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Queria começar com a gravata perdida do ministro que passou revista aos militares, mas tropecei nesta outra modalidade de descontração. António Costa contrata amigo a preço simbólico? Se isto não configura tráfico de influências, favorecimento e dumping, Sócrates também não é amigo de Dilma. Portugal continua igual a si: o país das amizades, das borlas, dos favores, do fico a dever-te qualquer coisa, do depois acertamos contas. Enfim, a falência ética em todo o seu esplendor de quem não pode merecer o respeito do povo de Portugal. Quanto à gravata e o nó que deixa na garganta. Estamos a falar da instituição que assegura a defesa de um país. Estamos a falar das forças armadas que alicerçam a sua escola na disciplina, no rigor e nas hierarquias de comando. Estamos a falar num código de conduta que corresponde a uma tradição que não pode ser enxovalhada. O exemplo do chefe deve ser descartado sem demoras. Mina uma gama alargada de princípios que orienta a instituição militar. A gravata, assim como o contrato que Costa firmou com o seu melhor amigo, devem ser do género pro bono. De graça, sem ter piada alguma. Mas por alguma razão estamos a registar cada vez mais deserções. As chefias militares estão abandonar a geringonça. E não tarda muito, quando as ilusões caírem por terra, a Catarina Martins também abandonará o cangalho. O que julgam que significou a viagem de 24 horas de António Costa à Grécia para posar com Alexis Tsipras? Foi precisamente para defender o interesse nacional. O interesse nacional dos acordos com o BE e PCP atados com cordel feito num desenlace que ainda vai engravatar todos os portugueses.
Com muito trabalho e pouco tempo disponível prefiro notar quanto aos amanhãs que cantam o fim do capitalismo que estou em pleno acordo com o Nuno, especialmente quanto aos que possivelmente se vão preparando para decretar a falência do sistema económico neo-liberal (para usar o chavão corrente que toda a gente usa mas não sabe sequer o que significa, basta atentar nos (des)contextos em que os camaradas Jerónimo e Louçã o utilizam), para logo o substituir por uma possível receita que apenas parece encontrar sustentação numa actualização do comunismo. Por mim, nesta época de crescente fragmentação das economias nacionais a par com a formação de grandes espaços tendencialmente supranacionais, prefiro notar que me parece vir a ser necessário um travão à desregulamentação, provavelmente colocado a partir dessas novas unidades. É que se sou um efusivo adepto do liberalismo político, não o sou tão efusivamente quanto à economia e à "smithiana" mão invisível. Há um argumento muito simples para tal: nada garante que não haja má gestão e que essa não leve o sistema à falência, tal como parece estar a acontecer, independentemente das falências se constituírem como supostamente saudável elemento de regeneração do próprio sistema capitalista. Se levada a um extremo a noção da mão invisível e do mercado completamente desregulamentado parece-me que regredimos a uma espécie de estado de natureza no sistema económico. O Estado existe é para regular, e se a economia é o meio de sustentação financeira do Estado, pese embora a noção de mercado livre, ao Estado (ou às novas entidades supraestatais) cabe encontrar a solução para um sistema económico integrado (como o é inegavelmente o sistema económico mundial) sustentável e que não arrisque o saudável desenvolvimento das populações, um sistema em que os estados e as entidades supraestatais sejam tendencialmente facilitadores do papel das empresas mas não sejam reféns dessas como se tem notado cada vez mais.
Quanto à discussão que por aqui vai sobre o uso da gravata, devo dizer que sou um partidário do que o caríssimo João Távora escreveu há tempos no Corta-fitas. Continuarei a utilizá-la porque me é um dos elementos mais caros no vestuário formal que me apraz usar.
Bom, e agora mais importante é ver o Sporting que infelizmente vai perdendo por 1-0. Volto mais logo.