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O desespero do Pedro Nuno Santos

por John Wolf, em 25.02.24

 

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Pedro Nuno Santos, no primeiro dia oficial de campanha, já denota o enorme stress que o atormenta. O desespero é mais que evidente. Começa a sentir a grande probabilidade de sofrer várias derrotas em simultâneo na noite de 10 de março. O defraudar dos camaradas por ter sido uma aposta totalmente errada, o defraudar da esquerda por não reunir condições para a sua agregação, e a traição do povo português — por fazer promessas furadas e oferecer fantasias governativas. Mais uma vez, hoje, à falta de argumentos do presente, acena com o papão da austeridade, resgatando Passos Coelho do passado arqueológico, e omitindo que foram os socialistas que estenderam a passadeira rosa à Troika com o descalabro provocado pelo governo de José Sócrates. Resta saber quem no Partido Socialista o hipnotizou ao ponto de não perceber como vai ser sacrificado, como está a ser usado para fazer a limpeza da casa. Temos a certeza de que o cinismo reina no Largo do Rato. Porque enviar para a linha da frente um soldado raso que julga que um dia será general é tenebroso, não se faz. Veremos agora o nível de adrenalina dos socialistas aumentar e contaminar ainda mais os media. Porque a angústia crescente também infecta os comentadores avençados para darem o seu contributo para tentar inverter o rumo dos acontecimentos. Os portugueses, na sua maioria, a maioria que elege, já não é ferrenho ideologicamente como já fora no passado. Já não quer saber de sondagens ou orientações partidárias. Quer melhores condições de vida. Quer trabalhar e dormir sossegado. Quer dinheiro para pagar as contas e médicos para tratar da saúde. Os últimos oito anos falam por si. É deixá-los andar, a falar sozinho, os camaradas, que eles já caíram, mas ainda julgam o contrário. O balão não tarda nada rebenta. Porque cheio de basófia já ele está...

publicado às 19:46

Irmãos desavindos

por Samuel de Paiva Pires, em 24.04.19

Não tem sido particularmente edificante a troca de insultos entre Sérgio Moro e José Sócrates, ainda que tenha sido o primeiro a abrir as hostilidades de forma pouco convencional para um Ministro da Justiça de outro país. Mas o princípio da não-ingerência ficou logo ferido quando deputados portugueses se puseram a apelar à libertação de Lula da Silva e a colocar em causa o sistema de justiça brasileiro, confundindo um político preso com um preso político na esteira da escola de José Sócrates, pelo que agora nem sequer temos superioridade moral para repudiar as afirmações de Moro sobre o sistema de justiça português. Enfim, desaforos entre irmãos desprovidos de sentido de Estado.

publicado às 11:46

Só nos faltava o Soares

por John Wolf, em 04.05.18

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João Soares lamenta que José Sócrates "não foi tratado com a dignidade devida enquanto arguido e, agora, enquanto acusado"Estamos conversados em relação ao sentido de Estado e Ética do filho do único e exclusivo fundador da Democracia Portuguesa. O ex-ministro da cultura deveria prostrar-se perante os cidadãos portugueses que foram vilipendiados e agastados por toda a espécie de danos alegadamente causados por José Sócrates. Deve haver muito bom socialista a sentir um certo desconforto, um aperto no peito, um nó na garganta. Agora que o arguido rasgou o cartão de sócio #44 e se emancipou do Largo do Rato, sinto, face ao ultraje, e à traição de que foi alvo da parte de tantos "amigos para sempre", incluíndo António Costa e João Galamba, que venha despejar na rua uma quantidade de roupa suja de ex-camaradas. Por outro lado, a mudança de orientação programática do Largo do Rato em relação ao inexcedível ex secretário-geral Sócrates significa o seguinte - estão-se a cagar para o segredo de justiça (parafraseando o enunciador Ferro Rodrigues) e já devem saber que a condenação é um dado adquirido. O Mário Soares também pernoitou em Paris. Mas isso é outra conversa.

