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Naturalmente que na Geórgia está tudo longe de ser um mar de rosas.
Houve coisas que me perturbaram um pouco; e não falo apenas do facto de não ter encontrado uma única lavanderia que me limpasse os fatos a seco.
No centro histórico parece que tudo está podre e em risco de ruir. Grande parte dos trabalhos de construção e reconstrução parou quando a crise chegou e arruinou o sector, tipo exército mongol. E por detrás de um par de fileiras de edifícios com fachadas de cara lavada, jaz o esgar triste e desolador da pobreza.
Tive esta crua percepção quando resolvi subir a pé a colina Narikala para ver de perto a estátua gigantesca da "Mother of Georgia". Quando cheguei ao topo e consegui ter uma vista geral sobre Tbilisi inteira, para lá do centro da cidade, a única associação que consegui estabelecer foi com uma qualquer favela no Rio de Janeiro. Mas sem violência ou tiroteios, tráfico de drogas, prostituição ou samba. Nada de comportamentos animalescos, portanto. Apesar da pobreza, ali ainda impera o civismo.
"Our Mother of Georgia has a bowl of wine on one hand for the friends, and a sword on the other for the enemies… to cut off Putin’s head!" – foi desta maneira que o padre ortodoxo Mr. Mark, com o qual travei amizade durante a minha estadia, descreveu a sua matriarca hardcore.
Conheci-o enquanto tirava fotos a uma igreja do século VI perto da rua Leselidze. E tive que lhe dizer que a vestimenta típica dos padres ortodoxos me fazia lembrar um cavaleiro Nazgul, do Senhor dos Anéis. Foi mais forte que eu. "Yes, we are pretty fantastic! And this is one of the few places where the orthodox, catholics, muslims and jews coexist peacefully, just like the different characters of Lord of the Rings" – respondeu sorrindo. E de facto, num raio de 150 metros a partir daquele local há uma mesquita, uma sinagoga, uma igreja católica e uma igreja ortodoxa. Sem Crusadas nem Jihads.
Acabámos por ir ver "The Hobbit" com os seus dois filhos semanas mais tarde.
Com a excepção da avenida Shota Rustaveli, "O Cavaleiro na Pele da Pantera", as ruas são caóticas, sinistras, lamacentas, com ar medieval e com a guerrilha cigana estrategicamente situada em locais-chave na sua incansável busca pela esmola, em todo o fulgor da sua condição sub-humana:
- "Let go or I’ll kick you in the head!" – disse a um puto que se agarrou às minhas pernas e se pôs a gritar/ chorar/ cantar que nem um suíno na hora da faca.
- "F*ck you, American pig!" – foi a resposta que obtive. Sublinho que esta criaturazita asquerosa manifestava um inglês melhor que muitos Ministros com os quais me encontrei.
Outro aspecto algo devastador é… a mulher Georgiana típica, e a sua aparênica. Não que tenha ido para lá dar uma de macho latino ou de demigod do engate, mas há pequenas coisas que mexem com a nossa própria motivação enquanto vivemos num país desconhecido e nos tentamos adaptar ao mesmo. Desequilíbrios hormonais acentuados, capazes de suscitar o aparecimento de pilosidade densa é uma constante nas mulheres deste país.
"Dude… I keep on forgetting that I have a penis. At least until every time I need to take a piss. This is how I feel about Georgian women!" – triste desabafo do Seth, o meu colega Americano.
Mas naturalmente que há excepções. Eu ia quase diariamente à pastelaria "Entrée", na Avenida Rustaveli, para tomar o pequeno-almoço.
Nunca soube o nome dela. Talvez no fundo nem queria saber. Mas só pensava para comigo mesmo que não podia ser Georgiana (pelos motivos acima descritos).
Era sempre atendido por ela e passámos horas a cruzar olhar olhares e sorrisos. Tinha cabelo de cor escura, longo e ondulado, em contraste com a tonalidade clara da pele. E olhos pretos que pareciam duas pequenas janelas com vista para o universo profundo. Senti-me por diversas vezes tentado a abordá-la, sendo que não sou nenhum frigorífico. Mas nunca o fiz, eventualmente por receio de descobrir que poderia ser mais uma harpia predadora de contas bancárias, daquelas que arranca o coração dos mais incautos, lhes dá um par de dentadas e deixa o resto a apodrecer numa valeta infecta. Não que tivesse algum sucesso comigo, pois sou mais agarrado à nota que o Mr. Scrooge. Apenas não estava disposto a perder o meu tempo.
A conclusão última à qual cheguei acerca deste país fica alinhada com as palavras do Presidente de uma empresa de telecomunicações que conheci, cidadão Inglês: "Georgia is on the wrong side of the Black Sea. And besides its unfortunate location, its neighbors aren’t the most pleasant. The language is atrocious, the alphabet even worse, and the economy is small. But then again, Georgians are extremely friendly (sometimes too much) and here one feels at home. The potential of the country is huge and with the right Government, in some years it can become a small luxury boutique for investors in several sectors of its economy."
Saí de Tbilisi na semana passada. Vim de comboio até Yerevan, na vizinha Arménia, onde vou ficar durante os próximos meses. 11 horas a bordo de uma carruagem sobrevivente da era soviética. Desde as 20h até às 07h do dia seguinte, com uma paragem na fronteira onde pensei que me iam fuzilar. Mas felizmente creio que nem conjuntamente as minhas duas nacionalidades eram suficientemente relevantes para poder ser merecedor de uma bala na testa. Lucky me.
Entretanto quem necessitar de alguma informação ou contacto na Geórgia (na esfera empresarial ou no Governo), tem toda a liberdade para me enviar um email.
Rankings adulterados ou muito pouco independentes de parte, o friendly business environment neste país é assinalável (espreitar aqui e aqui, só por curiosidade). Mais relevante ainda pelo facto de ser completamente distinto dos vizinhos: a corrupção endémica foi praticamente eliminada, o sistema fiscal foi modernizado, reduzido, tornado claro, perceptível e mais… "justo". Nas palavras de alguns porém. Mas com conhecimento de trato, o que posso adiantar é que não tem nada a ver com a selvajaria da carga fiscal à portuguesa.
E como tentava explicar (em vão) a um conhecido via Skype, aparentemente membro de uma dessas pseudo realezas de Cascais que vive sustentado por um estatuto artificial e fanfarrão tão tipicamente português:
- “Na perspectiva de quem queira estabelecer um negócio sólido, este é um dos países alvo; tudo aqui é mais barato, o clima é óptimo, as pessoas são amigáveis, as instituições sólidas e os incentivos e benefícios para investimento estrangeiro são atractivos.”
- “Epá, mas isso de depois dizer que sou empresário e que tenho negócios na Geórgia não me soa nada bem, percebes? A imagem também é importante.
- “Percebo pois. Foi por isso que saí de Portugal. Somos as escolhas que fazemos.”
No período de 10-15 anos tudo neste país evoluíu de um estado de animalismo canibal para um estado de coerência racional. Enquanto outros parece que ainda andam à procura do polegar oponível deste 1974.
O que mais me deixará saudades é a hospitalidade genuína destas pessoas, sem a intenção obscura de me vender um maldito Kilim ou um blusão de pele à chuleco Otomano. Além disso são o que são, e não têm qualquer tipo de problema com isso: não há cá nada de poses postiças de pavão com o cio e sotaques afectados. Alguns episódios:
#1) Após uma reunião que demorou mais do que o previsto, tentei ser "mais urbano" (nas palavras do meu amigo Samuel de Paiva Pires) e resolvi ir de metro até ao meu hotel. O alfabeto Georgiano está longe de ser acessível para o meu intelecto, o que torna inconsequente a leitura de placas informativas. Perdi-me, portanto. E dei por mim nos confins de sei-lá-o-quê no meio de uma feira de peixe dominada por ciganos. De fato, gravata, e laptop na mão.
