Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Os socialistas, bloquistas e comunistas não pouparam o governo anterior, acusando o mesmo de estar a matar os portugueses. Mas a geringonça parece querer ir mais longe. Promete conceder uma morte lenta aos utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS). António Costa bem pode carregar em ombros o pai do SNS, mas será a própria ideologia de Estado-monopolista a arma escolhida para desferir o golpe misericordioso nos doentes de Portugal. Na mesma linha de pensamento tosco sobre a exclusividade da escola pública, deparamo-nos com uma situação mais dramática, um enredo de vida ou morte. Por alguma razão, ao longo das últimas décadas, o sector privado de saúde serviu para colmatar as lacunas e insuficiências do SNS. O que mudou do dia para a noite? De repente, a toque de caixa, o SNS vai ter capacidade para atender às imensas filas de espera de pacientes? Tudo isto soa a teimosia ideológica. Mas há semelhanças com o que se passa no sector do ensino - o professor de Faro colocado à última hora em Bragança (?). Assim sucederá como o doente oncológico de Cuba (Alentejo) que terá de fazer malas para ser operado nos Açores. Dizem eles, com os três dedos em cada mão, que o SNS tem capacidade para servir os utentes. Eu sei o que querem fazer. Querem amputar as despesas com saúde, mas dando a volta ao texto, para que pareça o elogio da causa pública, do interesse nacional. Treta. Um governo incapaz de gerar dinâmica na economia apenas pode fazer uma coisa - cortar a torto e a direito. Os senhores-funcionários-públicos-médicos-cirurgiões que se preparem. Vão ter sessões contínuas. Mas podem dormir nos corredores dos hospitais se encontrarem uma maca.
Nunca o mercado de trabalho esteve tão agitado. De um lado temos quem procure emprego a todo o custo. Pelo menos três candidatos não passaram na primeira fase de selecção e agora insurgem-se contra o examinador, mas não declaram que queiram repetir a prova - não vale a pena, não estão preparados. Esses discentes tentam agora, em conluio, ser seleccionados. Juntos dizem ser capazes de responder às perguntas do teste. Foram às entrevistas preliminares e agora vão montar um arraial na sala de aula. Juntos passam, dizem eles. Juntos têm a inteligência necessária. Somados são um Q.I. impressionante. Mas isso não chega e nem se entendem a rabiscar umas cábulas. E fica provado que os dotes e as faculdades matemáticas não são suficientes para se ser intelectualmente honesto. O governo de coligação sabe que não pode prometer o que o Partido Socialista e os seus amigos de Alex andam a jurar a pés juntos. A pergunta que deve ser colocada aos Portugueses: preferem a realidade dura e crua da necessidade de continuar a fazer um esforço em nome da salvação nacional, ou preferem um (des)conto de fadas polvilhado com fantasias de carteira recheada? Parece-me a mim que a época da fé cega acabou. O sacrifício dos cidadãos deste país não deve ser desbaratado. Se analisarmos com atenção as implicações monetárias do sonho da liga de Esquerda, facilmente chegamos à conclusão que quem tem mais a lucrar com a "ficção monetária" são os bancos, as mesmas instituições financeiras que estão na génese do descalabro económico e financeiro da Europa dos nossos tempos. As mãos largas dos socialistas e das suas filiais significa que será no mercado aberto dos "empréstimos a prazo" que se irão financiar para dar a volta ao texto e ganhar a simpatia dos portugueses. Não há nada de ideológico nesta conta de merceeiro. Se a casa não tem dinheiro em caixa, terá, indubitavelmente, de pedir a quem tenha. As taxas de juro, que têm sido ignoradas durante este período de "nem há acordo nem a gente almoça", voltarão à carga negativa da sua expressão assim que o golpe palaciano for levado a cabo por António Costa e os seus novos camaradas. Quando isso acontecer quero ver como justificam a sua tese moral, a sua matriz de partido que entende os anseios da população. Nada disto pode ser convertido em fichas de interrupção voluntária da gravidez e outros fait-diver fora de época. Temo por Portugal. O esforço hercúleo corre o risco de se esvair por uma albufeira qualquer.
António Costa é o género de pessoa que passa à frente na fila de supermercado, o condutor que ultrapassa pela direita e segue pela faixa de emergência fazendo passar por idiotas os seus compatriotas que aguardam pacientemente, o indivíduo que compra um aparelho numa grande superficie com a clara intenção de o usar e devolver ainda dentro da garantia alegando defeito de funcionamento, o patrão que despede o subalterno por este ser mais competente, o jogador de futebol que simula faltas na grande área ou o dono do restaurante que mistura os lotes de café para fazer render o peixe. Enfim, um carácter duvidoso, mas pouco hábil na arte da dissimulação para obter possíveis vantagens - estamos todos a ver o filme. Está o país a arder e todos os bombeiros são chamados à liça, mas António Costa prefere jogar ao rato e gato com mais do que dois tabuleiros em simultâneo. Enquanto os portugueses aguardam um desfecho, mesmo que temporário, o secretário-geral do Partido Socialista (PS) negoceia às escondidas com diversas partes. Deste modo temos um Costa para o governo de coligação, um Costa para o Bloco de Esquerda, um Costa para a Coligação Democrática Unitária, um Costa para o Parlamento, um Costa para alguns socialistas, mas nunca um Costa para os portugueses e para Portugal. António Costa é a maior decepção que o PS poderia ter. E este género de traição extravasa o âmbito do seu partido. Mina a confiança que não lhe pertence, mas que tão efusivamente declamou. Este embuste tem implicações sérias e duradouras. Não é algo que se varra do espectro do imaginário político com a dissolução de um eventual governo de coligação e a convocação de novas eleições. António Costa e o PS serão vítimas da sua prática, dos valores nucleares que parecem ter sido instituídos no Largo do Rato. Ninguém pode ser tido nem achado enquanto responsável pelo descalabro socialista que parece cada vez menos inevitável. António Costa está a assinar a sua própria sentença. Estou seguro que Cavaco irá dissolver o governo de António Costa que já tomou posse de todo o espaço de bom-senso e razoabilidade.