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Aparentemente, o Jornal de Angola foi abaixo. Fazendo uma rápida pesquisa nas redes sociais, chega-se aos responsáveis por este acto de ''rebeldia''. Na página Sudoh4k3rs no facebook, é pedido para instalar uma aplicação e qualquer mambo-jambo informático depois os sites vão abaixo.
Ora, pelo que percebi, estes sudoh-qualquer-merda fazem parte do grupo anonymus, malta que viu o filme V for Vendetta e que agora se acha defensor de porra alguma pois nunca ninguém percebeu muito bem para que é que andam com as máscaras do Guy Fawkes.
A vós, caros amigos que andam a mandar sites abaixo (diga-se de passagem, um site de um jornal a ser censurado por um grupo que grita liberdade é quase irónico), tenho algo para vos dizer:
Perderam o vosso timing. Já ninguém vos liga. Desculpem-me ter sido eu a dizer isto.
O Jornal de Angola, como é do conhecimento comum, é a voz oficial do regime. Por outras palavras, é um folhetim de propaganda para o regime angolano escrever o que ainda não pode dizer em discursos oficiais.
O Jornal de Angola queixa-se de Portugal, ora como virgem ofendida porque, imagine-se! alguém fez uma peça jornalística sobre um acontecimento negativo em Angola ou - Deus nos salve! - porque alguém escreveu uma crónica defendendo que chamar democracia a Angola é brincar com os conceitos.
O Jornal de Angola viu-se com o poder de ter chamadas de capa no Correio da Manhã porque acusa a TVI de seguir as instruções de Judite de Sousa e José Alberto Carvalho. A pobr'alma que escreveu essa crónica só através de associação de realidades pode chegar a esta acusação. Ora, lá porque em Angola a liberdade de expressão e de imprensa são um mito, não quer dizer que em Portugal também o seja. Lá porque o Jornal de Angola responde a José Eduardo dos Santos, o mesmo não acontece em Portugal.
Angola tem um regime com uma elite económica a deter uma enormidade da riqueza baseada em recursos naturais. No ranking do Índice de Desenvolvimento Mundial, Angola ocupa a 148º posição. Para um país que gosta de esbanjar capital em empresas portuguesas, podia pensar em investir parte na pessoas do seu próprio país...
Angola tem telhados de vidro para a atitude que tem vindo a ter para com Portugal. Atitude essa justificável na medida em a falta de coragem dos partidos portugueses, empresas portuguesas e até do Presidente da Republica portuguesa são notórias. Se Angola quer rever a colaboração estratégica com Portugal que assim seja. Se Portugal saliva por dinheiro Angolano, pondo-se de quatro ao mínimo susto vindo de Angola, então Portugal merece ser trespassado. Mudem a bandeira, ofereçam os símbolos de soberania a Angola. A Assembleia dava um óptimo salão de festas.
E fica o recado ao Jornal de Angola: querem ser credíveis? Querem ser mais que um papel propagandista? É simples. Parem de escrever que sabem que a elite portuguesa é corrupta. Parem de insinuar que sabem que acontecem negociatas com este ou aquele. Nós também sabemos. Comecem a dizer nomes, a apresentar provas. Por outras palavras, façam jornalismo. É que aparentemente no título do vosso pasquim, está primeiro "Jornal" que "Angola". Sejam jornalistas.
E para Portugal: já fomos humilhados pela comunidade internacional demasiadas vezes. Pelo Reino Unido, por Espanha, troika, etc. Na ultima humilhação (mapa cor-de-rosa) o regime caiu. Mudou-se de rei para presidente. E agora? Agora que Cavaco é um cobarde? Eu, português, sinto vergonha deste país que não se sabe impor e dar ao respeito. Sinto vergonha por este país que não tem um única voz dentro do poder politico a dizer que tem que bater com a mão na mesa e ganhar um belo par de tomates.
Os artigos nojentos que o governamental Jornal de Angola tem escrito, que até ver ainda não tiveram resposta por parte do governo português, começam a ser reveladores de uma certa complacência aduladora por parte do establishment luso para com um regime que pouco ou nada tem a ver com os valores de uma moderna democracia liberal e Ocidental, que, mal ou bem, ainda é o que somos. Dir-me-ão que as relações internacionais, realisticamente, regem-se mais por interesses que outra coisa. Verdade. Mas negócios são negócios, e não dão a ninguém o direito de enxovalhar o nosso país e os portugueses - veja-se o recente artigo do Jornal de Angola que Pacheco Pereira referiu no seu blog. Já que quem de direito parece fazer ouvidos de mercador, ao menos que haja alguém na blogosfera - muito lida pelo governo angolano, diga-se de passagem - que responda aos insultos torpes, como faz, neste caso, o Ricardo Lima:
«É curioso como é que um órgão oficial do MPLA e logo do Governo Angolano (o Jornal de Angola), insulta, diariamente, Portugal, a sua classe política, o seu povo e os seus costumes e não há um político com responsabilidades ou um jornalista com “cojones” para responder, para dizer uma palavra que seja. É que isto de andar a levar sucessivos bejardos de meia dúzia de ex-guerrilheiros nascidos na cubata, que há 30 anos lambiam as nádegas ao Brezhnev e que hoje se fazem novos-ricos com o assalto a um povo nosso irmão, é gravoso. A mesma lenga-lenga do colonialismo permanece, qual assombração em quem ainda não reparou que, para pesar dos angolanos, Angola é uma colónia do seu Presidente, respectivos familiares e amigos. Mas já ninguém fala disso. Mesmo os papagaios de serviço preferem vivas a uma Palestina que nada nos diz, sem nunca mencionar Cabinda, cujo trágico destino teve a nossa mão.»
