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"Será pedir muito a Passos Coelho, Vitor Gaspar e Carlos Moedas que leiam a entrevista que Artur Baptista da Silva deu ao caderno de economia?"
O Expresso no seu melhor.
A prestação televisiva de Artur Baptista da Silva, alegado especialista da ONU, foi um sucesso. Eu vi e gostei. Fiquei todo baralhado por causa das certezas do Artur, inauditas até ao momento em que lhas ouvi. Ludibriar com a Mentira ou Ludibriar com Verdades Cortantes e até Urgentes mas impraticáveis, é ludibriar! Ponto. Agora que o Artur foi denunciado como impostor por vários órgãos de comunicação social, faz o que todos os impostores portugueses têm feito, especialmente o Animal que se acoitou em Paris: queixa-se de ser vítima de um «julgamento sumário», com pena aplicada de «linchamento de carácter». Na sua orfandade, as putas de Sócrates, nos blogues e nalguma Opinião-Câncio, têm passado meses a falar do asco geral e unânime que aquela figura gerou na Opinião Pública precisamente como «assassinato de carácter». Portanto, a cassete é quase a mesma. Não há País que sobreviva a jornalistas e a jornais à cata de especialistas convenientes às suas teses contra-poder porque sim: desta vez foi Artur Baptista e Silva, pago para debitar com o megafone do Expresso e da SIC Notícias, a enganar-nos. Mas não o fez igualmente com estilo, estrago e estrilho essa magnífica geração Vara-Sócrates?! Não os ajudaram e credibilizaram igualmente esses media?!
A história conta-se em poucas linhas. Artur Baptista da Silva, brandindo o título de economista coordenador de uma equipa da ONU que teria como responsabilidade apresentar um relatório sobre o impacto da crise e das medidas de austeridade nos países da Europa do Sul, apareceu esta semana em grande destaque nos media portugueses, em particular na SIC Notícias (no Expresso da Meia-Noite) e no Expresso. As várias afirmações que produziu, em especial as relacionadas com a necessidade de renegociação da dívida, marcaram parte da agenda mediática dos últimos dias. Entretanto, a SIC terá decidido fazer já depois destas entrevistas o que deveria ter feito previamente, investigar a credibilidade do ilustre desconhecido. E é assim que nas últimas horas a net se animou com a descoberta de que estaremos na presença de um impostor, um ilustre desconhecido para a ONU, que nos anos 80 terá sido condenado por uma burla milionária. Pelo meio, aprecie-se o início do artigo de Nicolau Santos e os comentários de João Pinto e Castro sobre a personagem.
Para a História ficam várias lições sobre o jornalismo que temos - suspeito que este episódio irá virar caso de estudo em muitos cursos de jornalismo e comunicação social -, a sociedade mediática em que vivemos e como manipular a opinião pública. Para memória futura, aqui fica o momento alto desta genial manobra de subversão: