Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Quando escrevi o post anterior, ainda não tinha visto a notícia sobre a reposição parcial dos salários na função pública. Deixarmo-nos enredar na tentativa de dividir para reinar, ou seja, na oposição entre trabalhadores do sector público e os do sector privado, é um favor que fazemos ao governo, pelo que, sobre isto, só tenho a acrescentar que:
i) o governo liderado pelo senhor "que se lixem as eleições" e do qual fazem parte inúmeras pessoas que muito se insurgiram contra os aumentos salariais na função pública protagonizados pelo governo de José Sócrates em ano de eleições, é o mesmo que incorre na mais que velhinha e primária jogada eleitoralista de agradar aos funcionários públicos, parecendo acreditar mesmo que consegue fazer destes estúpidos;
ii) vindo i) de um governo que nutre um profundo desprezo pelo sector público e que se regozija quando se fala no privado, no empreendedorismo e afins, acrescenta ao eleitoralismo contornos de um cinismo particularmente abjecto, de que Maquiavel ficaria orgulhoso;
e iii) o spin pró-governamental que se queixa de que a Constituição e o Tribunal Constitucional e as pessoas não querem ou não deixam reduzir a despesa pública já era, per se, risível, mas em virtude de i) torna-se particularmente ridículo - e isto sem levar em consideração brincadeiras como o já esquecido guião da reforma do Estado. Contratam para o governo uns tipos que de política só percebem do carreirismo partidário ou das tretas que as agências de comunicação lhes impingem e depois admiram-se que o spin seja patético. Até nisto somos um atraso de vida.