Faminto, dirigi-me a um cubículo que vendia kebabs:
- "Excuse me, can I have one kebab please?" – Gesticulando com o dedo indicador e apontando para o monte de carne gordurosa que girava montado num aparelho seboso que nunca deve ter sido limpo.
-"Ah, American! Please, come in, come in!..." – Enquanto me abria a porta do seu cubículo.
-"Well… I’m not American sir…" – tentei dizer timidamente enquanto pensava para onde é que este gajo me estava a levar. Nem me ouviu.
-"You must eat kebab! And khachapuri! Very good, very good! Drink Cola! Americans don’t pay here!"
Bom… nesse caso talvez seja melhor alinhar no esquema e anuir que sou de facto Americano.
Ele chamou toda a família para me conhecer: irmãos, mãe, pai, filha, cunhado, cão, etc. O inglês era menos que parco, mas a felicidade genuína nos olhos daquela gente toda apenas por estar a acolher um estrangeiro comoveu-me até ao tutano.
-"You must return, we are friends now, yes?" – Disse-me ele enquanto tentava desencalhar um destroço de matéria orgânica entre os dois dentes da frente com o dedo mindinho. Para de seguida e com a mesma mão enrolar o kebab que resolvi comprar para comer mais tarde. Voltei várias vezes, sim. Mas só para comprar Coca-cola ou Ice Tea. A cena de badalhoquice com a unha perturbou-me um bocado.
#2) Enquanto vagueava pelo centro da velha cidade espreitei um restaurante numa cave com ar rústico. Resolvi entrar para jantar. Mal me sentava num canto discreto senti diversos pares de olhos fixos nos meus movimentos. "Bom… nada de movimentos bruscos", pensei. Sentei-me e lentamente arregacei as mangas da camisa enquanto fingia que prestava atenção um qualquer jogo da Bundesliga na televisão. Na mesa mesmo à minha frente, cinco homens de meia idade estavam especados a olhar. "Mas que grande m*rda, vejam só onde me vim meter; tenho que evitar o eye contact com esta malta." Não foi possível; e os medos eram, afinal, infundados:
-"You there, you… tattoos in arms, very nice! Please, come, come! Sit here!"
Para quem não me conhece, tenho os antebraços cobertos com tatuagens.
-"Well then… why not?!" – respondi sorrindo.
Não costumo beber vinho com frequência, mas neste país o vinho é o grande motivo de orgulho (inventado por eles há 8.000 anos atrás; e ainda é feito exactamente da mesma maneira). Não quis ofender e comecei a beber e a brindar. Quinze minutos depois estava completamente sob o efeito de Baco. O inglês deles era pouco mais que zero. E o meu Georgiano ou Russo ainda pior. Mas deu para perceber que dois eram músicos e outros três actores.
-"Now we go to restaurant and see girls!" – exclamaram em voz alta enquanto saíamos.
Foi nesta altura que engendrei um esquema de fuga tipo Papillon. Por acaso até tinha uma reunião na manhã do dia seguinte e seria consideravelmente mau ir para lá de ressaca. Portanto era urgente fazer um damage control.
Mesmo assim, ainda me ofereceram um bilhete para um concerto de Stravinsky da Orquestra onde tocavam. E foi excelente, porra!
Quanto àquele restaurante, regressei várias vezes. E poucas foram aquelas em que me deixaram pagar. O dono até chorou quando lhe disse que me ia embora. "Georgians are very sentimental. Just like Southern Europeans!" – balbuciou quando nos despediamos.
Estes não foram casos isolados. E durante três meses, as aventuras foram muitas. Mas o relato já vai longo e não quero que ninguém morra de tédio, tipo esta cena a partir do segundo 0.38. Por isso deixo o 1.3 para amanhã.
Três meses a viver em Tbilisi na Geórgia vão deixar-me saudades.
Desde o momento em que estava no passport control do aeroporto Novo Alexeyevka e o guarda fronteiriço me lê o nome com sotaque espanhol e me oferece uma garrafa de vinho local, percebi que o carácter cultural desta gente é peculiar.
Acabava de chegar de 5 meses exasperantes na Bulgária em que tive que lidar diariamente com thick-necked goons ornamentados com tatuagens pirosas e atitude de successful businessmen from Manhattan (versão aborígene) nos seus SUV’s cor de laranja e vidros negros. "Claro, 500 anos de ocupação da horda Otomana não tiveram geneticamente o efeito de… filtro." Concluía eu enquanto tipo Jane Goodall observava à distância o seu comportamento em bando nas típicas discotecas "chalga", que por sua vez são uma espécie de versão musical de um possível reality show filmado numa daquelas pensões do Martim Moniz em Lisboa que alugam quartos à hora. Higiene duvidosa e DSTs incluídas.
A adrenalina que sentia, para além da satisfação de me ver finalmente livre de grunhos Búlgaros, era decorrente do próprio timing da minha chegada à Geórgia: duas semanas após as eleições legislativas e primeira transição pacífica de poder na história deste país. E eu ia testemunhar isso em primeira mão.
"Some things were done. But there’s still a lot more to do." Foi o que me disse, diplomaticamente, o Primeiro-ministro Bidzina Ivanishvili enquanto falava dos desafios futuros do país. Deste savvy businessman sabe-se que saiu da sua aldeia em direcção a Moscovo com nada nos bolsos, e que passadas quase duas décadas voltou bilionário. Não me espanta. O que me leva porém a crêr na inteligência acutilante deste homem é o facto de ter conseguido fazer fortuna na "Mother Russia" durante os anos 90 e ter sobrevivido. Pondo meras especulações de lado, ninguém sabe como a fez. Nem a rede de espionagem (paga a peso de ouro) do ainda actual Presidente e seu arqui-inimigo descobriu seja o que for durante a campanha eleitoral, nem os milhares que estão a ser pagos a determinadas cadeias noticiosas internacionalmente conhecidas por produzir esterco informativo, mas que reúnem audiência significativa no outro hemisfério, têm conseguido afectar a confiança no novo Executivo cuja percentagem de votos nas eleições só na capital Tbilisi foi de aproximadamente 80%.
"Este tipo é suficientemente hábil para ao mesmo tempo jogar poker com a mão direita, roleta russa com a esquerda e ainda tocar banjo com os pés", pensava eu enquanto esboçava um sorriso parado no tempo e fingia que estava interessado no que ele estava a dizer acerca da Geórgia ter inventado o vinho há 8.000 anos atrás.
Mas facto importante é que para variar trata-se de alguém que tem noção da localização geográfica do país e das necessidades urgentes da sua economia de pequeníssima dimensão (a título de exemplo: aproximadamente 60% da população trabalha no sector agrícola, e toda a sua produção equivale a sensivelmente 10% do PIB).
Ao dialogar com pessoas na rua, em cafés, restaurantes ou até mesmo em reuniões com empresários independentes, as opiniões eram praticamente unânimes: o clima que se tinha instaurado na Geórgia nos últimos anos era típico de uma espécie de Estado Policial, em que o medo de falar em espaços públicos era generalizado. Nunca se sabia ao certo se o velhinho a ler o jornal ali perto, ou a senhora de decote generoso que por ali passava a fazer estrondos ocos com os saltos altos, ou ainda a criancinha aciganada de ranhoca semi-pendente no nariz poderia ser um delator.
