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Nos últimos anos temos sido bombardeados com tantas notícias sobre a dívida do Estado português que até ficamos enjoados, e assumimos essa imagem enquanto a derradeira expressão do descalabro - a falência de Portugal. No entanto, existe um outro "estado terminal" dentro do território nacional. Confirmamos um outro flagelo que opõe os indíviduos aos seus concidadãos. O crédito mal-parado e a falta de provisão não é um exclusivo da máquina administrativa, do governo. Quantos cidadãos ficaram a arder por incúria e abuso de outros compatriotas? O organigrama do protesto não pode ser desenhado exclusivamente na vertical - de baixo para cima, contra o governo que põe e volta a pôr, de um modo descarado, a mão no bolso dos contribuintes. O fluxo e refluxo de dívidas também existe (e de que maneira) na escala horizontal, entre privados, que sem vergonha, não honraram os seus compromissos. A guerra financeira que assola Portugal também é civil, não é apenas política, ideológica ou partidária. Os argumentos fiscais são a principal bandeira da oposição e fazem parte do discurso daqueles que não estão no poder - e que não sabem fazer omeletes sem ovos. Mas não é isso que aqui desejo discutir. O que gostaria de retratar é o sério conflito financeiro-social que coloca irmãos contra irmãos, agentes económicos privados contra outros de natureza semelhante. Não necessitamos do amparo da grande teoria macro-económica e da falsa pretensão a ciência exacta da disciplina de Economia para perceber que as gentes andam com as candeias às avessas, a tentar reaver dinheiros "perdidos". Foi a cunhada que deu de frosques com o pé de meia do tio e que deixou sem provimento uma família inteira. Foi o amigo para todas as ocasiões que foi avalista para a compra da casa e que se lixou. Foi o serviço prestado à ultima hora, de acordo com um pedido urgente, e que volvidos três anos ainda não foi pago. É disto que se trata e que nada tem a ver com a austeridade ou com a Troika. Tem a ver com o comportamento de um país inteiro, práticas eticamente deploráveis que puseram de joelhos tanta gente. Quantos de nós conhece estórias e mais estórias, contos do vigário sobre rompimentos de cordões à bolsa e falências domésticas? Pois bem, se um exame de consciência fosse realizado, estas considerações deveriam ser trazidas à baila. Os maus não são apenas os outros. Existem portugueses que participam (e continuam a participar) nesse esquema de engano e decepção. Não me venham com conversas. Basta escutar as lamentações taberneiras que inundam as ruas, ouvir o desabafo do fiado que com alguma sorte ainda não morreu de velho. Ainda não entramos na fase extrema do salve-se quem puder, de arranhadelas, escoriações, murros e pontapés. Mas para lá caminhamos a passos largos. O povo está desesperado e irá buscar à força, se necessário, os dinheiros que foram roubados pelo melhor amigo.
Bem sei que isto é a aplicação directa da Lei de Godwin ao estado do Estado, mas não posso deixar de partilhar a evocação que o Vitor Cunha hoje trouxe de um grande discurso socialista com menos de um século:
"Somos socialistas, somos inimigos do injusto sistema económico capitalista que explora os mais fracos, com o seu sistema de salários injustos, com a sua desproporcionada avaliação do ser humano de acordo com riqueza e propriedade em vez de responsabilidade e mérito; estamos determinados em destruir este sistema de todas as formas possíveis."
– Adolf Hitler, 1 de Maio de 1927
Dito isto, quem apouca o regresso de Sócrates como se de um queimado oriundo da Prelada se tratasse, sucumbe à mesma sobranceria de vistas curtas dos que permitiram, no alto do seu pedestal amornado pela rotação anterior de cadeiras, a ascensão de Hitler e da sua máquina, cuja versão Socrática já está anos-luz mais adiantada e apurada do que estava a do primo Adolfo aquando da citação supra.
Não me custa imaginar a Besta de Alijó, ladeada por Daniel Oliveira, Bernardino Soares, Alberto Martins, António Costa e pelo sarcófago de Soares, sentada num trono Armani adornado com as peles daqueles que em tempos o denunciaram, e com as pernas cobertas por moedas de Sócios (o Sócio seria o Novo Escudo) presidindo à segunda democracia dinástica na História do planeta.
Não há outra conclusão: 50 a 80 por cento dos que se dizem socialistas padecem de diferenças de hardware neuronal comparados connosco, o que lhes faculta uma trama psico-sensorial completamente imiscível com a percepção da realidade, e até das relações entre sujeito e objecto, conforme as conhecemos.
*Leni Riefenstahl, 1935
525 mortos. Repito, 525 mortos. É este o número de mortos causado pela recente onda de violência em terras egípcias. Talvez isto faça corar de vergonha tutti quanti andaram a proclamar nos últimos anos, com a atenção redobrada dos media servis a todas as agendas pseudo-moderninhas, a vitória final da beatificamente chamada "Primavera Árabe". Resta, pois, saber por quem os sinos dobram, com ou sem estraçoar de mais corpos inocentes.
Nota: se Obama fosse um estadista, como o Dr. Soares tanto apregoa nas suas escrupulosas análises semanais, já teria alterado há muito a agulha estereotipada da sua política pusilânime para o Médio Oriente. São gostos, ou melhor dito, covardices.
Na escola, o centro por excelência da instilação das múltiplas (in)verdades históricas oficiais, ensinaram-me desde mui precoce idade a desgostar de D. Miguel I. Nunca entendi o porquê. Mas, hoje, ao ouvir Almeida Santos compreendi, finalmente, a razão do ódio secular que muitas luminárias votaram ao arauto maior do miguelismo. Já nem falo da defesa arrebatada desse génio da lâmpada mais conhecido por Armando Vara. Isso são peanuts. O que me interessa aqui é o papel de bobo regimental amiúde desempenhado por Almeida Santos. Se há algo que podemos agradecer a este emérito socialista é o facto, pouco usual, de reunir em si todos os vícios do regime. Absolutamente todos. Almeida Santos foi e é um dos rostos mais salientes do desastre colectivo actualmente em curso. Beneficiou como poucos das prebendas do regime, sem ter dado rigorosamente nada em troca. E, mesmo sabendo disso, ainda nos tortura com os seus ditirambos a respeito da camarilha de que faz parte. O que tem isto a ver com D. Miguel? Tudo. D. Miguel foi provavelmente um dos poucos portugueses a prescindir da pensão vitalícia a que tinha direito no rescaldo da guerra civil. Perdeu-a voluntariamente, ficando desprovido de quaisquer rendimentos. Um exemplo raro não é? A ética republicana, que alguns socialistas de pacotilha tanto veneram, só serve para as pregações inconsequentes ao povoléu desarmado. Sempre foi assim e sempre será assim. Não há nada de novo debaixo do sol. Por mais que se esforcem, por mais que tentem, estes bobos da corte jamais chegarão aos calcanhares de um D. Miguel. Ética, patriotismo e espírito de serviço não é definitivamente para todos.