos, logo na primeira frase, que Olli Rehn é o Comissário Europeu da Energia - e eu que julgava que era dos Assuntos Económicos e Financeiros -, o melhor é mesmo assistir aos vídeos que coloca no Youtube. Cada um é melhor que o outro, originando facepalms vários (simple, double, triple, holy).

 

O segundo, como o próprio nome indica, é familiar de Marcelo Rebelo de Sousa, mais concretamente sobrinho. Em 2010, enquanto assistia às aulas de mestrado de um amigo, também frequentado por este prodígio intelectual, tive o desprazer de ouvir umas alarvidades que não se coibia de verbalizar (para gáudio dos colegas, sempre à espera da próxima patacoada para se rirem). Não parece ter melhorado, ora atentem apenas nestas duas pérolas de mais um portentoso social-democrata que ainda não percebeu o que aconteceu a Portugal: "Este Governo liberal não dá espaço nem legitimidade ao ministro da Economia para cozinhar medidas" e "Para os que compreendem o efeito multiplicador do investimento, incentivos e estímulos à iniciativa privada nestes sectores resultariam ainda, como spill over benefits, em, por exemplo, novos postos de trabalho e aumento do consumo de produtos e serviços nacionais por estrangeiros."

 

Os media portugueses, como Portugal em geral, não desiludem no nepotismo e amiguismo, e é assim que volta e meia surgem génios deste calibre na opinião publicada, sem percebermos bem porquê (ou percebendo bem demais...), que nos presenteiam com prosas e opiniões confrangedoras. Não admira que haja cada vez mais pessoas a ler blogs. Se há sítio onde, pela liberdade de que qualquer um usufrui, podemos comprovar verdadeiramente se as nossas opiniões interessam a alguém, sem depender de intermediários e amiguismos, é na blogosfera (da qual excluo os blogues dos jornais).

publicado às 12:43






Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2007
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D

Links

Estados protegidos

  •  
  • Estados amigos

  •  
  • Estados soberanos

  •  
  • Estados soberanos de outras línguas

  •  
  • Monarquia

  •  
  • Monarquia em outras línguas

  •  
  • Think tanks e organizações nacionais

  •  
  • Think tanks e organizações estrangeiros

  •  
  • Informação nacional

  •  
  • Informação internacional

  •  
  • Revistas