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Foi com muita pena que não pude estar presente ontem no lançamento de Liberdade 232, uma selecção de comentários, crónicas e memórias do João Távora, momento que foi registado por Francisco José Viegas, Vasco M. Rosa e o próprio João Távora. Entretanto, podem adquirir muito comodamente um exemplar autografado aqui.
É já amanhã o lançamento de Liberdade 232, uma "selecção de comentários, crónicas e memórias, publicadas nos últimos seis anos por João Távora em diversos blogs e agora convertidos num livro com 192 páginas ilustrado com fotografias de Osias Filho e do arquivo do autor." O lançamento terá lugar no "Instituto Amaro da Costa, na Rua do Patrocínio nº 128-A em Campo d'Ourique, e contará com a apresentação do escritor Francisco José Viegas e do Rev. Padre Pedro Quintela, ocasião em que o autor dará uma sessão de autógrafos. O livro estará à venda no local ao preço promocional de €10,00."
João Távora, Coisas básicas:
«Claro que Carlos Abreu Amorim, que em Março de 2009 escreveu isto sobre o caracter o então 1º Ministro, hoje ao defender desta maneira Miguel Relvas aparenta ter perdido a sua já precária noção de ridículo. É o que dá quando a qualidade do político é medida pelo seu grau de narcisismo e facilidade em ditar chavões em voz grossa.»
Um excelente post do João Távora:
«Há quase quatro anos que o liberalismo foi julgado, culpado e anunciado em extinção, apesar da crise ter sido causada em boa parte pelo socialismo europeu e seus congéneres americanos que, com a ajuda dos bancos, despejaram dinheiro sobre o povo como se não houvesse amanhã. Hoje, os mesmos arautos anunciam, alto e bom som o fim do capitalismo, um Wishful thinking da canga revolucionária pseudointelectual dominante.
Eles não aprendem. O fim do capitalismo é um pouco como o fim do mundo: estão condenados a acabar ao mesmo tempo. Porque o capitalismo é intrinsecamente humano, inseparável da liberdade, condição essencial da sobrevivência da espécie. Acontece que o homem, e por inerência o capitalismo são senhores duma extraordinária resiliência: adaptam-se para sobreviver. O mundo não acaba amanhã: por muito que nos custe, temos é muito que padecer e batalhar. É a nossa condição.»
Um texto extremamente pertinente, que aqui deixo na íntegra. A liberdade como paradigma de progresso, por João Távora:
"Sabemos como a Liberdade, o valor mais caro à humanidade, é um bem precário, quando não uma vã miragem. Os filósofos, escritores e cientistas há muito que sentenciaram um prognóstico: a contingência Humana é desde logo uma incontornável limitação aos seus profundos ensejos de realização, cabendo ao domínio do espírito a resolução desse problema.
Mas se este tema em sentido filosófico é uma questão complexa e subjectiva, a abordagem que hoje aqui faço é duma perspectiva bem mais prosaica e vital: refiro-me àquilo que uma sociedade evoluída pode e deve fazer pela promoção dos requisitos mais primários da Liberdade.
Um Estado paternalista que proporciona uma educação deplorável e um ensino inadequado, um país que exibe dramáticos níveis de iliteracia e ausência de pensamento lógico, está longe de promover a autonomia aos seus cidadãos. Não há verdadeira liberdade sem exigentes critérios de escolha. Mas o mais trágico é quando a jusante, essa pretensa liberdade é definitivamente comprometida pela pobreza e pela miséria dos milhões de portugueses vivem entre o desemprego e o trabalho indiferenciado. Só se estivermos muito distraídos é que não reparamos que há muitas pessoas que ao fim-de-semana têm que optar entre um café e um maço de tabaco e os bilhetes de transporte para um passeio em família. Demasiados portugueses não têm possibilidade nem apetência para comprar um livro, muito menos têm orçamento para consertar o Magalhães avariado do seu filho. Só se estivermos distraídos é que não reparamos naqueles que vivem a humilhação de terem de passar ao largo da farmácia ou a mercearia do bairro onde devem uma conta calada. Enfim, é preciso vivermos numa redoma para não nos cruzarmos com pessoas que passam o vexame da impotência em prover a sua família de condições de subsistência razoáveis.
