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Peculiaridades do regime pátrio

por Samuel de Paiva Pires, em 17.03.17

Confesso que nunca percebi o motivo da repulsa ou até mesmo ódio que tantos políticos portugueses têm por Santana Lopes. Parece-me tratar-se de um indivíduo com uma autêntica vocação e devoção pela causa pública, não lhe sendo conhecidos quaisquer envolvimentos em esquemas de corrupção e afins ao fim de quase 4 décadas de presença na vida pública e política do país. No caso de muitos dos protagonistas políticos da nossa praça, quase poderia dizer-se que o ódio que lhe dedicam é  proporcional ao amor que têm por José Sócrates - o que é revelador quanto baste.

 

Ora, como já terão adivinhado, vem isto a propósito da recentemente revelada justificação de Jorge Sampaio para ter dissolvido a Assembleia da República em 2004: "fartei-me do Santana." Não precisamos de recorrer ao estafado argumento de que se fosse alguém de direita a dizer isto de alguém de esquerda, cairia o Carmo e a Trindade. Afinal, já se sabe que o actual regime pende significativamente para a esquerda, permitindo a quem é de esquerda muito do que não poderia ser feito por alguém de direita sem que um coro de indignados se manifestasse violentamente. Limitamo-nos a salientar que se espera do mais alto magistrado da nação que não sucumba a estados de alma, visto que estes não nos parecem poder justificar a decisão de accionar a mais poderosa prerrogativa ao seu dispor, e, assim, a registar que as declarações de Sampaio têm, efectivamente, o condão de fazer de Cavaco Silva um estóico estadista muito superior à média dos políticos que nos vão pastoreando.

 

(também publicado aqui.)

publicado às 14:36

Grotesco institucional

por Nuno Castelo-Branco, em 15.05.14

A visita presidencial a Pequim, foi inevitavelmente salpicada por ditos picarescos com concubinas pelo meio e uns tantos achados espirituosos por quem devia ter tento na língua. A China não é propriamente um daqueles episódios estatais surgidos nas últimas décadas. Acendamos um pauzinho de incenso, implorando para que por lá não se preocupem em traduzir  as pilhérias presidenciais.

 

A reportagem que a RTP transmitiu há poucos minutos, informou-nos de algo até agora completamente desconhecido, roçando o insólito: a Cidade Proibida é "o maior complexo presidencial do mundo!" Acreditei piamente ter sido mais uma daquelas patacoadas a que os pivots televiseiros nos habituaram, mas afinal a coisa veio na esteira de uma certeza veiculada por douta voz, nada mais nada menos do que a do Sr. Cavaco Silva. Erguendo as sobrancelhas e em tom peremptório, declarou isso mesmo: "a Cidade Proibida é o maior complexo presidencial do mundo!"

Depois das ordinarices, prepotências, regabofe orçamental, usos e abusos de Soares. Após a clara inépcia, patética choraminguice, dissolventes escarros na legalidade constitucional e fuga às obrigações de um qualquer Sampaio, agora temos isto, esta glabra calamidade ambulante, ainda por cima agravada pela sempre presente cônjuge. Evitem falar, caramba.

Não sei do que as forças armadas estão à espera para nos devolverem a legalidade institcional que a Portugal foi escabrosamente roubada em 1910. Basta!

publicado às 13:32

M'siê Soares, une baudruche qui se dégonfle...

por Nuno Castelo-Branco, em 13.10.13

 

...como também se esvaziam vítimas da fome e famélicos da terra como a Dra. Ferreira Leite do negócio Citigroup, o Sampaio do vale de lágrimas de Crocodylus Lusitaniae, o Almeida Santos, o residente de Belém, as carradas de ex-deputados reformados em "sobrevivência" ao fim de oito anos de porfiado labor, juízes, gestores empresariais do Estado, uns tantos caçadores-recolectores, militares de alto coturno, empilhadores de reformas catadas aqui e ali em presidências disto e mais aquilo.