Mas factos são factos. E é facto que empresas foram ameaçadas a desassociar-se do Cartu Bank (cujo dono era Bidzina Ivanishvili), o que fez com que o mesmo perdesse 1/3 do seu capital e esteja agora à beira da falência, que edifícos públicos foram vendidos a família e amigos do anterior executivo e do Presidente por €0.50, e que quem não achava piada à tendência acabava a passar férias num simpático chilindró.
Continuo amanhã com o 1.2. Por aqui são +4 horas e ainda quero ver o último episódio da série Battlestar Galactica.
(imagem tirada daqui)
Daniela Dias Rodrigues no blog da Comissão Portuguesa do Atlântico / Associação da Juventude Portuguesa do Atlântico:
Assim, no que concerne ao Afeganistão, o Comité foi actualizado do progresso conseguido pelo exército afegão, que detém o controlo de grande parte da capital Kabul e, que participa em cerca de 80% das operações. Estabeleceu-se ainda o aprofundamento da Afghanistan National Development Strategy, para melhor treinar e monitorar as forças de segurança afegãs, preparando-as para assegurar eficazmente a segurança durante o período eleitoral, agendado para o próximo mês de Agosto, acontecimento que requer uma atenção especial, reconhecendo-se a necessidade de um aumento de tropas e das suas capacidades.
Relativamente à questão do Kosovo, foram analisados os progressos em termos de segurança na região, tendo o Comité estabelecido uma videoconferência com o General Yves de Kermabon, actualmente no comando da European Union Rule of Law Mission in Kosovo, o que reforça o envolvimento e a conjugação de esforços de ambas as instituições, na pacificação do território e no suporte às autoridades locais. Definiu-se a importância de ampliar as competências da NATO Response Force, para que possa estar apta a responder a possíveis crises imprevisíveis, tanto ao nível da defesa colectiva, como a focos de conflito interno.
Na questão da pirataria ao largo da Somália, foi consensual o entendimento em prolongar a actividade da Aliança na região, numa missão a longo prazo, cuja duração será discutida posteriormente, através de uma análise e orientação política, no âmbito da reunião prevista para Junho, ao nível de ministros da defesa.
Paralelamente a isto, representantes militares da Ucrânia e da Geórgia, reuniram-se, separadamente, com o Comité militar, tendo o mesma considerado positivamente a vontade e determinação de ambos em participar e contribuir nas operações da NATO, encorajando à continuação do empenho e dos esforços destes dois países, na reforma dos respectivos sectores da defesa.
José Miguel Pires no blog da Comissão Portuguesa do Atlântico / Associação da Juventude Portuguesa do Atlântico:
O governo russo não pode actuar como se se tratasse de uma aldeia global de mera coexistência, como se caracterizavam as velhas alianças entre Estados, nas quais resultavam uma área de protecção e uma esfera de influência. Os padrões internacionais apontam, presentemente, para uma sociedade de cooperação, e é este aspecto que Moscovo terá que entender se não quiser que se justifiquem alertas ao perigo de agressão, uma vez que NATO e Rússia poderão entrar num aceso braço-de-ferro.
Para que haja cooperação, terá que haver flexibilidade, de modo a que as acções e as propostas não sejam entendidas como agressivas a nenhuma das partes em questão.
(publicado originalmente na edição de Março de 2009 do Pacta Sunt Servanda, Jornal do Núcleo de Estudantes de Relações Internacionais do ISCSP, e ainda no blog na Comissão Portuguesa do Atlântico / Associação da Juventude Portuguesa do Atlântico)
À medida que nos aproximamos do início do mês de Abril, vão-se intensificando os preparativos por parte dos aparelhos diplomáticos dos diversos estados membros da NATO. Na Cimeira de Estrasburgo/Kehl será celebrado o 60.º aniversário da organização, cuja agenda se encontra preenchida por diversas questões que necessitam de reflexão estratégica para poder projectar a Aliança Atlântica como um actor cada vez mais importante no sistema das Relações Internacionais.
Como referiu F. Stephen Larrabee, da Rand Corporation, em entrevista ao Council on Foreign Relations, o assunto mais premente na agenda é, sem sombra de dúvida, a questão do Afeganistão. É crucial encontrar soluções para estabilizar o Afeganistão, operação que está directamente relacionada com a reputação da NATO. Ao que tudo indica, a administração de Barack Obama estará já consciente da necessidade de agir tendo em consideração no cálculo estratégico as diversas condicionantes, o que implica uma abordagem de carácter regional através da aproximação e construção de consensos entre países como a Índia, Paquistão, China, Rússia e, possivelmente, até o Irão.
No seguimento do acima descrito, Joe Biden, Vice-Presidente dos E.U.A., deslocou-se no passado dia 10 de Março ao Conselho do Atlântico Norte, com o objectivo de discutir com os aliados a situação actual no Afeganistão. Numa reunião inserida nas discussões de preparação da Cimeira de Estrasburgo/Kehl, foi dado particular ênfase à abordagem regional, à intervenção junto das comunidades locais afegãs, bem como à necessidade de um maior esforço civil e de apoio à construção das instituições estatais.
Outro dos assuntos que marca actualmente a agenda da NATO é a reentrada da França no comando militar. Após mais de 40 anos passados sobre a decisão do General De Gaulle, o Presidente francês, Nicolas Sarkozy, reafirmou já no passado dia 11 a aproximação e reintegração das forças franceses no comando militar na organização, decisão que caberá ao Parlamento francês oficializar. Esta é uma atitude que só pode agradar a todos os estados que integram a Aliança Atlântica que assim se vê militarmente reforçada, especialmente no que concerne à importância relativa das forças europeias dentro da organização.
Por outro lado, uma das principais questões com que a NATO se depara actualmente prende-se com o relacionamento com a Rússia, o que se enquadra também no espectro maior da dimensão do alargamento, especialmente no que concerne à Ucrânia e à Geórgia. Nos anos 90, após a queda do Muro de Berlim, com o colapso do sistema comunista a par com a aparente tendência de abertura russa ao liberalismo ocidental, vários foram os países da Europa central e de leste acolhidos no seio da NATO com a conivência russa, até porque Moscovo não tinha alternativa. Hoje em dia, a atitude russa encontra-se num ponto diametralmente oposto.
Na actualidade, como alerta Robert Kagan no seu ensaio O Regresso da História e o Fim dos Sonhos, o utópico sonho de Hegel e, mais recentemente, de Francis Fukuyama, o chamado Fim da História, conceito relacionado com a alegada natural expansão das democracia liberal generalizada à maior parte dos estados, parece estar a dar lugar a uma ascensão das autocracias em oposição às democracias, autocracias essas com um forte sentimento de orgulho nacional. É esse o caso da Rússia que com Vladimir Putin recuperou a lógica de grande potência que actua de forma determinante no chamado espaço pós-soviético, afastando-se da imagem criada ao longo dos anos 90.
A Rússia encara a NATO e o Ocidente cada vez mais como forças estranhas que não quer ver interferir na sua tradicional área de influência geopolítica. Dois casos simbólicos do que aqui falamos são a questão do escudo anti-míssil que os próprios russos sugeriram fosse colocado por exemplo em Itália, especialmente porque não querem ver um dos seus antigos estados satélite, a Polónia, adquirir tal capacidade e, de forma ainda mais representativa, o conflito georgiano que ocorreu no passado Verão de 2008. Com o envio de forças para a Abkhazia e Ossétia do Sul, a Rússia enviou uma mensagem ao mundo e à NATO: não tolerará interferências nos países do seu near-abroad.