Para lá dalguns privilegiados funcionários do Estado, em Portugal impera meio país acossado pelo medo que a crise lhe bata à porta, e outra metade que não tem condições económicas dignas. Ou seja, que não é verdadeiramente livre.
De resto a realidade portuguesa é no mínimo esquizofrénica: esta opressão convive paredes meias com sofisticadas infra-estruturas de alcatrão e betão, e sob a promessa de um moderno aeroporto e linhas de alta velocidade que poucos portugueses terão possibilidades de algum dia usufruir. E não me venham com acusações de catastrofista ou de profeta apocalíptico: com o vicioso modelo de desenvolvimento escolhido, assistencialista, igualitário e desresponsabilizador, não se vislumbra solução: nos dias que passam a luta dos portugueses é pela sobrevivência individual e como povo, quando deveria ser pela conquista da Liberdade. "
Não podendo, como Napoleão, oferecer-se o embriagador triunfo de aprisionar um pontífice, ele dá-se ao luxo supremo de chamar a sua casa um bispo, depois de expô-lo à conspurcação da plebe demagógica, e em sua casa o interroga, o censura e o condena - não como um esbirro colérico e grosseiro, mas com a calculada gentileza, com a sardónica amabilidade dos tiranos inteligentes, no íntimo grato àquele prelado venerável por lhe haver prestado um ensejo com a sua rebeldia à representação teatral de aquela cena histórica, em que tanto se exaltava o seu orgulho e que tão sensacionalmente patenteava a sua omnipotência.
Um verdadeiro apelo às mais profundas convicções da portugalidade, por João Távora no Centenário da República e no Risco Contínuo:
Para aqueles que de forma sobranceira me perguntam quais as motivações para esta minha teimosa militância pela monarquia, que aspirações me movem para tão exótica causa, tão incómoda e excluída da “agenda politica”, eu respondo que o faço por uma questão de responsabilidade: a responsabilidade que me cabe para com a continuidade desta “utopia” no seu sentido mais nobre: o sonho dum Portugal com futuro.
Conheço alguns ilustres “compagnons de route” que optaram por “congelar” o seu ideal monárquico, imbuídos dum pseudo-realismo e embrenhados na espuma dos seus projectos pessoais, políticos ou profissionais. Tenho pena: eu sei como é difícil apregoar esta ingrata causa que não favorece carreiras ou comendas. Reconheço que a mensagem embate numa implacável “agenda mediática” que emerge do espectáculo popularucho e da mesquinha contenda política, das conveniências corporativas e interesses imediatos.
Não nego a evidência de que hoje os grandes males que Portugal padece são profundos e estão a montante da questão do regime. Como em 1910 as instituições estão descredibilizadas e não funcionam. Os portugueses, habituados ao assistencialismo e pouco atreitos a responsabilidades, parecem conformados com um medíocre destino, cuja perspectiva não passa do amanhã. E temos a merdização do debate político, com a gestão da rés pública ao nível do chão. Deste modo e dentro das minhas limitações, não prescindo de intervir de dentro do sistema em favor da minha comunidade e pelo futuro do meu país, com a liberdade que esta república me proporciona. Mas não me passa pela cabeça hipotecar as minhas mais profundas convicções.
Acredito profundamente na monarquia, na instituição real como a solução mais civilizada para a chefia dum Estado europeu e quase milenar como é o nosso. Num tempo de relativização moral, de fragmentação cultural e enfraquecimento das nacionalidades, creio mais que nunca na urgência duma sólida referência no topo da hierarquia do estado: o rei, corporização dum legado simbólico identitário nacional, garante dos equilíbrios políticos e reserva moral dum povo e dos seus ideais. O rei, primus inter pares, é verdadeiramente livre e por inerência assim será o povo.
Sou modesto: espalhar a doutrina e "fazer" mais monárquicos é o meu único objectivo. Que floresça nas mentalidades o sonho duma nação civilizada e de futuro, ciosa da sua identidade e descomplexada da sua História. De resto, o seu curso é sempre imprevisível e, quem sabe um dia, num instante tudo poderá mudar.