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Alcântara - Veneza em Lisboa.
Hoje, dia 13 de Agosto de 2015.
Obrigado, autarcas do passado e do presente, planeadores urbanos corruptos, amigos construtores, directores de empresas municipais, políticos e outros vigaristas da capital.
Fotografias publicadas no Observador.
António Costa diz que não existe solução para inundações em Lisboa. Minhas senhoras e meus senhores, entramos no reino do surreal, da estupefacção, da mediocridade, do abismo, da nulidade, da incompetência, e certamente, da ainda maior ruína de Portugal se apostarem neste cavalo para primeiro-ministro. O alegado presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML) é que não existe (e não aparece em parte alguma para dar a cara em nome da população de Lisboa). Eu não deveria ficar espantado com o modo como este político se anula, e passa a si mesmo um atestado de burrice, de estupidez. Se não existe solução para um desafio menor como este, então poderemos concluir que António Costa nem por sombras terá soluções para Portugal. À primeira humidade, Costa revela bolor. À primeira contestação de um acto de Deus, Costa afasta os mau-olhados. À primeira contestação à sua responsabilidade, Costa passa a bola aos Sapadores. Poderemos concluir, sem margem seca de dúvida, que estamos sujeitos à atmosfera política que nos querem impingir e muito menos à pluviosidade. A Holanda não se encontra abaixo do nível do mar ou estarei enganado? Situações atmosféricas anómalas? O que o povo da cidade de Lisboa tem a fazer é mover uma acção contra a CML, sem se restringir a este ou aquele mandato. António Costa, o derradeiro de uma extensa fila de irresponsáveis, apenas tem uma coisa a fazer - assumir a bronca, a barca em que (se) transformou a cidade.
Acabou a época dos fogos, começou a época das chuvas. Amanhã vêm a terreiro todos os especialistas em inundações, limpeza de esgotos e afins. O país inteiro, inclusive o país político, vai solidarizar-se com as pessoas afectadas. Vai falar-se muito sobre o assunto, mas vai tudo continuar na mesma. Para o ano há mais.
Mal se extingam os últimos focos de incêndios da temporada, Portugal será fustigado por uma outra vaga de indisposições geo-térmicas que também resultam da inacção humana, política. Daqui a nada as chuvas repentinas chegarão e teremos a versão molhada do drama quente do verão. As inundações, que decerto afogarão centros urbanos e povoados ribeirinhos, irão gerar uma outra discussão já conhecida dos portugueses - a limpeza atempada das sarjetas e principais vias de escoamento de águas. Um distinto termo de irresponsabilidade será trazido à baila da navegação à vista, já com as autárquicas atrás das costas - a ausência de políticas de administração e gestão urbanas adequadas. Alguém já viu trabalhos de prevenção a decorrer nas cidades normalmente afectadas pelo rebentamento de águas nas condutas? Alguém já se cruzou com um piquete de intervenção a remover beatas e pasto dos gradeamentos por onde deveriam fluir as águas? Dentro em breve lá teremos os mesmos bombeiros a socorrer os residentes de habitações e os proprietários de espaços comerciais com água pelo pescoço. Há uma linha que separa o bom senso da tragédia líquida. Um país que nem sequer consegue realizar a gestão dos seus elementos naturais, dificilmente conseguirá defrontar outro género de intempéries. Os canais de água que atravessam o território nacional indicam claramente onde residem os maiores perigos e, nos centros urbanos, catástrofes anteriores deixaram marcas mais que suficientes para se colocarem trancas à porta. Estou admirado que o tema não seja politicamente relevante. Ainda não vi nenhum cartaz para as eleições autárquicas que aluda a esse flagelo, servindo-se do medo como principal instigador da inclinação torta dos boletins. Os votos não caminham sobre a água, decididamente. Ou o país já afundou por completo.