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Aeroporto Caixa Geral de Depósitos

por John Wolf, em 20.02.17

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São contas relativamente simples que fazem descambar as fantasias financeiras de Centeno. Basta o dólar americano (USD) continuar a sua tendência de valorização para os défices e afins saírem furados. O crude e seus derivados são negociados em USD, pelo que o governo de Portugal ver-se-á numa situação precária para fazer face à sua conta energética. E quem paga? O mesmo de sempre, seja qual for o esquema de baixa aqui sobe acolá dos impostos. É o mexilhão da furgoneta que tem de atestar o veículo - é esse que paga. O aumento da gasolina coincide com outras avenças políticas. Já bastava o caldo entornado da Caixa Geral de Depósitos, para agora ressuscitarem o Novo Banco para semelhante caldeirada de gestão da coisa pública ou não. O Partido Comunista Português, se mandasse mais, punha tudo na esfera pública, nesse cristal de transparência administrativa, nesse aparelho onde os pecados não se conhecem, nessas máquinas que só conhecem terminações negativas, tristes. Veja-se o belo exemplo da Venezuela, destino de experiências falhadas e teimosia ideológica - aquele país acabou. A dieta socialista não mói, mata lentamente. Mas há mais na ementa de hoje. A Grécia de Tsipras. A Grécia da austeridade assassina. A Grécia da subjugação da União Europeia. Afinal os helénicos precisam de bem menos fundos do que inicialmente apregoavam. Será que a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional também se deixaram levar pela tendência de moda do Fake News? Com tanta verdade a disparar em todas as direcções, começo a acreditar na palavra curta da geringonça. Portugal daqui a nada tem uma taxa de desemprego negativa. Os tais zeros à esquerda de que ouvimos falar quando éramos crianças ingénuas. Já agora, com tanta abundância de crânios públicos e cérebros políticos, que tal propor a fusão de tudo? A CGD, o Novo Banco e o Aeroporto Soares. Desse modo, quando estoirar tudo, rebenta de uma só vez. E poupam-se umas quantas responsabilidades e comissões de inquérito.

publicado às 17:46

O lápis azul do Orçamento de Estado

por John Wolf, em 25.10.16

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Desde quando é que o Partido Socialista decide o que é útil e o que é fútil? Os alegados pais da democracia libertária de Abril não querem mostrar as cartas do seu jogo. Recusam mostrar as estimativas de execução orçamental por entenderem que estas podem denunciar de morte as suas opções administrativas. Não era este o governo-maravilha que tinha um plano quinquenal ao quadrado, uma visão para a década? O checks and balances na sua plenitude também implica a total transparência dos números do Estado. O modesto cidadão comum não tem o direito de saber de que modo o seu dinheiro é gerido? Será que Portugal está a inverter a sua abertura de espírito e a tender para regimes políticos questionáveis? Mas esta história leva água no bico. Se a geringonça pretende esconder um mais que provável descalabro, não tem nada a temer. A Grécia acaba de ver aprovado mais um pacote adocicado de ajuda. Mas Ilusão e decepção parece ser o modo operativo. Querem convencer-me que não fizeram o due diligence  adequado (expressão cara, esta) em relação ao adjunto de António Costa. A saga dos engenheiros da tanga parece não ter fim para os lados do Rato. Mas não nos afastemos do essencial. O Orçamento de Estado, na versão lápis azul da geringonça, pretende escamotear a verdade. E a verdade é a seguinte: os impostos sobem em toda a linha. Mas não convém que se saiba.

