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Não sei por que razão está a haver tanto alarido por causa destes trabalhos de restauro? Dêem uns bons duzentos anos às peças que elas ficam com ar antigo, gasto. Escapámos por um triz aos chaimites de Joana Vasconcelos com os cravos confeccionados a partir de pensos higiénicos, e agora isto faz levantar os ânimos dos entendidos na arte do restolho? Este facelifting adequa-se na perfeição à matriz política e cultural do país; dão-se uns toques aqui outros acolá e o pó atroz acaba por assentar. O que interessa que as operações plásticas tenham dado este ar de parvo aos bonecos? Isto joga na perfeição com o marasmo nacional, com a loucura instalada. É natural que os restauradores já não joguem com o baralho todo. As pinceladas que deram foram as que tinham à mão. Dispensava-se o batom tão carregado nos lábios do rapaz. Mas a ruiva ficou jeitosa, sim senhor. O tuning eclesiástico tem muito que se diga.
Analisar um papado com tão poucos meses de duração é, por antonomásia, um exercício deveras arriscado. Com o Papa Francisco ao barulho, esse exercício torna-se ainda mais complicado pela simples razão de que o ex-cardeal de Buenos Aires é um personagem totalmente à parte do que é o comum dos homens públicos deste início de século. Aliás, se repassarmos a história conturbada dos últimos decénios deparar-nos-emos, certamente, com uma enorme dificuldade em vislumbrar personalidades que sobrepujem a pequenez tão característica destes tempos pós-moderninhos. O Papa Francisco oferece, a este título, uma ambiguidade suplementar, cuja destrinça não se afigura de todo uma tarefa fácil. Aquela que é para muitos a grande qualidade de Francisco, é, a meu ver, o seu grande defeito: refiro-me, pois claro, à overdose mediática que rodeia todos os gestos e ademanes do Papa, num grau que chega a raiar a exageração absoluta. Há quem entenda esta abertura à mundanidade como um gesto de tolerância para com as multidões ululantes dos tempos presentes. Esta opinião é defendida, sobretudo, por aqueles que desejam uma Igreja rendida às modas abastardadas de um tempo sem referências axiomáticas dignas desse nome. É certo que Francisco não fez, até ao momento, nenhuma inflexão significativa no que toca à essência medular do dogma católico, porém, esta mudança de tom e de abordagem poderá criar, a longo trecho, mudanças indesejáveis na estrutura de uma instituição tradicionalmente imune aos modismos deslumbrados dos cultores do progressismo ignaro. Neste sentido, creio vivamente que a aposta numa comunicação excessivamente "moderna" não augura nada de bom, porquanto o mediatismo exacerbado tem sempre, como reverso da medalha, a desilusão destemperada de quem genuinamente acreditou que era possível moldar a Igreja ao destrambelhamento contemporâneo. Mas seria um erro tremendo avaliar o actual papado, única e exclusivamente, sob este prisma, dado que há no Papa Francisco uma dimensão cuja relevância importa não descurar. Essa dimensão prende-se directamente com a origem jesuítica de Francisco. O jesuitismo tem aqui uma dupla manifestação, nomeadamente na atenção dada pelo Papa, nas suas comunicações públicas, aos condenados da terra, assim como ao igualitarismo, extraído do luteranismo catolicizado dos Jesuítas, presente no apostolado diário dirigido a um público fremente de renovação evangélica. O papado tem sido, neste curto espaço de tempo, positivamente marcado por esta mensagem prática, cujo fito incide, fundamentalmente, na acção e na práxis dos fiéis. Mais do que um intelectual à Bento XVI votado propositadamente à conversão da Cidade, Francisco é e será um Papa voltado para a acção e caridade diárias, vivenciadas no contacto apostólico com os fiéis. Não há, bem vistas as coisas, nada de negativo nesta opção, nem haveria, necessariamente, se a escolha tivesse incidido numa orientação intelectualmente mais contemplativa. Francisco sabe o que faz, e tem a perfeita consciência de que guia algo maior do que a própria vida. Resta ao próprio não se deixar tragar pela lógica mecanicamente pretensiosa da contemporaneidade. Alea jacta est.
