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A TVI/CNN quer ajudar o Pedro Nuno Santos, e as emoções são um potente catalisador quando a razão e a inteligência são insuficientes. As lágrimas vertidas em directo são genuínas. Não foram provocadas pela cebola do medo associado à extrema-direita. São pingos da mercearia local. Confecionadas com recurso a aditivos mediáticos cedidos a título de empréstimo pela estação de televisão. Quando a cabeça não tem o juízo suficiente, há que sacar da manga truques para cativar os mais vulneráveis — eleitores e espectadores, e espectadores-eleitores. Pedro Nuno Santos, mais um produto da casa socialista, sabe quão poderoso pode ser o apelo à flor da pele da irracionalidade primária. Ainda faltam mais de duas semanas até ao período de nojo da campanha. Não havendo mais debates ao cronómetro, este é o momento para dar largas à choradeira. Quando desmoronam os putativos edifícios políticos, por assentarem em frágeis pilares de argumentação, nada melhor do que apelar aos instintos animais, ao espírito selvagem, o mesmo devaneio que alimenta a corrupção ("não vim para a política para enriquecer"). Porque sim; trata-se de uma corruptela de alguidar dos princípios essenciais que devem nortear a intelectualidade política — a força de axiomas racionais que sirvam para sustentar indivíduos, comunidades e sociedades. As lágrimas salgadas que escorrem pelo desnível facial de Pedro Nuno Santos desaguam no farto pasto da pilosidade onde tudo se mistura no engano. E são corrimentos incomparáveis ao verdadeiro luto dos portugueses, aqueles sem médico de família ou casa onde morar. Quando um pretenso gerente chora, quebra o contrato social, readmite o principe e sugere as mesmas lágrimas esguichadas por tantos lideres questionáveis ao longo da história — para défice de indivíduos e nações inteiras. As lágrimas confirmam a falência ética e moral da política. Estar mais longe de estadista e mais perto do estúdio da TVI não é possível.