publicado às 09:33

A migração ideológica da Europa

por John Wolf, em 24.05.16

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Desejava deixar a poeira assentar, mas os eventos que assolam a Europa ultrapassam a falsa expectativa de um status quo. Encontramo-nos na torrente de transformação, na tempestade que se multiplica por maiores ou menores remoinhos, a Leste e a Oeste. Em política não existem coincidências. Existe um alinhamento que extravasa análises retrospectivas, depois do sucedido. Por exemplo; a efectivação da decisão tomada pelas autoridades gregas para remover migrantes do campo de refugiados Idomeni, acontece apenas após o desfecho das eleições presidenciais na Áustria. E porquê? Porque se Hofer tivesse ganho as eleições, os gregos certamente que não avançariam com a remoção autoritária dos refugiados. Seriam imediatamente equiparados a  outros quadrantes ideológicos (distantes mas próximos) - à extrema-direita. Ou seja, deste modo a acção dos gregos passa despercebida. Não causa grande alarido ideológico. Afinal trata-se da Esquerda que não se deixa contaminar por desfalecimentos éticos, pelo uso da força - a troco de dinheiro fresco? Este encadeamento de ideias não é de todo rebuscado. É assim que funciona a política que não distingue as dimensões domésticas e internacionais, a oportunidade do calendário apertado. É isso que se está a passar na Europa - um mecanismo de trocas convenientes no contexto de uma União Europeia cada vez mais falha no que diz respeito aos seus princípios constitutivos. Os nacionalismos assumem-se porque já não se consegue realizar a destrinça dos desafios. Enquanto que em Portugal a ideologia divide privados de públicos, estivadores de patrões, em França, a ferida aberta causa mossa directa no motor económico. A greve das refinarias já se espalhou à quase totalidade do país. O que pretendem? Inflacionar repentinamente o preço do crude nos mercados internacionais? Gostava de saber qual o impacto (positivo) que estes acontecimentos terão nas operações da gigante petrolífera francesa Total, e aqui, na vacaria instalada no burgo por Costa e Centeno que delira com a recuperação plena e faustosa. Francamente. As verrugas já estão plantadas no panorama. Agora é só ligar os pontos. Negros.

publicado às 14:18

Gravatas e o melhor amigo de Costa

por John Wolf, em 12.04.16

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Queria começar com a gravata perdida do ministro que passou revista aos militares, mas tropecei nesta outra modalidade de descontração. António Costa contrata amigo a preço simbólico? Se isto não configura tráfico de influências, favorecimento e dumpingSócrates também não é amigo de Dilma. Portugal continua igual a si: o país das amizades, das borlas, dos favores, do fico a dever-te qualquer coisa, do depois acertamos contas. Enfim, a falência ética em todo o seu esplendor de quem não pode merecer o respeito do povo de Portugal. Quanto à gravata e o nó que deixa na garganta. Estamos a falar da instituição que assegura a defesa de um país. Estamos a falar das forças armadas que alicerçam a sua escola na disciplina, no rigor e nas hierarquias de comando. Estamos a falar num código de conduta que corresponde a uma tradição que não pode ser enxovalhada. O exemplo do chefe deve ser descartado sem demoras. Mina uma gama alargada de princípios que orienta a instituição militar. A gravata, assim como o contrato que Costa firmou com o seu melhor amigo, devem ser do género pro bono. De graça, sem ter piada alguma. Mas por alguma razão estamos a registar cada vez mais deserções. As chefias militares estão abandonar a geringonça. E não tarda muito, quando as ilusões caírem por terra, a Catarina Martins também abandonará o cangalho. O que julgam que significou a viagem de 24 horas de António Costa à Grécia para posar com Alexis Tsipras? Foi precisamente para defender o interesse nacional. O interesse nacional dos acordos com o BE e PCP atados com cordel feito num desenlace que ainda  vai engravatar todos os portugueses.

