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Há dias foi publicada a notícia de que a Joana Amaral Dias abandonou o projecto Juntos Podemos para criar o seu próprio projecto denominado Agir. Esta tem sido a patética e monty pythiana história da extrema-esquerda portuguesa, que não se cansa de lembrar a necessidade de encontrar uma plataforma de entendimento entre as várias esquerdas mas que nunca a consegue materializar.
Se não me falha a memória, pois são tantos os partidos e movimentos, nos últimos dois anos surgiram o Movimento Alternativa Socialista, Partido Livre, Movimento Tempo de Avançar, Manifesto 3D, Associação Fórum Manifesto, Renovação Comunista e, agora, Agir. Ah, mas na extrema esquerda ainda temos o Bloco de Esquerda (que só por ironia se designa de “Bloco”) e o Partido Comunista Português. Tem sido uma novela a história de tentativas de entendimento, as zangas, as divergências irreconciliáveis e as rupturas.
Entretanto as notícias que nos chegam da Grécia dão conta da fragilidade interna do Syrisa, com demasiadas vozes dissonantes dentro do partido que não conseguem engolir as “concessões” feitas à Troika, quero dizer, aos parceiros, nem a quebra de promessas eleitorais, para não falar do eventual terceiro resgate.
A esquerda e, em particular, a extrema-esquerda, está em crise. Em crise porque as várias esquerdas não se entendem, não fazem cedências, não têm uma cultura de negociação, cada uma delas reclama-se como sendo mais à esquerda, mais purista e detentora de mais boas intenções do que a esquerda imediatamente ao lado. Em crise sobretudo porque não tem soluções realistas para além do “que se lixe a Troika”, para além dos mercados. A saga do Syrisa veio dar um banho de realidade às várias esquerdas. É que, como dizia Woody Allen, “detesto a realidade mas ainda é o melhor sítio para comer um bom bife”. Que o digam os gregos.