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O novo livro do Professor José Adelino Maltez, Portugal pós-liberal, será lançado amanhã na Biblioteca da Academia Militar, em Lisboa, pelas 18:30. A apresentação estará a cargo de João Soares. O livro já pode ser adquirido através da Wook e para mais informações podem consultar a página no Facebook.

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publicado às 13:24

Do poder e da estupidez em tempos de coronavírus

por Samuel de Paiva Pires, em 29.05.20

Quando, há uns dois meses, escrevi que iríamos assistir a mudanças sistémicas à escala global, não tomei partido quanto à direcção destas, isto é, não formulei nenhum juízo sobre se as mudanças seriam para melhor ou pior. Mais ou menos na mesma altura, começaram a manifestar-se na opinião pública aqueles que, pretendendo avançar as suas agendas ideológicas, logo vaticinaram velhinhos “amanhãs que cantam”. Muitos decretaram pela milésima vez a morte do liberalismo e do capitalismo e anunciaram um mundo novo marcado pela bondade e pela compreensão de que os nossos excessos das últimas décadas teriam necessariamente de dar lugar a um mundo mais harmonioso - uma manifestação da fé iluminista no progresso (seja lá este o que for). Outros, em posição diametralmente oposta, preferiram defender a globalização e a ortodoxia liberal, proclamando alguns deles, também pela milésima vez, o império da economia sobre a política, como se estas fossem mutuamente exclusivas. 

Ora, o mais provável é que Richard Haass tenha razão, a crise acabará apenas por acelerar as tendências verificadas nos últimos anos. Os crentes nos diferentes progressismos parecem esquecer-se que a história não progride de forma linear e que há duas características da condição humana aparentemente imutáveis e frequentemente amalgamadas: a luta pelo poder e a estupidez.

Não é por acaso que o poder é o fenómeno central da Ciência Política, assim como na Teoria das Relações Internacionais, especialmente para realistas e neo-realistas, segundo os quais o poder é a moeda da política internacional e esta é sinónimo de power politics. Nem sequer o projecto de integração mais avançado no mundo escapa a isto, como temos vindo a aprender duramente desde 2008. Porém, em Portugal, não faltam defensores da narrativa espelhada na capa de uma revista holandesa, segundo a qual os países do norte da Europa são muito produtivos e frugais ao passo que os países do sul são pouco produtivos, gastadores e pedintes em relação aos do norte. Como já escrevi anteriormente, para estes, que no ano de 2020, tendo já passado pela crise do euro, ainda não conseguiram perceber que a União Económica e Monetária tem falhas estruturais conducentes a um funcionamento perverso que privilegia os países do norte e prejudica os do sul, dificilmente haverá salvação. Os seus vieses cognitivos e ideológicos, para além da ignorância da história do projecto de integração europeia, não lhes permitem vislumbrar e compreender a dimensão política, de luta pelo poder, no cerne do projecto do euro. Para outros, aqueles que acreditam num qualquer modelo de harmonia à escala global que descerá sobre todos nós em resultado da crise actual ou de outra qualquer, também não sei se haverá salvação, mas um estudo minimamente aturado da história da humanidade poderá ajudar a alcançar uma melhor compreensão da condição humana e da centralidade do poder nesta.

Por outro lado, a crise actual permitiu também perceber - se dúvidas houvesse - que a fé iluminista nas capacidades da razão humana é assaz sobrevalorizada. Num mundo hiper-mediático, a estupidez tornou-se particularmente visível. Entre líderes mundiais, lideranças políticas domésticas e burocratas que decidem e implementam medidas abstrusas, opinion makers que se aliviam de disparates e cidadãos que nas redes sociais partilham teorias da conspiração e óbvias fake news, este tem sido um período particularmente prolixo. Haverá muito trabalho para aqueles que se queiram dedicar a documentar as diversas manifestações de estupidez a que temos assistido, como o Nuno Resende aqui fez ontem. Certamente poderão apoiar-se nos trabalhos desenvolvidos por Paul Tabori e Carlo M. Cipolla. 

publicado às 15:15

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Edmund Burke, Reflections on the Revolution in France:

You see, Sir, that in this enlightened age I am bold enough to confess, that we are generally men of untaught feelings; that instead of casting away all our old prejudices, we cherish them to a very considerable degree, and, to take more shame to ourselves, we cherish them because they are prejudices; and the longer they have lasted, and the more generally they have prevailed, the more we cherish them. We are afraid to put men to live and trade each on his own private stock of reason; because we suspect that this stock in each man is small, and that the individuals would do better to avail themselves of the general bank and capital of nations, and of ages. Many of our men of speculation, instead of exploding general prejudices, employ their sagacity to discover the latent wisdom which prevails in them. If they find what they seek, (and they seldom fail) they think it more wise to continue the prejudice, with the reason involved, than to cast away the coat of prejudice, and to leave nothing but the naked reason; because prejudice, with its reason, has a motive to give action to that reason, and an affection which will give it permanence. Prejudice is of ready application in the emergency; it previously engages the mind in a steady course of wisdom and virtue, and does not leave the man hesitating in the moment of decision, sceptical, puzzled, and unresolved. Prejudice renders a man's virtue his habit; and not a series of unconnected acts. Through just prejudice, his duty becomes a part of his nature.

