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Primeiro Hillary e agora Ha Ha Land...

por John Wolf, em 27.02.17

 

Os meus compatriotas, nos últimos tempos, têm cometido muitas gaffes. Primeiro com as sondagens e Hillary Clinton, agora com os Oscars e Ha Ha Land.

publicado às 15:39

Fillon mignon

por John Wolf, em 21.11.16

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Os democratas franceses nada aprenderam com os mais recentes eventos que abanaram o sistema político norte-americano. A lição de Hillary não foi assimilada. São tantos os participantes a concurso nesse campo ideológico que Marine Le Pen deve estar a esfregar as mãos de contente. Sarkozy jafoste. E agora Fillon mignon apresenta-se com grandes desígnios que se inscrevem nessa velha escola de funcionalismo público, impostos mais ou menos baixos, e depois, como se ninguém reparasse, lá mete um referendo sobre a quota de imigrantes como se a virtude democrática das massas pudesse ser exultada de um modo honesto. Ou seja, defende o que Trump defende, mas não assina o despacho. Remete para o povo essa decisão nefasta. Sacode preventivamente a água do capote do nacionalismo residente na marselhesa. Em plena época de falências do politicamente correcto o filão de Fillon não pega. Nas cidades e nas serras, e nos banlieu, o código de sobrevivência é outro. Os franceses de pleno direito, que em tempos não o eram, são os primeiros a pôr trancas à porta, a barrar a porta a "ladrões" de empregos. E há mais. A alegada moderação de Trump apenas ajuda a consolidar a ideia de que afinal o conservadorismo não se faz equivaler a extremismos proto-fascistas. Vivemos uma época de grandes rupturas. O descarrilamento das instituições clássicas, mas também da linguagem que tarda em se refrescar para acompanhar o novo glossário de intenções políticas.

publicado às 10:51

Mea culpa Trump

por John Wolf, em 09.11.16

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Começo por realizar um mea culpa. Deixei-me levar pelos media dos EUA. Acreditei, de facto, na imparcialidade dos jornais e estações de televisão, nas emissões com paineis de especialistas, nos fabricantes de sondagens e no status quo dos meus compatriotas. Não votei em Trump, mas à luz da sua eleição, devo conservar o espírito construtivo e procurar acreditar que o povo americano deve saber interpretar e moldar a excepcionalidade deste desfecho. Seria faccioso e fundamentalista político, mas acima de tudo hipócrita, se não responsabilizasse a própria Hillary Clinton pelos resultados e os limites das suas ambições. Houve, na senda do partido Democrata, uma insistência na velha escola, nos valores autofágicos, e na rejeição da revolução que não veio a acontecer. Enquanto conhecedor do sistema político americano sei que qualquer exagero comportamental de Donald Trump encontrará barreiras e fará soar alarmes. Quer o desejemos ou não, uma nova ordem mundial está a ser construída e assenta numa premissa fundamental. Os diversos povos do mundo há muito que vêm reclamando uma alteração das regras de jogo. Veremos como a Europa nos seus diversos processos electivos se reconfigura. Como já foi democraticamente enunciado no século XIX: I don´t agree with what you say, but I´ll defend to death your right to say it.  Em nome da nossa própria sanidade mental aguardemos então que as palavras descabidas de Trump apenas parcialmente sejam convertidas em actos, e que uma epifania política possa brotar do pântano de Washington que alguém diz que prontamente será drenado.

publicado às 09:03

Última hora! Hillary já é presidente!

