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Podíamos viver sem bancos? Podíamos viver sem crédito? Podíamos viver sem títulos de dívida? Podíamos viver sem resgates do FMI? Perguntem a Catarina Martins, a Mariana Mortágua, ou ao guru que as conduziu pelos caminhos da verdade - Francisco Louçã. Releio o académico anarco-esquerdista norte-americano David Graeber e o seu pensamento expresso na obra- Dívida, os primeiros 5000 anos -, a resposta é inequívoca: não. Não, o crédito sempre existiu. O dinheiro sempre foi desigual e para mal dos pecados europeus, na grande competição planetária de instituições financeiras, os EUA estão a dar uma ripada na Europa. Os bancos europeus, se fossem equipas de futebol, estariam bem mais próximas da Liga de Honra do que aqueles lugares que dão acesso aos grandes prémios da UEFA. O Barclays é um brexitário financeiro e o Deutsche Bank tem de pagar uma multa às autoridades americanas - pouca coisa, uns 6 a 7 mil milhões de USD ou Euros (sim, a paridade está bem perto). Nem vou mencionar o banco-barraca CGD por ser irrelevante neste campeonato. O que eu vejo ou prevejo é o seguinte. A administração Trump vai agitar as águas da "normalidade" e tirar partido da letárgica "tradição" europeia. Bastou o pequeno sopro do fechar da torneira de liquidez por parte da Reserva Federal para o dólar americano galgar a marca psicológica dos 1.04 face ao Euro. E isto tem consequências para este cantinho à beira-mar plantado. Os títulos de dívida dos Estados-membros da Europa dependem em larga escala da procura exterior e, no contexto da crise, foi o BCE que substituiu os agentes do mercado que foram incapazes de produzir a procura requerida dos títulos em causa. Se o dólar fortalecer ainda mais significa que a compra de títulos de dívida expressos em Euros se torna mais em conta para essa divisa e, por analogia ao Japão que detém grande parte da dívida dos EUA, a dívida europeia passará a estar nas mãos de entidades bem longe dos centros de decisão europeus. Sim, a UE tornar-se-á refém de bancos de além-mar e arredores. Mas há mais. Os commodities, como o petróleo ou o cobre, são expressos em USD o que dificultará o trabalho de governos de mãos largas que são obrigados a obter dólares para deitar a mão a energia ou vigas de ferro. Eu sei que estou a dar uma grande volta neste texto, mas ainda não percebi, à luz destas singelas considerações, como António Costa e a sua escola irão pagar as extravagâncias anunciadas para a década e para o ano de 2017. Foi o primeiro-ministro que anunciou há dias que o sector da construção precisa de levar um empurrão. E nós sabemos que o chefe do executivo não está a pensar num New Deal à Trump. Está a pensar no sistema político. Está a revalidar a chave socialista que permite enfrentar as tormentas. Foi o sector da construção que aguentou os socialistas em diversos mandatos, mas fez descambar as contas cada vez que houve um seu governo. Foram os lanços e sub-lanços de estradas que inquinaram as contas. Foram as auto-estradas para nenhures que comprometeram orçamentos de Estados. Foram elefantes brancos e outras bestas dispensáveis que descarrilaram Portugal. Enfim, todos sabem o que foi e como foi. Mas ao fim e ao cabo, com todas estas extravagâncias, perde-se algo de essencial. A genuína ideia de empreendimento, de geração de dinâmicas económicas, a noção de retorno e acima de tudo justiça social. Assim não funciona. E isto aplica-se a projectos de ordem diversa. Não excluo a Cornucópia e afins. São bons exemplos de erros de intransigência e incompetência em gestão de empresas. Há dias brinquei com a ideia de um Teatro Haitong ou uma Fundação das Artes Altice, mas não estava a brincar. A imagem é boa e serve. Portugal deve rapidamente pensar uma estratégia duradoura. No entanto, o país padece de um problema grave - a falta de visão. E nessa obscuridão lá aparece um velho projecto sacado da mesma gaveta de promessas e avarias. E que tal um novo aeroporto? E lá surge uma OTA de cara lavada para fazer mexer o sector das construtoras. É assim que funciona. Dizem que é teatro. Mas sai sempre caro. Não acreditem. Dinheiro não cai dos céus. E daqui a nada quando os bancos Wachovia ou a Wells Fargo abrirem sucursais na Lapa e no Intendente não roguem pragas ao Durão Barroso e à Goldman Sachs. O cozinhado é da casa. A receita tem dono.