 

Esta noite foi o que se viu e ao contrário do estupefacto José Gomes Ferreira, apreciei o desgraçadamente necessário trabalho político que fez cozer em banho Maria, toda uma gargantuesca cáfila  que por felicidade conseguiu concitar as súbitas adesões de gente auto-arvorada em defensora dos pobres e desprotegidos. Gozemos então o espectáculo de ver o PC, o futuro ex-BE e os apressados embarcadiços na canoa do sr. Costa das demolições, virem a terreiro defender aqueles que são na pirâmide remuneratória, o topo dos topos do sistema de pensões. Se é bem certo que o governo deixou em estado de sofrimento muita gente aflita pela anunciada política de corte das pensões dos mais fracos, também é verdade que esta tortura de uma meia dúzia de dias, serviu para mostrar cabalmente a ostensiva existência de um tipo de informação especializada em trujilladas mediáticas. Mentem, distorcem, são especialistas em campanhas a soldo de interesses que do país se têm servido como gamela exclusiva. Bem podem agora recorrer ao Alka-Selzer.

 

2. Soares quer ver membros do governo julgados e condenados por delinquência. Tem o pleno direito de querer e dizer o que bem entender, na condição do mais miserável cidadão poder exigir a reciprocidade, precisamente quando se trata de alguém que sem hesitar, voluntariosamente participou na condenação de centenas de milhar de pessoas ao abuso físico e moral, à limpeza étnica e ao total despojamento, sendo o roubo autorizado pela nova administração instalada em Lisboa. O dr. Soares sabe bem que a conivência com deliberadas políticas conducentes ao derramamento de sangue, é matéria insusceptível de prescrição. Isto, para não destrinçarmos outros casos convenientemente abafados pelas trujilladas hostes de trabalhadores da hora do telejornal. É o país que temos, a terra dos nossos amos.

publicado às 23:27

 

(fotografia cortesia da Organização das Conferências do Estoril)

 

Num painel presidido por João Carlos Espada, Anthony Giddens, teorizador da célebre Terceira via, e Jorge Sampaio, ex-presidente da República, deram início aos trabalhos do último dia das Conferências do Estoril.

 

O sociólogo britânico começou por salientar que nunca viveu uma época tão difícil de compreender, dando como exemplo ilustrativo desta problemática um artigo que leu recentemente sobre uma reunião de economistas do FMI que afirmam já não conseguir compreender a economia mundial, resumindo-se a perspectivar que tudo será diferente dos últimos 20 ou 30 anos, sendo por isso necessário, segundo Giddens, um grande esforço de reconstrução intelectual em todas as áreas.

 

Giddens classificou-se como um forte pró-europeu, o que talvez explique uma afirmação no mínimo discutível, para não dizer claramente errada: "ninguém cometa o erro de culpar a União Europeia e o euro pelos desafios que enfrentamos, porque senão não vamos encontrar solução viável."

 

Procurando tratar também as implicações políticas da crise económica, Giddens assinalou que estamos a entrar numa nova fase de transformação, em que as expectativas optimistas quanto às alegadas Quarta e Quinta Vagas de Democratização (América Latina, África e partes da Ásia no primeiro caso, e Primavera Árabe no segundo), saíram goradas, e até mesmo na Europa e nos EUA existem diversos problemas em virtude de divisionismos vários que têm fomentado a emergência de movimentos populistas e extremistas como o Tea Party nos EUA ou o UKIP no Reino Unido. Aliás, o académico que serviu de inspiração à acção política de Tony Blair mencionou várias vezes o UKIP, revelando uma certa preocupação com os resultados eleitorais da noite passada e a assunção de um papel político de relevo pelo partido de Nigel Farage.

 

Outro dos principais problemas apontado não apenas por Giddens, mas também por Jorge Sampaio, é a falta de liderança política no mundo Ocidental, que em conjunto com a reduzida accountability, ou seja, a responsabilização dos líderes políticos perante os eleitores, e a crescente utilização dos social media pelos cidadãos produz desafios que ainda ninguém consegue vislumbrar muito bem como ultrapassar. O antigo director da London School of Economics terminou a sua intervenção clamando por que os europeus olhem em conjunto para estes desafios e adaptem as instituições democráticas tradicionais, complementando-as com uma maior participação política e fiscalização por parte dos eleitores.