 

foto: créditos PÚBLICO

publicado às 19:30

Sócrates e os estudantes de Berquelei

por John Wolf, em 20.03.18

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José Sócrates regressa a Coimbra por obra e graça de uma geração de estudantes eticamente falida. Não existe outro modo de descrever aqueles que avalizam a presença de um arguido que tanto dano causou a Portugal. Intelectualmente, o ex-primeiro ministro nada tem a oferecer. Subiu àquele posto de comando nacional pelas portas e travessas ardilosas da pequena política do maior partido de Portugal. Não existe tese que o valha. Não existe Paris que o sirva. Não existe tortura que possa servir de alibi. Os estudantes, organizadores do certame, espelham bem a ausência de valores e princípios. Resta saber se trouxeram a trouxa imoral de casa ou são já um produto da academia. Confundem liberdade de expressão, com promiscuidade e pressão. Se os académicos de Coimbra são a amostra de Portugal do presente e do futuro, estamos completamente arrumados.

 

(nesta imagem, estes encapotados estendem a carpete a outro sagrado político de nome Lula)

publicado às 10:33

PS bloqueia 300 militantes

por John Wolf, em 18.12.17

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O Partido Socialista (PS) e eu, afinal, temos algo em comum. Também expulsei perto de 300 militantes do Facebook. Foram directamente para a minha pasta de bloqueados. A única diferença é que eu sou ditador e o PS supostamente é o pai da Democracia portuguesa. As três centenas de "ex-socialistas" que concorreram em listas adversárias nas últimas eleições autárquicas, serão porventura os verdadeiros socialistas do partido. O PS, ao excomungar esta gente, despeja pela janela património importante. Os candidatos, eleitos ou não, permitiriam a realização de uma revolução silenciosa. Esses autarcas híbridos estariam em posição privilegiada para obter informação directamente das linhas inimigas. Estranho que José Sócrates, o maior traidor de todos, ainda não sido expulso do partido sem dó nem piedade - aposto que tem um seguro de vida partidária com uma apólice imbatível. São incoerências éticas de esta natureza que concedem ao PS o perfil autoritário e intolerante que o mesmo diz rejeitar. Não nos esqueçamos das 7 vidas políticas de que dispõem certos sujeitos. Os 300 expulsos não devem acabar ali a sua vida política. Se já estavam com os olhos postos noutros parceiros, significa que não estavam totalmente satisfeitos com a encomenda socialista. Mas há mais considerações a ter em causa; poderão ser integrados na missão de outros partidos residentes ou emergentes. Afinal o que importa são boas ideias de governação. O resto são tiques de promiscuidade e conluio políticos. Mas quem sou eu para oferecer juízos sobre o que quer que seja? Sou um fascista de primeira e de segunda. Ou pior ainda.

 

imagem: Irmãos Bacalhau

publicado às 13:56

Orçamento-drone do Estado

por John Wolf, em 15.10.17

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O raio do contribuinte quer lá saber de cativações, escalões de IRS ou descongelamentos na carreira de funcionários públicos. Todo este jargão do ministério das finanças apenas serve de manobra de diversão. A pergunta simples que deve ser respondida é a seguinte: o contribuinte vai pagar mais ou vai pagar menos impostos em 2018? A resposta é: pagará mais. Estes esquemas de sais e açucares, sistemas de bike sharing e vales para educação geram esquizofrenia fiscal - atiram areia para os olhos do contribuinte. Enquanto o espectáculo decorre com a apresentação de fotocópias sobre drones,  o fogo que arde e que se vê, a geringonça baralha e torna a dar. Todas as benesses prometidas aos que elegeram os partidos que formam o marco de governação serão entregues, mas com efeitos secundários que serão sentidos por todos. Em 2019 chega a factura da festa - mais de 1000 milhões de euros. Mas por essa altura pouca diferença fará. Se a geringonça continuar no poder será mais do mesmo, como se nada fosse. No entanto, se uma alternativa de governo se materializar com as legislativas, o descalabro financeiro das contas públicas já terá dono - a culpa é sempre dos outros. O governo prevê um crescimento económico de 2,6% para alimentar as suas fantasias e a sua alegada generosidade fiscal, mas está a ser irresponsável porque vem aí muita coisa. O acentuar da crise do Brexit com todas as ramificações no nível de exportações da Zona Euro. A subida de taxas de juro do Banco Central Europeu que terá impacto nos intervalos e respectivos juros da emissão de títulos do tesouro. Uma provável valorização do dólar americano à luz de indicações da Reserva Federal que calendariza a subida das taxas de juro de referência. Enfim, um conjunto de temas que não se pode ignorar como o Partido Socialista faz em relação ao autor-acusado José Sócrates. No Largo do Rato sofrem de memória e realismo selectivos. No seu campo de visão apenas entram os amigos socialistas e as belas histórias que têm para contar. Uma plateia cheia de socratinos. Só cretinos.

