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Em 1982, numa das rotineiras conferências organizadas na antiga sede do PPM na Rua da Escola Politécnica, Gonçalo Ribeiro Telles traçou o quadro geral dos problemas da Lisboa de então, não deixando de prever milimetricamente tudo o que aconteceria num futuro não muito distante. Além do pesadelo betoneiro que grassava a toda a força sob a égide do Sr. Abecasis - o tal prestidigitador que destruiu o Monumental alegando a excessiva volumetria - , GRT apontava para o descalabro na parte Baixa da capital, no preciso momento em que eram conhecidos os projectos de construção de mastodontes como o edifício Libersil e vizinhos Mapfre, entre outros. Parques de estacionamento nos subterrâneos, o desleixo a que estavam votados bueiros e colectores, a imperiosa necessidade da articulação geral da rede de esgotos e o extremo cuidado a ter com as águas subterrâneas - a esquadra que tomou a cidade, aportou no actual Martim Moniz - , aconselhavam uma abordagem muito diversa da total incúria a que a partidocracia - a de clube único e aquela que se seguiu e bem conhecemos - votara a cidade nas últimas décadas.
- "Esta obra terá mesmo de ser feita. É cara, muito morosa, impopular e sobretudo, não rende votos".
Telles tudo previu. Sabia o que era urgente e quais os escolhos intransponíveis. Em suma, dada a situação vigente, nada há a fazer.
A expressão sacudir a água do capote assenta que nem uma luva. António Costa demonstra mais uma vez que não tem o que é preciso para governar um país:"foi mais o susto que o prejuízo" (?). Não sei há quantos anos este político lidera os destinos da cidade, nem sei há quantas décadas anda o Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles a se bater pelas causas da eco-sustentabilidade de Lisboa, mas António Costa nem sequer é capaz de limpar as sarjetas e os sistemas de drenagem de águas. E se um sismo de grandes proporções ocorrer, is Costa our man? Não me parece. Onde esteve António Costa quando os rápidos desceram pela Av. da Liberdade? Não o vi de galochas ao lado dos senhores da protecção civil. Não o vi mais ou menos molhado. Ah, já percebi. Se aparecesse em cena seria logo acusado de estar em campanha, de se aproveitar despudoradamente do evento para granjear uma opinião favorável junto dos simpatizantes. Mas não é disso que se trata. Trata-se simplesmente de estar no exercício das suas funções. De fazer o que lhe compete. Em vez disso, apresenta-nos um paleio empírico de águas em abundância, surpresas e sustos. A água que certamente irá regressar a Lisboa para apanhar desprevenidos outros autarcas, levanta a eterna questão, permanente: de que modo a cidade de Lisboa tem vindo a redesenhar a estrutura sobre a qual assenta o seu futuro? Em plena festa de protesto climático em todo o mundo, Lisboa levou um aviso sério, mas os mesmos desafios que puseram os lisboetas com água pelos joelhos, são transversais à integridade do país, à sua totalidade. Seguro que também quer mandar, também não soube aproveitar a deixa. Viram-no de galochas a armar-se em bombeiro? Não vi nada. Em 1927, o Estado do Lousiana, EUA foi devassado pelas cheias que se viriam a tornar épicas. O então presidente Coolidge acorreu logo ao local para emprestar a sua aura de lider e dar confiança aos cidadãos. É óbvio que o que aconteceu ontem não se pode comparar com a catástrofe da cidade de Evangeline, mas o chefe Costa não cumpriu os requisitos mínimos. Se acontecer algo realmente devastador nesta cidade, pelo menos sabemos com o que não contamos. Não contamos com presidentes de câmara capazes de pensar nas questões de fundo subjacentes ao governo de uma cidade ribeirinha. E diz ele que quer ampliar os resultados da gestão de Lisboa ao resto do país. Ao que restar dele.
...bem podia ter-se poupado ao frete de pensar, pois deveria ter recorrido a uns tantos textos escritos pelo Arq. Gonçalo Ribeiro Telles há mais de quarenta ou cinquenta anos.
Ah!, a pólvora também já foi descoberta há muito tempo.
Tal como Gonçalo Ribeiro Teles vem alertando desde há meio século, a "floresta portuguesa" tornou-se numa grande plantação com fins estritamente comerciais. O resultado é bem visível, sucedendo-se quilómetros de pinheiros, logo seguidos por outros tantos quilómetros e mais quilómetros de eucaliptos. A biodiversidade é coisa do passado e os problemas decorrentes da sua falta afecta a vida animal, a produção agrícola, a ocupação humana do território, a gestão dos recursos hídricos e os solos. Não parece haver solução à vista, pois os interesses mercantis sobrepõem-se a tudo o mais. Este é um assunto inseparável do reordenamento do território, da política agrícola e da urgente reforma autárquica.
Imagens exclusivas ESTADO SENTIDO. Direitos reservados Pedro Quartin Graça
Foi esta manhã, um dia de muita chuva, que teve lugar a inauguração do Corredor Verde de Monsanto, ideia de há décadas de Gonçalo Ribeiro Telles, finalmente concretizada pelo executivo de António Costa, pela mão de José Sá Fernandes. Lisboa e os "alfacinhas" ficaram imensamente mais "ricos".
No próximo dia 14 de dezembro, o arq.º Gonçalo Ribeiro Telles será homenageado em Lisboa no decorrer de um jantar cuja iniciativa conjunta pertence ao IDP - Instituto da Democracia Portuguesa e à Liga Portuguesa dos Direitos Humanos - CIVITAS.
