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Uma coisa é conhecer a lei de fio a pavio e saber como posicionar o património no sentido de minimizar a carga fiscal. Foi isso que Trump fez dentro da lei criada em Washington. Outra coisa é procurar alavancar ganhos através de configurações fiscais dúbias. Foi isso que alegadamente fizeram Cristiano Ronaldo e, ao que tudo parece indicar, José Mourinho. Para já, e à semelhança de José Sócrates, a comunicação oficial das partes visadas vai no sentido de negar tudo e declarar que todas as obrigações patrimoniais ou fiscais foram cumpridas. A grande diferença entre o borra-botas Sócrates e Cristiano Ronaldo consiste no facto da estrela madeirense ser uma marca global. O 44 é conhecido em Évora e pelo alfaiate Brioni - e pouco mais. Sim, também é conhecido em Portugal por ter levado o país à efectiva falência total. Em todo o caso, o que me causa alergia, tem a ver com a escala de ganância que parece reinar no nosso mundo. À luz dos milionários salários e galácticos contratos publicitários, qualquer que seja a carga tributária, sempre sobram uns trocos para o tabaco e o gasóleo. A pergunta que deve ser colocada é a seguinte: qual o montante que torna o homem feliz e contente? A resposta parece ser inequívoca: não existe montante satisfatório. Mas mais grave do que as dimensões tributárias será o modo como um país inteiro deposita grande fé e crença nos valores morais de icones da nação. A serem verdade as alegações de fraude fiscal, Portugal enfrenta um falso dilema moral. Não tenho a certeza se os seus compatriotas, com o mesmo património e a mesma falta de cultura ética-financeira, não fariam exactamente o mesmo. Afinal são doze bombas que Ronaldo tem estacionado na garagem. Perguntem ao Zuckerberg onde comprou as chinelas. Mas, em abono da verdade, devo responder à questão que coloco. Ronaldo não é Sócrates. Auferiu rendimentos em função do seu talento e trabalho. Em relação a Sócrates, este ainda tem de driblar muito para provar que aquela massa tão conveniente é efectivamente sua, ou seja, do seu amigo Santos Silva.
Em Madrid há quem a tenha descoberto ao fim de séculos. Por cá também já sabíamos da coisa*
*Há séculos.