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Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente de todos os Portugueses + a Geringonça, alargou o âmbito do elogio respeitante à saída do Procedimento por Défice Excessivo (PDE). Afinal o governo anterior também tem direito a uma fatia do bolo, e a apagar uma vela. Mas o problema não reside nos festejos, nos globos de ouro, nas sandálias do Beauté, ou na alcatifa vermelha de políticas de mais ou menos Esquerda. O espinho que parece ter causado mais comichão é a simplificação que João Salgueiro cravou nos pressupostos da glória económica dos indicadores. Diz o especialista que foi o Turismo que se mexeu e roubou o lugar às indústrias, à economia dita clássica. Sem dúvida que a febre turística é responsável por uma grande quota-parte do sucesso. Mas existem perigos. Estarão recordados do primeiro boom turístico-imobiliário que desfigurou a pacata Armação de Pêra e que cicatrizou Quarteira? Pois bem. Assistimos a uma segunda vaga que comporta alguns desafios. Portugal encontra-se na fase hélio da bolha - é só facturar. São restaurantes e hóteis, tuk-tuks e programas de lazer, festivais de música, certames da bolota, mostras da rolha, mas o cidadão-residente, aquele que fica depois das festas acabarem, não está a participar no lado lúdico do espectáculo. Como o incremento do lado da oferta é superado pela procura, a equação é linear e tem um nome: inflação. O conceito Inatel, de turismo para o povo, deixou de existir. Pergunte-se a um idoso, com a reforma que se conhece, se vai para fora cá dentro. Não me parece. E é aí que a questão se torna problemática. O governo descobriu a galinha de ovos de ouro, mas à semelhança de tantas aventuras históricas de exploração económica (coloniais se quisermos), geralmente os processos descambam. Agora querem mexer no sector para o hiperbolizar ainda mais. A saída do PDE pode alimentar fantasias que estão na origem da ruína primeira que conduziu a sevícias da União Europeia, do FMI e do BCE. Por outras palavras, ao fazerem passar a ideia celebratória de vitória no festival da canção política, podem contribuir para que haja ainda mais extravagâncias. Os resultados do Turismo são óptimos. A ver se não estragam a coisa.