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Podemos concluir que o jornalista Alexandre Abreu é o mérito em pessoa. O imposto sucessório é o mais justo dos impostos? A época de caça aos bens dos outros está oficialmente aberta. Até parece que o jornalista em causa não é português. E ofende tanta gente que teve uma vida honrada e suada para juntar algo para os filhos. Insulta o Sr. Ermelindo que se fez à estrada e chegou a França nos anos sessenta com pouco mais do que a quarta classe, e que trabalhou décadas a fio para montar uma empresa de construção. Uma vez tornado a Portugal com o pé-de-meia de uma vida esforçada, constrói a sua vivenda, e cumpre uma promessa antiga - ter o melhor restaurante lá na Beira-Baixa. Os filhos, amparados pelas mãos calejadas do pai, não irão conhecer a dureza do betão. Em vez disso, dão expressão intelectual às suas existências. Um forma-se em medicina e o outro conclui um MBA e pega no caminho já traçado pelo pai e abre uma pequena empresa de aluguer de equipamento de construção. Ao todo, o património do pai vale um milhão e meio de euros, mas o Sr. Abreu, numa manhã de restauros e conservações, decide bater à porta e apontar uma pistola e dizer: passa para cá 40% do teu bolo, porque os teus filhos são uns mandriões, uns preguiçosos. É isto justiça económica? Não me parece. Façam como o Hollande. Apliquem a tabela dos 70% ao património alheio para ver o que acontece.
É o mínimo que se pode dizer do mais recente artigo de João Cardoso Rosas. Como escreve Ricardo Arroja, trata-se de socialismo puro e duro, em que o estado esmaga o indivíduo. Este muy humilde escriba gostaria apenas de colocar as seguintes questões:
1) Como é que o estado pode saber se o(s) herdeiro(s) contribuíram ou não para construir aquilo que herdam?
2) Que dados tem João Cardoso Rosas que lhe permitam validar a afirmação de que "Todos sabemos que a maior parte dos herdeiros gasta mal o dinheiro dos progenitores em vez de o tornar socialmente útil"?
3) O que é gastar dinheiro de forma socialmente útil e que critérios são utilizados para operacionalizar essa concepção?
4) Que dados lhe garantem que a afirmação implícita de que o estado torna o dinheiro socialmente útil é verdadeira?
5) Quem é João Cardoso Rosas ou o estado para dizer aos outros como devem gastar o seu dinheiro (inclusive o que herdam)?
6) Como é que o estado pode ter moralmente direito a algo que não criou?
7) O que é desbaratar dinheiro e que critérios são utilizados para operacionalizar essa concepção?
8) Como é que se garante que o estado não irá desbaratar esse dinheiro?
Bem sei que escrever um artigo jornalístico não é a mesma coisa que escrever um artigo científico/académico. Mas isso não é justificação para descer ao nível panfletário.