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Quando jornalismo se traduz em minudências e insignificâncias deixa de ser jornalismo. Passa a ser uma ementa grosseira, uma reles lista de supermercado. Pensava eu que era apenas a TVI a desviar a atenção dos factos, mas estava redondamente enganado. O Jornal Sol descreve em detalhe o décor da novela da prisão de Lula, mas não ficamos a saber no artigo o mais importante de tudo: as acusações de corrupção que pendem sobre o senhor. Sabemos que mastiga o pão e sorve o café. Sabemos que o seu clube Corinthians não deixou de ter o seu apoio. Sabemos que tem uma sanita e um chuveiro para a higiene confinada a uma cela. Sabemos que um repasto de carne assada, arroz com feijão e macarrão serve para encher o bandulho. E sabemos que não se esqueceram do chuchu. Não sei quem dá as ordens na redacção do jornal Sol, se é o Saraiva grande ou o Saraiva júnior, mas esta peça está ao nível da sarjeta. Mas bate tudo certo. Já tivemos o Sócrates a analisar a vida de gangues e malfeitores, já tivemos o Bruno de Carvalho com um torcicolo verbal e espasmos lombares. O que se seguirá? O que vamos ter de levar de frente, de chapão, na fuça?