Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Hannah Arendt, Sobre a Revolução:
"Talvez que o próprio facto de estes dois elementos, a preocupação com a estabilidade e o espírito de novidade, se terem tornado opostos no pensamento e terminologia políticos – sendo um identificado como conservantismo e o outro como monopólio do liberalismo progressivo – deva ser reconhecido como um dos sintomas da nossa perda. Afinal de contas, nada compromete mais seriamente a compreensão das relações políticas e o seu debate significativo hoje em dia, do que as reacções automáticas do pensamento condicionadas pelos lugares-comuns de ideologias que nasceram, na sua totalidade, no sulco e na sequência da revolução. Na verdade, não é de modo nenhum indiferente que o nosso vocabulário político tanto remonte à antiguidade clássica romana e grega, como possa derivar inequivocamente das revoluções do século XVIII. Por outras palavras, na medida em que a nossa terminologia política pode ser considerada moderna, ela é revolucionária na origem. E a característica principal deste vocabulário moderno e revolucionário parece ser a de ele se exprimir sempre através de pares de opostos – a direita e a esquerda, reaccionário e progressivo, conservantismo e liberalismo, para mencionarmos alguns ao acaso."
Mário Soares: "No entanto, há poucos dias fui, porque se tratava do filme excecional sobre Hannah Arendt, de quem sou, há muitos anos, um fã e da qual tenho muitos livros".
Tradução: "li muito pouco ou nada dela".
Afinal, o mesmo Mário Soares quis trazer Hayek a Portugal aquando da atribuição ao economista austríaco do Prémio Nobel da Economia. Entretanto alguém lhe terá dito que tipo de ideias eram defendidas por Hayek.