 

Em relação a este mesmo assunto, o ex-presidente da República considerou, por seu lado, que não há neste momento substituto para as instituições democráticas tradicionais, que temos de reformar as que temos, modernizando-as com inputs que vêm da sociedade, afirmando que esta é a única forma de dar esperança às pessoas e de impedir que se sintam atraídas por ideologias simplificadas. Para este efeito, salientou que os parlamentos necessitam de ter maior relevância e reestruturar a ligação à sociedade e que urge também tentar envolver as universidades, think-tanks, instituições da sociedade civil e indivíduos no mundo político, para evitar o processo de distanciação e desconexão da realidade a que este está cada vez mais sujeito.

 

Na sua intervenção, o histórico líder socialista centrou-se essencialmente na União Europeia, colocando cinco questões/temas em cima da mesa. Primeiro, começou por perguntar que Europa é esta que mostra não fazer nada em relação precisamente à transformação das democracias, instituições, políticas e processos de decisão em face de uma crise que está a atirar milhões de indivíduos para o flagelo do desemprego, fazendo perigar a muito necessária coesão social, não deixando de mostrar a sua veia socialista ao proferir o lugar-comum, também no mínimo discutível, de que os últimos 30 anos de políticas de desregulação são os principais responsáveis pela crise. De seguida associou a ascensão de movimentos populistas à perda de confiança nas instituições europeias, reclamando que este é o momento para reconstruir o contrato social que fundamenta a União Europeia, o que necessitaria de uma liderança digna dessa qualificação. Em complemento a este ponto, referiu também a necessidade de requalificar as democracias nacionais, precisamente no sentido de envolver os cidadãos na construção da polis, para que se interessem pela política e a compreendam como absolutamente necessária para responder a problemas reais e às aspirações das populações. Em quarto lugar, Jorge Sampaio referiu-se ao papel dos media, não só os tradicionais, em relação aos quais afirmou que moldam as percepções públicas sobre os mais variados assuntos e devem também ser fiscalizados e responsabilizados, mas também em relação aos social media, um dos temas que esteve em foco esta manhã, dando relevo ao papel destes na Primavera Árabe e na forma como os jovens se organizam e dão voz às suas reivindicações. Por último, o ex-Alto Representante da Aliança das Civilizações clamou ainda por novos fora de governança global com vários níveis e actores nacionais, internacionais, europeus, regionais e locais que possam elaborar melhores políticas de regulação, e terminou o seu discurso afirmando que se os cidadãos não participarem politicamente, desde o nível local até outros níveis e eleições, e isto tendo em consideração que temos de lidar com uma grande decepção em termos de liderança e soluções para os problemas dos cidadãos, não vamos conseguir enfrentar os problemas que vivemos, salientando ainda que "se a União Europeia significa alguma coisa, e claro que significa responsabilidade, não tem de significar uma espécie de liquidação da sociedade."

 

A finalizar o debate, destaque ainda para as afirmações de Anthony Giddens a respeito da crise do euro e do papel do Reino Unido na União Europeia. Embora se sinta desconfortável com a situação, crê que só há uma saída possível para a crise, o federalismo, já que acabar com a moeda única seria não só extremamente difícil como implicaria um cenário que ninguém sabe muito bem como seria, mas em que a Europa perderia relevância na arena internacional e o sistema financeiro tornar-se-ia demasiado instável. "Acho que o futuro da Europa depende da manutenção do Euro, apesar de não estar muito feliz com esta situação. Se o Euro colapsar, estaremos em terreno muito difícil. Se sobreviver, poderemos assistir a um renovar do apoio à União Europeia", disse. Por último, afirmou também que "É possível que o Reino Unido se retire da União Europeia, mas não creio que seja muito provável. Defendo que haja um referendo não só quanto à manutenção do Reino Unido na União Europeia, mas também quanto à adesão ao Euro." 

 

(publicado originalmente no Cables from Estoril)

publicado às 15:05

Nem Sampaio nem Cavaco?!

por Nuno Castelo-Branco, em 12.03.13

 

No funerais do Rei Hussein da Jordânia, Portugal primou pela ausência, tendo apenas enviado o subalterno sr. António Costa. Nem o primeiro-ministro de então, nem o sr. Jorge Sampaio se dignaram a viajar até Amã para prestarem as últimas homenagens a uma figura incontornável das derradeiras décadas do século XX. Sampaio decerto teria algo de muito importante na agenda, talvez um jogo de golfe.

