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...se conjugam todos os esforços para colocar Portugal e Espanha numa forma tal que impulsione ambos e a velocidades supersónicas para fora da U.E., com isto arrastando os respectivos regimes. Os teóricos da conspiração devem estar exultantes com mais uma série de elementos que são tão evidentes como o número de calhaus que compõem os anéis de Saturno.
O Brexit arrastar-se-á por dois anos, no mínimo, dependendo da data de entrega do processo que despoletará o conteúdo do artigo 50. Desiludam-se os apressados sedentos de vingança - e de temor pelo que poderá estar para vir dentro de momentos -, pois isso não interessa nem à Europa, nem ao Reino Unido em todas as suas componentes. Só os mais distraídos não entenderam o conteúdo subliminar do discurso que há uns dias Isabel II, do alto dos seus noventa anos, sem hesitar proferiu no parlamento escocês. Quem não o conheça, está à disposição aqui.
"Of course, we all live and work in an increasingly complex and demanding world, where events and developments can, and do, take place at remarkable speed; and retaining the ability to stay calm and collected can at times be hard. As this Parliament has successfully demonstrated over the years, one hallmark of leadership in such a fast-moving world is allowing sufficient room for quiet thinking and contemplation, which can enable deeper, cooler consideration of how challenges and opportunities can be best addressed."
Este é, ou deveria ser, o principal problema político da Europa, ao qual se junta o ininterrupto dilúvio de refugiados - e correspondente enxurrada de emigrantes económicos, ilegais - que ao contrário de todos os acordos de suborno assinados com os turcos, está longe de terminar, apenas se deslocando a vaga mais alta para o Mediterrâneo central.
Que reacções temos escutado? As piores, ditadas pela pressa que denuncia uma total impreparação dos agentes políticos. Se um ou outro ameaça com sanções devidas a uma ou duas décimas, o outro, com a invariável megalomania dos novatos apenas chegados há menos de dois séculos à cena política, alvitra com a rápida criação de um super-Estado europeu, esmagando a bulldozer legislativo toda uma série de países cuja existência ultrapassa em séculos os dedos de uma mão. A somar aos erros passados, mais um Grande Salto em Frente. Asneira, asneira à qual se acrescenta o adjectivo grossa.
Leiam o discurso da soberana britânica e em vez de Parlamento escocês, imaginem que foi pronunciado no areópago de Estrasburgo. Dado o triste espectáculo a que o planeta tem assistido nos últimos tempos, palavras como skill, Wisdom, Justice, Compassion e Integrity teriam de ser levadas como advertências, sugestões ou na pior das hipóteses, mera ironia. Infelizmente, ao contrário daquilo que diz o poema - "We have a building that is more than a building" - o P.E. não passa de uma construção. De inamovível betão. Há quem pense imediatamente em dinamite.
Por nenhuma razão em especial (mas coincidindo com a notícia de ontem) por estes dias lembrei-me da Ally e do Galfried, um casal inglês amigo da família. Conheceram os meus pais quando, de mapa de Lisboa na mão, lhes pediram indicações e, conversa puxa conversa, ficou uma amizade que durou anos, até à morte de ambos. Para mim, ficaram como a referência dos ingleses no seu melhor: simpáticos, educados e apreciadores do que de bom as outras nações têm para oferecer, por muito diferentes que sejam da Grã-Bretanha (o que nem sempre acontece com os seus conterrâneos).
Em especial o Galfried. Pessoa extremamente culta, que conhecia bem as artes e a História de vários países (até a da Índia antes da colonização britânica), incluindo a de Portugal. Bom conversador, com uma educação irrepreensível, maneira de estar e aparência de um cavalheiro inglês de boa linhagem, entre quem o visse e ouvisse ninguém diria que toda a sua vida tinha sido um bobby: um simples polícia londrino. Não tinha sido educado em Eton, Oxford ou Cambridge mas tão simplesmente na escola pública e a sua bagagem cultural tinha sido adquirida nas bibliotecas públicas, nos documentários da BBC e nas viagens, depois de se reformar. Era o exemplo do melhor do elitismo britânico: aproximar as classes populares dos níveis educacionais e culturais das elites.