por John Wolf, em 07.11.16

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Querem saber o resultado das eleições presidenciais? A resposta certa é: follow the money. Embora os mercados sejam apreciadores de estabilidade, anseiam por volatilidade. Mas essa dictomia, como tantas outras, encerra em si contradições. Os especuladores vivem à custa das rupturas sistémicas, mas a espinha dorsal de uma economia depende de previsibilidade, de racionalidade. Os ciclos tecnológicos não acompanham os mandatos políticos, ou o seu inverso. Nem Donald Trump é o revolucionário que afirma ser, nem Hillary Clinton será a simples continuadora como muitos a pintam. O problema que enfrentamos prende-se com o seguinte - a virtude já não se encontra no meio. As nossas sociedades vivem, mais uma vez, a era de extremos. E os mecanismos de controlo institucional do sistema político americano funcionam para evitar descalabros radicais. A investigação e o encerramento do processo de e-mails de Clinton funciona como um lembrete, uma mnemónica. Cada movimento de um detentor de um cargo público é escrutinado. Mesmo que Trump lá chegasse estaria condicionado pelo Congresso, a Câmara dos Representantes, o Senado e um vasto corpo de instituições dedicado à prerrogativa do checks and balances. Aliás, essa realidade decorre de um simples facto processual. A Constituição dos Estados Unidos da América (EUA) não dá azo a grande elaborações e subterfúgios - é curta e grossa, simples no seu enunciado. Na Europa a tradição constitucional é diversa, quase antagónica. Tantas vezes países da orla democrática se vêm perdidos no marasmo da complexidade constitucional. Veja-se o caso de Portugal. Aquele armazém legal permite acomodar tantos direitos consagrados, mas tal facto não implica que o país tenha processos democráticos mais transparentes ou seja mais consensual nas decisões que os seus governantes tomam. O dinheiro, por sua vez, não está sujeito a constrangimentos normativos de ordem política. Os meios financeiros elegem e derrotam candidatos numa base diária. Os mercados determinam a viabilidade ou não de projectos ou devaneios. Nessa medida, e servindo-nos de meros indicadores monetários que reflectem estabilidade ou volatilidade, podemos desde já declarar o vencedor da noite eleitoral de amanhã. Hillary Clinton, sem grande sobressalto, será a próxima presidente dos EUA. Não corro grandes riscos ao produzir esta ousadia de afirmação. Os mercados já colocaram na ranhura Trump. E quem somos nós para discutir com eles? Elas.

publicado às 10:14

Costa não está preparado para Trump

por John Wolf, em 04.11.16

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Aviso à navegação: o meu voto já chegou ao grande Estado da Pensilvânia. Agora não há mais nada que eu possa fazer a não ser especular sobre o resultado das eleições presidenciais norte-americanas. Na noite eleitoral estarei em Lisboa num evento oficial de acompanhamento dos resultados. Começa pelas 9 da noite e dizem que estaremos despachados pelas 3 da manhã. Mas tenho sérias dúvidas que a coisa ficará resolvida nessa mesma madrugada. Do meu ponto de observação privilegiado, ou seja Portugal, observo dimensões que pouco interessam ao comum dos mortais americanos. Uma coisa é certa: os europeus estão obrigados a desenhar alguns cenários que poderão determinar substantivas consequências nas suas existências. Se Hillary for a próxima presidente dos Estados Unidos, será um "mais do mesmo" -  nada de dramaticamente distinto será colocado em cima da mesa em termos de política doméstica ou externa. Por outro lado, e para referirmos o conceito de doutrina presidencial, somos forçados a rever as prioridades de Trump, e de que modo as suas opções poderão impactar a vida no resto do mundo. E penso na União Europeia e em Portugal em particular. Para quem não tenha ainda percebido, Trump já emitiu uma declaração de guerra económica ao resto do mundo. O slogan make America great again é mais do que um mero chavão. Implica efectivamente uma hierarquização acentuada do interesse nacional americano. A ênfase na geração de emprego para americanos. A relocalização de unidades fabris nos EUA. O repatriamento de dinheiros extraviados noutros destinos económicos. A insistência de que o dólar americano deve novamente ser uma divisa de força. O alinhamento de acordos estratégicos parcelares e limitados temporalmente. A colaboração com outras forças desequilibradores a leste e a oeste, a norte e a sul. O reconhecimento de iniciativas excêntricas movidas pelo destronamento de poderes instalados - penso no Brexit e penso em Putin. Ou seja, no quadro actual de volatilidade e incerteza, Trump acrescenta combustível à fogueira de um mundo que se encontra inegavelmente na fronteira de algo novo, mas certamente imprevisível. Por outras palavras, Trump é um produto da realidade que se estendeu e que consequentemente se esgotou nas últimas décadas. Mas não está sozinho na marcha de deconstrução. A Europa tem os seus próprios exemplos de agentes que visam a ruptura sistémica. Eu também acredito na mudança, mas não acredito que a mesma possa ser instigada de um modo passional e intensamente populista. Corremos alguns perigos por haver efeitos secundários que nunca devem ser subestimados. Nessa guerra que Trump declara, nem a União Europeia nem a NATO estão a salvo, e, numa escala ainda mais minuciosa, países com a dimensão de Portugal também não estarão à margem de ventos desfavoráveis. Darei apenas um exemplo. Se um intenso desordenamento de mercados resultante de certas iniciativas presidenciais americanas tiver tempo de sedimentação suficiente, os efeitos conjunturais dos mesmos passarão a ser crónicos. Se a tesouraria do Banco Central Europeu, que depende da banca global que por sua vez é controlada por conglomerados americanos, for afectada, é muito provável que Portugal e o governo de ficção de António Costa não consiga salvar o país de um descalabro. Existe sim uma cadeia alimentar política-económica-financeira que determina o destino das nações. Centeno pode inventar as teses que quiser, mas de nada servirão numa visão que transcende as ideologias monetárias e fiscais clássicas. E nessa medida, ao escutar o debate do Orçamento de Estado na Assembleia de República Portuguesa, vejo sobretudo crianças, alguns políticos, mas nenhum estadista capaz de interpretar os verdadeiros desafios que se nos apresentam. E essa ingenuidade corre em sentido contrário à acutilância cínica de Donald Trump. Os membros do governo e os deputados do parlamento português estão encostados à mesma árvore de sempre e tardam em perceber os perigos que Portugal, e para todos os efeitos, a Europa correm. Na próxima quarta-feira cá estaremos com uma sensação qualquer a dar a volta ao estômago. Não sei qual é. Não sei qual será. Aguardemos, com alguma ansiedade à mistura.