 

De facto, a república portuguesa não existe quando a sua presença é requerida.

 

Desta vez foi Cavaco Silva. Um país onde existe uma enorme comunidade luso-descendente e que com Portugal tem mantido excelentes relações - é também um mercado em crescimento -, deveria merecer alguma atenção por parte das autoridades do Estado. Não foi assim. Chávez manteve em relação a Portugal, uma inusitada atenção que mereceria algum respeito em reciprocidade. Paulo Portas proferiu declarações em conformidade, mas a sua presença nos funerais de Chávez não foi suficiente. Temos um Chefe de Estado que nos custa demasiadamente caro - mais do dobro daquilo que os espanhóis pagam pela Monarquia - e que escandalosamente sobrevive paralisado por inexplicáveis, ou talvez compreensíveis..., terrores.

 

Não se sabe o que Belém inventou como desculpa, mas Cavaco Silva devia ter ido a Caracas e por muitas e boas razões era obrigatória a sua presença nas exéquias.

 

Os venezuelanos e os espanhóis têm passado por uma fase de bem conhecidas dificuldades e a Coroa não hesitou em enfrentar a situação, enviando o futuro Rei como representante do país. Pois desde já garantimos que acontecesse o que acontecesse, se Portugal tivesse a Monarquia como instituição máxima do Estado, lá teríamos visto D. Duarte na primeira fila.

 

Esta inútil república é um embaraço mesmo para os seus aliados. 

publicado às 09:27

Os "consensos, concessões e diálogos" da barriga-Sampaio

por Nuno Castelo-Branco, em 19.01.13

Uma das mais conhecidas gargantas fundas do esquema vigente, vai doseando as suas salvíficas aparições de modo a não ser confundido com o seu palrador antecessor em Belém. Julga que desta forma se torna mais credível e por incrível que nos possa parecer, moderadamente audível.

 

Diz ele que andamos a perder os hábitos de "construir e alimentar  a coesão nacional  e intergeracional que tem estado na base do modelo social". Que grande modelo este, gizado no ocaso da 2ª república e que o trambolho em que vegetamos se limitou a ampliar e confiscar como coisa sua, ainda mais estatal e empenhadamente à cata da bolsa alheia. Bem matutado, este desabafo ex-presidencial vai precisamente contra o princípio que o homem um dia sonhou representar no repimpanço dos cadeirões de Belém: o da continuidade, ou por outras palavras, aquilo que os curraleiros subversivamente derrubaram em 1910. Quando agora tudo parece perdido, Sampaio lembra-se das "gerações vindouras", precisamente aquelas em quem a sua geração nem por um segundo pensou antes de optar por um edifício do poder que apenas à gente nascida nos anos 30 e 40 beneficiaria. 

 

Sampaio entrou calado e saiu mudo de todos os episódios dos tempos de Guterres - um desastroso contraponto ao cavaquismo, tão ou ainda mais desastroso como este havia sido durante uma década -, franziu o sobrolho a Barroso e parlapatonou em amuos e institucionais fitas de terceira categoria. Sampaio achincalhou Santana até mais não poder e culminou a sua catastrófica passagem pela "veneranda" magistratura, assinando de cruz todas as megalómanas aleivosias governamentais do seu camarada José de Paris. 

 

Tudo o que dali se escuta não passa de ruído proveniente de um sistema digestivo ao contrário. Imaginem a cena. 

 

publicado às 15:20

Mais um fala-barato

por Nuno Castelo-Branco, em 14.10.12

 

Enquanto o outro conviva optou decididamente pelo Facebook - resume-se a isto, o Chefe do Estado -, este anfitrião do desastre que se viu, um dos tais "vírus que ainda anda por aí", vive obcecado por rastejar na peugada do seu antecessor. Embora noutras ocasiões sempre tivesse sabido sair a tempo e acautelar o seu futuro, quer aparecer, talvez picando o ponto para qualquer eventualidade. Nem sequer podendo chamar mais atenção do que a rotunda sombra de Soares, apenas repete de forma mais polida, aquilo que o outro, excitado pelos vapores dos banquetes e dos clap-clap das palmas amigas, diz desabridamente.

