Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
A rapaziada das diversas agências de publicidade não deve ter mãos a medir com o Novo Banco, filho primogénito do falido Banco Espírito Santo (BES) e irmão do bastardo banco mau. Como irão incutir no espírito do cliente a ideia de confiança e apagar o passado? A Dona Inércia e o Cristiano Ronaldo são cartuchos gastos. O que irão congeminar os copywriters que estavam habituados à rédea solta da aparente abundância de meios? Já estou a imaginar as seguintes tiradas: "Banco Novo - a história não se repete" ou "Banco Novo, Guito Novo". Vai ser uma carga de trabalhos para os accounts, directores de arte e comunicação acertarem na fórmula que retire o amargo (salgado) de boca - money sweet money. A cor verde usada e abusada pelo BES deve ir à vida, mesmo que o seu simbolismo tenha a ver com vitalidade. O slogan "quem sabe sabe, e o BES sabe" soa agora a peta das grandes. "Ponha o seu dinheiro a render?" - não me parece. O re-branding que obrigatoriamente tem de acontecer não pode destapar a careca porque essa já é mais que aparente. A fénix (não disse fónix) pode servir de base conceptual - a ideia do renascer das cinzas, mas, essa imagem não é subtil. O termo "novo" também é paradoxal na sua interpretação. Todos sabemos que a nouvelle cuisine é mais "fogo de vista" do que outra coisa qualquer - não tira a barriga de misérias. De que "novo" falamos? Do moderno, do impressionista? Como podem constatar a tarefa não é simples. Seja qual for a solução encontrada, aposto que será uma razia, uma decisão que apagará os vestígios da divindade intocável do Espírito Santo. O conceito a adoptar, na minha opinião, terá de se colar ao povo, à democracia no seu sentido pimba-popular para granjear a afeição de depositantes e novos investidores. A matriz social e cultural de um país em convulsão deve ser levada em conta na confecção do Novo Banco. Se insistem na ideia de elite ou colégio de privilegiados deitam tudo a perder. As reminiscências salgadas devem ser afastadas. Para lá chegarem, têm muito de demolhar para que o Banco Novo seja efectivamente uma vida nova.