Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Deve ser apenas uma mera coincidência de época balnear. Acabo de abrir a caixa de correio e lá está a Revista da Câmara Municipal de Lisboa (CML). Na capa uma imagem a atirar para o Pop-art de Roy Lichtenstein, com um cacilheiro ao fundo, não se sabe bem se a abandonar a Lisboa, a deixar em terra a ciclista. A cara do personagem - da jovem que encarna o estado de espírito -, é uma cara de poucos amigos. A menina está sozinha mas está muito bem. Não deixa descair a preferência de género, o seu sexo de eleição. Pode ser que seja hetero mas também é possível que não seja. A rapariga de cabelos alaranjados provavelmente ter-se-á exposto em demasia ao sol; tem a face e o peito pejados de sardas (ou serão pigmentos naturais?). O piercing na narina direita da garina é a prova de que é uma rapariga toda atirada para a frentex; vai aos festivais de verão (se não vai, tem auscultadores para fazer bombar os éxitos) e repete a cada segunda frase "tá-se bem". A t-shirt de alças e às riscas encarnadas deve ser para afastar os bichos, as vespas, mas cumpre outra função; condiz na perfeição com as cores do patrocinador - o anunciante. Na contracapa lá está o Red da Vodafone e três protagonistas com cara de espanto. Mas não se limitam a olhar com cara de parvas. Uma delas tem vasilhame na mão, um copo vazio (será para recolha de fundos?). Nunca havia recebido esta revista moderna no conforto da minha casa, embora seja publicada trimestralmente, mas está tudo explicado. A Câmara Municipal de Lisboa quer dar uma ajudinha ao presidente-candidato-a-presidente António Costa. Embora tenha sido educado a não julgar um livro pela sua capa, a verdade é que não retirei a revista do envólucro de plástico e não o farei. Sinto-me ultrajado por receber esta encomenda à última hora, no cair do pano de reeleições. Em todo o caso, não devo ter grandes problemas de consciência porque não se trata de um livro. É um panfleto político na mais pura acepção do papel gasto pelos munícipes. Se não estou enganado, a edição é financiada pela Câmara Municipal de Lisboa. Certo? Então, os moradores de Lisboa estão a pagar por isto, a sustentar a campanha do presidente da Câmara de Lisboa. Por essa razão não irei rasgar o plástico que protege a revista e ser maravilhado com as histórias de sucesso autárquico. A publicação que chega a tempo e horas é uma ferramenta de propaganda política, uma acção inserida na campanha política que já começou. Durante os últimos anos nunca havia recebido da CML uma revista com tanto aprumo e design, mas esta prenda caiu-me mal. Fez-me mal à digestão política. Provavelmente irá irritar mais uns quantos - a tiragem chega aos 350.000. Quanto terá custado? Faz parte do orçamento do PS ou da CML? Pode parecer que estou a ser picuinhas, mas estamos em fase de auditoria intensa a todas as movimentações políticas. Faz parte do processo democrático prestar contas e justificar os gastos. Como disse, ficar-me-ei pelos clichés inscritos na capa; "o Tejo devolvido aos Lisboetas", "Lá vai Lisboa", "À conversa com Júlio Pomar" sem esquecer aquele toque cosmopolita de modernidade iorquina. O código QR (no canto inferior esquerdo) para aqueles munícipes agraciados com um smartphone capaz de ler por entre as linhas. Capaz de entender as segundas intenções. Seara verde, verdinho.
Tribunal da Relação rejeitou recurso, mas autarca de Sintra avança para a capital.
No fundo “O que hoje é verdade, amanhã pode ser mentira.” Ou não fosse Seara um artista da bola.
A casmurrice e o compactuar com a ilegalidade dá nisto. No fundo a confirmação do que já se esperava. O PSD, o CDS e o agora satelizado MPT que "descalcem a bota".
