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O senador John McCain fez mais oposição política nas suas exéquias fúnebres do que Rui Rio em toda sua vida partidária. António Costa tem muita sorte em não ter um morto-vivo deste calibre para lhe fazer a vida negra. O senador republicano, na sua hora final, reivindicou o espírito da América. Proclamou, do termo dos seus sete palmos de terra, que existe vida para além da fractura, esperança para além da ganância e um destino maior do que aquele promulgado por passageiros clandestinos. Mas existem semelhanças entre John McCain e Rui Rio. Um foi prisioneiro de guerra e o outro foi tomado como refém pelo Partido Socialista. Para todos os efeitos práticos, o Partido Social Democrata foi anulado pela toada autofágica de Rio. No entanto, um lider partidário que se agarra a um lenho de Monchique e dispara pólvora sêca, embora inconscientemente, e por não existir no firmamento político, deixa a porta escancarada para que a Geringonça se estatele no asfalto. Sem oposição digna desse nome, os socialistas mais rapidamente executam a sua própria sentença. Não me surpreende que até Santana Lopes se faça ao piso, com todos os riscos e escorregadelas que isso comporta. O vácuo deixado pelo assoreamento do Rio deixa o caminho aberto para propostas mais interessantes, de sangue novo, audaz e destemido. Na ala liberal já nasceram forças a ter em conta. E por defeito de percepção e prática desviante, os ideais liberais encontram agora terreno fértil para a sua refundação, para o enunciar do espírito dos filósofos originais, fundadores. À esquerda, a regeneração não acontece. Os socialistas voltam sempre à mesma equação inchada de ficção e facilidades. Mas serão as intermitências da vida e morte que permitirão discernir os pequenos dos grandes, os políticos de algibeira dos estadistas. McCain representou bem esses ideais de grandeza. Veremos se o seu legado servirá para distribuir lições válidas. Aqui ou acolá.