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Antes que me acusem de ser insensível, desumano e uma pessoa desprovida de sentimentos de empatia para com o próximo, permitam-me a seguinte defesa preventiva: não fico feliz com o sofrimento de seja quem for - presidente da república ou não. Mas o que está em causa é determinar se estamos na presença de um facto político. Nesta casa (no blog Estado Sentido) existem especialistas muito mais avisados do que eu que podem auxiliar na explicação que decorre desse conceito de ciência política. De acordo com muitos autores, qualquer evento que envolva um orgão de soberania (ou uma figura de Estado) preenche os requisitos de facto político desde que seja passível de causar efeitos políticos. A queda de uma cadeira (Salazar) ou o engasgar (W. Bush) podem ser entendidos enquanto factos políticos. No primeiro caso, esse acontecimento do foro privado teve implicações na mudança de um regime de um país. No segundo exercício não passou de um caso de bola (sim, W. Bush estava a assistir a um jogo de futebol e atravessou o petisco na garganta). O que deve ser trazido à discussão, sem falsos sentimentalismos e um sentido de ética duvidoso, reporta-se ao estado-geral de saúde do chefe de Estado. Nessa medida, e desejando que tenha recuperado bem da indisposição que sentiu nas comemorações do dia de Portugal, será legítimo, que num estado de direito democrático, os cidadãos coloquem as questões que entenderem sobre o estado de saúde dos lideres que conduzem os destinos do país. Não me parece extravagante que os eleitores queiram saber com quem podem contar ou não na prossecução dos objectivos nacionais. Ontem (e provavelmente ainda hoje e nos dias que se seguem), vozes críticas se fizeram ouvir, invocando que o que sucedeu na cidade da Guarda não passou de um episódio natural, normal. Pode ser que assim seja, mas um presidente da república exige mais atenção do que os restantes no que diz respeito aos seus movimentos políticos ascendentes ou descendentes. Concentremo-nos nos factos e deixemos o ruído de fora da discussão. Estarei a ser desrespeitoso para com o presidente?