publicado às 09:12

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Mário Centeno pode ter andado em Harvard, mas parece confundir análise fundamental (que uma economia exige), com análise técnica (de que os especuladores se servem). Ou seja, produz estimativas respeitantes ao Produto Interno Bruto (PIB), mas utiliza factores de cálculo que se alimentam da volatilidade na sua forma mais crua. Quando um trader aposta na continuidade do trend de um título, geralmente o mercado passa uma rasteira e inverte. Nem é preciso ser um técnico de primeira para saber ler indicadores básicos. O Relative Strength Index (RSI) é um indicador mais que suficiente para determinar o nível de overbought ou oversold de qualquer posição ou título. O actual governo de Portugal assume, de um modo descarado, um cenário continuado de preços baixos do crude, quando sabemos, olhando para os gráficos, que a inversão estará para breve. E não será suave. Os últimos anos de recessão a nível mundial determinaram um abrandamento acentuado dos níveis de investimento em infraestruturas de prospecção e extracção petrolíferas. Quando houver um movimento correctivo do preço do barril de crude, a violência do mesmo fará cair por terra a ingenuidade (ou cinismo) de António Costa. O efeito de chicote será muito mais amplo do que a irresponsabilidade socialista. O Orçamento de Estado de 2016 baseia-se em pressupostos de extrema volatilidade e depende de factores instáveis, quando deveria espelhar uma visão prospectiva que conseguisse mitigar os elementos conjunturais ou de circunstância ideológica. Mas existe uma certa coerência nesta abordagem. As vistas curtas condizem com o espaço temporal de um governo cada vez mais a prazo. Não é preciso ser a Comissão Europeia, nem o Eurogrupo, nem Wolfgang Schäuble para entender este dilema. A Grécia nunca esteve assim tão longe.

 

Aqui está (em actualização).

publicado às 11:44

O queijo socialista, e as facas da Esquerda

por John Wolf, em 06.12.15

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Não existe dilema algum que possa afligir o governo de António Costa. Para poder ser um mãos largas, o homem de carteira farta, terá, inevitavelmente, de encontrar um modo de angariar fundos. A não ser que readmita a impressão de divisa própria, o cunhar de moeda, os socialistas vão ser obrigados a seguir o guião grego. A Austeridade não foi nem será exterminada pela máquina ideológica de Esquerda. De nada serve vir com essa conversa da almofada financeira. Para cumprir com as promessas de aumento de salário mínimo, reposição de pensões, fim da sobretaxa ou cancelamento de programas de privatizações, a balança terá de pender negativamente para o lado do défice e da dívida pública. Durante meses a fio, ao longo da campanha do PS, não se eximiram de apontar defeitos e acusar o governo anterior de falsear dados. Se essa era a situação "a lamentar", então o exercício da governação de António Costa deveria ser business as usual. Não se deveriam apresentar como damas ofendidas pela palavra dada e não honrada. Os testas socialistas, coadjuvados pelos bloquistas e comunistas, têm a faca e queijo na mão. Não precisam de governar em virtude de consensos parlamentares. São a tal maioria de que tanto se orgulham. O PSD e o CDS até nem precisariam de pôr os pés na freguesia da república.

publicado às 15:23

A GRÉCIA E NÓS

por Manuel Sousa Dias, em 10.11.15

Os gregos deram tiros para baixo sem saber que acertavam nos pés. A coligação de esquerda olha para a Grécia e para as eleições em Portugal e conclui que os portugueses votaram e decidiram tirar os calos nos pés com caçadeira.