 

"Já toda a gente percebeu que a austeridade rebenta com o país". Aqui está a brilhante conclusão a que chegou o entusiasta dos caminhos do facilitismo e da demagogia que de tão barata, acabou por custar-nos a réstia de independência que tínhamos. Colocou-nos o cavalo de Tróia portas da cidade adentro e tudo permitiu sem pestanejar ou balbuciar fosse o que fosse. Este é sem qualquer hesitação possível, um dos consagrados responsáveis pelo momento que vivemos.

 

E não se cala.

publicado às 12:00

Valha-nos Deus!

por Pedro Quartin Graça, em 28.09.12

Agora é que o homem não se vai calar a chorar por todos os cantos e a comentar "tudo o que mexe" em Portugal!Isto tem marosca por trás...

publicado às 17:48

Suprema "lata"

por Pedro Quartin Graça, em 11.09.12

É o mentor e o autor material de um golpe de Estado constitucional que afastou um Primeiro - Ministro com maioria estável no Parlamento e permitiu o acesso ao Poder de José Sócrates. Vive diariamente com um chorudo ordenado das Nações Unidas a que acresce uma pensão igualmente muito generosa e outras regalias pagas por todos nós. Não satisfeito com tanta e imerecida benesse, debita "de cátedra", e com despudor, sobre "tudo o que mexe em Portugal", nomeadamente aquilo que não é da sua cor política. Agora fala de "murros no estômago". Não será no seu, com certeza, mas não deixa de ser fantástica e chocante a facilidade com que este lacrimejante ser fala do assunto que está na ordem do dia em Portugal. Até parece que nada tem a ver com o assunto. Santa paciência.

publicado às 16:47

E não se pode calá-lo?

por Pedro Quartin Graça, em 17.04.12

Ponham-lhe um microfone ou uma câmara à frente que ele fala, fala, fala sem parar. Ele é educação, ele é Guiné, ele é política em geral... É notória a sofreguidão de Jorge Sampaio em querer voltar à ribalta política lusa. Não se contentando com o chorudo ordenado e regalias que aufere via ONU, a que se soma pensão, gabinete, assessor, secretária e carro pagos por todos nós, Sampaio vive obstinado em comentar "tudo o que mexe em Portugal". Ou um caso de alguém que se (auto) tem em grande conta! Como está longe a triste lembrança da autoria do "golpe de Estado Constitucional" de que foi autor! Arre que é demais!

publicado às 19:35

O "cozinho" de Sampaio

por Nuno Castelo-Branco, em 08.04.12
Num indigesto exemplo de democracia de meia tigela, um daqueles cérebros com andas que por aqui flana, vai dizendo ser melhor "cozinhar" as coisas de outra forma, possivelmente numa daquelas macumbas à volta de uma mesa de pé de galo. Ora, cozinhando com cozinheiros de avental, é coisa espectável por parte da oligarquia que tudo pode quando quer e manda. Em suma, nós, a ralé, que comamos e calemos. </p>

 

Francamente, onde é que estarão aquelas postas de pescada durante anos arrotadas pelos entusiastas de democracias basistas? Reparem na estupefacção de Teresa Patrício Gouveia, decerto surpreendida pela republicana consideração que estes convivas têm pelo Parlamento.

 

Como aqui sugerem, esta ruiva falsificação da Rainha Dª Amélia, bem podia protagonizar uma nova série de números humorísticos "C(u)ozinho para o povo". 

publicado às 15:44

Nem compaio lá vai

por Pedro Quartin Graça, em 27.01.12

.Este senhor quer voltar a Belém. Não lhe bastou o tempo que por lá andou a choramingar nos cantos. E dança com quem tiver de dançar para o conseguir.

publicado às 13:04

Grande novidade...

por Nuno Castelo-Branco, em 03.08.11

O PS está abespinhado com as atitudes de Cavaco Silva, acusando-o de cumplicidade com o governo. Mais ainda, o maior partido da oposição diz ser este, um governo de iniciativa presidencial. O mais certo é já se ter esquecido daquele tempo em que Soares se vangloriava da satisfação em ter dado posse ao governo de Guterres e de Jorge Sampaio ter dissolvido um Parlamento maioritário, para fazer o favor a Sócrates, beneficiar o seu partido e desta forma cumprir plenamente a sua função presidencial. É para isso que servem estes presidentes. Cavaco Silva prossegue o rumo dos seus antecessores e pelo que já se sabe, a situação ainda será mais flagrante.

