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Espantosa, a capacidade que os tios das canastas futeboleiras têm demonstrado ao longo dos dias de estertor do agora finado Mundial. Os velhinhos ódios de estimação - recheados de inveja, recalcamentos clubístico-xenófobos e outras coisinhas feiosas - são totalmente dirigidos ao Sr. Scolari, transformado por obra e graça do Espírito Santo - não o do actual momento político-plutocrático - no "maior incompetente, imbecil, supersticioso burro e pateta" treinador à face da Terra. O homem conseguiu colocar a gente da FPF numa final do Euro, "devido ao trabalho portista do Sr. Mourinho", tal como logo de seguida colocaria a mesma plêiade de duvidosos substitutos dos heróis do mar, em quarto lugar no Mundial de 2006. Tudo por mérito de outrem, claro. Tirando os têxteis colocados à janela,Scolari "nada fez em Portugal", dizem ou sugerem eles.
Não há programa de futebóis em qualquer um dos canais de "informação"que seja capaz de se abster de abjectos ajustes de contas em relação a Scolari e pior ainda, não esquecendo os jogadores brasileiros e outros aspectos incontornáveis da organização do campeonato. Estavam mortinhos por um banho de sangue, arrastões dia sim dia sim e porque não?, uma revolução seguidora dos cânones do jamais existente assalto ao Palácio de Inverno. Não se viu nada disso, os brasileiros têm uma colossal capacidade de se divertirem mesmo nas horas mais tristes. D. João VI sabia-o muito bem e por isso mesmo não queria regressar ao Tejo. Esse imperial e real retornado veio à força e acabou envenenado, pois claro.
Digam o que disserem, apesar de uma sofrível exibição, o percurso dos brasileiros foi incomparavelmente superior àquele exibido pelos representantes da Federação Portuguesa de Futebol.
Logo no final do desastroso jogo com a Alemanha, vimos David Luiz ser o perfeito contraponto dos jogadores portugueses que tivemos a pachorra de escutar no dia da eliminação, ou melhor, do "inconseguimento" da passagem da fase de grupos. O desolado David Luiz implorou pelo perdão do seu povo, numa demonstração de vergonha pela lastimosa prestação.
Scolari já não é o seleccionador brasileiro, pois todos estão conscientes acerca da realidade imposta pelos resultados. Os seus jogadores confessaram a péssima exibição e disseram-no sem rodeios. É a velha lapalissada história de contra factos não existirem argumentos.
Por cá, o genial Paulo Bento soma e segue, achando-se supinamente apto a prosseguir a senda de invitórias que até o mais escandalosamente ignaro adepto - eu, Nuno - facilmente via desde há pelo menos dois anos. Os seus meninos afinaram pelo mesmo diapasão, tendo a descarada lata de afirmarem sem rebuços a "missão cumprida", o "termos dado o máximo" e para cúmulo, o "orgulho". Não foi o que da boca de Bruno Alves saiu?
Os tios da canasta SIC-N, RTP-Informação e TVI24, são unânimes quanto à desgraça que foi para a canarinha, aquela vitória da Taça das Confederações. Para ser mauzinho como as cobras, diria que o nosso azar foi uma noite inspirada do CRonaldo, marcando três boladas na baliza sueca. A não-ida ao Mundial teria lancetado o furúnculo, evitado desperdícios, ferros velhos de lata e arrogante incompetência vestida de vedetismo, penteados diferentes a cada jogo, sessões de autógrafos, viagens de lazer ao Tio Sam e venda de t-shirts de marca. Em suma, o reconhecidamente esforçado e abusado CRonaldo teria ido em Junho para Mykonos, ficando os seus colegas de não-equipa à vontade para banhos no Algarbiorum, Club Mediterranée e Ibiza. Um alívio para todos.
Já temos tema para um mês e meio. Aquela espécie de enxerto de Mário Soares em Le Pen, chefão de uma entidade retintamente mafiosa, teceu umas gracinhas a respeito do nosso CRonaldo. Transplantando a coisa para outras latitudes, a senilidade bolsada equivale às pressões sobre o famoso Tribunal Constitucional que muito bem faz em defender direitos, especialmente quando os próprios estão em causa. Estando ouro no jogo, seja ele para botas ou lingotes, compreende-se o tal Blatter.