Durante esta cerimónia o arqº Ribeiro Telles fará uma intervenção pública, a propósito das alterações introduzidas na delimitação da REN - Reserva Ecológica Nacional. A visada é a actual Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, dr.ª Assunção Cristas, uma vez que a posição de Ribeiro Telles é muito critica face à extinção desta reserva, da qual foi fundador, enquanto Ministro de Estado e da Qualidade de Vida, na década de 1980.
Para Gonçalo Ribeiro Telles esta medida é também uma investida contra a RAN - Reserva Agrícola Nacional que, à semelhança da REN, visa impedir a proliferação aleatória e desenfreada da construção. Os tumores urbanos contribuem para a descaracterização do território e o desaparecimento das aldeias, em nome de interesses obscuros.
Este evento tem como objectivo o justo reconhecimento do contributo e legado do arqº Ribeiro Telles para a sociedade portuguesa, contará com a presença de cerca de uma centena de representantes de quadrantes da sociedade portuguesa. Todos prestarão a merecida homenagem a este ilustre cidadão, que ao longo dos seus já 90 anos de vida teve uma intervenção cívica activa.
Os organizadores também desejam que este seja um momento que faça jus ao caráter interventivo de Ribeiro Telles, dando-lhe oportunidade de defender publicamente a obra agora em risco às mãos do actual Governo.
O IDP
O IDP é uma associação cívica, independente, fundada em 2007, que tem por vocação a intervenção cívica e a promoção de um debate construtivo e apartidário sobre os desafios que se colocam à sociedade portuguesa.
A sua primeira finalidade é o aprofundamento da Democracia em Portugal como Estado independente no âmbito da União Europeia. O IDP surge como organização da sociedade civil que congrega pessoas independentes e pessoas com filiação em partidos de todo o espectro político. O IDP promove eventos de várias ordens, numa tentativa de permitir que a sociedade civil tenha uma voz audível na resolução das grandes questões nacionais.
www.democraciaportuguesa.org| email: idportugal@gmail.com
Para mais informações contactar: Tlm. 917 785 201
Instituto da Democracia Portuguesa
NIB : 0035 0001 0003 1560 4303 6
Leia a entrevista na íntegra no site da Real Associação de Lisboa:
"Expresso - Sendo uma instituição do Estado, a fundação deve aproximar-se da família Bragança?
Gonçalo Ribeiro Telles - Fundamental! Até pelo respeito que lodos nós devemos à família Bragança. Mesmo os republicanos! Desde o problema da independência nacional, até ao problema da liberalização da sociedade portuguesa, deve muito à dinastia de Bragança. O reconhecimento desta actual dinastia como património de todos nós é importante. Tenho a certeza absoluta de que o próximo presidente da fundação o vai fazer."
Gonçalo Ribeiro Telles, subscritor do MANIFESTO "INSTAURAR A DEMOCRACIA, RESTAURAR A MONARQUIA", partir de 10´10 e depois no minuto 16´20
HOMENAGEM A GONÇALO RIBEIRO TELLES
A Fundação Calouste Gulbenkian e o Centro Nacional de Cultura vão organizar no próximo dia 6 de Dezembro uma sessão de homenagem e reflexão dedicada ao Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles.
ORGANIZAÇÃO
AURORA CARAPINHA
ENTRADA LIVRE
6 DE DEZEMBRO DE 2011
FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN • AUDITÓRIO 2
09h30
Abertura
Guilherme d’Oliveira Martins
Presidente do Centro Nacional de Cultura
Emílio Rui Vilar
Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian
10h00
O HOMEM
António Barreto • Eduardo Lourenço
Guilherme d’Oliveira Martins
11h15
Pausa café
11h35
O POLÍTICO
Augusto Ferreira do Amaral • Luís Coimbra
Diogo Freitas do Amaral
13h00
Intervalo para almoço
14h30
O PROFESSOR
Carlos Braumann • Aurora Carapinha
Ário Lobo de Azevedo
15h30
Pausa café
15h50
O VISIONÁRIO
Manuela Raposo Magalhães
Nuno Portas • Margarida Cancela d’Abreu
Viriato Soromenho Marques
17h10
Depoimentos
Dom Duarte de Bragança • Miguel Sousa Tavares*
Pedro Roseta • Maria Calado • Alberto Vaz da Silva
17h45
Apresentação da Fotobiografia
de Gonçalo Ribeiro Telles (Ed. ARGUMENTUM)
Fernando Pessoa • Alexandre Cancela d’Abreu
18h00
Encerramento
Mário Soares • Gonçalo Ribeiro Telles
*A CONFIRMAR
Durante anos chamaram-lhe louco. Lunático era o mínimo com que Gonçalo Ribeiro Telles e todos os que, com ele, defendiam publicamente um conjunto de ideias "estranhas", eram mimoseados. Eram os tempos do capitalismo popular, esse tempo de falsas "vacas gordas" e época de erros crassos que tanto deve ao actual Presidente da República. Agora a crise, há décadas por ele antecipada, dá-lhe total razão. Quanto não se teria poupado ao País e aos Portugueses se o tivessem ouvido, se a "intelligzenca" nacional tivesse feito 1/10 daquilo que tem vindo a defender? Se se não tivesse destruído os melhores terrenos agrícolas, desmantelado os melhores barcos, se se tivesse apetrechado o país de bons comboios e de um ambiente saudável num país com um bom ordenamento do território e sem abandono do seu interior? Se, no fundo, se tivesse poupado a Pátria a uma série de dislates em nome de um falso progresso?
Agora todos choram. Há erros que se pagam muito caro. O tempo nunca volta para trás.
*Frase atribuída a Cícero