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Relanceio o meu olhar pelo ano de escrita que está prestes a acabar. Derramei-me. Como sempre. Se agora um torpor alastra pela minha alma, espécie de fadiga por tanto ter lutado, não no meu reduto, mas no da mesma trincheira hostil da mais retinta incompreensão, insulto e oposição pessoal, meses consecutivos houve em que nada me deteve na fabricação da violência feita palavra reactiva a vestir a ideia filigrana contra o terror de ver resvalar o meu Portugal para a agitação estéril e o vazio.
Era necessária uma barragem de verve contra os que nos VídeoMedia berram mais alto e por mais tempo na defesa de mais do mesmo, toda a prosperidade e adaptabilidade globalista de que a velha Esquerda é incapaz. Contra a sedição dos soares, a malícia dos sócrates e a rebelião em pólvora seca das esquerdas, marchei, marchei.
Pausa, portanto.
Entre o meu corpo e a minha alma desenrola-se agora o justo armistício, apaziguamento momentâneo de que careço. As naus das minhas palavras seguiram, seguiram viagem, deram-se à trópica rota de contundir ou consolar. Reparo, no entanto, que não há ninguém. Vejo que estou morto. Cercado de silêncio e frieza. Morto. Pobre e morto. Na verdade, não tenho ganho absolutamente nada com a minha escrita apaixonada na defesa de causas, princípios e éticas fora do grande lastro esquerdejante nacional mentiroso. Não lucrei nada, a não ser experiência escrevente, prazer no acto escritor e a espessa solidão do eremitério da escrita, vantagem da liberdade sem venalidade de emitir o que penso.
Zeros. É tudo quanto me é dado contemplar. Nenhuma oportunidade. Nenhum convite. Nenhum apreço. Nenhum horizonte. Zero. Sina. Portugal. Um dia será diferente. O mais provável é que seja diferente, mas longe, lá, onde possa voltar à vida social e financeira que o Regime, na sua horrorosa corrosão moral e propensão para a falência, comprometeu no meu caso e no de milhares.
Entretanto, estendo a mão. Sou qualquer um que estende a mão pelas ruas, avenidas e ruelas de Lisboa e Porto e perante quem o cidadão desvia a face enfastiada pela viciosa recorrência rotineira, pela habitualidade viscosa das ciganas romenas. No meu caso, os cortes foram muitíssimo mais radicais e só há uma maneira de reagir em devida conformidade com eles: estendendo a mão e defendendo o Ajustamento contra os soares, contra alguma maçonaria, contra os fósseis-sindicalistas, contra os comunistas do PCP, contra os rendeiros e devoristas do Regime, contra a tal nomenclatura endogâmica, neocorporativista e partidocrata que explica eloquentemente a minha penúria, o meu desemprego, o meu naufrágio.
Continuação de um bom dia, se puderem.
Um gajo vai a Lisboa e não há trânsito para lado algum, é uma coincidência urbana por contraponto à coincidência cósmica, como a BBC News chamou hoje ao facto - consubstanciado por mil feridos e uma fábrica de zinco feita em cacos - de chover ferro e fogo sobre a estepe no mesmo dia em que um asteróide vem perturbar a apanha da conquilha.
Por outro lado eu tenho melhorado muito da apneia, desde que me comparo, e meus caros o efeito placebo que isto faz num homem, com o pessoal que engole patranhas atrás de patranhas, vindas desses favos de merda que são os partidos, pela promessa de um Eldorado para bufos, chibos, mainatos e amanuenses qualificados com uma costela ligada a uma corporação qualquer.
Já sabe melhor conduzir como Deus ordena, enfiar a viatura onde mais ninguém vai senão @s agrilhoad@s d@s Conservatóri@s e Observatóri@s, com a arroba no ego e o freio nos dentes, ingerir gorduras, sal e álcool enquanto se fuma e rasga a factura, e sair da entrevada metrópole conforme nela se entrou, como se atravessasse em picossegundos um qualquer lugarejo no mais ermo tundral da Samilândia.
Afinal sempre há vida para além da FNAC, ó urbanitas, ó hipsters. Na melhor província cai a nódoa, e bem férrea pode ela ser um destes dias, mais depressa do que poderíeis dizer "ai o meu ipad, ó su, tens rede?".
Viva Goscinny, viva Uderzo, e por Toutatis, bom fim-de-semana. Eu vou-me para 48 horas de boot camp auto-imposto e bem hajam.
Adenda: desculpem lá mas não resisto, vi agora que andam aí a roubar hóstias. Urge das duas uma, banir o roubo da hóstia ou legislar no sentido de não poder emergir um mercado selvático-anarca em torno dela, que é como quem diz regular o teor de farinha no ritual. Belzebu, perdão, o Estado nos livre de ofertar galinhas ao maléfico sem certificação prévia nem presença de um agente habilitado.