Como muito bem diz o João Gonçalves, "É, de novo, Angola a dizer o que é preciso dizer sobre o "acordo ortográfico", a língua portuguesa e a lusofonia." No Jornal de Angola, Um golpe dos patrões da Língua:
«Angola e os outros países africanos de expressão portuguesa, bem como ainda Timor Leste, não têm de ser usados como caixa de ressonância de problemas que não lhes dizem respeito, nem, tão pouco, terão de ser sujeitos a imposições sub-reptícias de tipo neocolonial, sob o protesto da necessidade de uma unificação linguística, que, como todos sabemos, não passa, desde o início, de um falso pressuposto.
Face aos embaraços constatados no novo acordo, não só em Angola, mas também em Portugal, no Brasil e em outros países da Comunidade, só os asnáticos fogem para a frente e procuram impor pela força o que não conseguem convencer pelo uso da argumentação. O jeitinho do “tomem lá o Acordo e não piem”, é uma forma muito pouco urbana, democrática e sensata de tentar resolver o problema. Assim, dificilmente, em português, seremos capazes de nos entender.»
Leitura complementar: Contra o processo de apagamento da identidade portuguesa em curso; Contra a novilíngua do acordês; Contra a submissão ao estado moderno na forma do acordês, acordai portugueses!; Vários posts sobre o Acordo Ortográfico no Estado Sentido.
Editorial do Jornal de Angola:
«Os ministros da CPLP estiveram reunidos em Lisboa, na nova sede da organização, e em cima da mesa esteve de novo a questão do Acordo Ortográfico que Angola e Moçambique ainda não ratificaram. Peritos dos Estados membros vão continuar a discussão do tema na próxima reunião de Luanda. A Língua Portuguesa é património de todos os povos que a falam e neste ponto estamos todos de acordo. É pertença de angolanos, portugueses, macaenses, goeses ou brasileiros. E nenhum país tem mais direitos ou prerrogativas só porque possui mais falantes ou uma indústria editorial mais pujante.
Uma velha tipografia manual em Goa pode ser tão preciosa para a Língua Portuguesa como a mais importante empresa editorial do Brasil, de Portugal ou de Angola. O importante é que todos respeitem as diferenças e que ninguém ouse impor regras só porque o difícil comércio das palavras assim o exige. Há coisas na vida que não podem ser submetidas aos negócios, por mais respeitáveis que sejam, ou às “leis do mercado”. Os afectos não são transaccionáveis. E a língua que veicula esses afectos, muito menos. Provavelmente foi por ter esta consciência que Fernando Pessoa confessou que a sua pátria era a Língua Portuguesa.
Pedro Paixão Franco, José de Fontes Pereira, Silvério Ferreira e outros intelectuais angolenses da última metade do Século XIX também juraram amor eterno à Língua Portuguesa e trataram-na em conformidade com esse sentimento nos seus textos. Os intelectuais que se seguiram, sobretudo os que lançaram o grito “Vamos Descobrir Angola”, deram-lhe uma roupagem belíssima, um ritmo singular, uma dimensão única. Eles promoveram a cultura angolana como ninguém. E o veículo utilizado foi o português. Queremos continuar esse percurso e desejamos que os outros falantes da Língua Portuguesa respeitem as nossas especificidades. Escrevemos à nossa maneira, falamos com o nosso sotaque, desintegramos as regras à medida das nossas vivências, introduzimos no discurso as palavras que bebemos no leite das nossas Línguas Nacionais. Sabemos que somos falantes de uma língua que tem o Latim como matriz. Mas mesmo na origem existiu a via erudita e a via popular. Do “português tabeliónico” aos nossos dias, milhões de seres humanos moldaram a língua em África, na Ásia, nas Américas. Intelectuais de todas as épocas cuidaram dela com o mesmo desvelo que se tratam as preciosidades.
