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Os três eleitos, Vitor Gaspar, José Luís Arnaut e Álvaro Santos Pereira, não tarda nada serão queimados na fogueira da inveja e maldizer. Não é o sonho de qualquer cidadão nacional chegar longe, o mais longe possível de Portugal? Pois bem, aqui temos exemplos de relevo, a prova de que o país tem massa crítica muito apreciada para além de Badajoz. Faça-se o exercício, difícil convenhamos, de demarcar estes profissionais da sua procedência partidária ou governativa, porque não foi isso que esteve em causa nas suas candidaturas ou nomeações. A mesquinhice política doméstica não tem importância em Wall Street, Paris ou Washington. Quem manda naquelas casas quer lá saber de Oliveira do Bairro ou São Bento. O que está em causa, é que há alguns anos, muitos se queixavam que Portugal não tinha influência alguma no tabuleiro internacional, que a pobre nação ibérica não estava predestinada a ter representantes em organismos de importância acrescida. Mas isso tem vindo a mudar, para bem ou para mal, com os casos de Freitas de Amaral na presidência da Assembleia-Geral das Nações Unidas em anos recentes, com Guterres na UNHCR e (sei que ainda me vão bater por isto!) Durão Barroso na Comissão Europeia. Eu sei que estes senhores também se inscrevem na lista de criticáveis, mas, em abono da verdade, foi o pavilhão de Portugal que foi hasteado, e não o de Espanha (por exemplo). Dito de um modo distinto, este é um país onde ainda reina a expressão canina: preso por ter cão, preso por não ter. Quando não havia vivalma lusa lá fora, era um queixume constante, uma humilhação, e agora, quando em simultâneo vários delegados são colocados, soa logo o alarme de protesto de um coro de invejosos, de gente que parece não apreciar os feitos dos seus concidadãos. Na minha opinião, Portugal deve rapidamente esclarecer o que pretende quando aplica uma compressa destrutiva a conquistas importantes. Enquanto o resto do mundo observa a competência técnica dos portugueses, os compatriotas que permanecem em terra, lançam logo o rumor do tráfico de influências, do jogo de bastidores e prevaricação. Eu preferia olhar para a situação de um modo distinto. Quantos mais portugueses altamente qualificados se colocarem a milhas e em cargos de relevo, melhor, porque estarão em posição de alterar percepções e juízos. E é precisamente isso que o país (sob um programa de assistência) necessita. Precisa que agentes destacados para o efeito promovam a ideia de que Portugal vai dar a volta. A retoma ou a saída da crise pode não ocorrer no mesmo fôlego, na mesma circunstância, mas, para todos os efeitos, estes emigrantes podem dar um contributo importante, tendo em conta as instituições onde irão trabalhar; instituições que moldam uma boa parte dos destinos económicos e financeiros do mundo. O que mais poderia Portugal desejar neste momento particularmente difícil da sua história? Não nos esqueçamos que o FMI é um dos sócios da Troika e que a Goldman Sachs tem culpas no cartório da crise. Por essa razão, será positivo ter lá malta infiltrada para perceber como as coisas se fazem, para de seguida as fazerem como deve ser. Em defesa dos interesses de Portugal.