Publicado aqui.
Não tenho por norma dissentir das postas dos meus ilustres confrades, aliás, concordo geralmente com tudo o que os escribas deste blog escrevem. Contudo, e como há sempre uma primeira vez para tudo, desta feita sou obrigado a discordar em parte do longo comentário da Regina da Cruz a propósito da Mensagem de Ano Novo, de Sua Santidade Bento XVI. Subscrevo a opinião da Regina no tocante ao erro que Bento XVI cometeu ao afirmar que o "capitalismo desregulado" é o grande responsável pela crise económica e financeira do último lustro. Erro esse, justificado pela observância imprescritível da doutrina social da igreja que não é propriamente um receituário ou uma súmula de prescrições liberais. Como podem depreender do que venho escrevendo neste blog e noutros fóruns não considero o capitalismo como o grande responsável pela crise. Sou, à semelhança da Regina, um apreciador inveterado das virtudes do capitalismo. Gosto do frémito da liberdade induzido pela criatividade que só um regime de mercado e livre concorrência consegue gerar. Liberdade e criatividade devidamente temperadas pela ética, como muito bem sublinhou a Regina. O busílis do argumento desfiado pela caríssima colega prende-se não com a apologia do capitalismo, que acompanho e suporto, mas sim com o breve libelo contra o Papa e a Igreja. A Igreja, não obstante os erros, desvios e imperfeições que qualquer instituição naturalmente possui - e, aqui, mais uma vez sigo a opinião da Regina - é uma das derradeiras formas de vida inteligente que existem neste mundo pós-moderninho. Mais, se há alguém que tem apelado à renovação espiritual do homem, esse alguém tem sido Bento XVI. Com os vitupérios do costume provindos dos artesãos do politicamente correcto. Portanto, quando a Regina fala em reabilitação dos valores humanos fundamentais deveria olhar, em primeiríssimo lugar, para a Igreja, por uma razão bastante singela: em tudo o que diga respeito à vida humana, a Igreja está e estará sempre na primeira linha de defesa do justo e do direito. Ontem, hoje e amanhã. A raiz do catolicismo bebe, justamente, nesta predisposição para a dádiva.
A Igreja não tem uma história impoluta? É um facto indesmentível. A Igreja deixou em vários momentos de viver a palavra de Cristo? Sim, é verdade. A Igreja favoreceu, em muitas circunstâncias, os grandes deste mundo? Infelizmente, sim. Tudo isso é verdade, porém, o que atrás foi dito não ajuda, de todo, a explicar o porquê de, ainda hoje, muitas pessoas devotarem à autoridade papal um respeito invejável. A relevância da Igreja mostra-se no dia-a-dia, nos magistérios da palavra e da acção, com o Homem como pano de fundo. As "palavras vazias" e os "rituais anacrónicos" são a razão de ser da Igreja. Sem eles nada faria sentido. Com eles a comunidade de fiéis alarga e fortalece os seus horizontes. O Governo da Igreja, tão criticado por alguns, é a prova de que a conjugação entre autoridade e liberdade é uma possibilidade bem real, testada ao longo de dois mil anos. Não são muitas, se não mesmo nenhumas, as formas políticas que podem gabar-se de combinar hierarquia com autonomia, justapondo autoridade pessoal com descentralização. O Governo da Igreja, considerado amiúde como uma antigualha bárbara, é um resguardo imprescindível em tempos de niilismo político e cultural. Bento XVI soube interpretar, como poucos, a impessoalidade do mundo contemporâneo, chamando a atenção para o relativismo que acomete todos os recantos da vida social. Impessoalidade que não brota apenas da falta de ética que perpassa os mecanismos económicos. A origem desta maleita é bem mais funda, grave e periculosa. É por isso que, por mais que eu possa discordar desta ou daquela afirmação do Santo Padre, nada me levará a dizer que a Igreja pouco ou nada faz pelo bem-estar espiritual do Homem. Faz e muito, sobretudo junto dos que mais precisam, assim como, dos que anelam por um futuro melhor. Talvez o tom seja demasiado apologético, mas a verdade é que nunca como hoje a Igreja foi tão necessária. O filisteísmo relativista só será combatido com autoridade e auctoritas. Bento XVI encarna na perfeição estes dois predicados.