publicado às 15:03

Portugal não tem culpa desta crise

por John Wolf, em 24.08.15

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Lamentavelmente, Portugal e tantas outras nações, encontram-se no momento errado da história do mundo. Há quem lhe chame sina, há quem lhe chame fado. Mas em todo o caso, não se trata de um assunto jocoso. Se quisermos dar-lhe um nome, esse terá de ser parente de tragédia. E não me refiro à Grécia. Inauguramos hoje, um pouco por todo o mundo, uma nova crise financeira com contornos mais graves do que a de 2008. Não se trata agora de uma crise subprime, mas provavelmente de uma crise resultante dos efeitos da terapêutica que foi prescrita ao longo dos últimos anos para a curar. O crash bolsista da China, e que rapidamente incendiou o resto das praças financeiras do mundo, relaciona-se com um conceito financeiro que comporta na sua essência grandes perigos. O quantitative easing, iniciado nos EUA e depois aplicado a outras divisas e regiões económicas, serviu para promover a ideia de ficção económica. A noção de que os banqueiros centrais poderiam substituir a verdadeira dinâmica das economias. Ora baixaram juros a níveis nunca antes visto, ora compraram títulos de tesouro para garantir o funcionamento de governos e Estados, ora aprovaram, sozinhos ou em conjunto, pacotes de salvamento de países. Por outras palavras, foram só facilidades financeiras inventadas com um estalar de dedos. As dificuldades, essas, poderiam ser resolvidas mais tarde - pensavam eles. Pois bem, esse "mais tarde" é agora, mas infelizmente não vem só. No seio da União Europeia, se não bastava a crise Grega, podemos agora juntar a desaceleração da economia chinesa, a ascensão imperial da Rússia, o acordo com o Irão, a clivagem entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, a crise de migrantes e refugiados que galga as margens que separam a Europa desenvolvida da África e do Médio-Oriente, a ameaça crescente do Estado Islâmico, entre outros factores imponderáveis resultantes da combinação nefasta destes elementos. O perfect storm, a que muitos se referem, não trará bons ventos a Portugal. Veremos de que modo cínico e oportunista os detractores de Portugal se irão servir desta ementa de consequências nefastas para vaticinar de um modo pós-orácular - como se já soubessem, como se pudessem prever. Numa frase: this does not look good and Portugal´s not to blame.

publicado às 20:39

Contrariando a onda dos que consideram Varoufakis um louco

por Samuel de Paiva Pires, em 29.07.15

Ler na íntegra este artigo de Philippe Legrain.

publicado às 16:08

Tsipras vai para casa com pulseira

por John Wolf, em 13.07.15

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Tsipras não serviu o seu povo. Tsipras não vingou a ideologia. Tsipras não pode ser considerado um herói da Esquerda. Após 6 meses de desgaste, alegadamente conducente à libertação da Grécia, Tsipras regressa a casa com um pacote de Austeridade ainda mais exigente. A teoria dos jogos de Varoufakis não funcionou. Foi uma roleta sem russos. Mas isto é apenas um lado da história. Do outro lado do balcão assistimos a uma Europa vergada pela política de cosmética, do Euro a qualquer preço, da União a qualquer custo. Daqui por 3 meses regressaremos ao mesmo confronto de inoperâncias, a igual défice de confiança e à uber-falência da Grécia. A capitulação grega é completa e deve ser considerada humilhante por aquele país. Veremos como o parlamento se irá orientar. Veremos como reagirá um povo traído em Referendo. Fui e sou adepto da ideia de ruptura, do reset de um país, da reconstrução da efectiva soberania, do regresso ao Drachma. A União Europeia acaba de adiar a inevitabilidade da falência que não pertence apenas aos gregos. O resgate, assim como outras modalidades de ajuda, não passa de uma pulseira que acorrenta não apenas o futuro dos helenos, mas de todo um continente.

publicado às 12:12

Cartão amarelo à Grécia?

por John Wolf, em 11.07.15

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                          (não é Varoufakis) 

 

