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Estava inclinado para escrever sobre o mais recente desabafo (recado?) de Cavaco Silva que partilhou uma parte do seu currículo, referindo que também tem experiência profissional na liderança de governos de gestão e que se recorda bem desse serviço político. Não é preciso ser grande decifrador para perceber que pelos vistos António Costa deve ficar apeado. O presidente da república tem todo o tempo do mundo para receber em audiência quem bem entender. Mas não está sozinho nessa corrida. O líder socialista António Costa reuniu-se com a malta dos bancos ainda antes de Cavaco Silva, para ver se lhes consegue prometer condições mais vantajosas do que aquelas oferecidas pelo governo de coligação. Não há mal algum nestas movimentações. O que acho questionável é António Costa ter reunido com os banqueiros no Hotel Ritz. Não sei quem pagou a conta (Sei, sei. Fomos nós), mas teria sido mais simpático se a reunião tivesse ocorrido num local menos faustoso. Das duas uma: ou não foi António Costa que escolheu o local do encontro ou António Costa não teve pulso para propor outra residencial - o Ibis não teria sido mal pensado. Poderia servir para contrariar a ideia de que os socialistas são despesistas. Ah! Agora entendo a frase: o encontro não estava incluído na agenda oficial de António Costa. Mau! Então, foi um convívio de amigos, com fados e tudo? Sem conversa entediante? Temas políticos, por exemplo? António Costa ainda nem sequer começou o que quer que seja, mas parece estar a replicar o seu amigo esquecido José Sócrates. Não sei, não. Pouca sorte tem tido António Costa com esta história de Paris. Aquela tragédia fez com que Cavaco Silva fosse ainda mais ponderado. Foi à Madeira e tudo. Ritz-te, Ritz-te!
A partir de hoje, quando fizerem menção ao "acordo", queiram especificar a qual deles se referem. Teremos vários, pelos vistos. António Costa inaugura uma nova modalidade de buffet político - pica aqui, come acolá, mas é incapaz de apresentar o menu completo. Mais valia ficarem quietos. A grande conquista de Catarina Martins: aumento de pensões na ordem dos 0,3%! Vou repetir: z-e-r-o-vírgula-t-r-ê-s-porcento! Tanta prosápia para parir uma vantagem desta dimensão. Está mais que visto que não teremos um documento único de entendimento político - quase que se poderia prever. Foi só espectáculo para distrair. Raramente chefes de pequenos quintais conseguem partilhar o mesmo grelhador. As sebes tapam a vista. Ninguém quer abdicar dos seus valores sagrados, do seu património ideológico - muito melhor do que os restantes. Acho muito bem que o governo de coligação não entregue a casa a estes desavindos. Que venha de lá um governo de gestão, a prazo, até as próximas eleições. Depois veremos como elas são. Se o Partido Socialista, o Bloco de Esquerda e a Coligação Democrática Unitária formam um PàE - um Portugal à Esquerda para ir a votos. Veremos o que sai dessa Bimbi. Uma matéria consistente para ser apreciada pelos epicuristas políticos, pelos ferrenhos agarrados ao favor partidário lá na autarquia, pelos directores que colocaram os seus filhos nos quadros de cor favorável. Vamos ter uma palette muito interessante. Bloquistas quase socialistas, mas nem por isso. Socialistas confundidos com comunistas e cunhalistas que mais parecem capitalistas. Portugal está cada vez mais interessante - a cada novo acordo.