 

Não estamos no Japão, nem em Espanha ou na Suécia. Os senhores a quiseram, os senhores aqui a têm: a República.

publicado às 11:02

(im)parcialidades...

por Nuno Castelo-Branco, em 01.04.11

Escutarmos um programa de Antena Aberta (SICN, TVI24, RTPN), leva-nos a uma conclusão: é "indecente" existir um Presidente que não seja da área do PS-PC-BE e outros. Aquilo que mais se aponta a Cavaco Silva, é a sua filiação partidária. Todos sabemos que o Presidente pertence ao PSD e pelo que parece, tal coisa quase roça o crime. Acusam-no de parcial? Talvez seja e está no seu pleno direito. Acusam-no de fazer um jogo político contra aqueles que foram seus adversários em muitas eleições? É verdade, nem se poderia imaginar outra coisa.

 

Mas do que estariam à espera?

 

Já se esqueceram dos silêncios e do inacreditável colaboracionismo de Sampaio com o seu partido, quando este ainda se encontrava na oposição? Já se esqueceram da bestificante dissolução de uma assembleia maioritária e contra a vontade dos partidos que governavam? Onde estão os tempos do "direito à indignação" de Soares, onde estão as frases ditas quando do dia da "feliz nomeação de um executivo socialista" antes de terminar o mandato? 

 

Isto é a República, meus senhores. Decrépita ao fim de cem anos, já era tempo de se habituarem. 

publicado às 17:35

Cavaco, Soares, Sampaio, Sócrates e etc

por Nuno Castelo-Branco, em 29.12.09

 

 O Partido Socialista declara estar o presidente Cavaco ao serviço da oposição.

 

Diz-se que em política ou história, a memória é curta. Durante anos a fio, o país soube e gozou com as quase públicas desavenças entre o 1º ministro Cavaco Silva e o presidente Soares. No seu segundo mandato, Mário Soares tornou-se no promotor da alternativa ao desgastado governo do PSD e as "presidências abertas" nada mais foram, senão uma clara demarcação de Belém em relação ao governo de maioria absoluta. Inventaram-se direitos à indignação, Soares falou "privadamente em público" - até alto e em bom som diante de quem o quis ouvir, em pleno restaurante Bel Canto (1992, eu próprio escutei as suas palavras) - e todos conheciam a profunda aversão mútua que se foi criando entre os dois homens. Mais tarde, quando Cavaco quis tornar-se presidente - a velha historieta do grão-vizir que se quer tornar califa no lugar do califa - e alijou o PSD como ..." esse partido"..., Sampaio surgiu na corrida a Belém e proporcionou-se ainda a alegria a Mário Soares, de "acabar o mandato dando posse a um governo socialista". Assim, sem qualquer tipo de equívocos. É esta a alegada presidência de todos os portugueses.

 

O sr. Sampaio desautorizou as forças de segurança e os militares, publicamente humilhando-as quando não devia nem podia. Durante anos foi uma espécie de Marechal Carmona do governo Guterres, sem que as más políticas, o despesismo e a incúria nos mais diversos sectores, o tivessem alguma vez distraído dos seus afazeres num qualquer campo de golfe. Quando o governo passou a ser de maioria absoluta PSD-CDS, a deslealdade foi nítida, total e nem sequer valerá a pena referir o triste episódio do governo Santana Lopes, onde a reserva mental e o serviço prestado a terceiros vieram a produzir efeitos devastadores para a credibilidade do próprio sistema constitucional.

 

Cavaco faz agora a vontade à oposição, como durante alguns anos estrategicamente aquiesceu a tudo aquilo a que o governo do PS quis implementar. Nesta fase de maioria relativa, o governo teria forçosamente de negociar e fazer aquilo que os seus congéneres europeus normalmente praticam. Encontrar o rumo que lhe permita a obtenção de aliados no Parlamento, mesmo que pontuais.