Recorreram e até podem ganhar no Tribunal Constitucional, pese embora a bem fundamentada sentença do Tribunal Cível de Lisboa que ontem aqui reproduzimos, já que sabemos qual a correlação de forças políticas existente na dita "casa". Mas a verdade é que, de um ponto de vista de credibilidade em política perderam em toda a linha. A candidatura de Seara ao Município de Lisboa começou por ser um enorme erro de casting e nessa mesma linha se manteve até hoje. Tão grande quanto o facto de a suposta coligação para a capital integrar um partido, do qual fui presidente e filiado e sobre o qual me tenho abstido totalmente de falar desde que abandonei as referidas funções e me desfiliei do mesmo. A verdade é que foi exactamente por causa do comportamento irresponsável de Seara e da sua incapacidade de honrar políticamente os compromissos assumidos que foi, em 2009, rompida a coligação, que existia em Sintra, entre os mesmíssimos partidos. Por minha iniciativa mas votada por unanimidade já que, para mim, a política não se pode fazer sem ética. E Seara não faz a mais pequena ideia do que seja a ética em política. Agora, a mesma força política que rompeu com Seara em Sintra, "dá-lhe a mão" na capital do país. Poderia usar aqui uma série de adjectivos qualificativos relativamente à atitude das duas partes. Mas basta uma palavra.: Inqualificável.
Não sei se está escrito no manual de instruções da TVI. Não sei se está escrito na clausula contratual sobre conflitos de interesse. Mas não tenhamos dúvidas que a questão deontológica será colocada, se não preventivamente, certamente na sequência da cobertura da candidatura de Fernando Seara pela TVI e, designadamente, pela jornalista Judite de Sousa. São estas ligações político-mediáticas (não ponho o Futebol ao barulho) que suscitam ainda mais dúvidas no espírito do cidadão, toldado por pecadilhos atrás de pecadilhos do firmamento político nacional. Quando o Jornal Nacional abrir às 20 horas será que a Judite se vai referir ao candidato como "o meu Nando" ou "o candidato Fernando Seara"? Mesmo que não abra a boca, mas apareça em estúdio na TVI com um laço engraçado ao pescoço, a sugestão será imediata. A insinuação será instantânea. Que um dos jogadores foi ajudado pelo árbitro. Não há nada a fazer. Faz parte da natureza humana, seja boa ou má. O grau de parentesco ofuscará as mais brilhantes noções imparciais que a Judite de Sousa venha a proferir. A direcção de informação da TVI tem, a meu ver, que realizar uma reunião de emergência para aferir as várias dimensões desta relação de parentesco. Num quadro de normalidade ética, o adequado seria haver uma forma selectiva de nojo que determinaria a abstinência da Judite de Sousa sempre que o seu marido viesse à baila televisamente. Uma separação temporária e não um divórcio. Não me parece que seja esse o caminho que irão tomar. O tele-espectador sentir-se-ia respeitado e a TVI abriria porventura um precendente no que diz respeito ao comportamento dos media no capítulo das ligações perigosas. Se algum dos visados tiver um mínimo de decência, saberá recuar e prestará um serviço à já fragilizada Democracia Portuguesa. Esperemos para ver. Ou melhor, esperemos que não tenhamos de ver um triste filme que envolve vários corpos de influência. Ás oito, pontualmente na TVI.
Desde que recebeu um beijo de morte desapareceu. Agora ocupa-se a tempo inteiro dos insondáveis mistérios da bola, quiçá vendo nela uma bola de cristal que possa dar-lhe alguma pista sobre o seu futuro. Até se deu ao luxo de não ir ao Conselho Nacional do PSD, e de nada dizer sobre o apoio do CDS, deixando os seus companheiros órfãos. Falamos de Fernando Roboredo Seara, o edil de Sintra em final de mandato e putativo candidadato a candidato à autarquia alfacinha. Quem o vir a "andar por aí" queira fazer o favor de avisar. É que, entretanto, Relvas já é eleitor de Lisboa e o "comboio" não pára...
E eis como, no cômputo, uma candidatura que não é, mas já era, deixa rapidamente de o ser ou, por outras palavras um não candidato a candidato passa de putativo candidato a candidato derrotado antes de o ser. Que bela escolha a do PSD e do CDS esta a de Seara! Perdeu as eleições antes mesmo de concorrer. Boas Festas Dr. Seara!