publicado às 14:40

Psicose socrática

por John Wolf, em 13.10.17

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Nos dias que correm Portugal sofre de psicose socrática colectiva. E não é caso para menos. Nos próximos tempos o país irá levar com doses cavalares de substância gravosa sem que haja um antídoto eficaz. A cura para o estado patológico existe e encontra-se nos tribunais, mas o quadro aponta para uma processo paliativo longo. Para erradicar de vez todos os vestígios de corrupção vai ser necessária uma empreitada monstra. Na lavagem de roupa suja que se avizinha, seremos provavelmente contemplados com mais enfeites de delito. Teremos resmas de opiniões para passar a ferro e veremos na fila ex-titulares de pastas ministeriais a debitar dados para o jogo de verdade ou consequência. Em abstracto, e sem nada que possa por enquanto apontar nesse sentido, penso nas seguintes ligações afectivas e de parentesco; será que José Sócrates cometeu o pecadilho adicional de subvencionar a casa que o viu nascer politicamente?. Quando António Costa afirma que se deve separar aquilo que pertence à política daquilo que pertence aos tribunais, comete uma imprudência, é insensato - deve esperar para ver. Os barões Pedro Silva Pereira e Jorge Coelho, em aparente estado chill-out, de relaxe e descontração, já sacaram das respectivas cartolas uns fait-divers de ocasião. Eram tão íntimos com o grande chefe que nem sequer poderiam supor que a vida "à grande e à francesa" de José Sócrates trazia Carlos Santos Silva no bico. Quando já não subsistem dúvidas em relação aos factos (existem cofres, havia dinheiro) seria ajuizado que os demais correligionários servissem Portugal e reconhecessem o maior escândalo político do pós 25 de Abril. Mas não, continuam a praticar a mesma política de eufemismos e descontos, retirando a importância que este processo merece. Falta vergonha na cara e ética a tantos que desfilam e irão desfilar. E isso não tem remédio. Sei que existem temas tão importantes para tratar, como o Orçamento do Estado 2018, a continuação da Austeridade ou o relatório sobre Pedrógão Grande, mas eles também sabem. E vêm mesmo a calhar. O que será que o cofre ainda tem para oferecer?

publicado às 17:19

Centeno, o arguido da dívida

por John Wolf, em 12.10.17

 