Segundo fontainha próxima do Eurogrupo, a saída grega do Euro poderia acontecer durante um período de cinco anos. Ou seja, assistiríamos a uma suspensão, ao sacar de um cartão amarelo, até que melhores ventos económicos soprem daquelas bandas. A trégua entre a Troika e a Grécia poderia servir de epíteto para algo substancialmente mais grave. No fundo seria uma resolução à portuguesa, à "águas de bacalhau", uma nova modalidade de relacionamento entre devedores e credores. Nesse interregno do concerto das nações europeias, ganhar-se-ia tempo para rever algumas das premissas que sustentam o projecto europeu. À semelhança do período que antecede a acessão de novos membros da União Europeia, teríamos um termo de exclusão que resultaria do não cumprimento de regras estabelecidas. O Estado-membro em causa nunca deixaria de fazer parte dos processos de tomada de decisão, mas assumiria a qualidade de observador nalgumas dimensões de maior importância. Por outras palavras, algumas prerrogativas teriam de ser excluídas. Se falta à União Europeia uma genuína união política e fiscal, então estes instrumentos também poderiam fazer parte das "sanções". Qualquer Estado-membro que venha a quebrar a disciplina consagrada em tratados democraticamente concebidos, poderia eventualmente ver-lhe retirados alguns poderes respeitantes a processos de tomada de decisão. Nesta fase de campeonato tudo isto pode parecer outlandish, mas este é o momento para colocar em cima da mesa todas as cartas, mesmo as mais excêntricas. Uma outra hipótese seria proceder ao resgate da Grécia, mas em vez de agravar as condições financeiras, poderia haver uma multa política - ou seja, a Grécia deixar de poder decidir em relação a matérias em que existe conflito de interesse. Por mais idealistas e líricos que alguns intérpretes libertários queiram ser, a verdade cínica e irrefutável confirma que a Democracia tem um valor de mercado, quantificável em Referendos, mas não menos qualificável do ponto de vista de consequências políticasO  problema da Grécia e da Europa já afectou a cabeça de profissionais da política, muito mais esclarecidos e habilitados do que eu, mas à semelhança de Tsipras não atiro a toalha ao chão sem mandar uns recados que podem ser enviados directamente para o caixote de lixo se assim entenderem.

publicado às 21:49

Subsídio para a compreensão da crise grega

por Samuel de Paiva Pires, em 10.07.15

Ler na íntegra este artigo de Mark Blyth:

 

Namely, the bailouts weren’t for Greece at all. They were bailouts-on-the-quiet for Europe’s big banks, and taxpayers in core countries are now being stuck with the bill since the Greeks have refused to pay. It is this hidden game that lies at the heart of Greece’s decision to say “no” and Europe’s inability to solve the problem.

(...)

At the time of writing, the ECB is not only violating its own statutes by limiting emergency liquidity assistance to Greek banks, but is also raising the haircuts on Greek collateral offered for new cash. In other words, the ECB, far from being an independent central bank, is acting as the eurogroup’s enforcer, despite the risk that doing so poses to the European project as a whole. We’ve never understood Greece because we have refused to see the crisis for what it was—a continuation of a series of bailouts for the financial sector that started in 2008 and that rumbles on today. It’s so much easier to blame the Greeks and then be surprised when they refuse to play along with the script.

publicado às 11:09

Dráchmula - a lenda do vampiro grego

por John Wolf, em 09.07.15

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Parece que o Drachma já foi avistado. Segundo algumas testemunhas, que desejaram manter o anonimato, houve uma aparição enigmática da (re)nova divisa grega. O terror que gira em torna da ressurreição da moeda deve ser afastado. A implementação da divisa talvez seja a melhor coisa que possa acontecer aos gregos - o acaime que os humilha deixará de ser a regra. A soberania monetária será readmitida. A liberdade para escolher o seu próprio caminho de Austeridade estará aberto. E no dia seguinte, o investimento directo na Grécia será assinalável. Os tempos não serão fáceis, mas a liberdade, mesmo que negativa, será efectiva. O mercado interno, nomeadamente o do sector agrícola, será dos primeiros a ganhar relevo. Tsipras não irá trair o resultado do Referendo. Um Não é um Não. Se o fizesse estaria a apunhalar o acervo de que tanto se orgulha, o património democrático, a invenção helénica. A dor, apanágio das prioridades políticas, é inevitável, seja qual for o tema de cinismo que adoptem. A pergunta colocada e que não mereceu resposta: existe paliativo para o dogma, seja de Esquerda ou de Direita? Penso que não. Mas as ideias voltarão a ter valor real quando afastarmos os eufemismos da salvação ou a teimosia do descalabro. A história acontece por vezes.