 

É cada vez mais disparatada, esta tendência para os intervenientes da política se distanciarem do seu próprio passado como agentes responsáveis. Mudando de posto, julgam poder eximir-se a qualquer tipo de escrutínio.

 

Existem dois interesses em colisão. Um, consiste na almejada reeleição presidencial - para quê? Com que fim? -, embora o cargo surja aos olhos de todos desprovido de importância substancial e como mera trincheira de resistência de sector e mesa de banquete de vaidades. O outro, conduz ao sonho da reedição da maioria absoluta, também não se compreendendo qual o propósito da mesma. Numa situação gravíssima, pareceria normal que o governo e o PS se interessassem na obtenção de uma ampla frente de consenso que permitisse as reformas necessárias e que o país aguarda com resignação. Uma vez mais, o interesse nacional não parece sobrepor-se às ambições de facção e o passado já nos ensinou sobejamente, qual o final reservado à cegueira perante evidências.

 

Belém e S. Bento, duas faces da mesma moeda cujo valor facial é hoje tanto, como a do desaparecido Escudo.

publicado às 13:40

A ponta do corno da corrupção

por Nuno Castelo-Branco, em 23.12.09

 

 

“Os Supremos Magistrados”

Por Joaquim Letria

"O GENERAL GARCIA DOS SANTOS  foi à TV conversar connosco. Contou-nos, outra vez, como esteve 14 anos sem trabalho, afastado e condenado por ter denunciado a existência de corrupção na Junta Autónoma das Estradas, que agora é a mesma coisa mas com outro nome, pois chama-se “Estradas de Portugal”.

A parte mais interessante da conversa talvez tenha sido, no meu ponto de vista, aquela em que o homem das comunicações do golpe militar de 74 confessa que não foi para estarmos no estado em que nos encontramos que se fez o 25 de Abril.

O general, que foi chefe do Estado Maior do Exército, recorda que escreveu ao presidente Sampaio por causa da corrupção, mas que este nem sequer lhe respondeu, tal o interesse demonstrado e como compete e fica bem a um Chefe do Estado, o qual, revela o general, parece andar agora muito interessado no combate “a este flagelo”, o que, no mínimo, lhe dá vontade de rir. Também o actual Presidente da República, na opinião do general, não está a fazer a ponta dum corno para dificultar a vida aos corruptos.

Esta conversa e as atitudes impolutas dos “Supremos Magistrados da Nação” nela contidas bem nos podem tranquilizar. Estamos sempre nas melhores mãos."

 

publicado às 17:58

FMI

por Nuno Castelo-Branco, em 04.11.09

Percebe-se bem a gritaria contra a entrada do FMI na República Portuguesa. Pelas notícias que correm e por tudo aquilo que a população há muito suspeita, há quem tenha muito a perder.

Veja mais AQUI!

publicado às 11:36

Retórica democrática de algibeira

por Samuel de Paiva Pires, em 01.03.09

 

(fotografia por Pedro Azevedo picada daqui)

 

Esta fotografia que no ABC do PPM tinha como título "Não é Alegre", tem uma outra característica a meu ver bem mais interessante: a citação de Jorge Sampaio. Diz o ex-Presidente da República que "A Democracia e o PS são indissociáveis. Até os nossos adversários o sabem mesmo quando pretendem esquecê-lo".

 

Isto é de uma perigosidade atroz. Claro que todos temos conhecimento do importantíssimo papel desempenhado pelo Partido Socialista na transição democrática em Portugal. Mas tomemos em particular atenção os últimos 14, quase 15 anos de governação em Portugal. Como aponta Nuno Gouveia, Desde 1995 o PS apenas não esteve no poder durante três anos. Mas ainda querem que os portugueses acreditem que o PS é a força da mudança.

 

Ora se assim poderemos retirar uma conclusão lógica considerando o passado recente: O PS é indissociável da má qualidade e degenerescência cada vez mais visível da democracia portuguesa. Ainda assim, parece haver um enorme autismo (nunca me canso de repetir isto, desculpem lá bater no ceguinho) entre os dirigentes socialistas. Tenho no entanto dúvidas se esse autismo será verdadeiramente patológico ou intencional, mas o que é certo é que José Sócrates tem vindo a clamar pelo alegado resgate da democracia portuguesa, enquanto é genericamente sabido que a retórica de legitimação do PS passa muito pelo velhinho argumento da luta anti-fascista e pelo papel na transição democrática.