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Acusam o camarada Sócrates, e logo no dia seguinte Centeno anuncia que a dívida vai baixar. Existe relação entre os dois factos? Talvez. Mas o ministro das finanças está a ser muito optimista. A haver condenação e compensação financeira, o dinheiro ainda demorará a ser cobrado, a chegar aos cofres do Estado - faltam os recursos, os julgamentos, as sentenças e as execuções. Eu entendo a excitação monetária da geringonça - os milhões do desfalque são muitos -, mas calma, aguentem os cavalos. Para além dessas fantasias, existem incontornavelmente outros factores a ter em conta. Como é que este economista ousa apontar uma melhoria no serviço de dívida, se sabemos sem margem para dúvida, que o Banco Central Europeu irá subir as taxas de juro de referência nos próximos tempos? Como dizia o acusado-mor 44 - "a dívida é para ir gerindo". Até parece que Centeno nunca ouviu falar em ceteris paribus, como se fosse possível congelar a realidade financeira do resto do mundo e analisar Portugal como se esta fosse uma entidade independente, uma Catalunha da dívida pública. Para atenuar de um modo irrisório a tendência fatal de crescimento da dívida o governo de Portugal teria de cortar o investimento público de um modo ainda mais significativo. Ou seja, fingir a ficção dos cofres abundantes, de tesouraria saudável. Mas há mais lições de economia para totós a ter em conta. Sem poupança não há investimento, e a máquina de propaganda da geringonça pura e simplesmente não consegue escamotear a ausência de poupança pública e privada. Diria mais; cada vez que os níveis de confiança dos consumidores se elevam, o governo e o ministério das finanças festejam o facto, brindando-se vezes sem conta pelo comportamento material dos portugueses. E isso é grave. Significa que os trabalhadores gastam a quase totalidade do salário auferido - chapa ganha, chapa gasta. Para além dessa fraude, servem-se de um indicador caduco para se congratularem antecipadamente por vitórias que não controlam. A saber, e a título de exemplo; a Inflação (core inflation) exclui do seu processo de cálculo a Energia e os Bens Alimentares, o que falsifica ainda mais a realidade financeira dos factos. Por outras palavras, o "acordão" de diminuição da dívida pública nem precisa de ter 4000 páginas para ser uma ficção de bolso, de levar por casa. A dívida está encravada e é uma unha sem fim.

 

foto: Jornal Económico

publicado às 17:57

A acusação de Sócrates e associados

por John Wolf, em 11.10.17

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Este post é dedicado a todos aqueles eticamente questionáveis que alimentaram a noção da inocência de José Sócrates e associados. Muitos dos defensores dos visados, presentes com prosápia e arrogância nas redes sociais, em partidos políticos, em orgãos de soberania, nas diversas agremiações de tolerância inaceitável, no meu entender, partilham a falência moral dos acusados. As acusações que acabam de ser deduzidas são o resultado de uma obra jurídica e processual de vulto. Todos aqueles detractores que acusavam o ministério público de ser letárgico e persecutório terão agora de engolir os factos incontornáveis. Os sete magníficos, os sete procuradores que assinam o despacho, galvanizam as acusações a José Sócrates e restantes, e servem a causa pública da justiça em Portugal. As ramificações da associação criminosa exigiram este tempo todo de investigação e corroboração por alguma razão: a dimensão do desfalque, para não usar um termo ainda mais degradante. Um polvo inédito num país com a dimensão económica de Portugal afinal existia. A ideia de enriquecimento ilícito leva assim uma machadada e deve servir de aviso para uma sociedade excessivamente tolerante para com os seus traidores. O que esta corja fez fere a dignidade de tantos portugueses honrados, vilipendia o conceito de mérito, fere de morte a ideia de qualidade e de recompensa de toda uma classe trabalhadora, os homens e mulheres que contribuem honestamente para acrescentar valor a si mesmos, às suas famílias e ao país. Temos a prova de que servir-se de ligações perigosas e abusar da posição dominante produz consequências nefastas. Agora, todos eles, devem pagar. Condenações, prisão, multas, coimas e compensações por danos causados devem ser distribuídas na justa proporção dos crimes cometidos. Portugal não é isto. Portugal é honrado. Portugal é um país repleto de gente digna. Portugal merece melhor. Que sirva de lição.

publicado às 12:03

 

