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Francisco Louçã enveredou pelo trilho da contradição conceptual e demonstra que sofre da síndrome "o que é estrangeiro é bom". A hora de aflição portuguesa é, na minha opinião, da exclusiva responsabilidade de Portugal. Querer validar uma posição política com a assinatura de patronos estrangeiros, demonstra falta de crença nos cidadãos portugueses e na prata da casa. O doutrinário da esquerda não faz um apelo às massas, ao cidadão anónimo. Faz um chamamento à elite do mundo. Põe sujeitos políticos passivos a corroborar o futuro político e económico de Portugal. Ao convocar 74 estrangeiros em menos de 24 horas bate o recorde de cedência de uma fatia da soberania de Portugal. Já bastava a Troika determinar as regras do jogo, agora teremos estrangeiros (incluindo extra-comunitários) a condicionar processos intelectuais. Porventura estranharão o que aqui escrevo, afinal sou norte-americano e estou igualmente a opinar sobre questões domésticas que dizem respeito a este país e aos seus cidadãos. Mas há uma diferença, as minhas posições emanam de um estatuto civil, de alguém que não detém um cargo numa instituição de relevo. Faço parte da sociedade civil no seu sentido mais amplo. Sou tão crítico em relação a Portugal como sou em relação aos EUA. Causa-me alguma estranheza que Louçã necessite da bengala dos outros - precisamente aqueles que construíram o sistema financeiro global que nos levou à falência. A época dos notáveis acabou caro Cravinho. Encontramo-nos no arco da ferradura, no destino do azar e da sorte. A única ironia política que consigo extrair deste panfleto de grandiosos não passa de uma mera coincidência numérica, homérica: 1974, 74 - é matemático, mas continuamos feitos num 8.