Isto coloca à NATO um dos principais desafios que terá que enfrentar neste século. Como será possível compatibilizar o alargamento da NATO a países como a Geórgia e Ucrânia, com uma Rússia em clara ascensão como potência, ainda para mais com uma natureza política eminentemente oposta à do Ocidente? Ainda que no passado dia 5 de Março os países da Aliança Atlântica tenham decidido voltar a reunir com a Rússia no Conselho NATO-Rússia com o objectivo de normalizar as relações, o que implicará negociações principalmente em relação à suspensão russa do Tratado sobre as Forças Armadas Convencionais na Europa, como será possível compatibilizar tais relações com a retórica fortemente anti-russa dos estados da Europa Central e de Leste e ainda integrar estados como a Geórgia e a Ucrânia?
Em nossa opinião este será o principal desafio para a NATO no século XXI. As relações com a Rússia têm uma natural implicação na questão do alargamento, na transformação das capacidades da NATO e na definição de novas ameaças. De acordo com o Tratado sobre as Forças Armadas Convencionais na Europa a NATO tem reestruturado e limitado as suas capacidades ao nível militar, com vista a tornar-se uma organização que actua como estabilizador e providência segurança, intervindo inclusive em cenários de crise humanitária, e redireccionando o seu conceito estratégico para enquadrar o combate ao terrorismo. Mas é necessário que seja diminuída a retórica fortemente anti-russa que tem vindo a ser apanágio de alguns dos estados membros da aliança. Ainda que compreensível em termos históricos, é contraproducente, até porque esses estados estão já protegidos ao abrigo da aliança, e teriam muito mais a ganhar com uma gradual aproximação e cooperação com Moscovo.
A NATO terá assim que lidar com a sua própria transformação interna ao nível das capacidades adequadas para as novas ameaças, enquanto as relações com a Rússia se irão assumir como centrais na agenda da organização ao longo deste século. Segundo Kagan, o mundo não estará preparado para regressar a uma retórica de Guerra Fria, mas então, cabe em grande parte à NATO agir proactivamente para que o século XXI fique na história pelas melhores razões.
Para que o Mundo não esqueça:
Ryan Grist, a former British Army captain, and Stephen Young, a former RAF wing commander, are said to have concluded that, before the Russian bombardment began, Georgian rockets and artillery were hitting civilian areas in the breakaway region of South Ossetia every 15 or 20 seconds.
Their accounts seem likely to undermine the American-backed claims of President Mikhail Saakashvili of Georgia that his little country was the innocent victim of Russian aggression and acted solely in self-defence.
During the war both Grist and Young were senior figures in the Organisation for Security and Cooperation in Europe (OSCE). The organisation had deployed teams of unarmed monitors to try to reduce tension over South Ossetia, which had split from Georgia in a separatist struggle in the early 1990s with Russia’s support
On the night war broke out, Grist was the senior OSCE official in Georgia. He was in charge of unarmed monitors who became trapped by the fighting. Based on their observations, Grist briefed European Union diplomats in Tbilisi, the Georgian capital, with his assessment of the conflict.
Grist, who resigned from the OSCE shortly afterwards, has told The New York Times it was Georgia that launched the first military strikes against Tskhinvali, the South Ossetian capital.
Ler o resto, no Times aqui
Mais uma vez, vemos a força imparável do Quarto Poder e de quem o controla. Esta notícia mal foi comentada nos media ocidentais.
As declarações do secretário-geral da Aliança Atlântica em Tblissi, parecem a reafirmar a intenção norte-americana do alargamento a algumas antigas repúblicas componentes da URSS. Num post de há algumas semanas, dizia que apenas o desconhecimento da História pode conduzir a atitudes pouco consentâneas com a realidade dos interesses em disputa. A posição de países como a Geórgia e a Arménia - decerto um dos próximos a receber o indesejável convite de ingresso -, poderá ter como justificação a proximidade de regiões que ameaçam a segurança do Ocidente, servindo o Irão, o Iraque e o Afeganistão os exemplos mais perceptíveis. A NATO ficaria assim numa excelente posição estratégica, pois além de obter bases muito próximas dos locais de conflito latente, vedaria qualquer intenção russa de intervenção. No entanto, o que parece tornar-se embaraçosamente nítida, é a política de proximidade do controle das regiões produtoras de petróleo e gás natural que são seguramente, o móbil primordial dos ímpetos expansionistas.
A Europa conhece bem os interesses russos na zona que se manifestam desde os tempos de Catarina II a Grande e que no século XIX, se plasmaram numa efectiva política de anexações. Hoje reduzida a um território mais exíguo que aquele que lhe foi concedido pelos Impérios Centrais em Brest-Litovsk (1918), a Rússia terá forçosamente de atender à constante pressão de uma opinião pública interna, muito vexada pelo inédito recuar de fronteiras e influência. Brest-Litovsk contou com o generalizado repúdio por parte das potências da Entente que se recusaram a aceitar o facto consumado ditado pelo Kaiser e por Lenine. Parece assim estranho que o Ocidente deseje hoje a inimizade permanente do colosso do Leste, pilar essencial da segurança colectiva do nosso mundo. A Rússia é parte do Ocidente.
Portugal é um firme aliado dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha e isto nunca foi, não é, nem será jamais posto em causa. Mas a lealdade à Aliança pode ter como precioso contributo, o conselho de quem pouco pode mas muito sabe. Nesta situação, o melhor serviço a prestar à propria coesão da NATO, é o voto contra a adesão de Estados que a médio prazo a fragilizarão. E isto, porque um eventual conflito de fronteiras entre russos e ucranianos ou georgianos, implica duas opções inaceitáveis. A primeira, é o imediato auxílio ao "agredido", desencadeando um conflito de dimensões apocalípticas. O segundo, será a passividade ditada pela prudência, transmitindo ao resto do planeta, o escasso valor do papel em que foram apostas as assinaturas dos representes das nações aliadas no acto de adesão à Aliança.
Devidamente alertado pela minha amiga Inês Narciso, que preferia que eu tivesse dado a este post o título "Está tudo doido" (desculpa-me pelo não acatar da sugestão :p):
Para uma hora mais tarde, ao que parece, segundo a Lusa, devido a um alegado telefonema de Moscovo, alterar o discurso:
Ainda gostava de entender qual é mesmo a interpretação correcta para a extremamente ambígua afirmação "faremos parte da Rússia e não tencionamos construir Ossétia independente alguma"...
Parece que o estratega Putin tem muito com que se preocupar quanto à falta de bom senso político-diplomático dos vizinhos...
Em 3 de Julho de 1866, a Prússia saía surpreendentemente vitoriosa da batalha de Koniggraetz (Sadowa) e os seus exércitos deixaram os austro-húngaros à mercê de uma paz draconiana imposta por um triunfante Bismarck. Conhecedor da realidade do equilíbrio de poderes entre as grandes potências, o Chanceler de Ferro contemporizou com os vencidos e conseguiu atrair Viena para um modus vivendi na Europa Central, propiciando aquela que seria anos mais tarde, a Dreikaiserbund. Aprendera a lição de Metternich no Congresso de Viena, quando uma França derrotada e responsável por vinte anos de guerra na Europa, foi tratada com equidade e moderação.
Este curto prólogo explicita de forma sucinta, a abissal diferença entre a qualidade dos homens políticos da velha Europa, com aqueles que hoje regem os destinos de um mundo mais plural e infinitamente mais perigoso. As sucessivas administrações norte-americanas, parecem totalmente obcecadas pelo seu estreito servilismo diante dos grupos de interesses que sustentam o verdadeiro poder da potência global, fazendo tábua rasa das mais elementares regras da diplomacia que antes do mais, deve ter como sólido alicerce, o perfeito conhecimento dos potenciais adversários, das suas forças e fraquezas e dos seus interesses vitais. Nada disto parece interessar de sobremaneira e assim, os erros vão-se fatalmente acumulando, podendo num futuro não muito distante, criar uma situação irresolúvel numa região essencial para a segurança do Ocidente e do qual a Rússia é hoje parte integrante.
