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(imagem picada daqui)
O argumento de que se estão a salvar postos de trabalho pode parecer convincente à primeira vista. Mas parece-me que o Maradona está de facto cheio de razão (via O Insurgente):
"O João Miranda tem razão nesta merda. Não há nada que justifique os estados se porem por aí a evitar a falência de empresas industriais (os bancos e o caralho é capaz de ser diferente, mas não sei explicar porquê). Por motivos lúdicos sempre acompanhei de longe as opções estratégicas da industria automóvel, e a verdade é que a General Motors, para além de fazer carros de merda, sempre apostou no desenvolvimento de produtos para pretos que cantam rap ou brancos que vão caçar ursos polares. Era óbvio que eles andavam a navegar numa onda momentanea, e que o futuro estaria nas opções da Toyota, da Honda e, sim, da Ford (a Ford faz bons carros). A ideia, para mim estúpida, mas que é, essencialmente, nacionalista e anti-globalizante, de que salvar a GM com dinheiro público se justifica porque se estão a salvar postos de trabalho, esquece não só que os lugarzinhos que se salva em Detroit são lugares que não serão criados noutros pontos do globo, mas, principalmente, que se está a premear a incompetência e a punir quem foi mais inteligente. Esta merda é tão simples quanto parece. É mesmo uma das poucas questões em que se pode ser simplista sem faltar à nuance. A GM está na falência porque faz maus carros, carros que as pessoas não querem. Uma coisa é gastar dinheiro dos contribuintes a salvar da miséria e da humilhação as pessoas com menos soluções próprias para se manter com dignidade a si e aos seus, outra, protuberantemente diferente, é gasta-lo para que se continue a produzir cacos de metal inuteis. Se querem dar esmolas, que o façam às claras."
E ainda o Tiago Moreira Ramalho:
"Depois das maroscas de criar instituições financeiras quase fictícias para poder obter ajudas estatais, a General Motors anuncia a sua falência. Não vou gritar vitória, porque não se trata de uma vitória. Há milhões de pessoas que irão ficar no desemprego e numa fase complicada do ciclo económico.
No entanto, é de esperar, que desespero!, que quem defendeu a torto e a direito o esbanjamento do dinheiro dos contribuintes perceba agora que isso é adiar o inevitável. Nos EUA foram as ajudas ao sector automóvel que se resultaram falhadas. Cá, mais perto, foram as ajudas à Qimonda que não evitaram nada. Percebam: se uma empresa está prestes a falir, não é por lhe atirarmos dinheiro dos impostos que ela vai sobreviver. Muito, muito dinheiro foi deitado ao lixo.
Agora, intervencionistas de todo o mundo, só vos resta a união. A união que permita, mais uma vez, branquear os efeitos das ideias que defendem. Não custa nada. Já têm um calo do tamanho do século XX."
Não venham dizer que a culpa é do tão falado neo-liberalismo. Não se vê nenhum liberal a advogar nacionalizações. As falências são formas de correcção e auto-regulação dos próprios mercados. Se querem ajudar os trabalhadores apanhados no momento negativo do ciclo económico então dêem o dinheiro directamente a estes por via de programas de apoio social. Aliás, o liberalismo na sua génese continha como grande princípio a ideia de caridade e solidariedade, conceitos que as sociedades modernas desvirtuaram e que se tornaram de certa forma pejorativos - infelizmente. Agora não desculpem as asneiras de gestores e administradores premiando-os com a manutenção artificial das empresas que já não têm viabilidade e para cima das quais se lançaram milhões de dólares dos contribuintes que para pouco ou nada serviram, com a simples justificação de que é para manter os postos de trabalho. Qual é a parte da ideia de "inútil distorção de mercado" que os senhores intervencionistas ainda não perceberam?
Leitura complementar:
GM's Bakruptcy Ends an Assisted Corporate Suicide