Your literary men, and your politicians, and so do the whole clan of the enlightened among us, essentially differ in these points. They have no respect for the wisdom of others; but they pay it off by a very full measure of confidence in their own. With them it is a sufficient motive to destroy an old scheme of things, because it is an old one. As to the new, they are in no sort of fear with regard to the duration of a building run up in haste; because duration is no object to those who think little or nothing has been done before their time, and who place all their hopes in discovery.

publicado às 18:50

A Grécia e o default da União Europeia

por John Wolf, em 30.06.15

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Os Europeus têm o péssimo hábito de usar argumentos de antiguidade histórica e tradição sempre que são confrontados com o pragmatismo dos Norte-Americanos. Porque temos 800 anos de história. Porque temos os rituais e os brasões. Porque temos as dinastias. Porque estamos cá há mais tempo. Porque os Americanos são uma amálgama de gente oriunda da mescla europeia. Enfim, um conjunto de patacoadas com pouca utilidade para resolver dilemas. Não esqueçamos o seguinte, para bem e para mal. A Constituição dos Estados Unidos da América (1787) é a primeira do mundo que consubstancia verdadeiramente Democracia na sua forma e na sua substância. Precede a própria Revolução Francesa (1789). Nessa linha de ideias, os americanos poderiam ser sobranceiros em relação ao adolescente Euro - a divisa ainda nem sequer pode conduzir um motociclo ligeiro de 50 c.c. - ainda não fez 16 anos, o dólar Americano tem mais de 200. Um facto curioso que reporta directamente ao processo de construção das comunidades europeias deve ser realçado: o dólar americano precede a Constituição Americana. Ou seja, começou a ser cunhado em 1786, um ano antes do Tratado Constitutivo. O actual turbilhão que a União Europeia enfrenta, deve, por essa razão, servir para levantar algumas questões pertinentes. Uma União Monetária deve preceder uma União Política? E será que efectivamente chegou o momento "We, the People" da Europa? Querem uma verdadeira Federação ou apenas um cartel de poderosos nos centros de decisão da Europa? A Grécia, se for bem aproveitada, pode servir para um profundo processo revisionista das premissas europeias, mas, para tal acontecer, deve saber se purgar dos efeitos nefastos da ideologia, quer de mercado quer de índole política. Ao ver as imagens de milhares de atenienses em frente ao seu parlamento, retenho a ideia de algo maior do que um Referendo, um sim, um não, a continuidade de Tsipras ou a reforma de Juncker. A encruzilhada em que se encontra a Europa também se reporta à ideia de tradição e continuidade, de regresso à "normalidade", quando o que o continente mais necessita é de um novo modelo existencial. As palavras valem o que valem, mas um novo Tratado da União Europeia não seria mal pensado. O default constitucional da Europa salta à vista de um modo flagrante.

 

Addendum do Prof. Armando Marques Guedes a quem agradeço o "alargamento" do meu texto.

 

"Vai haver quem não goste de "uma verdadeira Federação"... mas ele há gente em toda a parte que não sabe o que diz. A integração jurídica europeia já é federal. Mas incompletamente, e esse é um dos problemas. Não ter política externa ou política de segurança e defesa é obviamente um preço alto de mais a pagar por pseudo-soberanismos sem quaisquer fundamentos que não os ideológicos.
No princípio do artigo, John, valia a pena empiricamente desmontar a ideia de que, comparada com a Europa, a América é "nova" e "sem história". Há aqui um misto de ignorância e má fé. Os EUA têm todas as histórias europeias dentro, bem como imensas outras, não europeias. logo segundo argumento tem os pés no ar. Baseia-se, apenas, numa ideia de antiguidade e continuidade estadual e nacional que não faz grande sentido. Basta olhar para a ideia de que se trata de um Estado "novo", e comparativamente recente. Ora isto é, factulamente, falso. Os EUA existem desde 1776. Poucos são os Estados europeus com essa provecta idade. A Alemanha data de 1871. A Itália anda por aí. A Polónia, que se foi acendendo e apagando enanto ia mudando de sítio, é de 1920, a Ucrânia de 1921, os três Bálticos ainda mais recentes são, a Noruega data de 1905, a Finlândia dos 1900s, com vais e vens, a Bélgica e a Holanda são recentíssimas comparadas com os EUA, a Sérvia e os Balcãs quase todos são do século XX - finais do século XX, no caso dos 8 ex-ioguslavos e dos 15 ex-URSS, e do século XIX as Grécias, Roménias, e Bulgárias; a Turquia é de 1915, a Áustria de 1919, tal como a Hungria. E não se fale em nações: quase todas estão ainda em processo de construção, veja-se os três maiores, a Alemanha, a França e o Reino Unido. Conversa política de balela. Salvo raras excepções (a Grã-Bretanha, que é de 1707, a França, milenar, Portugal, todos Estados sem grande peso comparativo directo na Europa, se comparados com a recentíssima Alemanha ou com a proverbial Rússia, um império que vai mudando) os Estados europeus são na sua maioria muito, mais mesmo muito, mais recentes do que o é o norte-americano. Gostemos ou não, isto é um facto. A diferença específica dos EUA é que são mais antigos, não o contrário. A especificidade dos EUA é muito melhor vista e interpretável como uma forma de sabedoria dos mais velhos do que como um arremedo de um jovem. O resto são declarações políticas contra-factuais."

