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Ler o João Gonçalves (a quem roubei a foto acima):
"Por essa altura, Vidal dizia que nunca tinha tido «uma opinião excessivamente elevada do mundo» porque precisamente «o mundo não fez nada para mudar.» E num conto foi mais explícito. «As pessoas mudaram; tornaram-se hostis ou, no limite, perigosamente impessoais. Dou-me conta que talvez tenha mudado de tal forma que as vejo tal qual elas são, tal qual elas sempre foram. No entanto, é possível que aquilo em que reparei mais cedo fosse a realidade, e que aquilo que observo agora seja uma distorção inteiramente privada dessa realidade embora, e de qualquer maneira, veja o que vejo: hostilidade e perigo. Tenho consciência que a minha posição é exagerada e que há gente inócua no mundo e, bem mais importante do que isso, muitos idiotas.»"
"Morreu, talvez, o último grande vulto literário de um tempo em que os homens de letras eram instituições montadas sobre duas pernas. Uma vida inteiramente dedicada à arte e à escrita não é coisa de somenos; para mais, a obra e o homem jamais se renderam às tolas convenções morais, políticas e económicas da classe anti-cultura por natureza - a burguesia - e disse sempre aquilo que dele não se esperava. A grande glória de Gore foi, também, a de se manter em olímpica grandeza solitária, com toque de desdém aristocrático perante um mundo povoado por formigas."