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Cancelados os contratos para prospecção petrolífera na costa algarvia!
O azeite é o único crude de Portugal!
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Luís Filipe I, por H. Daumier
Bem a propósito deste post do Samuel, de imediato sobram-nos recordações de leituras acerca da genialidade de pintores que como Goya, tão bem souberam estampar as grandezas e misérias dos poderosos. O monumental quadro "A Família de Carlos IV", tem sido alvo do interesse de todo o tipo de curiosos pela psique e fisionomia do bicho homem, desdobrando-se os críticos em considerações pouco elogiosas para com os membros da Casa de Bourbon, invariavelmente tombando na velha e praticamente exclusiva pecha da consanguinidade e respectivos nefastos efeitos. Por vezes os textos transpiram eugenismo, lombrosianismo e outros ismos que durante todo o século XX conduziriam a toda uma série de magnicídios de difícil assunção por parte dos estrénuos partisans da modernidade, justiça e equidade, enfim, daquele progresso aparentemente garantido como inevitável, mas sempre acompanhado por condimentos daquele sórdido pendor pró-selvagem que jamais deixou o Homo sapiens.
O adular das massas amorfas, entendidas sempre pelas privilegiadas cabeças pensantes como avessas a qualquer resquício de grandeza - seja ela física, moral ou material -, impôs a canga do permanente escárnio de quem não conforma o modelo idealizado. Assim, sempre existiram e existirão Honorés Daumiers, Goyas ou Bordallos Pinheiros ansiosos pelo elevar à condição de arte suprema, o denegrir de personalidades consideradas odientas, elimináveis. Nem sempre coube ao pincel, ao escopro e martelo ou à pena que risca papéis com tinta da China, a missão da destruição de reputações. Sem voltarmos a tecer quaisquer considerações acerca da intencional criminalização de D. Carlos I por Junqueiro, há que recordar as violentas diatribes que um dia V. Hugo fez tombar sobre a memória daquele que talvez tenha sido o maior estadista francês pós-Napoleão I, precisamente o seu bem esclarecido sobrinho Luís Napoleão Bonaparte (III).
Todos nós possuímos fotos que gostamos de mostrar e outras que por mero acidente decidido pela oportunidade de um esquecimento, para sempre ficarão num envelope no fundo da gaveta.
Não sendo aquilo a que vulgarmente se designa de "uma beleza de hortaliça", Hollande é dono e senhor de uma grande quantidade de testemunhos fotográficos, nalguns surgindo de uma forma aceitável - aquele homem sans aucun intérêt que faz parte da imensa maioria dos mortais - e outras que foram captadas num mau momento que o artista por detrás da câmara, gulosamente registou. Uma má foto, forçosamente não representa um imbecil, talvez se trate apenas d'un bon à rien.
O problema estará então na intencionalidade de quem não recorrendo aos rolos fotográficos ou às benesses tecnológicas do digital, procura exprimir numa tela aquilo que vê, sente ou presente numa dita personalidade que a muitos ou a quase todos interessa.
Entre nós e felizmente ainda vivos e activos nos seus misteres, Júlio Pomar e Paula Rego deixaram à posteridade as suas percepções acerca de geniais e quase sacrossantos vultos que têm pontificado este regime de prometidas oportunidades de igualitarismo e progresso imorredouro. Não poderemos garantir seja o que for quanto a um rebuço de maldade, escárnio, afincado estudo psicológico ou mensagem enviada aos vindouros pelos dois pintores contemporâneos. Serão Mário Soares e Jorge Sampaio aquilo que as duas telas, goyesca, ostensiva e escandalosamente exibem?
Se para alguns a resposta for afirmativa, então nem sequer precisará alguém de gritar ...o Rei vai nu!
Não se trata de mais um filme promocional do Turismo de Portugal mas tão simplesmente de um video feito por um fotógrafo de natureza britânico durante a sua estadia em Abril. E o resultado é um regalo.
Quando um curador de uma exposição não teve a felicidade de conhecer o autor, por vezes pode ser fatal. Sérgio Mah revela grande infantilidade na análise que faz da obra de um dos grandes Portugueses. Não estabelece a ligação clássica da obra, por exemplo, com Cartier-Bresson, e como não perguntou a quem poderia responder, não sabe que António Sena da Silva era um fã de Jacques Tati e Woody Allen. Não sabe qual a relação de António com a viatura italiana Isetta. E também não sabe que o António (e a sua mulher Leonor) sabiam apreciar as coisas simples da vida, como comer um prego pela manhã acompanhado por uma taça de tinto na tasca da esquina. O curador, na minha opinião, não fez o trabalho de casa adequado, e na selecção de fotografias, que tive a ocasião ver expostas, é nítida a sua intenção de "modernizar" o fotógrafo. Um fotógrafo do calibre de Sena da Silva é intemporal. Os jornalistas, que também não fizeram o que lhes competia, meteram os pés pelas mãos com o título do artigo - O Fotógrafo Indisciplinado. Sinto tudo isto como um péssimo serviço prestado à memória de um senhor que tive o privilégio de conhecer. Uma exposição, realizada e relatada deste modo, coloca fotografias nos murais, mas perde o homem que se encontrava por detrás da objectiva, do subjectivo...
* auto-retrato do autor
O meu pai em manobras no mato, imediações de Vila de Manica (Manica e Sofala, Moçambique, 1955). Este uniforme é muito parecido com aqueles usados pelo 8th Army e pelo Afrika Korps na campanha da Líbia. A arma parece ser uma Lee Enfield (ou será uma Mauser?).
Vila de Manica (Manica e Sofala, Moçambique, 1955). Em pé, à direita, o meu pai. De braços cruzados, o tenente Bettencourt, grande amigo dele. Comunista, acabou por ir viver para França. Muitos anos mais tarde procurou-nos em Lisboa (1977) e fomos pelo meu pai avisados para evitarmos "conversas políticas". Eles era um velho amigo e não valia a pena "vocês arranjarem sarilhos, há outras coisas para falarmos". Pois havia. O Bettencourt chegou acompanhado pela sua mulher francesa, a Elisabete Medvedev. Contou o que se tinha passado na sua vida durante vinte anos, a sua estadia na URSS, o golpe de Praga. Da boca dele escutámos coisas que nem a Vera Lagoa diria. O conhecimento do "paraíso soviético" in loco, alterara as suas convicções e de que maneira!
Maria Adelaide, Grã-Duquesa do Luxemburgo
Elizabeth de Hesse-Darmstadt (Elizabeth Feodorovna)
Andreas Gursky, Schiphol, 1994