publicado às 10:06

Os sentidos proibidos de Ferro Rodrigues

por John Wolf, em 01.11.14

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Não existem nomes proíbidos no Partido Socialista (PS), caro Ferro Rodrigues. Por mim, até podem inventar nomes e apelidos, e inscrevê-los no vosso partido. E, sim, é verdade. O PS não é o Partido Comunista (PC) da União Soviética nem é o PC português. Porque esses ao menos são (ou foram) coerentes e íntegros. Mantiveram-se firmes nas suas convicções. Não invocaram princípios para realizar o seu oposto. Não falaram em nome do povo, e não encheram os bolsos de redes de influência e práticas neo-liberais. O PS pode até beatificar José Sócrates e retirá-lo do índice da excomungação, mas Portugal sabe quem lhe causou sérios danos. Os portugueses sabem quem desferiu o golpe de misericórdia que conduziu ao desmoronamento e à emergência de um memorando. Ferro Rodrigues pode não ter perdido o jeitinho da bancada, e o sarcasmo que nos conduz a parte incerta, mas confirma que não respeita a história do país e insulta os seus cidadãos. O regresso de Sócrates à galeria de todos os santos socialistas não nos deve surpreender. Faz parte da lavagem cerebral que nos querem impor. E sim, os partidos comunistas são exímios na doutrinação. Afinal as parecenças com o PC, são mais que as destrinças. Da próxima vez, talvez possam encontrar outro termo de comparação. Algo de índole anarquista ou religiosa. Não sei qual o propósito da reabilitação de Sócrates nos meandros políticos de Portugal, mas coisa boa não será. 

publicado às 19:02

Attack on Britain

por Nuno Castelo-Branco, em 13.07.14

publicado às 10:46

Crimeia e o fetiche da Guerra Fria

por John Wolf, em 06.03.14

A propósito do artigo de Daniel Oliveira tenho a dizer o seguinte: it takes two to tango. Estará a Rússia disposta a um acordo político? Será que o desfecho dos eventos que ocorrem na Crimeia servirá de ponto final para a grande estratégia russa? Não creio. Parece-me um pouco ingénua e redutora a simplificação ideológica do Daniel Oliveira. Quando os britânicos garantiam a paz na Europa após negociações com a Alemanha nazi dos anos 30, o que aconteceu a seguir? A Europa foi palco do mais devastador conflito de que há memória. Embora (ainda) não esteja a bombardear a Crimeia, a Rússia faz uso de todos os métodos de apropriação territorial que se conhecem. Certamente não se recordará Daniel Oliveira dos Sudetas e da Alemanha nazi que violou territórios para defender os interesses dos seus "nacionais" residentes na Boémia e na Morávia. A grande questão que os europeus enfrentam relaciona-se com a sua eterna passividade perante o desenrolar os acontecimentos. Em vez de criticar os EUA, os apologistas da emancipação política e militar da União Europeia deveriam fazer um esforço para estabelecer as regras do jogo. Mas para fazer isso de um modo substantivo seria necessário que a Política Externa e de Segurança Comum da UE existisse de facto e fosse para além do plano das intenções. When the shit hits the fan a quem recorrerá a Europa? Será a NATO e os EUA a intervir no terreno. Não existe política recessiva em Realpolitik. Quando a Rússia avança é porque já sabe quais os passos seguintes que irá tomar. Enquanto alguns servem-se da história da Guerra Fria para revelar rancores e interpretar os tempos presentes, outros escrevem a contemporaneidade geopolítica fazendo tábua rasa de considerações ideológicas. E é isso que a Rússia está a fazer. Está a arrastar os restantes actores para uma nova linguagem de projecção de poder, domínio e subjugação. Decerto esquece Daniel Oliveira que a União Soviética também pôs o dedo na gatilho  na guerra do Vietname. O acordo político com a Rússia de que fala Oliveira será negociado por quem? Por uma União Europeia quase incapaz de se manter em pé? Autonomia, autodeterminação ou moralismo são palavras caras que não servem grandes causas. Ainda não temos um nome para definir o que está a acontecer. Porventura por daqui a 10 anos Daniel Oliveira possa dedicar um tomo inteiro a este tema. Agora parece-me prematuro. Misturar juízos de valor com análise política séria geralmente dá asneira.