publicado às 21:16

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Os portugueses que não elegeram António Costa já estão a sentir os efeitos questionáveis do seu governo. O mesmo se passará com a eleição do próximo presidente dos EUA. Seja quem for que ocupe a Casa Branca, o resto do mundo será destinatário de decisões tomadas pelo presidente mais poderoso do mundo. Encontro-me no meio da discussão. O meu voto, por mais singular e ínfimo que seja, pode ajudar a esclarecer o processo presidencial americano. No entanto, enfrentamos, qualquer que seja a nossa nacionalidade, perigos trans-ideológicos assinaláveis. Ontem assistimos ao "dia 2" do longo processo de nomeação de candidatos presidenciais - Hillary Clintou levou uma ripada da estrela do "socialismo americano" Bernie Sanders, e Donald Trump arrasou Cruz e os demais republicanos. O que Sanders defende está no cerne da questão do grande desequilíbrio económico e social daquele país, e por extensão, do resto do mundo. Sabemos que os excessos de Wall Street minam os fundamentos da Democracia e prorrogam a vantagem obscena daquele 1% mais abastado do mundo. Sabemos que a justiça social ainda não foi alcançada em sociedades capitalistas um pouco por todo o mundo. Sabemos também que todo e qualquer serviço de saúde congeminado por um Estado deve chegar aos mais carentes. Em relação a isto duvido que discordemos - existem grandes fracturas que devem ser reparadas se quisermos manter viva a nossa crença na humanidade. Mas também sabemos qual o significado de cultura ideológica, de tradição ou partidarismo. Nessa medida, há que utilizar uma medida de interpretação distinta daquela convencionalmente aceite. Por outras palavras, a nomeação de Bernie Sanders quase de certeza que significará a eleição de Donald Trump como próximo presidente dos EUA. Se e quando o socialista americano Sanders chegar à nomeação, certamente que será empurrado para a extrema ideológica onde habitam os medos de que se alimenta Trump. Teremos, simplesmente, uma América rachada entre um nacionalista ultra-liberal e um recém-designado comunista, e, a haver esse dilema existencial, o pior dos EUA emergirá para eleger o uber-conservador que segue em sentido contrário aos valores fundamentais que estão na génese da nação americana. Sinto que os EUA não estão preparados para interiorizar o que pretende Sanders, e irá, por uma questão de tradição económica e financeira, pender para o lado do guru bilionário. Como votante neste processo eleitoral, não me sinto muito confortável com o que quer que seja. Hillary Clinton ainda não tem o meu aval, porque não acredito na graça política do voto útil. Aquele mecanismo sobejamente gasto pela política portuguesa, onde a virtude reside mais em derrotar do que eleger. Veremos se Bloomberg será a alavanca apropriada para desempatar um jogo cínico, ou se será apenas mais um factor de risco e volatilidade. Eu sei que a malta anda toda entusiasmada com as continhas do Orçamento de Estado, mas a eleição do próximo presidente americano diz respeito a todos. Se não tivermos cuidado, os portugueses ainda vão levar com mais um que não elegeram. Isto sem contar com António Costa.

