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João Galamba é apreciador de pintura. Não sei se é impressionista ou nem por isso, mas pede a Maria Luís Albuquerque que se retrate nas suas declarações. A sua linguagem de artista confirma a sua infantilidade precoce. Neste tira-teimas a ex-ministra das finanças Maria Luís Albuquerque não deve ser tida nem achada. A pergunta: quem é o pintor mais falsificado em Portugal (?), vem mesmo a calhar. Em todo o caso, o governo de sua geringonça não se livra de uma Cargaleira de trabalhos. Quer Sequeira ou não, as contas de merceeiro de bairro não interessam no que diz respeito à obra-prima macroeconómica. É mais aguarela. Basta um molha-toldos de um Brexit para o desenho ficar borrado. Basta um deslize mais acentuado da crise bancária em Itália para haver réplicas e contrafacções de chatices maiores. Pese embora uma certa favorabilidade das contabilidades da casa, Portugal está a caminhar sobre areias movediças. Quero ver Portugal na CES, na CES! (Concertação Económica e Social) parece ser a cantiga do momento - é aqui onde decorre a faena principal. A bravura ganadeira do rabujador do Partido Socialista Santos Silva também deve ser re-retratada por Galamba numa sessão de pinturas avulso. O invocador de reses disse tudo e deixou escapar a bandeirilha. Serão os funcionários públicos que em última instância terão de suportar os fardos, as farpas. Será o salário mínimo a ficar aquém da palete de intenções. E serão os patrões que terão de sentir o alívio neo-liberal para continuar a bombar. E lá se vai o ideário de Esquerda com uma demão de guache, gauche. Em todo o caso, e para não nos desviarmos do essencial das belas-artes, é óbvio que medidas extraordinárias e irrepetíveis terão de ser contempladas. Um orçamento de Estado, e as respectivas contas que decorrem do mesmo, são uma imensa manada de trabalhos. E há sempre desvarios. Desvairados que julgam que não.
O que se passa em Portugal? Com esta história das eleições de Trump quase que me esquecia onde tenho assente o meu arraial. Pois. Não devo ser o único. António Costa também anda equivocado. São só boas notícias. É o tal crescimento do PIB que dá logo vontade de comemorar. É a tal intensificação das exportações. É o passeio dos alegres a Moncloa com direito a beberete com Rajoy. É o doutoramento honório casa de António Guterres nesse país de nem bons ventos nem bons casamentos. E, como cereja em cima do bolo, o beijo de aprovação do Orçamento de Estado de Juncker e companhia! Ah, como é bom fingir que está tudo bem e que os ventos de mudança dos EUA e da Europa não têm nada a ver, que não são suficientemente fortes para albalroar o casco de uma geringonça. Quem tem Centeno e Galamba não precisa de ver esses canais de televisão vendidos aos neo-liberais. Esses Bloombergs ou CNBC. Os juros dos government bonds dos EUA? Isso? Isso é lá com eles, pá. Aqui é porreiro pá. Trumponomics? Nunca ouvi falar. E nós temos a nossa escola. Temos o Constâncio. Temos o BCE, não precisamos de mais nada. E o Donald Trump até nem sabe onde fica Portugal. É na América Latina, não é?
