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É absolutamente inacreditável que a ameaça de violência por parte de um grupelho de estudantes de extrema-esquerda da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa leve ao cancelamento de uma conferência de Jaime Nogueira Pinto subordinada ao tema ‘Populismo ou Democracia: O Brexit, Trump e Le Pen’. Parece que a praga do politicamente correcto que censura o pensamento que não seja de esquerda também já está entre nós, até no seio daquela instituição, a academia, que tem o dever de promover a liberdade de pensamento, a liberdade de expressão e o verdadeiro debate de ideias.
Hollande 23% - 32% Costa. Serão almas génias?Já viram isto? Ok. Estou a brincar, mas isto não é caso para gargalhadas (já vamos à Venezuela e aos Magalhães). Por ora tratemos dos gauleses. Já sabemos que irá haver uma tentação clara para justificar a perigosa vitória de Le Pen, nas eleições regionais em França, invocando o clausulado securitário. Os Je suis Charlie e os Bataclans podem até servir para sustentar as "causas próximas", e até no plano cultural, no húmus da mentalidade, nas correntes filosóficas, poderíamos decifrar a profundidade conceptual que define o nacionalismo francês. Mas não vamos chamar o alemão Fichte nem Rousseau, e exigir explicações. Será no relógio contemporâneo que o fenómeno de ascensão da extrema-direita se move. Lembro-me do que disse o pai (octagenário) de um ex-amigo francês: "a selecção nacional de futebol de França está a ficar muito escura". Pois bem, é nesse plano da exclusão do legado histórico (e colonial) que se operam as modalidades de francês de primeira e marselhês de segunda. Hollande também tem a sua quota de responsabilidade. Em nome da justiça socialista cometeu excessos - por exemplo, e muito convenientemente, foi atrás do património alheio, radicalizou-se na sua falsa imodéstia ideológica, e demonstrou que não soube estar ao centro e se balançar no frágil palco da sociedade francesa. O que aconteceu em França nem carece de mais um empurrão de um terrorista islâmico. França está a viver o resultado de um investimento ideológico lançado pela geração Le Pen precedente. Tempos perigosos assolam a Europa, mas outro género de revoluções também denunciam a falência de uma outra Esquerda demagógica, de decepção. A Venezuela é a outra face da mesma aresta ideológica. A divisa do socialismo-extremo hiperinflacionou-se e rebentou a escala do bem comum, profundamente anti-capitalista, e destruidora de liberdades e garantias. O legado de Chávez de nada vale no mercado secundário de inspiração ideológica. Cuba também já está a dar o berro. Resta saber que fonte de inspiração ainda se mantém de pé para visionários locais. António Costa deve pensar nas sucessivas legislaturas e na efectiva possibilidade de estar a preparar o terreno para incursões radicais da Direita em Portugal. A ideologia é uma espécie de boomerang e balão de ar quente em simultâneo. Vai e volta com ainda maior pujança, ou simplesmente cai por terra. As decisões do comité-central do PCP e da coordenadora do BE podem produzir um efeito de ricochete ainda mais violento do que se possa imaginar. Basta não acertarem o passo. E tudo indica, já nesta antecâmara, que Jerónimo de Sousa não quer acertar a sua passada à música de António Costa. O que está acontecer em França é um exemplo-vivo das consternações que afligem a Europa. Não julguem por um instante que isso é lá com eles. Não é disso que se trata. Nem precisamos de ir a Munique e regressar com o troféu das garantias dadas. Lamento muito. É agora.
Nas comemorações do 25 de Abril na Assembleia da República, Cavaco Silva criticou a acção do actual governo, em particular no que se refere ao empobrecimento dos portugueses, ao desemprego, aos funcionários públicos e pensionistas e afirmou que é preciso fazer-se a reforma do Estado que está por fazer. Heloísa Apolónia conseguiu ver no discurso uma colagem total à acção do governo.
Jerónimo de Sousa, por seu lado, no que concerne à referência do Presidente da República ao cerco ao parlamento em 1975, afirmou tratar-se de um "desabafo reaccionário" de Cavaco Silva, pois que "não existiu nenhum cerco ao parlamento, que na altura nem era parlamento, era só uma assembleia constituinte, mas uma mera manifestação".