 

Dizia eu que isto é de uma perigosidade atroz porque a democracia não pode ser de ninguém e tem de ser de todos. Não pode ser apenas de um partido, e talvez seja por isso que os adversários do PS tentam esquecer esse argumento que é, diga-se de passagem, cada vez mais revelador de um certo mau gosto da retórica socialista.

 

Este argumento tem permitido gigantescas operações de engenharia social, já para não falar de fenómenos como o aumento da corrupção e o descrédito acentuado no sistema de justiça que não têm solução à vista. Tudo porque o PS é o "dono" da democracia em Portugal, e por isso tudo pode fazer porque é sempre em nome da democracia, mesmo que na prática a sua governação seja responsável precisamente pela degenerescência dessa e representativa de uma certa intromisão na esfera privada dos cidadãos e repressão de pensamentos divergentes nas esferas pública, política e partidária, elementos que correspondem à liberdade de expressão, característica central de qualquer democracia que se possa orgulhar de ser portadora do epíteto de liberal.

 

Estamos cada vez mais reféns dos que se dizem "democratas" quando na prática o são muito menos do que muitos daqueles que acusam de ser "fássistas", "comunas" (sim porque a maior parte dos que se dizem comunistas nem sequer leram qualquer dos seus alegados "ídolos" e só têm uma visão distorcida da história, não sabendo por isso que a prática real do comunismo é incompatível com o conceito de democracia), "neo-liberais" ou outros quejandos epítetos. Isto é demasiado perigoso, é o que tem permitido que a democracia electiva, iliberal e/ou de cariz autoritário tenha vindo a conquistar diversos países, veja-se o caso da democracia populista venezuelana.

 

E sendo assim, concluo apenas com uma frase do Henrique Burnay:

 

Falar em nome da defesa da Democracia porque dá jeito é o que põe em causa a Democracia. Mas, claro, nada disto é para levar a sério.

publicado às 17:25

Cederá?

por Nuno Castelo-Branco, em 19.10.08

A pressão é demasiada, a artilharia está concentrada em losango e numa frente apertada, capaz de aniquilar qualquer tipo de defesa. Os bem estabelecidos na manjedoura, lutarão até ao fim pela sua porção de farelo, mesmo que o fim do maná esteja à vista. Enquanto algo subsistir, a eles pertencerá.

 

Querem o orçamento em Bruxelas, querem o orçamento no BCE, querem o orçamento na banca "portuguesa", querem o orçamento no Parlamento da minoria e querem também o orçamento, no Parlamento da minoria. A agiotagem da época do baby-boom do pós guerra que pontifica no PSD, e outros partidos também o quer. Compreende-se porquê. Se resistir, Passos será uma surpresa de inesperada dimensão.

 

Dadas as circunstâncias e o que tem acontecido nos derradeiros meses deste fatídico ano de 2010 que bisonhamente comemorou uma catástrofe, a chegada do FMI é apenas medonha para quem o teme. As medidas duras foram tomadas e talvez pudessem ter sido mais brandas, se anunciadas atempadamente, ou seja, há mais de um ano. Agora é tarde, talvez demasiadamente tarde. Quem já nada tem, o que poderá ainda mais temer? Aqueles que tremem de pavor pela rejeição do orçamento, são precisamente os que fazem parte do grupo receoso da fatal descoberta de todo o tipo de loucuras, abusos, esbulhos, incompetências, manjedouras e dislates a que Portugal tem sido submetido pela república portuguesa.

 

O fito da barragem de artilharia é esse mesmo, irmanando Barrosos, Soares, Sampaios, Cavacos, Marcelos e tantos outros canhões do mesmo calibre, consiste no impedir da saída das trincheiras.

 

O PS, o PSD e os outros, já pouco importam. Se tiver que ser, venha então o FMI e descubra o que se esconde debaixo da exclusiva alcatifa dos gabinetes das imerecidas excelências que por cá têm prosperado. O medo é esse mesmo: a descoberta.

publicado às 01:47






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