Os argumentos hoje esgrimidos pela Secretária de Estado Condoleeza Rice, desmentem escandalosamente todo o articulado ainda há pouco aplicado ao caso do Kosovo, quando a situação apresenta flagrantes similitudes. Isto deixa a descoberto a duplicidade da superpotência nossa aliada, causando embaraços a todos os membros da Aliança Atlântica. O regime de Moscovo vê assim perfeitamente validada toda a sua acção no Cáucaso, podendo até ir mais longe, argumentando com o princípio das nacionalidades, outra panaceia copiosamente aplicada por outro inábil do século passado, o senhor Woodrow Wilson. A história também parece repetir-se, quando um navio americano que se dirigia a um porto georgiano, decide - decerto com instruções superiores -, retroceder e não desembarcar "ajuda humanitária". Enfim, o bom senso parece finalmente prevalecer.
Ao contrário daquilo que se passou naquele famoso e já distante jantar em Ems, já não existe um único Bismarck apto a redigir um Despacho despoletador de uma guerra. E mesmo que por absurdo se encontrasse um grande homem no comando em Washington, simplesmente não podia redigir qualquer Memorando num pedaço de papel. Os tempos são outros e os recursos bélicos impensáveis, pois os efeitos da sua utilização são sobejamente conhecidos e temidos.
Torna-se interessante ler o seguinte artigo:
Georgian minister tells Israel Radio: Thanks to Israeli training, we're fending off Russian military
By Haaretz Staff
Georgian Minister Temur Yakobashvili yesterday praised Israel for its role in training Georgian troops and said Israel should be proud of its military might.
"Israel should be proud of its military, which trained Georgian soldiers," Yakobashvili, who is Jewish, told Army Radio in Hebrew. He was referring to a private Israeli group Georgia had hired.
Yakobashvili, Georgia's minister of reintegration, said this training enabled Georgia to defend itself against Russian forces in the warfare that erupted last week in the separatist region of South Ossetia, Georgia.
Yakobashvili said a small group of Georgian soldiers were able to wipe out an entire Russian military division, thanks to the Israeli training.
"We killed 60 Russian soldiers yesterday alone," said Yakobashvili. "The Russians have lost more than 50 tanks, and we have shot down 11 of their planes. They have sustained enormous damage in terms of manpower."
Yakobashvili warned that the Russians would try to open another front in Abkhazia, another separatist region in Georgia, and he denied reports that the Georgian army was retreating. "The Georgian forces are not retreating. We move our military according to security needs," he said.
He also denied that Russian troops had struck Georgia's international airport.
"There was no attack on the airport in Tbilisi. It was a factory that produces combat airplanes," said Yakobashvili.
"The whole world is starting to understand that what is happening here will determine the future of this region, the future price of crude oil, the future of central Asia, and the future of NATO," the Georgian minister added. "Every bomb that falls over our heads is an attack on democracy, on the European Union and on America."
Algo está podre no reino do Ocidente...
Transcrevo aqui uma excelente peça de contra-informação ocidental, redigida por Paul Craig Roberts.
Paul Roberts - Ex-secretário assistente do Tesouro na administração Reagan. Foi editor associado da página editorial do Wall Street Journal e editor colaborador da National Review. É co-autor de The Tyranny of Good Intentions.
The Neocons Do Georgia
Humanity's Greatest Enemy?
The success of the Bush Regime’s propaganda, lies, and deception with gullible and inattentive Americans since 9/11 has made it difficult for intelligent, aware people to be optimistic about the future of the United States. For almost 8 years the US media has served as Ministry of Propaganda for a war criminal regime. Americans incapable of thinking for themselves, reading between the lines, or accessing foreign media on the Internet have been brainwashed.
As the Nazi propagandist, Joseph Goebbels, said, it is easy to deceive a people. You just tell them they have been attacked and wave the flag.
It certainly worked with Americans.
The gullibility and unconcern of the American people has had many victims. There are 1.25 million dead Iraqis. There are 4 million displaced Iraqis. No one knows how many are maimed and orphaned.
Iraq is in ruins, its infrastructure destroyed by American bombs, missiles, and helicopter gunships.
We do not know the death toll in Afghanistan, but even the American puppet regime protests the repeated killings of women and children by US and NATO troops.
We don’t know what the death toll would be in Iran if Darth Cheney and the neocons succeed in their plot with Israel to bomb Iran, perhaps with nuclear weapons.
What we do know is that all this murder and destruction has no justification and is evil. It is the work of evil men who have no qualms about lying and deceiving in order to kill innocent people to achieve their undeclared agenda.
That such evil people have control over the United States government and media damns the American public for eternity.
America will never recover from the shame and dishonor heaped upon her by the neoconned Bush Regime.
The success of the neocon propaganda has been so great that the opposition party has not lifted a finger to rein in the Bush Regime’s criminal actions. Even Obama, who promises “change” is too intimidated by the neocon’s success in brainwashing the American population to do what his supporters hoped he would do and lead us out of the shame in which the neoconned Bush Regime has imprisoned us.
This about sums up the pessimistic state in which I existed prior to the go-ahead given by the Bush Regime to its puppet in Georgia to ethnically cleanse South Ossetia of Russians in order to defuse the separatist movement. The American media, aka, the Ministry of Lies and Deceit, again accommodated the criminal Bush Regime and proclaimed “Russian invasion” to cover up the ethnic cleansing of Russians in South Ossetia by the Georgian military assault.
Only this time, the rest of the world didn’t buy it. The many years of lies--9/11, Iraqi weapons of mass destruction, al Qaeda connections, yellowcake, anthrax attack, Iranian nukes, “the United States doesn’t torture,” the bombings of weddings, funerals, and children’s soccer games, Abu Ghraib, renditions, Guantanamo, various fabricated “terrorist plots,” the determined assault on civil liberties--have taken their toll on American credibility. No one outside America any longer believes the US media or the US government.
The rest of the world reported the facts--an assault on Russian civilians by American and Israeli trained and equipped Georgian troops.
The Bush Regime, overcome by hubris, expected Russia to accept this act of American hegemony. But the Russians did not, and the Georgian military was sent fleeing for its life.
The neoconned Republican response to the Russian failure to follow the script and to be intimidated by the “unipower” was so imbecilic that it shattered the brainwashing to which Americans had succumbed.
McCain declared: “In the 21st century nations don’t invade other nations.” Imagine the laughs Jon Stewart will get out of this on the Daily Show. In the early years of the 21st century the United States has already invaded two countries and has been beating the drums for attacking a third. President Bush, the chief invader of the 21st century, echoed McCain’s claim that nations don’t invade other nations. http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/7556857.stm
This dissonant claim shocked even brainwashed Americans, as readers’ emails reveal. If in the 21st century countries don’t invade other countries, what is Bush doing in Iraq and Afghanistan, and what are the naval armadas and propaganda arrayed against Iran about?
Have two of the worst warmongers of modern times--Bush and McCain--called off the US/Israeli attack on Iran? If McCain is elected president, is he going to pull US troops out of Iraq and Afghanistan as “nations don’t invade other nations,” or is President Bush going to beat him to it?
We all know the answer.
The two stooges are astonished that the Americans have taught hegemony to Russians, who were previously operating, naively perhaps, on the basis of good will.
Suddenly the Western Europeans have realized that being allied with the United States is like holding a tiger by the tail. No European country wants to be hurled into war with Russia. Germany, France, and Italy must be thanking God they blocked Georgia’s membership in NATO.