Maria Luís Albuquerque ainda nem sequer pôs os pés em Londres e um tribunal daquela cidade já condenou o Estado português. A isto chama-se um Swap rápido. Se tivesse trabalhado em Manchester antes de ser ministra das finanças não haveria problema (estou a reinar). E Sócrates tem mais uma história para contar aos netos. Os contratos do Banco Santander são obra sua. Os socialistas podem empurrar com a barriga, mas foi com um seu governo que a coisa foi feita. Até Jerónimo de Sousa o afirma sem rodeios, sem medo dos sócios. Mas existem mais coisas que devem pesar na consciência de certos decisores políticos adeptos de atalhos e envelopes. Lula da Silva - outro amigão socialista -, padece de sintomas de gula e abastança. Será que nunca aprendem? E há mais. António Costa, malabarista de orçamentos, vai enfrentar a pressão daqueles que não se deixam enganar por bailaricos domésticos. O homem dos acordos à Esquerda já tem o Eurogrupo à perna. As contas não convencem. Seja como for, serão os portugueses a suportar as despesas pelos estragos. Veremos o que sobra para as empresas públicas de transportes Metropolitano de Lisboa, Carris, Metro do Porto e STCP. Veremos se estas patinam ainda mais e aparece um realizador de cinema disponível para fazer um filme de glória nacional, de patriotismo de uma certa mocidade toda atirada para a frentex. Damásio. Damásio, é o que me ocorre dizer.
Não tenho dúvidas , nasceu uma nova expressão, " geração galamba".
Do alto da tribuna com a verdade que os lugares e a arrogância lhes atribuem , a geração galamba, impõem a sua verdade , a verdade que emana da autoridade do poder da arrogância, da sua falta de humildade e até de vivências.
São membros de uma geração que rejeita a eleição de um D. Trump, por que não faria sentido (apesar de o dito poder ser eleito em eleições livres), a sua vida urbana atribui-lhes a sabedoria , que um qualquer labrego do campo, não pode almejar compreender. Jogam com subtileza com as palavras, de forma a que a sua verdade seja a única, pois também não admitem opiniões diferentes.
Para além de maçadores são um cansaço.
Vislumbro num futuro próximo, um insulto que possa ser : o homem " deixe-se de galambices"
Não merecem mais texto.
Retirado do Expresso de hoje (nem é preciso, nem razoável comprar ou assinar, bastando o excerto):
Os casos de crianças e jovens com perturbações mentais não tem parado de aumentar. Só no ano passado, 19.214 foram pela primeira vez a uma consulta de pedopsiquiatria, o que corresponde a um aumento de 30% face a 2011. A depressão está na origem de pelo menos um quarto dos novos casos. Alterações sociais registadas nas últimas décadas como o crescimento dos divórcios e dos novos modelos de família ajudam a explicar o aumento do problema em Portugal. Ministério da Saúde admite necessidade de aumentar camas para internamento.
Digo-o desde que me entendo por gente: Portugal é um território malsão, radioactivo, tóxico, minado até às camadas mais ínferas da crosta terrestre pela filoxera da portugalidade. A tara da fungibilidade, a quimera de ser mais que o mais haja na rua do lado, a inconsequência, o capote que escorre sempre para o ângulo onde os detritos só vêm à luz quando já é tarde e o rasto arrefeceu.
Penso sempre, em todas as circunstâncias possíveis e imaginárias, na urgência de as elites portuguesas acometerem um exercício político assente no pactismo. Mas, passado algum tempo, a razão, essa eterna inimiga da falácia desbragada, obriga-me, quase que por inerência, a repensar o meu antigo zelo compromissório em face do que os responsáveis máximos do Partido Socialista proclamam aqui ou alhures. Não é que, perdoem-me a franqueza, as palavras de Seguro e companhia galambeana tenham, em rigor, a menor relevância prática e política para quem investe e dá o pastel ao Estado português, porque do parlapié ao fazer, isto é, do dichote ao meter as mãos na massa da governação vai, inegavelmente, uma grande distância. Contudo, é por de mais cansativo ter, diariamente, de observar as piruetas demagógicas do maior partido da oposição. No fundo, é esta a consequência maior de termos, enquanto país, guinado intelectualmente em direcção a um irracionalismo surrealizado, em que a verdade é um conceito, frequentemente, amoldado pelo "legislador" tribunício de ocasião. Com um pouco mais de empirismo na análise, talvez não se verificassem algumas destas penosas atoardas. Por enquanto, resta-nos a nós, portugueses da não-esquerda, observar e lamentar. Com algum riso à mistura.