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Memórias da "net"

por João Quaresma, em 14.03.14

Por estes dias, assinalaram-se os vinte e cinco anos da criação da World Wide Web, sendo de referir que este ano também decorrem vinte anos da chegada da Internet a Portugal.

Penso que podemos dizer que Portugal aderiu relativamente bem à Internet, talvez pelo melhor domínio da língua inglesa comparativamente a outros povos, e aderiu melhor e mais atempadamente que outros países (França, por exemplo, apesar de já aí existir um sistema funcional mas muito mais primitivo desde 1980, o Minitel). Desses tempos, recordo-me do fascínio que foi descobrir este maravilhoso meio de partilha de informação e da comunicação entre utilizadores, independentemente da sua localização geográfica. De repente, podia-se consultar publicações de universidades americanas, os jornais australianos, conversar com amigos que se iam fazendo em várias partes do mundo, em simultâneo estivessem eles em Macau ou no Canadá, ou participar em grupos de debate internacionais. Hoje tudo isto é absolutamente banal. Mas, nas minhas primeiras navegações em princípios de 1995, a capacidade para enviar e receber informação de um computador para outro através do mundo, em fracções de segundo, ainda era qualquer coisa de formidável. Lembro-me de, certo dia, um amigo brasileiro enviar-me fotografias tiradas momentos antes nos confins da Amazónia, através de uma ligação via satélite, e de muita gente a quem eu contava isto não acreditar que fosse real. Aliás, a grande maioria não conseguia entender do que a Internet se tratava e achava que nós, os internautas dos primeiros tempos, éramos uns maluquinhos que sabe-se lá por que razão passavam muito tempo frente ao computador.

A propósito, recordo-me uma história curiosa que me contaram na altura. Antes da Microsoft apostar na Internet - Bill Gates, inicialmente, não lhe adivinhava grande futuro - e de se generalizar o browser Internet Explorer, o programa de consulta na WWW mais usado era outro, produzido por uma empresa norte-americana chamada Nestcape.

Elaborado o programa, a empresa teve o problema de escolher-lhe um nome eficaz. Tal como disse, nesses tempos muita gente não conseguia assimilar verdadeiramente do que a Internet se tratava, e dizer que era um programa para consultar uma base de dados seria pouco apelativo. Um dos programadores, neto de emigrantes portugueses, explicou ao responsável pela comercialização que a WWW era mais que uma base de dados, que era um verdadeiro oceano de informação disponível, que estava à espera de ser descoberta para ser consultada. Circular na internet seria como navegar num oceano, à descoberta, como fizeram os navegadores portugueses. Assim, propôs um nome condizente, que foi adoptado: Nescape Navigator. Surgiu assim a expressão «navegar» na Internet. Talvez alguns internautas dessa época tenham reparado que os primeiros logotipos do Navigator eram uma roda do leme em madeira, como as das caravelas, com a Cruz de Cristo no centro. Perante o sucesso do Nescape Navigator, a Microsoft lançou o seu próprio browser com um nome usando o mesmo conceito, o Internet Explorer.

E assim ficou uma pequena, ligeira marca de portugalidade no desenvolvimento da Internet, e tudo graças a um americano que se lembrou das suas raízes portuguesas. Isto é o que se chama herança cultural.

publicado às 04:22

Iniciativa meritória

por João Pinto Bastos, em 16.08.13

O fim dos comentários anónimos no PÚBLICO. Há iniciativas que só pecam por tardias. Seria bom, aliás, que os restantes periódicos aproveitassem as virtualidades desta iniciativa, e obstassem de vez à praga do anonimato baderneiro.

publicado às 15:02

França vai passar a ser conhecida por Liberté, Egalité, Fraternité e Interneté. Foi necessário um Socialista aparecer em cena para começar a aplicar receitas normalmente associadas a outros regimes políticos. Agora ponderam aplicar uma taxa aos fabricantes de aparelhos que permitem a ligação à internet. Diga o que disser o Hollande, há aqui outras considerações que transcendem a mera ordem económica, a necessidade de angariar receitas em plena paisagem  austeritária. Observemos com atenção este modo de censura que condicionará, com maior ou menor intensidade, a livre circulação de ideias. Trata-se de uma amostra do que é possível fazer. É o que eu digo, as ideologias assemelham-se a uma omolete, são mexidas e viradas ao contrário e servidas a frio. Sem darmos conta, pagaremos para satisfazer os fetiches de governantes que já perderam o controlo da situação económica, do descalabro, e que agora temem, mais do que nunca, a força das ideias. Aquelas que incendeiam bairros porque as juntas e levantamentos anteriores fracassaram. A França está ao virar da esquina de um descalabro económico e financeiro, com a séria agravante de ser um país que vive com uma profunda fractura, que opõe um país civilizado e católico ao banlieue muçulmano. Os tablets de barro que já eram utilizados pelos Sumérios, foram importantíssimos para as trocas comerciais, para o desenvolvimento da economia, mas mais substantivamente, para a livre circulação de ideias - para atirar barro à parede, para protestar, para plantar as primeiras sementes de discórdia. E essas amostras de dissensão viajáram até aos nossos dias enquanto elementos de definição da própria Democracia, tal e qual como a conhecíamos, e que teimamos em preservar. Ao censurar esse campo aberto que é o cíberespaço, Hollande demonstra a sua natureza autoritária, a sua inclinação para a arrogância. O pretexto de defesa da cultura francesa parece conversa de um chulo, que agora exige comissões ainda mais altas às prostitutas que escapam ao seu controlo, ao controlo de qualquer político. Eles andam nervosos. Por outras palavras, esta medida funciona como um aviso, uma ameaça velada feita a partir de uma bairro, por um cabecilha de um dos muitos gangs de políticos que povoam a Europa. Se nos provocarem o suficiente, puxaremos a tomada, não tenham dúvidas, e vós, súbditos do desastre, ficaréis às escuras como colaboradores de um Vichy de rede, enquanto a banda larga entoa os derradeiros acordes de uma revolução. A francesa, quem sabe. 

publicado às 12:28

Rezem por isto

por Samuel de Paiva Pires, em 28.01.12

(Roubado ao 9GAG)

publicado às 15:45

SOPA - Pela boca morre o peixe

por Samuel de Paiva Pires, em 18.01.12

No site de uma das maiores comunidades transnacionais online, o não aconselhado a menores 9GAG, surgiu há umas horas uma revelação que é a todos os níveis ilustrativa do absurdo que é o Stop Only Piracy Act. Lamar Smith, o autor da proposta, utiliza como imagem de fundo do seu site uma fotografia com direitos de autor, sem mencionar o fotógrafo. Depois disto, o que mais será necessário para enviar para as calendas gregas tamanho absurdo legislativo?

publicado às 23:14






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