publicado às 21:07

Grécia - o canário na mina chinesa

por John Wolf, em 08.07.15

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Uma visão exclusivamente eurocêntrica do mundo implica imensos perigos. O drama que assola a Grécia e que implica substantivamente o resto da Europa, deve ser interpretado à luz de um quadro maior de consternações. Vou pedir emprestada a expressão em língua inglesa para retratar a crise grega no âmbito de uma visão panorâmica, global - a Grécia é um canary in the coal mine. Enquanto Tsipras e Juncker, entre outros protagonistas, roubam as atenções, uma crise de proporções avassaladoras está a atingir velocidade de cruzeiro. Os mercados bolsistas chineses encontram-se em processo de melt-down e os títulos accionistas têm registado invulgares níveis de volatilidade. Enquanto o Banco Central Europeu tenta estabilizar as economias em apuros da Zona Euro, procedendo à compra de títulos de tesouro, o Banco Central da China vai mais longe na expressão da mesma ficção monetária e estabelece arbitrariamente o preço das acções das empresas cotadas em bolsa. Por outras palavras, as autoridades chinesas tudo fazem para salvar os mercados, mas não a economia. As reformas estruturais que são requeridas estão a ser obviadas através de um mecanismo de manipulação da bolsaMeus senhores, corremos perigos reais. As poupanças dos cidadãos daquele país estão a ser destruídas e quando o pânico se instalar não vai haver Praça Syntagma que nos valha. Enquanto os gregos se queixam do défice de Democracia na Europa e apelidam de terroristas os credores, os chineses nem sequer têm direito de resposta. O governo da República Popular da China quando quiser esmagar, não tem de pedir autorização a quem quer que seja. A Grécia nem sequer entra nas considerações orientais, mas o oposto não podemos afirmar.

publicado às 11:11

Oximóron a 61%

por John Wolf, em 05.07.15

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A Grécia celebra efusivamente. Derrotou a Austeridade. Esmagou o monstro. Escorraçou o papão. O fim das dificuldades e atribulações foi decretado. Meteram tanto medo ao dragão que este nunca mais tornará. Todo o dinheiro do mundo irá cair dos céus e irão viver felizes para sempre. Tsipras e o Syriza conseguiram instigar o delírio político. Assistimos a ficção ideológica. Observamos a arte de tábua rasa. Pelo menos 61% acredita nesta fábula. Na ficção do renascimento, a obliteração de vidas passadas. Ágora, agora. Os gregos decidiram que os restantes estados-membro da zona euro podem ficar no Euro. E nenhuma das restantes nações do concerto europeu será expulsa do Drachma. A Grécia irá salvar os outros países da periferia. A palavra Democracia será partilhada com todos os irmãos da Europa. A patente de auto-determinação ficará livre e ao dispor da humanidade. Oximóron.

publicado às 20:23

Greek refer end? um...I wonder.