publicado às 15:52

YOU´RE OUT, SÓCRATES

por John Wolf, em 14.04.15

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Depois de ver a castanhada que a Hillary Clinton está a levar desde que anunciou a sua candidatura à presidência dos EUA, penso em Portugal e o "país de brandos costumes" que tem poupado os políticos da terra. Manuel Maria Carrilho tem razão. A proposta que colocou na caixa de sugestões do Largo do Rato deve ser lida com muita atenção por António Costa que, à semelhança da Dona Clinton, é um político do passado com pouco para oferecer ao futuro. Mas passemos ao edital de Carrilho: a expulsão de José Sócrates do Partido Socialista (PS) como (uma) forma de redenção. Como segunda medida, e à luz de uma condenação pelo sistema judicial de Portugal, o PS deveria mover um processo ao ex-secretário geral daquele partido por danos causados ao património ideológico tão intensamente conquistado por Soares e outros correligionários. Sim, photoshop com ele. É riscar o homem do mapa e passar adiante. Mas sabemos que em casa de poetas alegres e contentes, os saneamentos são coisas de outros regimes (jamais, dirão eles). Contudo, não se trata de saneamentos. Esses processos de ruptura e canalização acontecem sem fundamento, de um modo injusto, como uma agressão - violência gratuíta. E não é disso que se trata aqui. António Costa e os seus associados podem vir a ter dificuldades na gestão dos danos causados por uma condenação. Ou seja, podem ficar mal na fotografia. Das duas uma; ou sabiam e pactuaram com os percalços ou não sabiam e enfileiraram-se nessa lenga lenga da presunção de inocência. Certamente que outros mais competentes talvez possam oferecer o seu conselho estratégico. Porventura o advogado João Araújo possa lançar alguma luz sobre as hipóteses que se lhes apresentam. Entretanto, irei ver o programa do outro lado do Atlântico. Quero saber se Hillary inalou ou não.

publicado às 14:14

Liar

por Nuno Castelo-Branco, em 06.03.14

Não é uma anedota Palin, mas pelo que se tem visto, nunca foi alguém que correrá o risco de ficar na memória de várias gerações. Até Jackie Kennedy lhe sobreviverá, nem que seja pelo estilo. Aquelas imagens que correram o mundo e manifestaram a sua extrema alegria pelo anúncio da vergonhosa morte de Kadhafi, disseram-nos tudo acerca da personagem.

 

Desta vez compara Putin com Hitler, recorrendo aos acontecimentos que incendiaram a Europa dos anos 30. Sendo costumeira a total ignorância das lideranças além-atlântico acerca da história factual, o caso austríaco, por  exemplo, não mostra qualquer semelhança com o que se está a passar na Crimeia.

 

Em 1938, nas capitais ocidentais dizia-se que ninguém queria morrer pelo quintal das traseiras da Alemanha, a região dos Sudetas. Neste dias, não será muito arriscado afirmar que não deverão existir muitos europeus, norte-americanos - pretos, apaches, anglo, germano, ítalo ou luso-descendentes - dispostos ao regresso da Guerra Fria, ou pior ainda, condescendentes com o desencadear de um  mega conflito ao estilo jugoslavo no leste da Europa. 