The Ukraine, where a sick nationalism has taken hold funded by the neocon National Endowment for Democracy, will be the next conflict between American pretensions and Russia. Russia is being taught by the neocons that freeing the constituent parts of its empire has not resulted in their independence but in their absorption into the American Empire.
Unless enough Americans can overcome their brainwashed state and the rigged Diebold voting machines, turn out the imbecilic Republicans and hold the neoconservatives accountable for their crimes against humanity, a crazed neocon US government will provoke nuclear war with Russia.
The neoconservatives represent the greatest danger ever faced by the United States and the world. Humanity has no greater enemy.
Dá que pensar...
O original pode ser encontrado aqui
Tomemos em consideração as mais recentes afirmações do cowboy texano, especialmente esta pérola:
Mr Bush demanded that Moscow respect Georgia's territorial integrity and withdraw the troops it sent in a week ago - or risk international isolation.
Para além de me parecer que Putin e Medvedev devem andar por ora a brindar com champanhe enquanto vão colocando a sua brilhante estratégia em prática, que de espontâneo parece ter muito pouco, até porque o frio daqueles lados não permite rasgados laivos de espontaneidade, faço apenas uma analogia ao chamado fast track ou mandato negociador, mecanismo do Congresso norte-americano que permite ao Presidente e à Administração negociar em determinadas matérias sem que seja necessário o Congresso aprovar o resultado final, desde que caiba dentro dos parâmetros definidos no mandato antes sequer das negociações. Foi o mecanismo utilizado para granjear maior legitimidade a Bush e garantir a coincidência entre discurso e acção no que respeita às negociações da Ronda de Doha. Quando a validade desse mandato se esgotou, com reflexos evidentes na legitimidade de Bush, por mais que esse prometesse mundos e fundos aos seus parceiros internacionais não tinha qualquer garantia de que conseguiria implementar as medidas negociadas. É mais ou menos o que acontece agora, em contagem decrescente para o fim do seu mandato e tendo em apreço as confusões que gerou em todo o mundo, já ninguém se importa muito com o que diz, é um menino rabugento completamente desorientado porque desta feita sabe que não pode resolver a situação através do seu instrumento preferido, ou seja, o mecanismo militar, uma das suas poucas prerrogativas exclusivas.
Além do mais se há alguém que pode eventualmente agir no sentido de um isolamento internacional da Rússia é a União Europeia, pela proximidade geográfica e pela inevitável interdependência entre os dois actores. Mas essa mesma interdependência é a que os europeus sabem que teria custos muito superiores se incorresse em relações conflituais em determinados campos ou sectores de cooperação,como os sugeridos neste artigo da The Economist (via O Insurgente):
The European Union, which has too often split into camps of appeasers and tough-talkers over Russia, should drop negotiations on a new partnership and co-operation agreement. Visa restrictions should be tightened, and the personal finances abroad of top Russian officials probed more carefully. The EU should work harder at reducing its dependence on Russian energy imports and improving internal energy connections—and EU countries should stop striking bilateral deals with Russia.
Só que a Rússia está a fazer com que os europeus reaprendam a equacionar mais estrategicamente e menos moralmente a sua política externa. Não me parece sequer viável entrar em conflito com a Rússia seja em que campo for (vistos, acordo de cooperação, vias diplomáticas etc.), principalmente devido à questão da dependência energética. E por mais que se clame pela diversificação de fontes e de tipos de energia, no curto e médio prazo isso não vai acontecer pelo que teremos de saber enfrentar e jogar com essa dependência dentro do quadro da interdependência.
Já agora, só para finalizar quanto a Bush, mais uma vez recorro a um artigo indicado pelo Henrique Raposo:
At the Beijing stadium this week, George Bush came off as the most wretched American president in history. A president who needlessly provoked the Russians, but ultimately did not withstand them. A president who brandished the flag of human rights and democracy, but ultimately kowtowed to a world power that tramples human rights - China - and abandoned the brave little democracy of Georgia.
The Bush era came to an end this week, but with it ended two decades of America being the sole superpower. The Pax Americana that maintained global stability for a generation has run its course.
O mesmo artigo termina da seguinte forma bem esclarecedora quanto ao impacto daquilo a que estamos a assistir:
August 8, the day the Olympics began and the fighting in Georgia erupted, will be remembered no less than 9/11. When the history of the 21st century is written, it will view this past week as the week that symbolizes the rise of two new world powers: China and Russia. It will be decades before China surpasses the United States economically. It will be years before Russia goes back to being a Tsarist power. But August 8 marked the way.
The question now is not what sort of world we are heading toward. The question is how fast we will get there.
Excelente artigo este que o Henrique Raposo referencia, de onde destaco:
Nearly all of the rhetoric used by Moscow to justify its actions in the war with Georgia is derived from Western historical thinking and practice -- only put "through the looking-glass," to borrow a phrase from Lewis Carroll. An EU official stationed in Tbilisi throughout the conflict observed at one point that Putin appeared to be creating a "parallel universe, a mockery of the West" when he spoke of the Russian mission to end the "genocide" in South Ossetia and administer international justice on the "perpetrators" in Tbilisi.
But Putin appears to have a more serious objective than simply mocking the West. Not for the first time, he has usurped the pantheon of Western values and infused it with a very different theology. What emerges is a mirror image of the West, containing the same historical narrative with its high and low points, but strangely distorted for most Western eyes.
Quer queiramos ou não, gostemos ou não, Vladimir Putin é provavelmente um dos líderes mais inteligentes da actualidade, uma reminiscência da centelha que iluminou os espíritos dos grandes estadistas do passado, ou pelo menos do século XX. Conseguiu confundir todo o Ocidente utilizando a própria retórica ocidental demonstrando ainda que a Rússia está bem e recomenda-se, a fazer lembrar os grandes cenários de equilíbrios geopolíticos montados e percepcionados de parte a parte durante a Guerra Fria.
E ao que parece já ninguém no Ocidente está preparado para este jogo, convencidos da inevitabilidade da expansão das democracias liberais e habituados à legitimidade moral proveniente desse conceito que se reflecte nas premissas do que norte-americanos e europeus desejam. Habituámo-nos a tratar da cooperação para o desenvolvimento, da integração, do comércio internacional, tomamos a paz como garantia universal e quase sem nos apercebermos parece que nos esquecemos dos ensinamentos quanto ao estudo de conflitos, percepções e acções estratégicas. Putin não esqueceu e como diria Salazar, sabe muito bem o que quer e para onde vai, bem ao contrário do muito pouco erudito e mal aconselhado cowboy texano que tem vindo a desgovernar os Estados Unidos e o mundo, até porque:
For Putin has succeeded in dividing the Western world more deeply than ever before. He has managed to sideline all international organizations, beginning with the UN Security Council, where the United States has any meaningful say. The United States, as Georgia's main backer, is not impartial enough to have any part in resolving the crisis, the Russian argument runs. And that argument has been bought hook, line, and sinker by the European Union, which now revels in its role as the sole mediator.
Via Exílio de Andarilho aqui fica um outro ponto de vista contrário ao do excelente post do Bruno Alves. A História nos dirá qual dos dois será mais válido.
Via CNN online
"I think that American officials and analysts -- and I would put myself in this boat -- underestimated the scope of the Russian reaction to Kosovo's separation from Serbia," Charles Kupchan, a senior fellow at the Council on Foreign Relations, said in a conference call."The Russians at the time said that they may well retaliate by stirring up trouble in Abkhazia and South Ossetia, and I think many people said, 'Well, that's going to be mostly talk.' In fact, they've gone ahead and done it."In addition to reasserting Russia's regional preeminence, the incursion into Georgia also demonstrated the United States' relative weakness.