por John Wolf, em 04.07.15

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Tsipras e Varoufakis assumiram que o conceito de liberdade e dignidade lhes pertencia. Interpretaram de um modo ruinoso a vontade do povo grego. Declararam unir um país, mas a escassas horas de um Referendo histórico com impacto para os demais cidadãos da Europa, a Grécia está efectivamente dividida. Amanhã saberemos se estes governantes são autores de um memorando conducente a pânico, caos, quiçá guerra civil. Numa óptica de custos/benefícios para o cidadão helénico saem perdedores. Se era este o modo de forçar a alteração do status quo da União Europeia, serão bem sucedidos, mas à custa de prestações de forasteiros, o desgaste de nações distantes. Serão os membros da União Europeia a suportar a mudança induzida por catalisadores positivos ou de ruptura. A teoria de jogo, o dilema de prisioneiros, ou qualquer outro mindgame que tenham elegido como instrumento de aquisição de vantagens económicas e políticas, parte de um pressuposto eticamente questionável - a ideia de que o sacríficio alheio deve ser promovido para granjear vantagens domésticas. Quando Tsipras invoca a Europa unida e solidária, fá-lo de um modo teórico e abstracto. Enuncia princípios, mas lança dissensão na sua própria casa. Ou seja, nem filosoficamente oferece um bom exemplo.  Ao fim e ao cabo das tormentas do povo grego e de cinco meses de negociações, sabemos que a Grécia irá necessitar de pelo menos 50 mil milhões de euros para continuar a sobreviver e porventura reclamar ainda mais. Há alguns dias houve quem tivesse comparado a Grécia à União Soviética no limiar do descalabro desta. Em dose hiper-concentrada, a Grécia do Syriza, qual bolchevique anão, é uma espécie quase soviética a caminho do descalabro ideológico. Os soviéticos em 1992 já estavam a viver dias de controlo de capitais, falta de alimentos, enquanto emergiam actores da penumbra sinistra da sociedade. Foi nesse ambiente de ruptura que nasceram oligarcas e capitalistas com um particular sentido democrático. A Grécia, berço dos Estoicos entre outros, quer emular-se na invenção filosófica. Mas convém relembrar que a racionalidade e a ética não caminham necessariamente de mãos dadas. O povo sabe-o. E o Referendo reflictirá a verdade. A verdade será o que acontecer e não o que foi prometido.

publicado às 12:24

Que impacto terá um Grexit em Portugal?

por Fernando Melro dos Santos, em 03.07.15

 

 

 

publicado às 17:56

 

publicado às 17:14

Mangez pizza

por João Quaresma, em 03.07.15

Não digam que não há bailouts muito convenientes, para alguns:

«In March 2010, two months before the announcement of the first Greek bailout, European banks had €134 billion worth of claims on Greece.  French banks, as shown in the right-hand figure above, had by far the largest exposure: €52 billion – this was 1.6 times that of Germany, eleven times that of Italy, and sixty-two times that of Spain.

The €110 billion of loans provided to Greece by the IMF and Eurozone in May 2010 enabled Greece to avoid default on its obligations to these banks.  In the absence of such loans, France would have been forced into a massive bailout of its banking system.  Instead, French banks were able virtually to eliminate their exposure to Greece by selling bonds, allowing bonds to mature, and taking partial write-offs in 2012.  The bailout effectively mutualized much of their exposure within the Eurozone.

The impact of this backdoor bailout of French banks is being felt now, with Greece on the precipice of an historic default.  Whereas in March 2010 about 40% of total European lending to Greece was via French banks, today only 0.6% is.  Governments have filled the breach, but not in proportion to their banks’ exposure in 2010.  Rather, it is in proportion to their paid-up capital at the ECB – which in France’s case is only 20%.

In consequence, France has actually managed to reduce its total Greek exposure – sovereign and bank – by €8 billion, as seen in the main figure above.  In contrast, Italy, which had virtually no exposure to Greece in 2010 now has a massive one: €39 billion.  Total German exposure is up by a similar amount – €35 billion.  Spain has also seen its exposure rocket from nearly nothing in 2009 to €25 billion today.

In short, France has managed to use the Greek bailout to offload €8 billion in junk debt onto its neighbors and burden them with tens of billions more in debt they could have avoided had Greece simply been allowed to default in 2010.  The upshot is that Italy and Spain are much closer to financial crisis today than they should be

publicado às 00:59

Deliciosa ironia

por Samuel de Paiva Pires, em 30.06.15

Adoro a suprema ironia de ver direitistas supostamente eurocépticos ou, pelo menos, muito críticos da União Europeia, a defender precisamente as instituições europeias nesta tragédia grega. Ao menos os comunistas são coerentes: criticaram a moeda única ainda antes desta entrar em circulação e continuam a criticar os euroburocratas e os maus líderes europeus (sim, estou a pensar em Merkel) que de há anos a esta parte vêm enterrando o projecto europeu.

publicado às 17:37






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