Viva Tunguska.
Continuando a já anunciada remodelação, é para mim uma grande honra que em boa hora o Joaquim Carlos Rocha Santos tenha acedido ao nosso convite. Para os mais distraídos, trata-se de um veterano da blogosfera mais conhecido por Joshua, que mantém o Palavrossavrvs Rex e escreve ainda no Aventar. Embora dispense apresentações, permitam-me apenas dizer que é natural de Gaia, tem 42 anos, uma pós-gradução em Literatura Comparada, é por vezes professor de Língua Portuguesa e é amante da Literatura Portuguesa e em Língua Portuguesa, dos clássicos e do seu ensino. Não admira, por isso, que seja um verdadeiro prazer ler a sua acutilante prosa. Bem-vindo, meu caro!
Estes comentário deixado pelo Joshua, diz tudo aquilo que há para dizer.
Serenamente, há a dizer que os frutos da República, da 1.ª, da 2.ª e da 3.ª, falam por si. E o que dizem do nosso brio, independência económica, auto-estima, não é nada lisonjeiro e muito menos auspicioso num movimento descendente clamoroso, desde a violência incial à imoralidade e emporcalhamento presentes.
Se a obra de uma República são os novos pergaminhados de sangue colorido, saqueadores dentro dos lóbis instituídos da Política 'republicana', gestores e burocratas ignorantes e eticamente mal-formados, que põem e dispõem dos cidadãos, precarizando-os, explorando-os ignobilmente, estamos conversados acerca da capacidade da espécie humana, sob uma república, em fomentar tiranias de toda a sorte logo num país tão brando quanto historicamente com todas as condições para ser sólido - este Portugal actual perdido do Portugal de outrora.
O grande paradoxo é que os políticos da República nos não salvaguardam nem defendem dos empórios abusadores. Pelo contrário, colaboram com eles, com toda a sorte de interesses ilegítimos, esvaziadores da nossa autonomia e afirmação. Cavaco, por exemplo, decorativamente caro como é, não serve de escudo nem de «basta» à deriva totalitarizante que o ignorantolas Sócrates personifica e que alastra sebosamente, lembrando o pior e mais sabujo do salazarismo, que não de Salazar. Cavaco, ele mesmo, titubeou enquanto PM na defesa firme dos nossos interesses, alinenando-os.
Talvez um Rei plebiscitado e aclamado sem dúvida olhasse melhor pela salvaguarda integral dos nossos interesses globais. Talvez protegesse e mantivesse intocáveis os cidadãos portugueses contra o que a Farsa Republicanesca hoje a 'reger-nos' e a fomentar cegueiras e obedencialismos irreflectidos, venal como é, pôde alguma vez aspirar.
Os argumentos inteligentíssimos e luminosos dos defensores fanáticos de uma organização regimental como a republicana são irrelevantes quando contrariados pela vida miserável em que afundam centenas de milhar de portugueses. Palavras e argumentos não chegam para defender-nos de homens sem escrúpulos alcandorados a representantes nossos, erros de casting, corruptos e sem credibilidade, e essas palavras e esses argumentos também não colocam sobre a nossa mesa vazia Pão, Dignidade e Justiça suficientes.
O ataque do João a características superficiais em D. Duarte Pio não faz qualquer justiça ao conhecimento e amor que ele tem do Portugal total, um com desígnio e com Têmpera, assim como dos portugueses de todos os quadrantes, incluindo os da diáspora, excluídos perpétuos do direito a uma Pátria tão Carnal no território como Espiritual na majestosa Língua nossa.
Vejo por todo o lado demasiado respeito e consideração por bolas de sebo pensantes e por figuras de altíssima fealdade moral bem abonados de rendimentos e bem avençados por blaterar ilustres dejectos: de modo nenhum nelas se inscreve D. Duarte Pio. Todos têm direito a pronunciar-se ao menos uma vez desastradamente sobre um Regime Monárquico Restaurado, muito mais adequado às vicissitudes do nosso tempo calamitoso por muito que abominem esse único Êxodo com Êxito: nada obstará a que por fim a Monarquia Portuguesa se venha a impor com absoluta delicadeza e naturalidade, numa resdescoberta pela Doxa Nacional de caminhos novos que nos salvem da actual Decadência Moral Devorista Infrene da 3.ª República, a qual capturou quase toda a Política, muita Opinião a soldo, por sua vez sequestradas ambas pelo Dinheiro que compra consciências e subverte o recto pensar.
Hoje é preciso ter imensa Fé e Esperança para recusar o óbvio: que Portugal, no caminho que segue, esteja a extinguir-se. Marcha lenta. Marcha fúnebre.
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