A actuação da polícia ontem em S. Bento. Os direitos à greve e à manifestação não conferem qualquer direito à violência. Aquilo a que se assistiu ontem - um grupo de marginais que durante cerca de hora e meia apedrejou a polícia - é simplesmente inadmissível num Estado de Direito. E se é verdade que a carga policial atingiu pessoas que ali se manifestavam, não fazendo parte do grupo de marginais, também é verdade que a a polícia avisou, como é legalmente exigido, que iria proceder à dita carga e que, como tal, deveriam retirar-se da praça. O que estas pessoas deveriam ter feito imediatamente, tal como o Daniel Oliveira e outros dirigentes da CGTP e PCP fizeram ainda antes dos avisos, era abandonar o local. Não o fizeram, sujeitaram-se a ser alvo de bastonadas. Como escreve Henrique Monteiro, «Bateram em pessoas que jamais tinham atirado uma pedra? É possível. O que não é possível é ser de outra maneira;o que não é possível é durante uma carga, um polícia que esteve sob uma tensão enorme durante horas, indagar e interrogar-se sobre a justeza da sua ação. Isso é lírico.» Ademais, como escreve o Carlos Guimarães Pinto, «E, segundo, se não será apropriado concluir que as restantes pessoas que se mantiveram na manifestação muito tempo depois do tiro ao polícia ter começado estavam ou não a validar com a sua presença as acções daqueles indivíduos.»
Há ainda quem diga que a polícia deveria apenas ter investido e detido o grupo de arruaceiros que procedia ao apedrejamento. Se assim tivesse sido, a polícia colocar-se-ia numa situação complicada, podendo ser rodeada pelos restantes manifestantes, o que inclusive poderia originar ainda mais violência que aquilo a que se assistiu.
Por outro lado, ao contrário do Daniel Oliveira, não creio que a acção da polícia após a dispersão da praça em frente ao Parlamento possa ser considerada abusiva. Não há imagens do que se terá passado entre S. Bento e o Cais do Sodré, mas daquilo que as televisões captaram nas ruas adjacentes ao Parlamento nos momentos que se seguiram à dispersão e entre Santos e o Cais de Sodré posteriormente à confusão, os arruaceiros fugiram por várias ruas vandalizando estabelecimentos comerciais à sua passagem e ateando vários incêndios. É pena que não tenham sido detidos antes de o fazerem.
Para finalizar, tendo ainda em consideração o crescendo de violência que tem perpassado as manifestações das últimas semanas, a polícia não tinha alternativa a dar um sinal claro de que há certos limites que não podem ser ultrapassados. E a reacção da generalidade dos portugueses ao sucedido, excepção feita à extrema-esquerda - como seria de esperar -, aí está para provar que a polícia agiu como era esperado e se impunha.
Pelos vistos, a extrema-esquerda portuguesa cedeu às tão ansiadas cantilenas da unidade política. A comicidade da política portuguesa chegou ao triste ponto de permitir a junção de esforços dos totalitarismos naïve, filhos dilectos dos marxismos avelhentados. Nem Blum, nem Azaña seriam capazes de engenhar uma solução unitária tão descabelada, em que o leitmotiv reduz-se à apresentação de uma moção de censura deslocada. Esta esquerda precisa mesmo de um Gorby e de uma perestroika. Estará Daniel Oliveira disposto a aceitar uma missão sacrificial sem retorno garantido?
Boa noite a todos.
Uma sondagem é uma sondagem é uma sondagem. Da última vez que houve sondagens, um empate técnico emergiu das urnas transmutado em desequilíbrio inegável, e os resultados de alguns partidos acabaram por ser menores do que a própria margem de erro estatístico implícita no vaticínio.
Contudo, não seria próprio de um agnóstico, e menos ainda de quem quer pautar-se pela humildade, supor o mesmo desenlace, indutivamente, na situação actual. Com efeito, sou compelido, pelo sentimento na urbe e no campo, a crer que as sondagens hoje divulgadas traduzem a realidade expectável com um grau de fidelidade deveras apurado.
O que quer isto dizer?
Ponto primeiro, grande parte - a maior parte - do eleitorado até aqui demissionário do seu dever não possui qualquer cultura, política ou de outra sorte, e constituindo uma massa amorfa e manipulável, pronta a disparar na direcção do estímulo que se apresente mais a jeito, está prestes a reforçar a posição de partidos demagógicos e populistas, que defendem ideologias anacrónicas sem assento legítimo num Estado de Direito. Falo do BE e da CDU.
Ponto segundo, os restantes eleitores que agora se agitam para fora do longo torpor vão votar contra. Por medo do extremismo ou por simples hábito vão fazer o que sempre viram fazer. E este mimetismo vai favorecer outro partido da esquerda, o PS, cuja doutrina e capital humano pouco o separam dos seus vizinhos totalitários.
Ponto terceiro, o CDS, à conta da sua inércia e letargia, entalou-se e entalou consigo a possibilidade, única, de Portugal vir a abrir-se ao mundo moderno no que à política concerne. O abjecto vácuo no espaço que é normalmente ocupado por partidos de Direita, com valores e princípios integrados, é uma coisa que faz de Portugal um caso clínico e a chacota dos nossos parceiros Europeus, à excepção provável de Espanha onde os anos Zapatero inquinaram de tal forma o pensamento e os costumes que também lá a situação chegou onde chegou.