Janusz Bugajski, author of a forthcoming book on Russia's relations with its neighbors, said Washington's lack of forceful response sends a chilling message to nations that had been relying on the U.S. to counter Russia's power.Russian Prime Minister Vladimir Putin "is demonstrating to the rest of the world that the United States is not the sole superpower any more. Or if it is, it's so stretched that it's not going to come to your aid," Bugajski said. "That weakens the U.S. position globally quite a bit."Even if the United States resists the idea, it's possible that a resurgent Russia is ready for a new geopolitical rivalry in which powerful countries compete politically and militarily."
I think it's not inappropriate to put this conflict in the context of a 'great game,' " Kupchan said. "There is still a battle going on for influence -- Western influence vs. Russian influence -- in the Caucasus and in the southern borderlands around Russia. And clearly I think as a result of this conflict Russia will probably feel that it has taken a step forward in maintaining a 'sphere of influence.' "
Já alguém reparou que enquanto decorre o conflito no Caúcaso, região de acrescida importância energética pelas reservas, explorações e pipelines que integra, o preço do petróleo desceu? Ontem chegou mesmo aos 111 dólares. Alguém quer tentar explicar esta tendência contrária ao que seria de esperar por exemplo à luz do que aconteceu por altura das intervenções no Afeganistão e Iraque?
A última semana trouxe-nos com histriónico som de trombetas de guerra, o regresso da velha Rússia de sempre. Mal habituados a duas décadas de aparente declínio do colosso das estepes, ei-lo que ressurge mais decidido e poderoso que nunca, fazendo valer os seus direitos ditados por uma já longa história de grande e incontestada potência mundial.
A caminhada do Homo Sapiens na sua vertente de tribo politicamente organizada, tem-se caracterizado pela demarcação de territórios considerados como reserva de caça e de segurança para o seu círculo mais íntimo, seja ele a família, ou de forma mais lata, a tribo. O mesmo aconteceu com essas tribos alcandroadas à condição de nações-reino ou de impérios. Pela nossa reserva de caça ou esfera de interesses bombardeámos as cidades costeiras do Malabar, enviámos os Bandeirantes rasgar pela praxis o Tratado de Tordesilhas e tivemos, em 1890, de sofrer o evitável Ultimatum. Ao longo da sua existência como potência imperial, Portugal exerceu o seu alegado e auto-assumido direito de prevalência sobre territórios, povos ou mares e isto, inevitavelmente, pelo sibilar das granadas disparadas pelas colubrinas e canhões dos navios de linha.
Desde Pedro o Grande, a Rússia vem sacudindo o marasmo da sua interioridade e provou à Europa as suas habilitações como Estado com poder, influência e desejo de intervir e conquistar o seu direito a um lugar ao sol entre os maiores. Alexandre I esmagou Bonaparte; o seu irmão Nicolau I banalizou a derrota na Crimeia e Alexandre II e III, expulsaram os turcos dos Balcãs, conquistaram os confins da Ásia, ameaçaram a hegemonia britânica nas remotas fronteiras do norte da Índia do Raj e estabeleceram firmemente a Rússia no Pacífico. Mesmo derrotado - pela impossibilidade técnica de uma vitória inatingível pela distãncia - na guerra de 1905, Nicolau II salvou a França de infalível colapso no Marne (1914) e uma vez mais, em 1916 - na ofensiva Brussilov, o canto do cisne das vitórias czaristas - , impediu a conclusão da I Guerra Mundial com um total e inequívoco triunfo austro-alemão. O rolo compressor russo, mal vestido, calçado e deficientemente armado, foi por si só, capaz de obstar à vitória dos dois kaisers, oferecendo-a paradoxalmente, aos principais inimigos do seu sistema de organização social do Estado, ou sejam, a França republicana e as plutocracias democráticas-ocidentais.
Eterna adversária dos desígnios expansionistas dos otomanos, os russos foram durante séculos, um dos principais obstáculos à imparável jihad da Sublime Porta, podendo o seu tremendo esforço de contenção, comparar-se à resistência austríaca que logrou - com o auxílio precioso de Jan Sobieski, o Grande -, impedir a invasão da Europa central pelos janízaros do Sultão.
O Congresso de Viena consagrou o estabelecimento da zona de influência russa, que se manteve durante mais de um século desde a Finlândia ex-sueca, à Bessarábia que se subtraiu à soberania de Istambul. No Cáucaso desapareceu o reino georgiano dos Bagration que foi integrado no domínio dos Romanov-Anhalt-Zerbst. Já a alemã Catarina II estendera as fronteiras ao coração da Polónia e às margens do Mar Negro, desenhando a ocidente, aquelas que seriam as fronteiras russas que conhecemos - com algumas oscilações - até 1990-91. A construção do transiberiano diluiu o poder local das tribos e de vagos emiratos ou clãs herdeiros das arcaicas hordas que no seu tempo aterrorizaram a Europa. O comunismo seguiu a tradição e esquecendo os heróis das matanças de Ekaterinburgo e dos kulaks, apelou em 1941-43 à Santa Mãe Rússia e a todos os starets e popes do hagiógrafo ortodoxo. A cruzada vermelha de Estaline chegou a Berlim, devastou a Polónia, Roménia, Hungria e Checoslováquia. Alargou a esfera de interesses de uma Rússia habilidosamente camuflada de União soviética, sob o diáfano manto do "internacionalismo proletário", sofrível disfarce para a realidade da instalação de feudos de tal forma submissos que deles só encontramos paralelo na Idade Média.
Quando da partilha da Reich, Roosevelt não fazia a mais ténue ideia acerca da localização dos territórios da Alemanha oriental, aquiescendo com o seu inimitável sorriso, com a expulsão de milhões dos seus lares ancestrais. Em nome do momentâneo interesse comum, fez tábua rasa daquilo que os europeus sempre consideraram como inevitável princípio da harmonia entre os "grandes", ou seja, a existência de uma zona de segurança que qualquer país do velho continente - consistente pela história e perenidade do seu Estado e fronteiras - jamais deixou de reivindicar. A França tem a sua zona de reserva alemã na Alsácia-Lorena, assim como a Itália a imita no Tirol do Sul. Os espanhóis não prescindem das suas aquisições do século XV, nem a Inglaterra abre mão da Escócia ou da Irlanda do Norte. É a realidade tacitamente reconhecida e habitualmente costumeira. É a normalidade.
Colossal massa continental com fusos horários de igual dimensão imperial, a Rússia possui fronteiras vulneráveis e hoje, mais que nunca, ameaçadas pelos mesmos inimigos do Ocidente. Contando com a fidelidade das comunidades coloniais instaladas na Ásia Central, os russos fazem exercer poderosamente a sua influência e assim continuarão a impôr uma prática já secular. As ilusórias veleidades de infinito alargamento da NATO, consistem num evidente erro, apenas possível pela inconsistência das sucessivas administrações americanas (*) que subjugadas pelos interesses das grandes companhias que ditam os vencedores dos quadrienais escrutínios eleitorais, procuram competir dentro da tradicionalmente considerada "coutada russa", ou melhor dizendo, zona de influência de Moscovo. Podemos mais propriamente considerá-las como zona de segurança, dado o instável e volátil processo de consolidação das novas realidades nacionais decorrentes da implosão do império soviético. A Rússia vê-se hoje ameaçada pelos ímpetos islamitas no seu ventre-mole da Ásia Central e pelos apetites económicos dos novos e muitas vezes desleais parceiros euro-americanos. No entanto, tarde acabaremos por reconhecer que a os russos são nossos aliados de interesses e principalmente, de destino. É este o dilema que se nos coloca de forma clara: ou reconhecemos a importante missão russa naquela área extra-europeia, ou colaboramos de forma suicida no regresso de uma indesejável Guerra Fria, no preciso momento em que os russos querem "viver à europeia". Esta grande nação que gostosamente veste as nossas marcas e lota as nossas estâncias turísticas, revê-se não em qualquer khan, emir ou mandarim, mas sim no legado de herdeira do Império Romano do Oriente, considerando-se como parte de uma grande Europa que começa em Lisboa e termina no Estreito de Bering.