 

Que Clinton é uma ambiciosa fala barato, isso todos sabemos. No entanto, parece cultivar o desejo de suceder a Obama. Para tal, deveria de antemão encomendar um livro de história factual, talvez uma boa tradução do tomo do antigo 5º ano dos liceus, da autoria de Maria Luísa Guerra. Para o que se pretende, serve. Para tudo o que se tenha passado após 1970, a consulta à Wikipédia, por muito falível que venha a ser por omissão, também esclarecerá a cavalheira acerca do que no mundo ocorreu durante todo o século XIX e XX, especialmente no que respeita a ataques sem declaração de guerra. Comece pelas relações EUA-México, por exemplo.

 

Ficará espantada, pois quem inventou o conceito de ataque ao estilo Pearl Harbour, precedido de uma série de campanhas mediáticas recheadas de invencionices, foram os norte-americanos. A partir daí e até aos dias em que a nada hilariante Hillary participou no governo, foi um nunca parar de bombardeamentos e invasões sem declaração de guerra.

 

"The liar, is no whit better than the thief, and if his mendacity takes the form of slander he may be worse than most thieves.""

(Theodore Roosevelt)

 

Ela que pense no assunto. 

 

""I would regard war with Spain from two viewpoints: first, the advisability on the grounds both of humanity and self-interest of interfering on behalf of the Cubans, and of taking one more step toward the complete freeing of America from European dominion; second, the benefit done our people by giving them something to think of which is not material gain, and especially the benefit done our military forces by trying both the Navy and Army in actual practice."
(Theodore Rossevelt)

publicado às 08:21

A perita em "real estate"

por Nuno Castelo-Branco, em 09.12.12

Ao contrário do João Gonçalves, já há muito me desiludi com a sra. Clinton, essa platinada cabeça a abarrotar de vaidades sem tino. Inicialmente, a sua nomeação parecia ser um sinal de regresso à política da administração protagonizada pelo seu marido, pois apesar de tudo o que se possa dizer em relação aos erros de cálculo, abusos, inconsciência e perfeito desconhecimento que os americanos parecem nutrir pelo resto do mundo, Bill Clinton foi moderadamente interventivo, concitando a simpatia resignada do planeta.

 

Hillary é de outra safra. Estridente a roçar por vezes a histeria, parlapatona, indiscreta, malabarista da mentira descarada e sempre pronta para tiradas de uma espantosa vacuidade - nisso são exímios os nossos aliados, desde os New Deal, a Grande Sociedade e outros chavões próprios para um filme com horizontes infinitos ao estilo de Tom Cruise -, tem contra si, fora de portas, a opinião generalizada de tratar-se de uma fanática serviçal do lobby israelita, precisamente num momento em que o mundo é muito diferente daquele que viveu as décadas de 50, 60 e 70. Contra os próprios interesses da sobrevivência de Israel, a política dos EUA no Médio Oriente consiste por mania, falta de coragem e cedência à chantagem interna e externa, num assunto irresolúvel para qualquer administração. Os acontecimentos dos dois últimos anos confirmam a espiral de violência e dos perigos que aguardam a zona geográfica mais próxima: a Europa.

 

A tolerância para com todas as investidas subversivas e a falta de firmeza para com os aliados do Golfo, permite o alastrar dos grupos radicais islamitas que infestam todo o Magrebe e se preparam para tomar o poder na até agora laica Síria. Hillary foi um desastre e dela ficará aquela grotesca imagem de regozijo, aquando do vil assassinato em directo do tirano de Trípolis. Para cúmulo, durante a sua passagem pelo Departamento de Estado, a Turquia tornou-se na obsessão americana pelo infrutífero encontrar de um "islamismo moderado", sacrificando-se totalmente a Europa. Os americanos, Hillary à cabeça, ainda não entenderam que os seus parceiros além-Atlântico não desejam e pior ainda, temem um alargamento comunitário para lá do Corno de Ouro.

 

O desnorte do Departamento de Estado quanto a assuntos tão graves como os dossiers China, Afeganistão, Irão, Síria e Magrebe, são o verdadeiro legado da sra. Clinton. Melhor faria em regressar rapidamente à gestão dos seus esquisitos interesses imobiliários.