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José Sócrates é o lider supremo da igreja universal dos factos irrefutáveis. No seu vídeo promocional, com direito a desconto para os primeiros subscritores, só falta aparecer em rodapé o número de telefone para que os espectadores possam reclamar a sua torradeira. Este vendedor de banha da cobra é uma lástima. Nunca o contrataria para trabalhar numa empresa minha. Não esboça um sorriso e a sua linguagem corporal revela grande angústia existencial. Não percebemos muito bem o que anda a vender. Refere factos, mas não menciona os termos da garantia em caso de avaria da sua máquina da verdade. O livro, deitado na estante, The Lesser Evil de Michael Ignatieff, é uma jogada esperta, mas não me engana. Não existe nada de menoridade no desenhador de Castelo-Branco. Não sei quem foi o produtor do filme nem o realizador, ou se foi o Galamba a avisar que o cerco está a apertar. Gravata assim sem blazer já não se usa. É muito Gordon Gekko e pouco Brioni. Amanhã o grupo ético e mediático de Sócrates inaugurará uma conta no Instagrão e outra no Snapchatos. E há mais. Aquela prateleira lá ao fundo parece estar a ceder. A pressão é muita e qualquer dia estala o verniz e a madeira. Eu tratava do assunto em vez de fazer figura de urso à frente de miúdos e graúdos.

publicado às 16:32

Coligação Valentim-Isaltino-Sócrates

por John Wolf, em 29.08.17

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Estou preocupado com o futuro político do escritor José Sócrates. Isaltino Morais e Valentim Loureiro já lhe passaram a perna. Estão lançados na corrida autárquica com o beneplácito do povo, mas não escreveram obras nem defenderam teses de mestrado. Sócrates pertence às elites do desenho técnico de Castelo-Branco, e o salto a Paris deve ser encarado com naturalidade - estava escrito. Contudo, devemos levar em conta certos espinhos de rosa. O Partido Socialista de António Costa nem serve para montar uma estufa para o cultivo de tomate - há, mas nem sequer são verdes. Sócrates é, nessa medida, um homem livre, disponível para transferências, quiçá no mercado de autárquicas. Bem sei que chega tarde, mas à falta de cão caçará com gato. Ou seja, não prevejo um regresso à política pela porta grande do Rato. O carimbo de aprovação do bom filho que a casa torna não será esmurrado no certificado de retorno. Por outras palavras, com outro livro a bombar, não tarda nada, Sócrates deve replicar as congéneres de Gondomar e Oeiras. Deve transformar os onze meses de prisão política em força mandeliana. Quando menos esperarmos, Sócrates lançará o seu míssil para um mar de possibilidades efectivas. Um povo que leva em ombros os seus detractores, não sabe cortar orelhas a quem tem muita lábia de mercador. As autarquias terão o que merecem. Venha de lá mais um comprador de livros por atacado. Sócrates nem precisa de tomar notas. É só imitar o Tino ou o Valentim.

publicado às 13:29

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Fernanda Câncio está para António Costa, assim como Manuela Moura Guedes não esteve para José Sócrates. Somos quase todos adultos e sabemos como funciona a história da carochinha - uns fazem fretes, outros abrem as pernas, e no fim alguém paga a conta. Moura Guedes foi uma digna e honrada excepção.Todos os regimes têm os seus guionistas de serviço. Gente que parece não ter grandes ligações políticas, mas na verdade anda lá a chafurdar sem dó nem piedade. E existe sempre uma agenda, uma lista de objectivos a atingir, usando os meios mais subtis à disposição. Neste caso em concreto lidamos com algo mais elaborado - sociologias de bolso e algibeira. Um enunciado de pseudo-considerações que emprestam a aura de intelectualidade, mas que no fundo apenas dizem respeito ao avançar de neo-causas ideológicas. Alguém tem de fazer o frete nesta história de igualdade do género. O alinhamento temático da Câncio é descaradamente previsível. Em vez da estupidificação do eleitorado, verificamos a putificação de domínios apropriados para excitar certas vontades ideológicas. Mas há mais. Os jornalistas estão em apuros. O Grupo Impresa daqui a nada usará a expressão layoff e, naturalmente, a competição saudável entre repórteres dará lugar a uma luta sanguinária em nome da preservação do posto laboral. Nesse sentido, Câncio, co-adjuvada por certos palanques partidários, deita gasolina em cima de temas que foram criteriosamente plantados no imaginário de auto-intitulados iluminados políticos. Existe um condão, um fio condutor, que liga a sombra de quem escreve aos desígnios de quem decide. Nestes casos, duvido que a pobrezita tenha tido grande poder de escolha. É do tipo que não bate com a porta. Está tudo bem, desde que lhe dêem cordel.