Catalina Pestana está decidida a emular o Grande Inquisidor, Tomás de Torquemada. Agora, a vítima da bestialidade desta inquisidora de saias é a Igreja, essa assembleia de tarados incorrigíveis muito dados a devorar crianças ao pequeno-almoço. Catalina, a Inquisidora, especializou-se num ramo muito em voga na sociedade do espectáculo: o ramo da suspeição generalizada. Atiram-se duas ou três larachas para a praça pública, não se denuncia o(s) suposto(s) caso(s) às autoridades competentes e, no fim, adopta-se um discurso eivado do mais barato moralismo. Não há paciência que aguente tanta boçalidade.
Luis Naves devia evitar falar do que não sabe. A ignorância e a cegueira política ficam-lhe mal. As intenções preversas que atribui à Igreja, nas palavras de D. Januário Torgal Ferreira, merecem o mais vivo repúdio, pela ignorância que revela.
Para que conste, nenhum católico sério, que se recorde estar enxertado no Corpo Místico de Cristo, se poderá rever no tom, nas palavras, e no conteúdo, da entrevista de D. Januário. O mal praticado pelo anterior governo contra a Vida e a Família não são esquecidos. Mas a obediência dos católicos é devida ao Papa. E a Igreja terrena, infelizmente, contrariamente ao que pensa Luís Naves, tem alguns franco-atiradores. Em menor consonância momentânea com o Vaticano. Por D. Januário, oferecemos as nossas orações esperando a sua maior abertura à verdadeira caridade, que inclui o repúdio pelo rancor com que vociferou. Rezamos pela união de D. Januário com o seu, e nosso, Pontífice. E, também, rezamos pela abertura do coração do Luís Naves, ao Espírito Santo.
O mundo seria seguramente melhor se rezássemos todos um pouco mais!
Diz-se que o Papa João Paulo II lhe fazia a continência sempre que o via em Roma. Passados esses momentos de grandeza, coitado do homem, agora nem sabe para onde se deve virar. Após certas comparações sem nexo, estava mesmo a "pedi-las" e vem a terreiro de auto-imposto baraço ao pescoço, acusando os outros de linchamento. Para um antigo professor universitário, argumentos como ..."depois de uma vida inteira a trabalhar, praticamente metade do que ganho vai para o Estado, que depois não sabe gerir esse dinheiro: vai para espiões e para empresas privadas”, ou ..."E no fim ainda aparece um senhor, que pelos vistos ocupa as funções de primeiro-ministro, dizendo um obrigado à profunda resignação de um povo dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico. Conclusão: parecia que estava a ouvir o discurso de uma certa pessoa há 50 anos” e ainda ..."apetecia-me dizer: vamos todos para a rua. Não vamos fazer tumultos, vamos fazer democracia", são de um nível pré-primário.
Pois venha o bispo para a rua fazer democracia: visite enfermos e idosos abandonados em casa, constitua associações destinadas ao apoio social dos carenciados, promova o proselitismo dos crentes da Igreja e sobretudo, tome boa nota do interesse que a instituição terá em não se imiscuir na política do Estado. Pelos vistos, o senhor bispo anda muito esquecido e talvez prefira um "camarada" ao estilo do Afonso Costa.
Em suma, o "perlado" prelado, parece querer poleiro numa gaiolazinha fartamente provida de alpista, claro.
Paulo Cardoso e Samuel de Paiva Pires são bafejados pelo Divino, em uma fantástica Revelação, num Campo Pequeno perto de si. Não recomendável a pessoas susceptíveis. Não digam que não avisámos.