publicado às 13:08

Uma das coisas que eu costumo pedir aos meus alunos é que façam por sentir-se úteis na profissão que escolheram. Em História da Arte ou em História somos geralmente tratados como aves raras da sociedade, delicados espécimes que a natureza criou como ornamento da vida selvagem. Os médicos são leões, os advogados majestosas baleias que patrulham o oceano, os arquitectos astutas serpentes predadoras e os engenheiros doutos milhafres. Um historiador é, por outro lado, um daqueles insectos de cores atractivas, cujo bater de asas delicia qualquer entemólogo. Mas ao contrário dos leões, das baleias, das serpentes ou do milhafre, o pequeno insecto multicor limita-se a existir num plano etéreo até ser consumido. Provavelmente por um batráquio bem falante.


Enquanto os médicos, os advogados, os engenheiros (mesmo os que se graduam ao domingo) ou os arquitectos valem o seu peso em ouro, um historiador deve justificar muito bem a sua existência. Não cura doentes, não constrói pontes, nem desenha arranha-céus, não defende criminosos nem ajuda a condenar inocentes. O seu tempo é todo livre, debruçado sobre livros e papéis velhos, olhando para quadros sem sentido aparente ou pedras inexpressivas cobertas de limo. Talvez por isso seja tratado como apêndice da ideia de progresso. Para alguns o mundo passaria bem sem esta casta, inexpressiva e frívola reunião de homens e mulheres cujo assunto se esgota no passado.


Pois bem, quando me falam na verdadeira epidemia de tudólogos que grassa pelas televisões, jornais, blogues e redes sociais, não fico assim tão admirado. Há anos que convivo com a tudologia em História e em História da Arte. Cada português é um potencial historiador (e não apenas a propósito do recente caso da venda dos Mirós, situação tão bem sintetizada por José Diogo Quintela) e cada terra para além do seu uso, tem um historiador para gáudio das câmaras municipais que convertem inaugurações de novos fontanários e rotundas em espectáculos do progresso.

 

Estes cursos, considerados por alguns como supérfluos, dispendiosos e mesmo contra produtivos por alguns burocratas são aliás os únicos para os quais a existência de um diploma é irrelevante. Qualquer médico, engenheiro, juiz ou jornalista pode tornar-se historiador, como provam os vários livros que todos os dias se publicam - nomeadamente as escandalosas biografias de reis e rainhas. Melhor, qualquer um, desde que saiba assinar, pode tornar-se emérito cultor do passado e até arriscar-se a ganhar um lugar de honra na Academia Portuguesa de História - vetusta instituição que escolhe «historiadores» deste os tempos do Estado Novo.


Quando nos levarão a sério? Provavelmente nunca, em Portugal. Há anos que o Brasil discute o ofício de historiador; nos EUA são várias as associações profissionais que pugnam pela redacção de guias deontológicos e no resto da Europa escrever história é firmar com honra um compromisso entre a sociedade contemporânea, a sua cultura e a educação. Por cá é ofício de publicista, actividade menor ou vulgar que qualquer um desempenha  tenha acesso a caneta e papel ou câmara de televisão. 


O panorama historiográfico português sintetiza-se na aparição mediática de alguns historiadores contra o partido no governo, apresentadores televisivos aspirantes à vaga deixada por J. Hermano Saraiva, uma ou outra entrevista sobre uma obra de arte notável tomada a alguém que nem é formado em História da Arte e uma instituição bancária que, por cima de todos, nos dá a lição maior: afinal de contas o Passado e a Arte - algumas dezenas de quadros com «manchas e rabiscos» - não constituem assuntos para entreter burguês. Podem valer muito.

 

Tanto que até contribuem para abater a dívida de um país.

publicado às 11:12

Fazer História

por Samuel de Paiva Pires, em 17.02.14

Tocqueville considerava que não é a história que faz o homem, mas o homem que faz a história, mas sem saber que história vai fazendo. Burke, os Iluministas Escoceses, Carl Menger e Hayek, entre outros, salientavam que a colaboração espontânea entre homens livres, característica das sociedades complexas em que vivemos, frequentemente origina resultados que são maiores do que as suas mentes poderão alguma vez compreender na totalidade. Na senda destes, Popper afirmou que a tarefa das ciências sociais seria a de entender as consequências imprevistas e indesejadas da acção humana. É que a política das boas intenções leva quase sempre a resultados muito diferentes dos pretendidos. Ademais, qualquer historiador sabe que é necessário um certo distanciamento temporal para permitir analisar o mais objectivamente possível uma determinada época, realidade, fenómeno ou processo. Maria Luís Albuquerque ultrapassou-os a todos.