Ninguém no seu perfeito juízo, disto duvidará por um segundo que seja: Louçã sempre foi e ainda é um comunista, com tudo o que isso significa.
Esteve esta noite na SIC-N e no que respeita ao assunto de momento, a Ucrânia, foi de uma total limpidez. No meio das cacofónicas pulsões pueris e imbecilidades encartadas de argumentórios pseudo-jurídicos a que temos assistido desde há mais de uma semana, nada daquilo que Louçã tenha dito é contestável, sendo por contraste surpreendente verificarmos o completo desnorte, ditado pela mais crassa ignorância - ou pior ainda, pela aviltante cupidez -, dos principais intervenientes internacionais neste caso. Da União Europeia afirmou Louçã aquilo que todos sabem, embora não ousem ou tenham vergonha de dizer. Quanto aos nossos aliados norte-americanos, nem sequer se deu ao trabalho de os diabolizar, mas desfiou uma razoável parte do rosário de disparates, erros de cálculo e jactâncias que desestabilizaram toda a vasta área situada a sul do Mediterrâneo, onde apenas a Monarquia marroquina aguentou o embate. Sabemos porque tal aconteceu.
A convulsão também já chegou à Turquia, onde Erdogan facilmente tirou a máscara do seu "islamismo à maneira dos democratas-cristãos europeus". Louçã conhece a história, visivelmente deleita-se com a armadilha em que os EUA, contra os seus próprios interesses a longo prazo teceram no Kosovo, por exemplo. Tal como qualquer ente avisado pela prudência, sabe que o figurino ideal seria o de uma Ucrânia finlandizada, talvez federal, um território não pertencente a qualquer um dos blocos - o russo ou o ocidental -, um ponto de encontro entre muitos e por vezes contraditórios interesses.
A Louçã fez um imenso bem, o abandono da caricatura partidária que durante uns tantos anos dirigiu como incontestado Conducator.
Num Bloco em claro declínio, olhou para o relógio no momento exacto. O meu vizinho Francisco Louçã saiu do Parlamento, regressando aos seus afazeres profissionais. Fica então o BE reduzido a uns tantos desconhecidos e pouco cativantes patuscos. Muito aqui se criticou o ainda chefe oculto do BE e tal se deve à persistência com que defende um modelo caduco e claramente opressivo que flagelou povos mundo fora. Esteve sempre do lado errado, procurando dourar a prepotência com palavras de uma pretensa igualdade que sem qualquer dúvida, sempre significou um tabelar por muito baixo, obrigando milhões ao livre arbítrio de uns tantos lunáticos.
Teve e ainda tem uma agenda oculta que todos conheciam? Decerto e sabendo bem os portugueses o que significaria uma sociedade organizada segundo os moldes exigidos pelo BE, a resposta chegou sempre através daquele exercício que assusta aqueles que muito falam de democracia, mas que odeiam a sua forma basilar de exercício: o voto.
Ao contrário dos ditirambos que hoje podemos ler online, Louçã nem sequer foi um Acácio Barreiros ou um grande orador comparável àqueles que durante o século XIX povoaram S. Bento, limitando-se O Coordenador a fazer a gestão ou contabilidade dos dizeres da mais clara propaganda, a panóplia facilitista do bota-abaixo populista. Nunca apresentou uma proposta credível para a resolução dos principais do país e consequentemente, daqueles que vegetam sem emprego e sem futuro. As frases há muito feitas e noutras gerações escutadas como promessa de apetitosos manás, a crítica pelo eterno convencimento da baixeza de outrem, o infalível apontar do dedo aos outros que arcam com as responsabilidades do exercício do poder - o famigerado arco governamental -, a farsa do amor à liberdade - enquanto na sede partidária se dependuram cartazes de facínoras internacionais -, a fria e ostensiva recusa do cumprimento das mais corriqueiras normas da cortesia institucional - até para com Chefes de Estado estrangeiros, tal como sucedeu com um grande amigo de Portugal, o rei de Espanha -, eis a verdadeira soma, o saldo da sua actividade parlamentar. Homem conhecedor das matérias em que profissionalmente se especializou, poderia ter oferecido um contributo positivo, definitivamente alijando a quimera de um sonho totalitário sem nexo e que roça a psicopatia. Em suma, o Louçã do cilício vermelho sempre pareceu garantir de existência de um inesgotável pote de ouro, deliberadamente escondido no outro lado do arco-íris pelo péfido "sistema liberal" que rouba por mero exercício da maldade, da avidez. Nada mais simples, nada mais fácil para convencer uns tantos.