Em 1975, perante um aparvalhado dr. Cunhal, Brezhnev declarou a esse sátrapa pretendente a Honnecker ibérico, que Portugal ..."pertence à NATO e assim deverá continuar a ser"... Uma simples frase que pesou tanto, como a derrota da aventura terceiro-mundista dos paraquedistas vermelhos do 25 de Novembro. Os russos conhecem bem a nossa condição de espaço reservado aos interesses da potência atlântica que são os EUA. Podemos hoje considerar a Geórgia, como uma espécie de "Portugal do Cáucaso". É disso mesmo que se trata. É a realpolitik à qual nos devemos submeter. Questionemos-nos acerca daquilo que Metternich, ou até, D. João II teriam para nos dizer e ensinar. Sabiam mais de política internacional que os senhores Bush ou Saakashvili. Disso não me resta qualquer dúvida.
***
Putin aproveitou maravilhosamente a excelente oportunidade oferecida pela abstrusa posição euro-americana relativa ao Kosovo. Os russos podem hoje utilizar exactamente os mesmos argumentos esgrimidos pelos ocidentais quanto ao direito de auto-determinação, relíquia do soterrado Tratado de Versalhes/14 Pontos de Wilson. Não vale a pena sacrificarmos a tranquilidade de centos de milhões, por causa de uma qualquer República Autónoma da Kretínia-Subcarpática, ou de um hipotético ex-Grão Ducado de Shittberg.
*Apesar de todas as iniquidades cometidas contra Portugal (1941-74), continuo pró-americano. Não há alternativa.
Quando a diplomacia pública funciona melhor e os jovens dão uma lição aos mais velhos, nomeadamente através dos seminários, conferências e eventos que têm juntado nacionais dos estados membros da NATO para além de Parceiros para a Paz, sob a égide da Atlantic Treaty Association e da Youth Atlantic Treaty Association (o negrito é meu):
The International Board of the Youth Atlantic Treaty Association is gravely concerned about the current situation in the Caucasus. Together with our friends in the region, we grieve for the victims of this avoidable conflict and strongly urge the importance of peaceful relations in the region. The ongoing conflict illustrates the futility of unilateral and illegal force as a means to resolve conflict and is fundamentally contrary to universal respect of human rights embraced by the Atlantic Community and international legal norms.
The territorial sovereignty of each nation must universally respected, as a principle of the United Nations Charter in accordance with international law. Respect for minorities, human rights, and pluralism are the core of a stable and democratic country and paramount values of the Atlantic Community. We call all those that are fighting to refrain from the needless killing and to engage in an extensive dialogue with their counterparts to overcome mistrust, anger and the mutually defeating accusations that have lead to the current violence.
Even in the present situation, the youth of Georgia, South and North Ossetia, Abkahzia and Russia, have shown their unwavering commitment to peace through dialogue, to halth the deadly use of force by the parties involved. The YATA Board urges these young leaders to take on this challenge with patience and passion, to ensure that a democratic and stable future can be secured in the region.
YATA reafirms its steadfast commitment to stability, dialogue, and the protection of human rights, especially when they are threthened by fruitless violence. We will do everything is in our hands to help our fellow young leaders to convince current leaders and national communities that differences must be overcome through dialogue and trust, not fighting and killing.
In the spirit of the YATA family and in sympathy and friendship with our young partners in the Caucasus who wish to live in a peaceful and democratic country, we call on their leaders to respect the will and values of the people whose future they are fighting for, to cease their actions and to work with the international community and international institutions to seek a long-term peace.
The YATA Board
Se conseguimos que os jovens líderes de diferentes países e regiões com disputas e conflitos históricos consigam alcançar posições comuns assentes em valores partilhados por todos é porque andamos a fazer algum coisa de jeito. Talvez um dia ainda se prove que a teoria de que os que não experienciaram o fenómeno da guerra mais facilmente recorrerão a esse instrumento não é assim tão verdadeira quanto isso.
Há 2 anos atrás participei no seminário da Juventude Dinamarquesa do Atlântico, do qual se tornou uma constante a simulação de uma situação de crise. No caso, desde há 3 ou 4 anos a esta parte que a situação se repete, nomeadamente uma crise generalizada no Caúcaso, mais especificamente na Abkhazia, na Ossétia do Sul, na Tchetchénia e em Nagorno-Karabakh. Em 2006 coube-me o papel de Presidente da Federação Russa. É fácil prever o resultado. Para a região enviámos um enorme dispositivo militar. Rejeitei qualquer negociação com a NATO ou os Estados Unidos com o simples argumento de que aquela é uma área de tradicional influência russa na senda de que também a América Latina o é para os norte-americanos e os russos não se intrometem. Enquanto isso, o meu colega de equipa delegado ao Conselho de Segurança tratou de vetar qualquer avanço de forças internacionais especialmente impulsionado pelos norte-americanos. Quanto à União Europeia ficámo-nos por um acordo de apoio dos europeus à reconstrução no pós-estabilização da região. Há qualquer coisa de déjà vu e de surreal na situação actual...
Entretanto parece-me evidente que os norte-americanos (especialmente George Bush e a sua ânsia expansionista) e os europeus são os grandes culpados pelos maus lençóis em que se encontram os georgianos, que provavelmente não estavam a contar com tamanha passividade dos seus alegados aliados, assim ficando demonstrada alguma ingenuidade por parte de Saakashvili. Imaginem agora se a Geórgia já fizesse parte da NATO, com um tal ataque naturalmente invocaria o Art.º 5.º e lá iríamos todos contentes entrar em guerra com a Rússia.
Anda a faltar bom senso a muita gente e pelo menos aplicar qualquer coisa das lições de História e de Geopolítica para colocarem finalmente na cabeça que a Rússia será sempre um portento internacional, a sua própria dimensão é a causa da sua propensão para o controlo dos territórios próximos das suas fronteiras, e por mais amanhãs que cantem e profetizem o declínio russo, é uma daquelas nações que rapidamente recuperará o status quo, à semelhança dos alemães. Entretanto ainda há quem continue a achar que podemos alargar a NATO indefinidamente para a Ucrânia e Geórgia. Parece-me evidente que tal só será possível se a própria Rússia fizesse parte da Aliança Atlântica, o que não se me afigura como viável no curto ou médio prazo, e mesmo a longo prazo tenho dúvidas.
Porém, ainda que seja engraçado estudar e ler sobre este tipo de coisas e sobre fenómenos como a guerra, essa ganha contornos estranhos e perde-se qualquer tipo de racionalidade quando uma amiga em contacto com uma georgiana que conhecemos este ano (ainda no sábado estava em Portugal), me diz que ela acabou de ficar sem net logo após ter dito que estava algo a sobrevoar-lhe a casa, isto em Tbilisi....
A BBC tem feito um resumo factual dos acontecimentos dia por dia.
O António de Almeida tem escrito o que de melhor tenho encontrado na blogosfera, isto é, ao encontro daquilo que eu próprio penso. Ver a série Hipocrisia Internacional I, II, III e IV.