publicado às 16:27

As camionetas de protesto político

por John Wolf, em 19.10.13

Podemos afirmar, sem reserva de lugar, que as camionietas nasceram para a política em 1955. O Apartheid americano inspirou o movimento cívico de protesto contra a segregração racial dos negros. A passageira Rosa Parks recusou ceder o seu lugar a um branco que seguia na mesma camioneta e iniciou, desse modo, o famoso boicote das camionetas de Montgomery que durou mais de um ano e que levou ao levantamento da lei de discriminação racial no estado do Alabama. Como forma de protesto pacífico, milhões de negros americanos prescindiram do transporte das carreiras de autocarros, demonstrando também o seu peso económico nesse sector, mas foi a marcha a pé de manifestantes, de Selma a Montgomery em 1965, que conduziu à conquista do direito de voto de milhões de afro-americanos. Mais de quarenta e cinco volvidos sobre esses eventos, uma analogia invertida acontece em Portugal. Os representantes de milhares de trabalhadores maltratados e em conflito aberto com o governo de Portugal, não conseguiram a autorização para atravessar a ponte 25 de Abril a pé, como forma de protesto pelas medidas de austeridade que afectam dramaticamente as suas vidas. A alternativa para a manifestação foi organizar uma travessia motorizada, a bordo de mais de 400 camionetas - segundo as últimas estimativas. Na América da segregação dos anos 50, os utentes mandaram as camionetas dar uma volta, enquanto que em Portugal, os transportes colectivos ganham relevo especial na luta pelos direitos económicos e sociais dos portugueses. É curioso como a história dos homens se serve das mesmas ferramentas para alcançar fins políticos diversos. A camioneta passará a constar, como nunca antes, nos anais do protesto político em Portugal. A viatura comprida ganhará o estatuto de ícone de resistência. Os condutores dos autocarros serão os mestres de uma cerimónia que faz viajar as grandes consternações nacionais sobre as águas movediças do futuro económico e social do país. A passagem de uma margem para a seguinte não confere a chegada a um porto seguro. A viagem será uma parte apenas de um longo traçado de reclamações que faz parte da vida dos portugueses. A camioneta irá servir hoje, de um modo simbólico, como carro de fuga do assalto perpetrado pelos governantes à alma mater de um povo. O regresso será mais longo que a ida - o retorno à paz económica e social que os passageiros não desejam ver apenas da janela do autocarro.

publicado às 10:46

A queda e ascensão de Angola

por John Wolf, em 15.10.13
 
Do mesmo modo que a ex-superpotência EUA foi encostada às cordas pela Rússia no processo Síria, o ex-império colonial Portugal foi relegado para segundo plano por Angola. A história de domínio e subjugação é uma moeda de troca constante. A posição muda, os actores permanecem. A relação de forças no mundo já não é o que era. Há países que acordam rapidamente para a nova configuração geopolítica, outros nem por isso...é disso que se trata. Respeito, honra, valores, história e relações privilegiadas significa muito pouco num quadro estratégico alicerçado na oportunidade. O resto são detalhes de Machete e companhia. Deixemo-nos de invocar a ética e parcerias estratégicas (foi tudo oportunismo) - Angola é um país independente, e se profere o discurso de evasão aos condicionalismos portugueses, significa que Portugal não soube conduzir a sua política externa com acutilância suficiente. Outros virão para aproveitar o que Portugal, agora e à meia-volta, declina efusivamente. De repente Angola passou de membro da comunidade lusófona de amizade e negócios para o clube dos párias. Sobre a autoridade moral de uns e de outros - há muita roupa suja para lavar - de Portugal e de Angola. Não há uma linha que divide os campeões dos vilões, os certos dos errados. À medida que outras ex-colónias erguerem a cabeça (Timor, Moçambique ou Cabo Verde), Portugal irá lentamente encaixar nos seus processos mentais que subalternidade é um conceito muito relativo. Acontece aos melhores, aos piores, e àqueles que se encontram em terra de ninguém. Não me admiraria muito se Angola iniciasse parcerias estratégicas com um velho rival da história tordesilhana - Espanha. Angola não faz o que faz por acaso. Atinge Portugal num momento de fraqueza política, económica e social, e demonstra que a condução da sua política externa está a amadurecer. O que está a acontecer faz parte de um processo natural de Realpolitik, mas é também o resultado de um conjunto de pontas soltas de um legado colonial, de uma herança pesada deixada na praia para morrer e renascer.
 