...à cosa nostra dos estádios. Dada a rastejante popularidade do normalizado, veremos o que lhe acontecerá.
2. Enquanto isso, o delirante António Costa diz que Lisboa deu o exemplo que o Estado deverá seguir. Se a conversa do edil for levada a sério, teremos então:
- Uma assumida política de destruição do património construído nos últimos cento e cinquenta anos; benefícios outorgados a entidades ligadas a uma banca que muito tem feito para a tentacular especulação que devasta os nossos centros urbanos; a recusa na prestação de contas que ingloriamente lhe são exigidas; negligência na preservação e reabilitação da propriedade pública; a manutenção do status quo na arcaica divisão administrativa do país, eternizando camarilhas, satrapias e o clientelismo; o descarado conflito de interesses a que temos assistido, tal como sucede quanto a uma certa vereação sempre ligada a um não menos certo fundo imobiliário de reconhecido apelido. A lista é longa, mas definitivamente entrámos naquele terreno em que cercado por duas frentes, o Sr. Seguro deve sentir-se demasiadamente inseguro.
Henrique Raposo mostra-se surpreendido pela hostilidade irlandesa - traduzida em silêncio - aquando dos acordes do God Save the Queen antes do último jogo Portugal - Irlanda do Norte. Alguns jogadores mostraram-se cabisbaixos e não cantaram o Hino do Reino Unido. Compreende-se, dada a situação daquela parcela da Coroa britânica. Somos levados a crer que uma boa parte da equipa é católica. E daí?
O que poderemos então dizer daqueles integrantes da Selecção Nacional que fazem exactíssimamente a mesma coisa? Sim, ainda nesse mesmo jogo, o Sr. Miguel Veloso escusou-se aos versos de A Portuguesa, como também outros seus colegas outrora o fizeram com regularidade e sempre com os olhos pousados na relva.
O que quererá isto dizer? São iberistas? Ao invés de Pepe - que canta apaixonadamente o hino dedicado a D. Miguel -, serão porventura maus portugueses? Talvez sejam monárquicos, o verde-tinto do nem anda nem desanda deve irritá-los de sobremaneira. Deve ser isso...
No seguimento do post do Fernando, vai pela net um dilúvio de lágrimas escorrendo pelo resultado do joguinho de ontem. Haja ânimo, nem tudo está perdido, pois como Soares diria, " jusc' ô dérniê momã, le Bênficá pâ gánhê ê étr champiõ." Claro que Sócrates logo tecnicamente acrescentaria, "antil de láste mómãt iu quén uin ol de gueims énd bi tchempión"
Há uns trinta e muitos anos, os linguarudos coça-barbichas gostavam de jocosamente caracterizar a 2ª República pela trilogia Fado-Futebol-Fátima. Do "antigamente" apenas anotavam o facto de sem democracia Portugal não conseguir vencer o festival da Eurovisão - apesar dos Tordos, Tonichas, Carvalhos e Arys -, a fraca industria salazarista e a correspondente aurífera pesada herança, símbolo de todas as misérias. Vejamos então no que deu o apontar do dedo às três parcas do autoritarismo:
1. O Fado.
Agora estouram os regimentais de gozo por poderem apresentar a canção da alma nacional, como um glorioso Património da Humanidade. Há muito se esqueceram dos kiri-ki-kis do Zeca e dos compadres ricos do Sérgio. Onde antes existiam marceneiros, vendedeiras de laranjas e nomes que invariavelmente evocavam outros gostos - a Fé, a Tarouca, a Amália, a Lucília ou a Hermínia -, pontificam agora Cátias com K, Marisas com Z e Camanés, desiludindo aquelas, as indefectíveis fãs do "Não és homem para mim, eu mereço muito mais!" e estes, os guarda-redes e treinadores num país das arábias. Entretanto, a totalmente fascizante Amália foi honrosamente panteonizada e o próprio Jerónimo já garantiu que esta sempiterna estrela dos monárquicos e outros patrioteiros do costume, "também muito ajudou" a gente do PC... Se o Sol da Terra ainda brilhasse, talvez até metesse uma cunha para uma póstuma Ordem de Lenine. Aqui está uma insuspeitada stakhanovista da Adega do Machado.