publicado às 13:15

De Magalhães a Maduro

por John Wolf, em 31.07.17

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O Governo da República de Portugal está de consciência tranquila em relação à Venezuela. Aliás, não convém nada uma mudança de regime. Não seria nada conveniente instigar um processo democrático que resultasse no afastamento de Maduro. Os socialistas portugueses, independentemente de pareceres da União Europeia (UE), não vêem com bons olhos uma crise profunda que abane o "status quo" daquela realidade. Referem um regresso à normalidade constitucional quando o que aquele país precisa é de um levantamento popular que afaste o ditador socialista Maduro e que o julgue por crimes cometidos contra o seu povo e opositores políticos. E este estado de arte política coloca Portugal numa situação particularmente difícil. São mais de 400 mil portugueses com residência na Venezuela, ao que se somam mais de um milhão e meio de luso-descendentes. A haver um processo de "descolonização" resultante de uma revolução democrática na Venezuela, Portugal terá de ter um programa de repatriamento de nacionais, um conceito operativo para lidar com os "retornados". Para já sacodem a água do capote afirmando que os que têm saído da Venezuela preferem Espanha devido às afinidades linguísticas, mas sabemos que quando a crise ganhar contornos mais intensos, outras valias, de índole jurídica, far-se-ão valer. Quando Santos Silva diz que não aceita os resultados das eleições, está de facto a fazer ouvidos de mercador, a fingir, a ser politicamente correcto, mas a mentir com os dentes todos. A geringonça é adepta de Maduro, como outros foram de Chavéz e dos Magalhães - aqueles PC - a verdadeira maravilha do engenheiro das amizades duvidosas.

publicado às 16:59

Sócrates - belo, Belino...

por John Wolf, em 20.05.17

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José Sócrates foi o principal beneficiário do mundo do espectáculo e das artes. Recuando quase um ano, o campeonato europeu de futebol e a vitória da selecção nacional, foi um biombo perfeito para distrair o povo da sua provação judicial. Depois houve o Web Summit e nunca mais apareceu o insulta-jornalistas João Araújo. Entretanto houve o build-up da visita do Papa, a peregrinação a Fátima e ainda a febre do festival eurovisão da canção. Ou seja, Sócrates teve tantas atenuantes mediáticas, mas nada disse a esse propósito. Não concedeu uma entrevista sequer a reclamar da falta de atenção das televisões. Não assinou mais uma obra literária que esgotasse na aurora da sua publicação. Por outras palavras, com tanto tempo de folga, de baixa mediática, não foi capaz de se defender cabalmente das injúrias e mentiras. A fundação Belino que agora surge em primeiro plano nos escaparates não deveria ter aparecido. Nos bastidores das várias cantigas de distracção que assoláram o país, Sócrates não soube aproveitar os bónus como António Costa o fez. O primeiro-ministro, nesta onda hipnótica de comendas parlamentares, fados e futebol, conseguiu convencer Portugal inteiro que este já estava totalmente curado das maleitas económicas e sociais. O chefe da Geringonça teve a arte de dissimular a tempestade residente da dívida pública, e fingir os números de crescimento económico à pala de flacidez no investimento público - o povo engoliu a dois. Francamente. José Sócrates, que andou na mesma escola, não soube desmontar a cabala da Fundação Belino que segundo as suas visões seria natural que aparecesse. Ainda não tivemos uma conferência de imprensa onde Sócrates pudesse refutar tudo, mas pouco falta. Ainda esta noite, aposto, teremos um porta-voz jurídico a desmontar a ficção da fundação suiça. Não esqueçamos que as fundações são uma invenção dos socialistas. Uma espécie de cooperativa de interesses, com tesourarias e divisas próprias. Belo, Belino -  Lula, Dilma e Temer também não ajudam nada. Resta apenas o Salvador.

publicado às 14:53

Peculiaridades do regime pátrio

por Samuel de Paiva Pires, em 17.03.17

Confesso que nunca percebi o motivo da repulsa ou até mesmo ódio que tantos políticos portugueses têm por Santana Lopes. Parece-me tratar-se de um indivíduo com uma autêntica vocação e devoção pela causa pública, não lhe sendo conhecidos quaisquer envolvimentos em esquemas de corrupção e afins ao fim de quase 4 décadas de presença na vida pública e política do país. No caso de muitos dos protagonistas políticos da nossa praça, quase poderia dizer-se que o ódio que lhe dedicam é  proporcional ao amor que têm por José Sócrates - o que é revelador quanto baste.