 

publicado às 15:52

O espectro da guerra

por Samuel de Paiva Pires, em 10.03.13

Passar o fim-de-semana a ler sobre a História europeia permite reforçar a preocupação com as sementes de uma nova guerra no Velho Continente, que curiosamente Jean-Claude Juncker salientou hoje. Adormecidos por quase 70 anos de paz, muitos europeus dão-na por adquirida mas esquecem-se das dezenas de séculos em que a guerra perpassou todo o continente. Nas vésperas da I Guerra Mundial estava tudo muito bem - bem melhor que agora - e foi o que se viu. Ou recordemos que antes do Crash de 29 tinham assento no Reichstag 54 comunistas e 12 nazis, que com as eleições de 1930 passaram a ser 77 e 107 respectivamente, com as consequências que se conhecem para o reforço do partido nazi, que viria nas eleições seguintes a obter 230 lugares.

 

Entretanto, na Alemanha surge agora um partido anti-euro. Depois do paradoxo da moeda única que deveria servir para refrear o poder alemão acabar a reforçá-lo, podemos vir a assistir a um conflito em resultado das divisões causadas por esta mesma moeda que deveria servir para unir os europeus.

 

O homem faz a História sem saber que História vai fazendo. Quinze minutos antes do fim do jogo ainda podemos estar todos vivos e a cantar alegremente. Ignorar a História, a conflitualidade que está na base da natureza humana e a guerra como extensão desta, assim como as realidades que dão pelo nome de nações e advogar uma maior centralização de poder em Bruxelas, como Juncker e outros eurocratas fazem, pode ser fatal. Isto não vai acabar bem.

publicado às 23:39

 

Oscar Wilde, "The Critic as Artist":

 

«Ernest: Gilbert, you treat the world as if it were a crystal ball. You hold it in your hand, and reverse it to please a wilful fancy. You do nothing but rewrite history.

 

Gilbert: The one duty we owe to history is to rewrite it. That is not the least of the tasks in store for the critical spirit. When we have fully discovered the scientific laws that govern life, we shall realise that the one person who has more illusions than the dreamer is the man of action. He, indeed, knows neither the origin of his deeds nor their results. From the field in which he thought that he had sown thorns, we have gathered our vintage, and the fig-tree that he planted for our pleasure is as barren as the thistle, and more bitter. It is because Humanity has never known where it was going that it has been able to find its way.

 

Ernest: You think, then, that in the sphere of action a conscious aim is a delusion?

 

Gilbert: It is worse than a delusion. If we lived long enough to see the results of our actions it may be that those who call themselves good would be sickened with a dull remorse, and those whom the world calls evil stirred by a noble joy. Each little thing that we do passes into the great machine of life which may grind our virtues to powder and make them worthless, or transform our sins into elements of a new civilisation, more marvellous and more splendid than any that has gone before. But men are the slaves of words. They rage against Materialism, as they call it, forgetting that there has been no material improvement that has not spiritualised the world, and that there have been few, if any, spiritual awakenings that have not wasted the world's faculties in barren hopes, and fruitless aspirations, and empty or trammelling creeds. What is termed Sin is an essential element of progress. Without it the world would stagnate, or grow old, or become colourless. By its curiosity Sin increases the experience of the race. Through its intensified assertion of individualism, it saves us from monotony of type. In its rejection of the current notions about morality, it is one with the higher ethics. And as for the virtues! What are the virtues? Nature, M. Renan tells us cares little about chastity, and it may be that it is to the shame of the Magdalen, and not to their own purity, that the Lucretias of modern life owe their freedom from stain. Charity, as even those of whose religion it makes a formal part have been compelled to acknowledge, creates a multitude of evils. The mere existence of conscience, that faculty of which people prate so much nowadays, and are so ignorantly proud, is a sign of our imperfect development. It must be merged in instinct before we become fine. Self-denial is simply a method by which man arrests his progress, and self-sacrifice a survival of the mutilation of the savage, part of that old worship of pain which is so terrible a factor in the history of the world, and which even now makes its victims day by day, and has its altars in the land. Virtues! Who knows what the virtues are? Not you. Not I. Not any one. It is well for our vanity that we slay the criminal, for if we suffered him to live he might show us what we had gained by his crime. It is well for his peace that the saint goes to his martyrdom. He is spared the sight of the horror of his harvest.»

publicado às 13:38

O triunfo da ignorância

por Samuel de Paiva Pires, em 25.02.13

Dá-me pena ouvir Camilo Lourenço neste vídeo que o Pedro aqui deixou, e que o João Pinto Bastos já comentou. Permitam-me ainda acrescentar, no mesmo sentido do que o João escreve, que, infelizmente, as afirmações de Camilo Lourenço são bem representativas de um certo espírito materialista e utilitarista que perpassa muitas mentes - um dos males de que estes nossos tempos pós-modernos enfermam -, que pensam tudo apenas do ponto de vista da economia, considerando que tudo se deve submeter a esta, toda a vida deve girar em torno desta, e que por isto, só as ciências duras e a técnica é que são úteis e só estas devem ser valorizadas, em detrimento de tudo o resto. Nem sequer percebem que a cultura, as artes, a literatura, a filosofia ou as ciências sociais em geral, são não só necessárias à vida, como também contribuem para a economia. Mentes num certo estado de ignorância, portanto. Completamente apropriadas para o espaço merdiático que temos.

