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Algo vai mal no reino da Dinamarca, perdão, dinheiro. É isso, dinheiro. Algo vai mal no reino do dinheiro. Dinheiro marca. Dinheiro marca golos. E a festa está prestes a começar. Aquilo que está a acontecer com os contratos multi-milionários respeitantes à cedência de direitos às operadoras pelos três grandes do futebol, faz parte, na sua essência, da mesma matriz cultural que retrata este país. O vizinho do lado comprou um carro novo, então eu vou comprar um ainda mais novo. A vizinha do lado veste Prada, então eu visto Gucci. E aí por diante. É verdadeiramente escandaloso que um país estropiado económica e socialmente possa dar-se ao luxo, instigado pela ganância do negócio, de se vergar à luz do disparate dos valores em causa. A MEO, a NOS e os demais intervenientes neste espectáculo de centenas de milhões de euros, estão a encher uma bolha especulativa que não se coaduna com a dimensão do mercado nacional de futebol. A matéria extravasa por completo os limites dos relvados, e, na minha opinião, deveria ser tema de grande debate político. O presente governo, campeão do controlo do Estado, sacerdote da regulação bancária e eunuco da especulação financeira, deveria meter a pata nesta poça, mas por alguma razão celestial que nos escapa, não se escuta a sugestão de intervenção preventiva, de acompanhamento razoável do que está em causa. A entidade reguladora dos negócios do futebol (não sei se existe?) deveria medir os contornos destes negócios. Estamos a falar de quantias que certamente não resultam de "dinheiro em caixa", mas possivelmente de veículos de investimento complexos. Ou seja, os mesmos de sempre - os bancos. Nenhuma operadora guarda no bolso estes valores avultados. A haver desastre financeiro das operações em causa, já sabemos quem paga. Desconfio muito que os clubes de futebol e as operadores irão receber o mesmo tratamento distorcido concedido aos bancos falidos, caso as coisas dêem para o torto. Sim, o campo está inclinado. E muito.