 

Ora, como já terão adivinhado, vem isto a propósito da recentemente revelada justificação de Jorge Sampaio para ter dissolvido a Assembleia da República em 2004: "fartei-me do Santana." Não precisamos de recorrer ao estafado argumento de que se fosse alguém de direita a dizer isto de alguém de esquerda, cairia o Carmo e a Trindade. Afinal, já se sabe que o actual regime pende significativamente para a esquerda, permitindo a quem é de esquerda muito do que não poderia ser feito por alguém de direita sem que um coro de indignados se manifestasse violentamente. Limitamo-nos a salientar que se espera do mais alto magistrado da nação que não sucumba a estados de alma, visto que estes não nos parecem poder justificar a decisão de accionar a mais poderosa prerrogativa ao seu dispor, e, assim, a registar que as declarações de Sampaio têm, efectivamente, o condão de fazer de Cavaco Silva um estóico estadista muito superior à média dos políticos que nos vão pastoreando.

 

(também publicado aqui.)

publicado às 14:36

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Quando a falência ética é total, devemos esperar tudo e mais alguma coisa. O Isaltino Morais sente uma pressão enorme da sua igreja de seguidores - aqueles que acreditam na máxima "roubou, mas deixou obra". É essa mesma inspiração que sustenta o outro que é Major e o outro que é Miranda. Sentem a ternura do povo, o apelo da missão a cumprir, mas sobretudo a grande injustiça de que foram alvos. Querem provar que estão vivos e são recomendáveis. Esta linha de reflexão filosófica ainda há-de ser aproveitada pelo guru maior. Daqui a nada, Sócrates que tem sido tão maltratado por Costa, anunciará uma candidatura num daqueles épicos almoços com direito a livro inventado na calha de uma choldra. Ora pensem lá comigo. Se fossem Sócrates começavam em que local? Isso mesmo. Lá para os lados da Covilhã onde andou a esquissar armazéns e garagens em estiradores de betão. O 44 têm andado nos treinos, mas não julguem que é para aquecer apenas. Vai sair qualquer coisa de calibre notável - umas autárquicas devem ter a medida certa para as suas primeiras ambições. E não será pela porta do Rato. O Soares andou a apaparicar o menino, mas no crepúsculo da sua vida ainda há-de ver Sócrates tornar-se inimigo visceral dos socialistas da moda. Valentim, Morais e Miranda são os magos. E Sócrates é o menino que está para renascer.

publicado às 08:48

O que distingue Sócrates de Ronaldo?

