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A presença de Portugal no mundial de futebol que se disputa no Brasil em 2014 é mais do que simples bola. A participação no campeonato do mundo é coisa que agrada simultaneamente ao governo e ao povo. Nos últimos tempos raras têm sido as vezes em que o governo e os desempregados partilham os mesmos gostos. Mas atenção, vêem a bola de modos distintos. Se por um lado o espectáculo serve para levantar o ânimo de um país carente de um foco de inspiração, de uma vela de santuário, por outro lado o governo terá algo para distrair os mais incautos de planos políticos gizados para o território nacional. O timing não poderia ser melhor. A probabilidade da aplicação de um programa cautelar acaba de aumentar com o apuramento de Portugal. Cristiano Ronaldo, sem o querer ou saber, acaba de dar uma ajudinha à Troika que pode aproveitar a boa onda para avançar com mais medidas extremas ou revalidar a sua presença quando terminar o seu contrato em Junho. O que Cristiano Ronaldo fez em campo é verdadeiramente notável e transforma-o numa espécie de santo padroeiro do sucesso, num altar móvel de esperança, mas os três golos do madeirense também são um hat-troika oferecido aos senhores da gleba. Temo que este prémio, mais que merecido pela equipa nacional e pelo país, seja aproveitado para fins diversos, enquanto o povo samba e sorve a caipirinha.