No entanto..., habituados como estamos à miséria franciscana dos nossos debates parlamentares desta 3ª república praticamente morta, o retintamente burguês Louçã prendia-nos a atenção, obrigava-nos ao por vezes irritado comentário e à adivinha daquilo que pretendia. Não era difícil imaginarmos o que verdadeiramente queria impingir, há muito todos o sabemos, mas insistíamos em lobrigar algo de diferente na sua ora sempre recheada de ditos espirituosos e fatalmente achincalhantes do adversário do momento, semeando a suspeita pessoal que mina as instituições. A "desonestidade dos outros" era a sua probidade quase ascética do "homem do autocarro" e essa mensagem foi incansavelmente difundida com o sucesso que se conhece. Um típico modelo decalcado da conhecida caixinha de exemplos dos anos vinte e trinta.
Num universo político de pataratas eleitos por lista, os círculos uninominais poderiam trazer-nos uma dúzia de Louçãs de vários cambiantes de esquerda e de direita. Um risco? Sim, mas demasiadamente valioso para ser desperdiçado.
Miguel Portas quer ver os fundadores do BE porta fora. Ao primeiro abanão desferido pelo "povo urneiro", o aglomerado de foicezinhas logo iniçiou um mútuo picanço entre si. Era de esperar e uma vez mais, cumpriu-se a tradição.
Não fiquem irritados, até porque a Croácia vai aderir à U.E. Um dia destes, será a querida Albânia. Quem diria?
Tenho uma especial estima pelo nosso Beluga de Esquerda. Estão lá todos os saborosos ingredientes de tempos passados, desde as "lutinhas" acerca da foice e martelo virada para a esquerda ou para a direita, da estrela cheia ou vazada, do busto de Estaline e/ou o de Trotsky. Nem sequer falha na questão do retocar de fotografias e do súbito desaparecimento de nomes fundadores ou de militantes. Lembram-se da girérrima Joana Amaral Dias? Pelo que se sugere, agora está Fernando Rosas em fase gasosa.
Sabe-se que o PS tem sido uma espécie de Carpathia para uma multidão de náufragos provenientes dos muitos Titanic(zinhos) da esquerda portuguesa, entre os quais recordamos o MES, a UEDS, a ASDI, a FSP, "reformadores PC", etc, etc. Rui Tavares que segundo suponho, deverá preparar-se para uma adequada pê-ésização destinada a futuras eleições parlamentares - ou europeias, que tal? -, anda em troca de sopapos verbais com o Grande Líder Louçã. Os mimos são suficientes para noutra época e noutro local, merecerem o degredo com uma grilheta nos pés. Antes do premir do gatilho da Nagant, claro.
Enfim, o resto já se adivinha: "falsificação", "refazer a história", "apagam um camarada da fotografia para lá pôr outro", "suspeitas em filigrana", são algumas das carícias prodigalizadas pela disputa Louçã-Tavares.
Ora aqui está um bote de borracha que permite o transbordo do navio em sério perigo de naufrágio. Bem visível no horizonte, já se avista o fumo da chaminé do Carpathia. Boa sorte, camarada.
Parece-me que Louçã ganhou o debate a Passos Coelho. O líder do PSD, se quer ganhar as eleições e ter uma carreira política de sucesso, tem que pôr os olhos em Louçã, Sócrates e Portas e começar a fazer melhor o trabalho de casa e ser mais agressivo. Deveria saber que não tem conhecimentos de economia para bater Louçã nessa área, pelo que não o deveria ter deixado guiar o debate para aí. Devia ter-se agarrado às diferenças ideológicas e à utópica concepção de sociedade bloquista, começando ao ataque e não à defesa como esteve sempre.
Parece um daqueles anúncios de produtos que não custam 5 Euros, mas "apenas 4,95€". Um bom pacote de oportunidades!
O comissário Rehn, anunciou o juro do "generoso empréstimo" a Portugal. A extremosa Europa solidária da velocidade única - por enquanto -, não quer 6% no reembolso, mas "apenas entre os 5 e os ditos 6%". Grande negócio, este. Para que Portugal pague os empréstimos solicitados à banca europeia, ou melhor, alemã, eis que surge agora e com toda a solicitude possível, uma solução que alivia as dores de cabeça nacionais: a outra dívida que já tinha juros altos, será paga com ainda outra dívida e respectivos juros que também não beneficiam do espírito da tão apregoada solidariedade.