2. O Futebol.
Durante a Longa Noite, os futebóis ocupavam os derradeiros minutos dos telejornais a preto e branco. O Eusébio era um herói nacional do tal Portugal maior, os jogadores ganhavam uns trocados mensais e os clubes resignavam-se ao acolhimento de portugueses, fossem eles de aquém ou de além mar. O que se passou entretanto? O linguarudo sr. Marcelo tira o compasso à política evocando avançados, defesas, árbitros, transferências, faltas e penáltis e "estar no banco", hesitando entre os cartões amarelos e vermelhos, consoante o cavaqueiro interesse do momento.
Enquanto durante uns anos se evocaram "lutas de classe", explorações e "mais-valias" sacadas do compêndio do pesadote alemão tumulado em Londres, hoje em dia não há linguaruda viv'alminha do esquema vigente que não discorra acerca da política caseira, servindo-se do dicionário compilado pelos Mourinhos, Faquirás, Cajudas, Nelos Vingadas ou de certos simulacros de Yorkshire Terrier que pontificam algures na 2ª circular. Interrompe-se a entrevista de um ex-1º ministro, devido ao urgente fim de satisfazer-se a curiosidade da chegada à Portela, de um treinador que desembarca para férias à beira Sado. Os jogadores já são comendadores da republicana (!) Ordem do Infante e a própria Monarquia - que jamais teve qualquer tipo de preconceitos para com o mérito dos portugueses que brilham - lhes conferiu a distinção pública, fazendo de muitos deles, Cavaleiros de N. Sra. da Conceição de Vila Viçosa. Já são fidalgos.
Futebol na abertura dos noticiários. Futebol antes do intervalo dos mesmos. Futebol no fim das novidades da uma, cinco e oito da noite. Futebol no linguarudérrimo Marques Mendes, na Ferreira Leite e no Galamba, no Eixo do Mal, no Zorrinho, nas mesas redondas de deputados, no Prós e Contras e debates parlamentares. A bola consiste numa roleta russa de infindáveis horas de acaloradas discussões acerca de linhas de passe, assuntos de suores no balneário ou de relvados meio soltos. Enfim, do Infante, do Vasco da Gama, dos Albuquerques - Afonso e Mouzinho - e da gente da Restauração, o regime transitou para os dilemáticos problemas do já eterno pretendente da Irina Shayk e pouco mais. Esse pouco mais é o assunto que consumirá muitas semanas de tempo de antena até ao verão: os comentadores da SIC, RTP e TVI, já esfregam as mãos de contentes. Portugal e a sua honra, dependem agora da ida de Mourinho para a Inglaterra. É que Fergusson já saiu e há que dar início à contagem das favas.
3- Fátima.
O "fascismo, o fá-sismo, feixismo e fácismo, a lembrança do Santo Ofício, o Cerejeira, o clericalismo, os jesuítas-de-uma-figa e o obscurantismo". A isto resumiam os linguarudos, quarenta e oito anos obsessivamente martelados por Fátima. A verdade tornou-se noutra, até porque nesta 3ª República, Fátima já escancarou as portas do seu segundo templo no recinto das aparições e acolhe mais gente que nunca, é uma Compostela do século XXI. A miséria a que as péssimas governanças atiraram o país, conduz infalivelmente à esperança de uma melhor vida à egípcia no Além e sempre será mais conveniente queimarem-se uns tantos milhões de velas votivas, em vez dos automóveis, lojas e casarões do regime. A Cova da Iria também é uma referência que o laicíssimo esquema vigente propagandeia lá fora, sempre na esperança de atrair uns valentões cobres dos turistas. Dizia-se que Soares até "andava de maneira diferente" quando estava na presença de um Papa ou de um Cardeal e há uns anos, um país espantado ficou a saber que um residente de Belém terçara irados argumentos com o Patriarcado de Lisboa, lutando e correndo pela Sé e à vista de todos, por uma precedência protocolar diante de SS.AA.RR., os católicos e fidelíssimos Duques de Bragança. Nos três canais de televisão, pontificam freis que dizem da sua graça e justiça e a nossa obesa esquerda, pela-se por apresentar o exemplo de bispos que aderem aos indignados contra si mesmos. As visitas papais são delírios de correrias país fora, facilmente ultrapassando qualquer vitória do CRonaldo, num qualquer 39-0 infligido pela selecção a uma equipa adversária.
O que fazer da supracitada triologia do antigamente? Vamos elevá-la ao quadrado ou ao cubo? Aceitam-se sugestões.