publicado às 22:40

publicado às 13:48

Spínola na II Guerra Mundial

por Nuno Castelo-Branco, em 28.08.12

Acompanhado por outros oficiais portugueses e alemães, António de Spínola visita a frente de Leninegrado em 1941. Spínola é o oficial agasalhado por um sobretudo e de bivaque escuro na cabeça, em último plano na foto, à esquerda. O grupo observa um tanque russo do modelo KV-1, destruído ou capturado. Ou andamos muito enganados, ou foi por esta altura que A.S. de Spínola terá adoptado a moda do monóculo., aquele adereço que lhe daria a alcunha de o Caco.  Com tudo o que dele politicamente se possa dizer, foi um militar como poucos, estando presente nas frentes de combate onde serviu como Comandante-em-chefe e sempre sem se recusar  à tradicional postura castrense. Tal como os seus homólogos Guderian, Patton e Rommel, deve ter entendido que a guerra também se fazia no campo mediático. Quantos é que hoje em dia se lhe poderão comparar? Duas ou três fotos elucidam-nos acerca das diferenças. 

 

"Sobre o General Spínola, escreveu Chauvel no semanário Paris-Match, quase um mês depois da emboscada:

Monóculo no olho, apoiando-se no seu pingalim, este oficial parece surgir de um filme dos anos 30. Não é o Pierre Renoir de 'La Bandera', nem o Von Stroheim de 'La Grande Illusion'. O general português Spínola faz verdadeiramente a guerra. Na Guiné. Imagem soberba e irrisória: um pequeno país que possuía, há quatrocentos anos, um império imenso, sobre o qual o sol nunca se escondia, esgota-se hoje no último combate colonial do século.

Entre a Gâmbia e a Guiné de Sékou Touré, a Guiné Portuguesa conta com um punhado de colonos, face a meio milhão de autóctones, num território do tamanho de um departamento francês. De há oito anos a esta parte está transformado num campo de batalha. A guerrilha dos rebeldes, armados pela China e muito organizados – revistas, instrução política, jornais de propaganda – absorve cada vez mais as tropas portuguesas.
Lançados num país muito quente, com uma vegetação muito densa, vigiados pelo inferno das emboscadas, os camponeses de Beja, os pescadores da Nazaré ou os estudantes de Coimbra cuidam da sua elegância, a exemplo do seu comandante-em-chefe: “Mais vale ir para o céu com um uniforme como deve ser”. 

publicado às 12:52

Sobre a polémica Loff-Ramos

por Samuel de Paiva Pires, em 23.08.12

Aplaudindo a cordata resposta de Rui Ramos, subscrevendo o Miguel Castelo-Branco e o João Gonçalves, e não me surpreendendo com o relatado por António Araújo, o que fica à vista de todos, mais uma vez, é a confrangedora indigência intelectual de grande parte da academia e intelligentsia portuguesas, que revelam à saciedade como é difícil discutir ideias em Portugal. Qualquer relação entre isto e o predomínio cultural e intelectual da esquerda deve ser mera coincidência.

publicado às 13:02

A História politicamente incorrecta do Brasil

por João Quaresma, em 21.03.12

A propósito do post da Cristina Ribeiro, coloco o vídeo de uma entrevista a Leandro Narloch, o autor do 'Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil', livro que lançou uma grande polémica sobre a forma como a História tem sido ensinada nas escolas e universidades brasileiras. O autor desmente muitos dos mitos que fazem parte da História oficial, a começar por aqueles que menorizam e atribuem sempre um carácter negativo em relação aos Portugueses e à contribuição portuguesa para aquilo que é o Brasil. O livro, que é o número um de vendas há mais de dois anos, tem sido uma verdadeira pedrada no charco e tem servido para mudar a perspectiva sobre Portugal, fazendo justiça ao muito de positivo que de nós o Brasil herdou.

 

O 'Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil' foi lançado em Portugal no ano passado mas nem assim tem merecido muita atenção por cá.