Com a economia estagnada e sem perspectivas de crescimento de qualquer espécie, como pode Portugal satisfazer esta usura? Sem qualquer dúvida, deve ser este o "bom acordo". Eles devem "achar" que sim.
Por mais insólito que pareça, Louçã está cheio de razão.
Réu! Como as palavras são por vezes sonoras, enchendo a boca de quem as pronuncia. O catilino da demagogia nacional, o sr. Francisco Louçã, vai experimentar a dureza dos bancos de madeira da sala de tribunal. Este Le Pen da zona saloia do extremo ocidental da Europa, desde sempre tem vociferado contra tudo e contra todos, manipulando a opinião, linchando reputações e ainda mais, prejudicando gravemente a tranquilidade pública, quando não o património colectivo. Ainda nos recordamos da desastrosa intervenção do BE no caso do túnel do Marquês, levando à catastrófica suspensão de uma obra útil e ao pagamento de uma indemnização milionária à lesada empresa construtora. Pagos pelos contribuintes - via Câmara Municipal de Lisboa -, os milhões deviam ter saído do património do Bloco de Esquerda ou dos seus responsáveis.
Paulo Teixeira Pinto enviou Louçã para a barra dos tribunais, precisamente o lugar onde o Conducator do BE gostaria de colocar 9.700.000 portugueses. Previsivelmente, Louçã escudar-se-á atrás da imunidade parlamentar, fazendo exactamente aquilo de que acusava ainda há uns meses o conselheiro Dias Loureiro. O mais curioso nisto tudo, consiste no protesto veemente da direcção bloqueira, alegando "ameaça inaceitável". Não é ameaça, é uma realidade. Que se preparem para abrir os cordões à bolsa.
Uma boa notícia para iniciar 2010.
Não haja dúvida que Francisco Louçã gosta muito de disfarçar o que é ou o que não é. Quando no debate com Sócrates disse que toda a sua vida tinha sido "socialista, laico e republicano", senti que havia qualquer coisa que não estava bem (além da tentativa despudorada de se colar a Mário Soares, camuflando uma vez mais a sua natureza ideológica). Tinha ideia que Louçã tinha participado na Vigíla da Capela do Rato. Este oportuníssimo post do Herdeiro de Aécio tirou-me todas as dúvidas.
P.S. B.E: Finalmente de volta à blogosfera, exames terminados!
Quero desejar as boas vindas aos novos Conselheiros Pedro e Manuel e agradecer o reforço do nosso plantel (melhor preparado que o do Benfica sem dúvida). E claro, um abraço aos Conselheiros de sempre!
Esta semana que passou Miguel Portas e Francisco Louçã foram ao ISCSP dar uma conferência sobre a crise financeira internacional.
Tendo eu feito um breve comentário, refutado por Miguel Portas, continuo a pensar o mesmo, é engraçadíssimo assistir ao mesmo discurso à esquerda e à direita, e especialmente a tocar em certos pontos característicos dos economistas liberais e/ou neo-liberais, de onde se destaca a afirmação de Miguel Portas de que a culpa da crise é dos políticos que disseram aos banqueiros que podiam fazer o que têm feito.
Mais engraçado ainda, depois da pergunta de um colega meu que pretendia saber qual a doutrina do Bloco de Esquerda no que à política de nacionalizações concerne, foi constatar que o discurso de Louçã me soou bastante familiar. Não me atreveria a dizê-lo na conferência, mas o discurso de permitir a iniciativa privada mas com limites impostos pela regulação estatal e de reservar para o estado e sector público determinados sectores estratégicos que não podem ou não deviam (deveriam) ser privatizados é exactamente o mesmo discurso de Salazar em "Como se reergue um Estado".
Ironias à parte, na generalidade concordo com o que ambos disseram, e é de facto de notar que à esquerda e à direita, especialmente quanto à oposição, o discurso é o mesmo, o que pode ser diferente são os objectivos. Uns querem acabar com o capitalismo, outros querem apenas regulá-lo mais assertivamente. Por mim, preferia acabar com a plutocracia e que o capitalismo voltasse a assentar em crescimentos sustentados com impacto real no desenvolvimento das sociedades em vez de ser mera especulação financeira e jogos de casino, isso seria o suficiente para não termos que voltar a ter demasiada intervenção estatal que, feliz ou infelizmente, me parece ser o caminho que estamos a seguir