Inacreditável, ao minuto 27, o sr. árbitro decide indecentemente expulsar Nani por um lance absolutamente fortuito. O futebolês tem muito que se lhe diga e por isso não nos admiramos nada ao deparar com a politicagem lá metida em direcções, etc.
... rouba os quartos de final à Ucrânia e oferece um presente aos ingleses. Mais um árbitro convenientemente ceguinho, coitado. A coisa confirma-se de jogo para jogo. Só visto!
Aconteceu o mesmo no jogo Alemanha-Croácia, onde um penalti que até um zarolho veria, foi olimpicamente ignorado pelo árbitro de serviço, prejudicando os croatas. Ontem os irlandeses também pagaram as favas, sendo os espanhóis beneficiados por duas penalidades ignoradas pelo juiz da partida e assim tem sido ao longo de anos, sendo sempre os mesmos "grandes", aqueles que auferem de todas as oportunidades de vitória na secretaria. Por outro lado, o bovino senhor Platini nem sequer se rala em disfarçar, consciente como está das mãos rotas de uma Alemanha que enche com 37% das contribuições, os cofres da UEFA. A continuar assim, a pressurosa instituição chegará ao ponto de estabelecer quem poderá ou não aceder aos torneios, decretando antecipadamente o vencedor.
Onde é que já vimos isto? A resposta é clara: em tudo o que tenha a ver com "Europa", desde festivais de cançonetas com cinco pré-seleccionados "porque são grandes", até aos favoritismos do directório de Bruxelas, cada vez mais reduzido aos mesmos Big Five. Na bola, a trapaça, a indignidade assumida como norma que falsifica o espírito desportivo, dá-nos uma ideia daquilo que seria uma "federação". Um asqueroso chiqueiro. Aliás, a pocilga já existe e vai enchendo a cada dia que passa.
No Mundial de 2006 e na véspera do jogo Portugal-Holanda, a RTP passou uma reportagem feita nas ruas de Amesterdão, onde alguns batavos consideravam impossível a sua selecção perder com uma pertencente a um país de "gente inferior". Apostamos que Scolari até mostrou o video aos jogadores e o resultado foi o que se viu. Há poucos dias, os meninos do Manchester City diziam desconhecer qualquer jogador do Sporting. Viu-se!
Agora é a vez do ex-ex-campeão Chelsea começar a gozar o pagode com o Benfica. Vamos a ver se não lhe sai a conta ao contrário.
Pouco interessado nos dramas do futebol, foi com agrado que neste telejornal das 8.00H, vi o sr. José Mourinho receber o seu merecido prémio. Melhor ainda, o treinador procedeu a uma curta e incisiva declaração em português. Um caso raro, nos tempos que correm. Um bom exemplo, para grande desespero da república do miserabilismo.
Acabou-se o "grande desígnio ibérico". Felizmente para Portugal e para os bolsos dos contribuintes, a FIFA, uma organização de duvidosa lisura, acabou por outorgar a organização do Mundial de 2018 à Rússia. Bem vistas as coisas, tal decisão consiste numa boa notícia.
Ao contrário daquilo que os "observadores" têm tentado transmitir à população, a organização do campeonato não seria gratuita. Ficando com apenas 1/3 dos jogos e nem sequer com a cerimónia de inauguração, Portugal estaria ao nível de qualquer província espanhola, completamente subalternizado e claro está, obrigado a garantir mais infra-estruturas necessárias para o bom funcionamento da prova. A "república" tinha a derradeira oportunidade das "favas contadas", preparando-se para exigir a rápida construção do TGV dos "adiantamentos comissionistas", além da terceira ponte sobre o Tejo e outras loucuras do estilo. Havia até, quem se preparasse para um longo período de "modernizações", melhoramentos e ampliações" de estádios, auto-estradas, terminais e outros bem conhecidos vaporizadores de dinheiro emprestado.
Ibérico? Fiquem-se pelo jamón.
Não haverá qualquer motivo para mais "patriotismo esférico", nem sequer para mais encomendas da desastrosa medonha às fábricas de Cantão. O processo de alienação terá de fazer uma pausa, mas quanto a este aspecto, estamos todos bem cientes da prodigiosa imaginação da gente que comanda. Sempre encontrarão algo que distraia as atenções.
Uma excelente notícia! Em suma, "não há pão para malucos"...