 

publicado às 00:25

A irrelevância da dívida segundo Krugman

por Eduardo F., em 03.01.12
Na sequência de (mais) uma bizarra crónica de Paul Krugman intitulada "Nobody Understands Debt", Don Boudreaux cita uma passagem de um discurso de William F. Bucley que achei particularmente interessante para ajudar a compreender o amor, e mesmo a paixão, dos políticos pelo keynesianismo. Por isso mesmo a procurei traduzir (com alguma liberdade):
A meio do segundo mandato de Franklin Roosevelt, os cérebros do New Deal começaram a preocupar-se com a crescente inquietação popular relativamente à dívida nacional. Naquela época, a dimensão da dívida estava na mente de todos. Na realidade, Franklin Roosevelt havia, em parte, chegado à presidência, em 1932, com a promessa de diminuir a dívida que, mesmo sob o frugal Sr. Hoover, as pessoas tendiam a pensar que tinha atingido uma dimensão ameaçadora. Os sábios do Sr. Roosevelt preocupavam-se profundamente com essa tensão crescente. E então, de repente, a comunidade académica acorreu em seu socorro. Um grande espectro de economistas foi electrizado por uma teoria da dívida introduzida em Inglaterra por John Maynard Keynes. Os políticos esfregaram as mãos em sinal de gratidão. Retratando as consequências políticas da descoberta inebriante de Lord Keynes, o cartoonista do Washington Times Herald fez um desenho inesquecível. No centro, sentado num trono em frente a um mastro, estava um FDR em júbilo, cigarro inclinado para cima quase na vertical, um sorriso no rosto de orelha a orelha. Dançando à sua volta num círculo, de mãos dadas, de rostos brilhando de êxtase, os cérebros, cobertos de vestes académicas, cantavam o mágico encantamento, a grande descoberta de Lord Keynes: "Devêmo-la a nós mesmos."

 

Com quatro palavras talismã, os especialistas em planeamento tinham eliminado o problema da despesa sob déficit. Daí em diante, alguém que se preocupasse com um aumento da dívida nacional era simplesmente um ignorante da percepção central da economia moderna: que importa o quanto nós - o estado - devamos uma vez que o devemos a nós mesmos? Avante com a despesa! Impostos e mais impostos, gastar e gastar, eleger e eleger...

 

William F. Buckley, excerto de discurso de Maio 1958

publicado às 00:56

Grandes Manobras

por Eduardo F., em 05.12.11

Ao que se lê nos jornais online (por exemplo, aquiaqui ou aqui), a França e a Alemanha chegaram a acordo sobre um conjunto de reformas para enfrentar a crise da dívida soberana que irão agora "apresentar" ao Presidente da UE, Herman Van Rompuy. Estas reformas incluem alterações aos tratados da UE e idealmente serão aplicáveis a todos os 27 estados membros, mas, se necessário, dirigir-se-ão apenas aos 17 membros da zona euro. Sem se conhecerem ainda os detalhes, os principais pontos parecem ser:

  • Sanções automáticas para aqueles países que ultrapassem um défice de 3% do PIB.
  • Introdução de maioria qualificada - 85% - em importantes processos de decisão.
  • Os governos da Zona Euro devem trabalhar no sentido de alcançar orçamentos equilibrados.
  • Acelerar a implementação do Mecanismo Europeu de Estabilidade para 2012.
  • O papel do BCE permanece inalterado e, portanto, não assumirá o papel de emprestador de último recurso.
  • Não às eurobonds.

É particularmente interessante cotejar o quer precede, com a crónica de ontem de Vasco Pulido Valente, significativamente intitulada de "Grandes Manobras", de onde roubei o título para o post:

«(...) Uma coisa é certa: os dois poderes dominantes da "Europa" finalmente perceberam o que toda a gente já lhes tinha explicado ou, por outras palavras, que o euro não podia sobreviver sem um governo económico (...) que no fundo implica uma política fiscal comum, um tesouro comum e um banco emissor comum.

E é aqui que as dificuldades começam. Sendo, em princípio, a UE uma associação de Estados democráticos, em cada um deles o Orçamento é da exclusiva competência do parlamento nacional: um ponto que a própria sra. Merkel insistiu em lembrar. Nada garante, por isso, que os 17 países da "zona euro" cumpram sempre e escrupulosamente o que em Bruxelas lhes mandam fazer. Quando ao tesouro comum e ao banco emissor, a Alemanha não os tenciona aceitar, sabendo perfeitamente que os pagaria, em prejuízo doméstico e em prejuízo de uma eventual expansão a leste. Só há uma solução à vista. Fingir, como de resto sempre se fingiu, que a UE respeita a democracia, mas de caminho arranjar um directório que determine e vigie os membros do "clube" que por qualquer motivo se tornem "suspeitos" e, coisa fácil, pôr na ordem com penas "pesadas" quem prevaricar.

 

Isto a sra. Merkel dá o nome simpático e tranquilizador de "união fiscal", um arranjo em que a Alemanha mandará sem risco e a França de quando em quando meterá a colher, para puros propósitos de camuflagem (...)»

____________________

Nota: ainda só li as primeiras cem páginas de "The Great Deception", mas já o considero um livro essencial para a compreensão da génese do que é hoje a União Europeia. Já ouviu o leitor falar de Louis LoucherArthur Salter? Do Manifesto Ventotene elaborado por Altiero Spinelli e Ernesto Rossi? Da tese segundo a qual o Plano Schuman só tem de Schuman o nome?

publicado às 17:55






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