Em 1986, o realizador francês Leos Carax trouxe-nos a obra cujo título aproveito em epígrafe, traduzido em Portugal por "Má Raça". Conta um conto de trama simples, embora ramificada, e que parte da existência de um vírus, artificial, cuja singularidade reside em vitimar apenas casais de amantes entre os quais o sexo ocorre sem envolvimento; sem paixão, sem amor, sem atilhos que não os da mera libertação carnal.
Podemos argumentar que o sexo nunca é apenas o sexo, mas isso não vem ao caso na feitura do filme.
As personagens interpretadas por Denis Lavant (o mesmo Alex de Les Amants du Pont-Neuf) e Juliette Binoche são entretecidas por Carax num tosão surrealista e inquietante, levando o espectador às zonas limítrofes da ética e da moral.
Por alguma razão, interpreto o momento actual, na sociedade Portuguesa, como se pertencesse a este filme. Os actores fornicam entre si, com a República de permeio, sem que os tolha qualquer sensação superior ou elevada, e aos que assistem é dada apenas a escolha entre a perplexidade e a apatia.
Para mal dos nossos pecadilhos, não há nenhum vírus que leve os parasitas que infestam o complexo político-partidário, enquanto salivam pela próxima ronda.
Bom dia a todos.
Segundo sondagens realizadas este mês na Grécia, o partido Amanhecer Dourado, de inspiração Nacional-Socialista, colheria 12% dos votos em hipotéticas eleições legislativas.
De acordo com as mesmas fontes (na Grécia é costume haver diferenças grosseiras entre as várias sondagens, uma vez que existem, salvo erro meu, oito entidades públicas responsáveis pelos inquéritos) o Syriza, da Esquerda Radical - portanto os socialistas da maralha, versus os socialistas do taco de baseball mencionados em primeiro lugar neste post - iria com 31%.
Este valor é superior ao do partido que formou governo aquando do último sufrágio, o Nova Democracia, e que é por seu turno um partido socialista de persuasão centrista e tecnocrática.
Decerto conseguiremos detectar o denominador comum a todos estes nossos heróis, mas nem é por aqui que segue a história; e até porque apesar de tudo, das minhas visitas a Atenas, onde tenho um punhado de amigos, duas coisas retenho. Uma, nunca fui apanhado numa manifestação violenta que não tresandasse à presença de grupelhos radicais; e outra, não ouvi nenhum dos meus amigos, que se distribuem por diversas classes sociais, exorbitar em devaneios despesistas, nem apelar à engorda do Estado.
Quer-me parecer, por tudo isto, que a Grécia é, em tudo, Portugal à distância de uns poucos meses, como sempre o disse, efeito este que será extensível à Espanha, porém neste caso pejado de maior incerteza devido à absoluta diferença de escala entre esta economia e as anteriores.
Ora eu vi, em 2008, Die Welle (A Onda) que é um filme alemão realizado por Dennis Gansel. Ali é ilustrado o percurso de Rainer, um professor de Educação Física e Filosofia (só isto já dava um tratado, porque em Portugal, a ser possível, exigiria dúzias de licenças, certificados, e as respectivas taxas) que um dia decide evoluir na sua carreira, através de um projecto numa das turmas à qual lecciona.
Rainer começa por colocar, na aula, a questão "quantos de vós acham possível a Alemanha regressar a uma ditadura?". Naturalmente, de entre os petizes, que no caso em apreço são alunos do Secundário, nem um responde pela afirmativa, havendo mesmo alguns a ter reacções de choque e de assombro. Como é que a democracia permitiria isso, inquirem uns; as pessoas agora têm outra cultura, decidem outros.
O professor toma então entre as suas mãos a tarefa, por meios a início subreptícios, de verificar a razão da maioria.
Seria vil e contraproducente contar como se desenvolve e termina o filme, por isso recomendo que o vejam. Com uma dedicatória especial ao meu confrade João Quaresma e aos demais que ainda, por serem talvez melhores pessoas que eu, têm a crença de que a democracia, e com ela o acto eleitoral, não se encontram viciados.
...devia pensar duas vezes antes de arrotar tanta posta de pescada podre. Pelos vistos, dentro de momentos segue-se a santificação do menino Mohamed.
Alertado pelo Combustões, aqui fica este sugestivo video do antigo secretário-geral do Partido Comunista francês.
É impressão minha ou nestes últimos dias o Renato Teixeira anda a tomar ecstasy ou algo do género?