Queremos a Língua Portuguesa que brota da gramática e da sua matriz latina. Os jornalistas da Imprensa conhecem melhor do que ninguém esta realidade: quem fala, não pensa na gramática nem quer saber de regras ou de matrizes. Quem fala quer ser compreendido. Por isso, quando fazemos uma entrevista, por razões éticas mas também técnicas, somos obrigados a fazer a conversão, o câmbio, da linguagem coloquial para a linguagem jornalística escrita. É certo que muitos se esquecem deste aspecto, mas fazem mal. Numa entrevista até é preciso levar aos destinatários particularidades da linguagem gestual do entrevistado.
Ninguém mais do que os jornalistas gostava que a Língua Portuguesa não tivesse acentos ou consoantes mudas. O nosso trabalho ficava muito facilitado se pudéssemos construir a mensagem informativa com base no português falado ou pronunciado. Mas se alguma vez isso acontecer, estamos a destruir essa preciosidade que herdámos inteira e sem mácula. Nestas coisas não pode haver facilidades e muito menos negócios. E também não podemos demagogicamente descer ao nível dos que não dominam correctamente o português.
Neste aspecto, como em tudo na vida, os que sabem mais têm o dever sagrado de passar a sua sabedoria para os que sabem menos. Nunca descer ao seu nível. Porque é batota! Na verdade nunca estarão a esse nível e vão sempre aproveitar-se social e economicamente por saberem mais. O Prémio Nobel da Literatura, Dário Fo, tem um texto fabuloso sobre este tema e que representou com a sua trupe em fábricas, escolas, ruas e praças. O que ele defende é muito simples: o patrão é patrão porque sabe mais palavras do que o operário!
Os falantes da Língua Portuguesa que sabem menos, têm de ser ajudados a saber mais. E quando souberem o suficiente vão escrever correctamente em português. Falar é outra coisa. O português falado em Angola tem características específicas e varia de província para província. Tem uma beleza única e uma riqueza inestimável para os angolanos mas também para todos os falantes. Tal como o português que é falado no Alentejo, em Salvador da Baía ou em Inhambane tem características únicas. Todos devemos preservar essas diferenças e dá-las a conhecer no espaço da CPLP. A escrita é “contaminada” pela linguagem coloquial, mas as regras gramaticais, não. Se o étimo latino impõe uma grafia, não é aceitável que através de um qualquer acordo ela seja simplesmente ignorada. Nada o justifica. Se queremos que o português seja uma língua de trabalho na ONU, devemos, antes do mais, respeitar a sua matriz e não pô-la a reboque do difícil comércio das palavras.»
Carlos Morais José, Hoje Macau (via Pedro Correia):
«Os responsáveis pela implementação do malfadado Acordo Ortográfico não sabem escrever. Pelos menos a nós não escrevem. Oficialmente, este jornal não faz a mínima ideia de que está a ser implementado um novo Acordo Ortográfico em Portugal, cuja ambição é atingir toda a escrita em Português no mundo. Apesar de sermos, juntamente com os outros jornais, os grandes garantes da língua e a utilizemos aqui na China diariamente e para o público, devem entender as sumidades que não nos vale a pena dar cavaco. E ainda bem: fiquem com eles: o Cavaco e o Acordo. Pois é: não me lembro de nos ter sido endereçada uma carta, uma comunicação oficial, um convite, uma mínima consideração, da parte dos tais promotores do documento.
Este facto – a má educação académica – não é novo. O que se passa é que os génios que elaboraram a asneira devem julgar-se protegidos nas suas torres de euros e marfim, demasiado cheios de si para dar importância aos verdadeiros operários da língua, aos que a mantêm viva todos os dias, muitas vezes contra tudo, contra todos e apesar de vocês.
O Acordo Ortográfico e as alterações nas denominações gramaticais devem ter sido causados pelo excesso de divórcios entre essa gente. Nada para fazer, tédio redondo, narcisismo destroçado, logo: vamos lá destruir a nossa língua, quiçá ficar na História (risos alarves).
Por outro lado, as mesmas bestas também, ao que sei, nada comunicaram ao governo de Macau, o que é profundamente estúpido porque uma das línguas oficiais da RAEM é o Português. Claro que os animais não compreendem a importância deste facto. Normal. Mas já conhecem Macau para cá vir conferenciar (leia-se passear) sobre aqueles temas que nem desencantados na cabeça dos tinhosos. Não vou fulanizar porque o que de facto dá vontade é de os saltear em óleo Fula. Não pode um honesto emigrante sair do seu país descansado que aparecem uns energúmenos a modificar-lhe a escrita. E agora a nomenclatura da gramática.
Ora este desprezo a que Macau foi votado é muito bom. Porque significa que continuaremos a escrever em bom português, ao contrário da ridicularia que por aí vai, a maior parte das vezes sem pés para andar e muito pouca cabeça.
Que o Acordo seja aplicado em Portugal. Afinal, o país já está de tal maneira de rastos que, mais disparate menos disparate, não há-de ter relevante importância.
Nós por cá todos bem.»