Ambos gostavam bastante de Portugal, voltando várias vezes e ficando numa casa nossa. Também recebemos amigos deles, ingleses e um casal de professores universitários australianos a quem disseram: «Não se pode conhecer bem a Europa sem conhecer Portugal». Ao Galfried, intrigava-o o 25 de Abril, e o facto de Portugal ter estado à beira de uma guerra civil: «Como foi possível num país tão antigo, um povo que nos maus momentos esteve sempre tão unido e foi sempre tão forte? Em Inglaterra, é impossível os comunistas tomarem o poder. Para o fazerem teriam de nos virar uns contra os outros, e isso é muito, mas mesmo muito difícil de fazer. Somos muito unidos, como se fôssemos uma família. E em parte devemos isso ao Sr. Hitler».
Durante a guerra, Galfried tinha estado na artilharia anti-aérea, defendendo a sua Londres contra os bombardeiros alemães. Dizia que os meses que durou o Blitz tinham mudado muito os ingleses na maneira de pensar e de se relacionarem. Toda a gente compreendeu que tinham todos de trabalhar em conjunto e de se ajudarem uns aos outros, de aceitar sacrifícios e esquecer diferenças e divergências. Londres era ela própria um campo de batalha e todos, de uma maneira ou de outra, tomaram parte nesse combate, da jovem enfermeira auxiliar Ally à princesa (e futura rainha) Isabel. Todos entenderam que cada dia e cada noite podiam ser os últimos, que a próxima bomba a cair podia ser a sua, e que se devia fazer o máximo pelo país e pelo próximo, e o possível para aproveitar a vida. Quando uma família perdia a sua casa, os vizinhos acolhiam-na o tempo necessário. Quando uma criança ficava órfã ou um idoso ficava só, havia sempre um lar disposto a recebê-lo, fosse num quarto em Londres ou num castelo na Escócia. Todos tomavam a iniciativa e ninguém ficava à espera que o Estado viesse ajudar. Maridos e mulheres separados pela distância escreviam-se dizendo que não se importavam que se relacionassem com outras pessoas, se isso as fizesse sentir melhor. Todos entenderam que eram um só povo e todos puxaram para o mesmo lado.
Esse Reino Unido, valente, determinado e unido, em parte desapareceu ontem com a morte de Margaret Thatcher, o último primeiro-ministro que trabalhou para que o país fosse assim. E como diz Miguel Castelo Branco, «a Europa, ou o que dela resta, morreu hoje um pouco mais». A Europa feita de nações com energia própria, rica na sua diversidade e liberdade de acção, foi substituida por um condomínio de mercados e de plutocracias, onde os povos foram castrados de poder e vontade própria, reduzidos a moles de consumidores e contribuintes, bananizados e viciados em satisfacções rasteiras. O Reino Unido era uma das nações que lhe servia de alicerce e que, mesmo pelo seu distanciamento, mais a influenciou. Hoje já não faz Austins nem Rovers, os bobbies podem vir a ser privatizados, as caçadas à raposa foram substituidas pela caça ao "politicamente incorrecto" e, mesmo com a Rainha e a libra estrelina, está em muitos aspectos irreconhecível.
Londres voltou a arder em 2011 não por obra dos bombardeiros da Luftwaffe mas dos incendiários sustentados pelo welfare state, instruídos como carneiros pela Educação Inclusiva, educados na mesquita mais próxima e cujas noções de cidadania foram obtidas no fast food mais barato. O elitismo saudável e construtivo foi banido pelo populismo destruidor, que tudo reduz ao mínimo denominador comum e ao culto da infantilização tutelada pelo Estado (nem nas olimpíadas de Moscovo, em 1980, nem de perto nem de longe se assistiu a algo de tão ridiculamente ideológico como a homenagem ao Serviço Nacional de Saúde na abertura dos jogos de Londres). É uma decadência que todos constatam mas a que uns se resignaram e outros, por entre as recordações trazidas por Downton Abbey, os discursos inflamados de Nigel Farage, e a utopia actual de Midsomer Murders (de uma Inglaterra inglesa em pleno Século XXI) não conseguem travar. Lamentavelmente, da glória do Blitz à futilidade das corridas de Ascot, cada qual à sua maneira, a grandeza e a identidade própria passaram a ser vistas como coisas do passado.
A Rainha Isabel II mostrou-se ultrajada pela insólita impunidade de que até há pouco, Abu Hamza - a repulsiva gárgula turbantada de Finnsbury Park - escandalosamente beneficiou. A soberana apenas desabafou aquilo que é óbvio para qualquer cidadão comum. Abu Hamza odeia a Grã-Bretanha, promove a subversão como forma de procedimento social normalizado, acicata ímpetos terroristas no seu rebanho. É simplesmente, uma criatura desprezível, um atentado à segurança do Estado e da população.