por John Wolf, em 03.12.16

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Uma coisa é conhecer a lei de fio a pavio e saber como posicionar o património no sentido de minimizar a carga fiscal. Foi isso que Trump fez dentro da lei criada em Washington. Outra coisa é procurar alavancar ganhos através de configurações fiscais dúbias. Foi isso que alegadamente fizeram Cristiano Ronaldo e, ao que tudo parece indicar, José Mourinho. Para já, e à semelhança de José Sócrates, a comunicação oficial das partes visadas vai no sentido de negar tudo e declarar que todas as obrigações patrimoniais ou fiscais foram cumpridas. A grande diferença entre o borra-botas Sócrates e Cristiano Ronaldo consiste no facto da estrela madeirense ser uma marca global. O 44 é conhecido em Évora e pelo alfaiate Brioni - e pouco mais. Sim, também é conhecido em Portugal por ter levado o país à efectiva falência total. Em todo o caso, o que me causa alergia, tem a ver com a escala de ganância que parece reinar no nosso mundo. À luz dos milionários salários e galácticos contratos publicitários, qualquer que seja a carga tributária, sempre sobram uns trocos para o tabaco e o gasóleo. A pergunta que deve ser colocada é a seguinte: qual o montante que torna o homem feliz e contente? A resposta parece ser inequívoca: não existe montante satisfatório. Mas mais grave do que as dimensões tributárias  será o modo como um país inteiro deposita grande fé e crença nos valores morais de icones da nação. A serem verdade as alegações de fraude fiscal, Portugal enfrenta um falso dilema moral. Não tenho a certeza se os seus compatriotas, com o mesmo património e a mesma falta de cultura ética-financeira, não fariam exactamente o mesmo. Afinal são doze bombas que Ronaldo tem estacionado na garagem. Perguntem ao Zuckerberg onde comprou as chinelas. Mas, em abono da verdade, devo responder à questão que coloco. Ronaldo não é Sócrates. Auferiu rendimentos em função do seu talento e trabalho. Em relação a Sócrates, este ainda tem de driblar muito para provar que aquela massa tão conveniente é efectivamente sua, ou seja, do seu amigo Santos Silva.

publicado às 08:41

Pedro Dias e José Sócrates

por John Wolf, em 20.10.16

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Acho absolutamente notável que no caso de José Sócrates as forças de segurança fossem capazes de capturar o foragido sem demoras. Deve ser por ser VIP. O Pedro Dias, um cidadão comum, sem pergaminhos excepcionais, está a ser tratado de um modo repugnante. Anda por aí há mais de 10 dias. Visitou Carro Queimado, esteve em Constantim (a fama que vem de longe) e só Deus sabe por onde andará. Estão a dar lenha para o homem se queimar. No caso do 44 o tratamento foi outro. Quarto, comida e roupa lavada durante 11 meses! - pagos pelos contribuintes. Onze meses não são nove semanas e meia.

publicado às 10:31

Granizo, Saraiva e os Trópicos de Câncio

por John Wolf, em 30.09.16

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Não existe uma época em particular para falências éticas. A sazonalidade da mediocridade é coisa que não existe. Deve ter sido o efeito de estufa, o ozono, ou coisa que o valha a causar este estado de arte. Mas aqui a coisa está nivelada. O grau de toxicidade é equivalente. Estão ambos na mesma latitude - nos trópicos de Câncio. E chove. Saraiva, dizem uns. Granizo, dirão outros. A Fernanda não soube aproveitar a deixa erótica para se declamar como emancipada sexualmente. Ao fim e ao cabo, parecem todos padecer da mesma falta - falta de. Essa "falta de" é um perigo. Escorre e contamina as indústrias livres. Coloca a canzoada a latir em torno do mesmo canil de ofensas de partes baixas. E a fotográfia é uma disciplina maior. Não se pode admitir esta forma de auto-flagelo, estas sevícias no pudor útil. O corpo é essa maldita caixa de ressonância que vibra - qual fogo que queima sem se ver. O amor não abunda nos dias de hoje. Eu e os políticos. Belo título.

publicado às 11:14

Mercado de falências éticas

por John Wolf, em 24.09.16

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O mercado de falências éticas não está fechado. Aliás, nunca fechou. É um centro comercial aberto 24 sobre 24 horas. O mais difícil é chegar a um preço justo, dados os valores em causa. Quanto vale meia dúzia de homenagens a Sócrates? Será que se podem trocar duas por uma nomeação quente na Goldman Sachs? E os Isaltinos podem ser transaccionados no mercado secundário? Não existe uma entidade reguladora para estabelecer as paridades? Dois Cadilhes por uma Felgueiras? Uma antiguidade Oliveira e Costa por um Pedroso restaurado? Um SISA Vitorino por um terço de BPN Rendeiro? Acho vergonhoso que não exista um supervisor que ponha cobro a este mercado negro. Já agora quanto rende um Carlos Alexandre? Meio Pinto Monteiro? Ou três paletes de Procuradores da República? Será que cabe tudo numa caixa geral?

 

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publicado às 10:36






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