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O que o Fernando Ulrich afirma pode ser refutado por uma criança que tenha chumbado no exame do 4º ano. O que o presidente de um banco diz é uma tontaria que não faz sentido seja qual for o grau de demência - o nosso ou o dele. O que pensam da seguinte ideia; faço um rico bolo de chocolate, coloco-o sobre a mesa para a festa de aniversário de um ente querido, e de repente um glutão irrompe casa dentro, e zás, com uma faca de mato, abarbata-me um terço do bolo? Ou então escrevo um livro e catrapum, um vírus maluco toma conta do pc e leva-me sete capítulos da minha obra, o equivalente a 40% da minha narrativa, da minha alegada criatividade. Pois é. É disso mesmo que se trata - roubo descarado. E há mais, a ideia de um monstro engolir os frutos do meu trabalho, funciona como um antídoto para mais nada fazer, para mais nada produzir, para ser um peso para a sociedade e passar a ser um vegetal. A mensagem enviada é a seguinte; não vale a pena acrescentar valor porque mais tarde será subtraído. Seja o limite de 100.000 euros ou de 10.000, não deixa de ser um assalto à mão desarmada, uma violência. Uma prática de um regime autoritário com todos os seus requintes. Mas há mais. Diz ele que não precisamos de investimento directo estrangeiro? Em que século vive este homem? O que é a emissão de dívida, meu amigo? É a compra de títulos de tesouro principalmente por entidades estrangeiras! Como é que este homem pode ser o presidente de um banco, se não percebe nada da dinâmica da economia e de psicologia de massas? Se o Ulrich acha bem a apropriação de uma boa parte dos depósitos daqueles que têm mais de cem mil euros, estará a contribuir para a concretização do seu segundo desejo. Se essa regra for constituída, que boa alma estrangeira ou que multinacional desejará investir numa república que rouba as bananas aos seus macacos? Levanto outra questão, embora admita não gostar de misturar o foro privado com questões do domínio público, mas o Ulrich (e concerteza que há mais, mais rich ou menos rich!) não me deixa grandes alternativas. Para este presidente de banco, sugerir, à laia do realizado no Chipre, meter a mão em bolso alheio, é porque o seu património se encontrará a salvo, numa qualquer ilha onde a comissão europeia não lhe consegue deitar a mão. Minha nossa senhora dos depósitos!, que rica prenda nos saiu este Ulrich.
Ontem, aqui, abordei a inépcia assassina da Comissão Europeia. Pois bem, parece que hoje o sempre "pertinente" - sim, é mesmo com aspas - Fernando Ulrich disse que a proposta de taxação dos depósitos acima de 100 000 euros é, passo a citar, uma "boa notícia". Porquê, perguntarão os leitores. Porque, segundo o magnânimo banqueiro e opinarista, o anúncio desta medida obstará a uma repetição da gangrena cipriota. Toparam o esquema? O que o banqueiro desbocado nos anuncia é uma espécie de teoria da morte anunciada. O esquema é muito claro: "se vocês não me derem o vosso dinheiro, a vossa casa e os vossos pertences, eu espetar-vos-ei um tiro na carcaça". Perceberam? É bom que tenham percebido, pois o estratagema é simples: anuncia-se a todo o transe o roubo, de molde a que os papalvos fiquem desde já cientes de que serão assaltados. A palavra de ordem é: não resistam. Com banqueiros destes como é que poderemos estar verdadeiramente seguros quanto à intocabilidade das nossas poupanças? É impossível, não é?
Notícia no Jornal de Notícias. Um especial agradecimento aos regimentais que nos desgovernam há várias décadas e continuam a esbulhar-nos para pagar os seus vícios e desmandos, expropriando-nos dos frutos do nosso trabalho e cortando nas funções sociais do Estado enquanto vamos alegremente pagando BPNs e PPPs como se não houvesse amanhã - e parece não haver mesmo, já que a partir de 2014 e durante 40 ou 50 anos vamos pagar estas brincadeiras, como fica patente pelo que evidencia o Juiz Carlos Moreno no seu livro Como o Estado Gasta o Nosso Dinheiro. Já dizia Keynes que no longo prazo estamos todos mortos, portanto não se preocupem, rapaziada da minha geração, basta fazermos como manda o subnutrido mental Fernando Ulrich, o tal que, citando o Rui A., «gere um banco tecnicamente falido, que só restitui os depósitos que lhe foram incautamente confiados à custa dos impostos dos cidadãos portugueses e europeus», e aguentarmos, aguentarmos... Até um dia.
Quando o pudor, o decoro e a sensibilidade social e política andam pelas ruas da amargura, não é despropositado pensar que um dia isto corre mesmo para o torto e alguém se vai lembrar de argumentar que se tantos perderam a cabeça na guilhotina, por que é que Fernando Ulrich (entre outros) não a pode perder também?
Acrescente-se ainda que desculpar as barbaridades de Fernando Ulrich com o argumento de que este terá sido politicamente incorrecto é, no mínimo, muito fraquinho. Politicamente incorrecto sou eu. Ulrich é só parvo.
Especialmente quando este "oferece" pouco mais do que "uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma" e tem um Presidente desbocado que agora deu para se meter na política que sempre abespinhou. E de forma manifestamente infeliz. Foi o que fez, e bem, Luís Novais Tito, nossos confrade blogger e "barbeiro" encartado. Deixou o Banco de Ulrich, onde era cliente há mais de 4 décadas, autenticamente com as calças na mão. Um exemplo a seguir!