 

Como há uns anos dizia o meu amigo Lionel Alves,  ..."Nuno, don't trust, she is an avogado (sic) vigarista".

publicado às 12:44

A "revolta líbia" em imagens (9): falou a Sra. Clinton

por Nuno Castelo-Branco, em 28.02.11

Ao fim de dez dias de "revolta" - de revolução, nada de nada, claro -,  a sra. Clinton proferiu umas banalidades, "marcando posição" para recuperar espaço. Washington talvez queira organizar as coisas a seu modo, colocando os seus peões - quais? - no terreno pós-kadhafista. Oxalá não cometa os mesmos erros que foram bem visíveis no Afeganistão, quando impediu a decisão a tomar pela Loya Jirga. Um segredo de polichinelo e pelo qual o Afeganistão paga muito caro.

 

Todos sabemos que os meandros da política internacional e os assuntos de Estado, são assuntos que não devem ser tratados na praça pública, mas então, há que ser coerente. Estranha-se o imediato foguetório Made in USA, quando dos acontecimentos de Tunes e do Cairo. A tardança quanto à Líbia deveria ser bem explicada, pois há quem não a compreenda, interpretando-a como tendo sido os americanos apanhados de surpresa e pela inconveniência da sublevação. 

publicado às 16:15

Gaffe ou prenúncio?

por Samuel de Paiva Pires, em 07.03.09

Pergunta o caro confrade António de Almeida na caixa de comentários, se as gaffes não tinham acabado com a saída de Bush. Depois destas, a cereja no topo do bolo, embora obviamente a culpa não seja de Hillary Clinton, mas do staff da Casa Branca:

 

 

publicado às 21:44

 

(imagem picada daqui)

 

Como se não bastasse a falta de cordialidade de Obama, também Hillary Clinton dá um ar da sua graça com gaffes atrás de gaffes. Novamente, via O Insurgente, em referência a este artigo:

 

Hillary Clinton raised eyebrows on her first visit to Europe as secretary of state when she mispronounced her EU counterparts’ names and claimed U.S. democracy was older than Europe’s.

(…)

A veteran politician, Clinton compared the complex European political environment to that of the two-party U.S. system, before adding:

“I have never understood multiparty democracy.


“It is hard enough with two parties to come to any resolution, and I say this very respectfully, because I feel the same way about our own democracy, which has been around a lot longer than European democracy.”

The remark provoked much headshaking in the parliament of a bloc that likes to trace back its democratic tradition thousands of years to the days of classical Greece.

One working lunch later with EU leaders, Clinton raised more eyebrows when she referred to EU foreign policy chief Javier Solana, who stood beside her, as “High Representative Solano.”

She also dubbed European Commission External Relations Commissioner Benita Ferrero-Waldner as “Benito.”

publicado às 23:52

A Política Externa Obama-Clinton

por Samuel de Paiva Pires, em 30.11.08

 

Obama fez uma jogada de mestre com a escolha de Hillary Clinton, e ela própria terá também consciência disso. É o velho príncipio maquiavélico de ter os amigos por perto e os inimigos ainda mais perto. Obama vai usufruir da reputação internacional não só de Hillary mas também de Bill Clinton, ao passo que Hillary fica de certa forma impedida de fazer campanha contra Obama como forma de se preparar para uma eventual candidatura presidencial em 2012. E se alguma coisa correr mesmo muito mal, Obama poderá sempre demitir Hillary, isto num caso extremo em que o custo de sacrificá-la seja inferior ao custo de mantê-la, o que pressupõe um eventual facto político gravíssimo.

 

Quanto à política externa que esta promissora dupla terá a desenvolver, Robert Kaplan deixa uma interessante sistematização neste artigo da The Atlantic. Aqui fica uma pequena parte, mas aconselho a ler na íntegra:

 

But the real reason that Obama and Clinton might enjoy success is something that goes barely mentioned in the media. Obama and Clinton are buying into a bottomed-out market vis-à-vis America’s position in the world. It is as if they will be buying stock after the market has crashed, and just at the point when a number of factors are already set in motion for a recovery. For President George W. Bush did not just damage America’s position in the world, he has also, over the past two years, quietly repositioned himself as a realist in foreign policy, and that, coupled with a bold new strategy in Iraq, known as the “surge,” has poised America for a diplomatic rebound, which the next administration will get the credit for carrying out.

publicado às 21:51






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