Em suma, eis o depoimento do Sr. Gardner: "She spoke to the home secretary at the time and said, surely this man must have broken some laws. Why is he still at large? He was conducting these radical activities and he called Britain a toilet. He was incredibly anti-British and yet he was sucking up money from this country for a long time. He was a huge embarrassment to Muslims, who condemned him."
Ali também começam a deixar de "dar cavaco" e todos esperam mais dia, menos dia, o feliz envio desta encomenda endereçada aos competentes serviços dos Estados Unidos da América. Com um selo da recomendação de prestígio, By Appointment of H.M. the Queen.
A Grã-Bretanha continua a ser a Grã-Bretanha.
Cada vez mais parecido com o Michael Jackson dos últimos dias, o coronel Kadhafi declarou ontem, não entender a contestação à sua pessoa. Segundo pensa de si próprio, este "grande líder revolucionário" é apenas uma "figura simbólica". A quem o quis escutar, Kadhafi disse que o seu papel é "semelhante ao de um rei" e segundo corre, chegou ao ponto de comparar o seu "reinado", com o da rainha Isabel II. Mais ainda, apontou o facto de Sua Majestade estar no trono britânico desde 1952, não sendo isso um motivo para a atacarem. Aqui está a explicação para certas coisas que temos visto.
A semelhança é de tal forma inacreditável, que apenas nos faz gritar um bem sonoro "por Alá!"
O seguinte texto, tirado DAQUI, aconselha ESTES ricos e auto-apregoados intelectos, a enfiar as suas cabecinhas numa qualquer bolsa marsupial:
"In response to Julia Gillard's idea of having "a" republic after the Queen's death, Tony Abbott reaffirmed that Australia won't become a republic in his lifetime.
Asked by The Age whether he thought there would ever be a republic, the Opposition Leader said the republican cause had been with us for a long time, "but the Australian people have demonstrated themselves to be remarkably attached to institutions that work".
"I think that our existing constitutional arrangements have worked well in the past. I see no reason whatsoever why they can't continue to work well in the future.
"So while there may very well be further episodes of republicanism in this country, I am far from certain that at least in our lifetimes there is likely to be any significant change," Mr. Abbott said."
Começou a estação parva. Este senhor diz que tem os poderes da Rainha de Inglaterra. Pois desde já advertimos Sua Excelência, que por um centésimo daquilo que ele diz, fez, ou pior ainda, não faz, a Rainha Isabel II já teria sido deposta.
Referendum in Tuvalu confirms Monarchy
In a referendum the people of Tuvalu have voted in favour of maintaining a constitutional monarchy. The referendum asked voters whether they wished to have a president as head of state.
As Radio Australia reported on 17th June, the result was a stunning 64.98% in favour of retaining Queen Elizabeth II, Queen of Tuvalu, as Monarch.
Congratulations to the people of Tuvalu for making their stance clear. I hope this result will draw some attention to the Pacific island nation that is facing serious threats due to climate change and rising ocean levels
Essa ridícula caricatura do país que outrora foi a França, atreve-se pela decisão do seu não menos vulgar e caricato miston-president Sarkozy, a cometer um despautério de contornos guignolescos.
Aproximando-se as comemorações do desembarque na Normandia, o actual cônjuge da Bruni decidiu não convidar a rainha Isabel II para as ditas cerimónias. Inacreditável, o descaramento que os parisienses comedores de rãs manifestam, sempre que alguém ameace tirar-lhes o protagonismo! Não valendo a pena sublinhar o festivo e quase triunfal acolhimento que a população rural francesa lhe dispensa - ignorando ostensivamente os consecutivos residentes do Eliseu -, convém recordar o simples facto de Isabel II representar um país que foi essencial para a sobrevivência da própria França. Durante a II Guerra Mundial, enquanto a colaboração gaulesa com o ocupante era a nota dominante - e até de forma lúdica parodiada na impagável série Allo-Allo -, os ingleses souberam mostrar a sua fibra e condescenderam em patrocinar as FFL de De Gaulle, ínfimo movimento que mercê da evolução do conflito, acabou por se transformar num verdadeiro governo exilado que permitiu aos franceses apresentarem-se em 1945, como injustos vencedores numa guerra para cujo desfecho pouco contribuíram.
Será uma reunião de homenzinhos, desde o miston Sarkozy ao inenarrável Medvedev e outros partenaires habituais nestas comemorações onde cada vez mais, o sentido da história se perde em benefício do alçar de criaturas que normalmente nem numa nota de rodapé seriam mencionadas.